Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A ALIMENTAÇÃO NAS DIVERSAS FASES DA VIDA Ao longo da vida humana, podemos identificar fases que se destacam por apresentarem características peculiares – infância, adolescência, juventude, idade adulta e terceira idade. Alguns períodos são considerados crít icos porque apresentam necessidades fisiológicas e psicossociais específicas, demandando atenção especial com a alimentação: a gestação, o parto e o período perinatal, a fase do aleitamento e a de transição alimentar, o período pré-escolar, a adolescência e a terceira idade. 1 - Gestação As recomendações nutricionais devem considerar as necessidades específicas da mulher nesta fase e são fundamentais para o pleno desenvolvimento intra-uterino da criança, evitando o ganho de peso insuficiente e, conseqüentemente, o baixo peso ao nascer, partos prematuros e riscos no momento do parto. Previnem também risco de sobrepeso (associado à pressão alta e eclâmpsia), bem como o diabetes gestacional e anemia. As queixas comuns (como náuseas, vômitos, azia etc...) devem ser objeto de aconselhamento e a orientação nutricional é um instrumento-chave em todas essas situações. Para entendermos a abrangência do atendimento nutricional às gestantes, vamos começar esclarecendo algumas alterações importantes desta fase que têm relação direta com os comportamentos alimentares e requerimentos nutricionais: ▪ As gestantes apresentam alterações gustativas e olfativas que influenciam as escolhas alimentares. Mostram paladar menos sensível ao sal o que pode resultar em aumento na ingestão de alimentos salgados e sal adicionado. Muitas têm maior sensibilidade a odores o que tem relação direta com as náuseas comuns na gestação. Isso significa menor ingestão de alimentos na presença desta sintomatologia. ▪ Durante a gravidez há o crescimento e manutenção do feto e da placenta, formação de novos tecidos, armazenamento de gordura pela mãe e pelo feto, aumento do metabolismo basal e do trabalho metabólico além do aumento do peso corporal. Estas situações caracterizam a gestação como sendo um período que requer maior quantidade de energia aumentando os requerimentos calóricos e protéicos desta fase. ▪ O aumento do volume plasmático em 50% promove uma diluição fisiológica com queda de até 20% na concentração de hemoglobina e hematócrito, o que reflete em anemia em diversas gestantes. ▪ Entre outras alterações fisiológicas que afetam os requerimentos nutricionais na gestação destacamos a diminuição das vitaminas C, ácido fólico, B12 e B6 no sangue, o aumento da insulina plasmática e diminuição da tolerância à glicose, o aumento da absorção de cálcio e ferro e ainda variação dos níveis de triglicerídeos e colesterol. Estas situações são consequências das alterações hormonais as quais o organismo está submetido. 2 - Lactação Durante a lactação (período de amamentação), as necessidades nutricionais também merecem especial atenção, pois a nutriz (mulher que amamenta) precisa de mais energia, proteínas, vitaminas e minerais para manter sua saúde e produzir leite com qualidade e em quantidade suficiente para o bebê. Neste período, a recomendação é manter alimentação balanceada, com alimentos que já são hábito. Dietas restritivas podem afetar a produção de leite e contribuir para desmame precoce. Recomenda- se um adicional de 500Kcal diárias na alimentação da nutriz para garantir boa produção de leite, com exceção das que já estão de sobrepeso. Quanto às crendices de que a produção de leite é afetada por determinados alimentos (canjica, cerveja preta, cuscuz), os profissionais de saúde que prestam assistência às nutrizes têm por responsabilidade esclarecer estas ideias, visto que em alguns casos podem ser prejudiciais ao balanceamento e ao valor nutritivo das refeições. Não se deve incentivar o consumo de álcool, nem fumo e orientar a quantidade permitida de café (máximo 100ml/dia). O que contribui para boa produção de leite é simplesmente alimentação quantitativa e qualitativamente balanceada, com alimentos variados e de todos os grupos, boa ingestão hídrica com mínimo de 4 copos de água/dia, ambiente tranquilo, mãe emocionalmente segura e certa de sua capacidade de amamentar. A produção de leite é afetada negativamente por dietas hipocalóricas e estresse materno. Há uma preocupação atual quanto ao conteúdo de ácidos graxos essenciais da família ômega-3 no leite materno, tendo em vista os inúmeros benefícios no desenvolvimento do sistema nervoso e da retina do lactente. Há estudos que comprovam que o aumento da ingestão pela mãe de alimentos ricos nesta gordura promove incremento nas quantidades presentes no leite materno. Incentivar, portanto, a ingestão de peixes 3 vezes por semana, sendo a sardinha uma opção barata e acessível. Outras fontes são o salmão, arenque, cavala, tilápia e atum. 3 - Bebes de 0 - 2 anos Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida como prática eficaz de proteção à saúde da criança. Como forma complementar de alimentação, o aleitamento deve seguir até os 2 anos. Já nesse período, os hábitos alimentares estão em formação, sendo fundamentais ações que estimulem o consumo de alimentos variados, dos diferentes grupos. É comum observar falta de apetite nas crianças deste grupo, especialmente durante as refeições básicas (almoço e jantar), devido ao fácil acesso às guloseimas (balas, biscoitos, refrigerantes) e à alta incidência de infecções e verminoses. A alimentação oferecida nos diferentes ambientes que a criança freqüenta – creches, escolas, locais de lazer – deve ser monitorada para que ela tenha acesso irrestrito a uma alimentação saudável. Também é importante evitar que a criança adquira hábitos alimentares que venham a se constituir em risco à saúde, como o consumo regular de alimentos com alta densidade energética - açúcares e gorduras. Dez Passos da Alimentação Saudável para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos PASSO 1 – Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. • O leite materno contém tudo o que a criança necessita até o 6.o mês de idade, inclusive água, além de proteger contra infecções. • A criança que recebe outros alimentos além do leite materno antes dos seis meses, principalmente através de mamadeira, incluindo água e chás, adoece mais e pode ficar desnutrida. PASSO 2 – A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. • A partir dos seis meses, o organismo da criança já está preparado para receber alimentos diferentes do leite m a t e r n o , q u e s ã o c h a m a d o s d e a l i m e n t o s complementares. • Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar a mamar no peito até os dois anos ou mais, pois o leite materno continua alimentando a criança e protegendo-a contra doenças. • Com a introdução da alimentação complementar, é importante que a criança beba água nos intervalos das refeições. PASSO 3 – A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. PASSO 4 – Se a criança está mamando no peito, três refeições por dia com alimentos adequados são suficientes para garantir uma boa nutrição e crescimento, no primeiro ano de vida. No segundo ano de vida, devem ser acrescentados mais dois lanches, além das três refeições. ▪ Se a criança não está mamando no peito, deve receber cinco refeições ao dia, com alimentos complementares já a partir do sexto mês. Algumas crianças precisam ser estimuladas a comer (nunca forçadas). ▪ A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. ▪ Crianças amamentadas no peito em livre demanda desenvolvem muito cedo a capacidade de autocontrole sobre a ingestãode alimentos, aprendendo a distinguir as sensações de saciedade após as refeições e de fome após o jejum (período sem oferta de alimentos). Esquemas rígidos de alimentação interferem nesse processo de autocontrole pela criança. ▪ Este aprendizado precoce é fundamental na formação das diferenças nos estilos de controle de ingestão de alimentos nos primeiros anos de vida. O tamanho da refeição está relacionado positivamente com os intervalos entre as refeições. Grandes refeições estão associadas a longos intervalos e vice-versa. ▪ É importante que as mães desenvolvam a sensibilidade para distinguir o desconforto do bebê por fome de outros tipos de desconforto (sono, frio, calor, fraldas molhadas ou sujas, dor, necessidade de carinho) para que elas não insistam em oferecer alimentos à criança quando esta não tem fome. ▪ Sugere-se que para as crianças em aleitamento materno sejam oferecidas, sem esquema rígido de horário, três refeições complementares: uma no período da manhã, uma no horário do almoço e outra no final da tarde ou no início da noite. ▪ Para as crianças já desmamadas, devem ser oferecidas três refeições e dois lanches, assim distribuídos: no período da manhã (desjejum), meio da manhã (lanche), almoço, meio da tarde (segundo lanche), final da tarde ou início da noite (jantar). PASSO 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família. • No início da alimentação complementar, os alimentos oferecidos à criança devem ser preparados especialmente para ela, sob a forma de papas/purês de legumes/cereais/ frutas. São os chamados alimentos de transição. • A partir dos oito meses, podem ser oferecidos os mesmos alimentos preparados para a família, desde que amassados, desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos. • Sopas e comidas ralas/moles não fornecem energia suficiente para a criança. • Deve-se evitar o uso da mamadeira, pois a mesma pode atrapalhar a amamentação e é importante fonte de contaminação e transmissão de doenças. • Recomenda-se o uso de copos (copinhos) para oferecer água ou outros líquidos e dar os alimentos semi-sólidos e sólidos com prato e com a colher. PASSO 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. • Desde cedo a criança deve acostumar-se a comer alimentos variados. • Só uma alimentação variada evita a monotonia da dieta e garante a quantidade de ferro e vitaminas que a criança necessita, mantendo uma boa saúde e crescimento adequados. • O ferro dos alimentos é melhor absorvido quando a criança recebe, na mesma refeição, carne e frutas ricas em vitamina C. • A formação dos hábitos alimentares é muito importante e começa muito cedo. É comum a criança aceitar novos alimentos apenas após algumas tentativas e não nas primeiras. O que pode parecer rejeição aos novos alimentos é resultado do processo natural da criança em conhecer novos sabores e texturas e da própria evolução da maturação dos reflexos da criança. • Os alimentos devem ser oferecidos separadamente, para que a criança aprenda a identificar as suas cores e sabores. Colocar as porções de cada alimento no prato, sem misturá-los. PASSO 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. • As crianças devem acostumar-se a comer frutas, verduras e legumes desde cedo, pois esses alimentos são importantes fontes de vitaminas, cálcio, ferro e fibras. • Para temperar os alimentos, recomenda-se o uso de cebola, alho, óleo, pouco sal e ervas (salsinha, cebolinha, coentro). PASSO 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. • Açúcar, sal e frituras devem ser consumidos com moderação, pois o seu excesso pode trazer problemas de saúde no futuro. O açúcar somente deve ser usado na alimentação da criança após um ano de idade. • Esses alimentos não são bons para a nutrição da criança e competem com alimentos mais nutritivos. • Deve-se evitar dar à criança alimentos muito condimentados (pimenta, mostarda, “catchup”, temperos industrializados). PASSO 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados. • Para uma alimentação saudável, deve-se usar alimentos frescos, maduros e em bom estado de conservação. • Os alimentos oferecidos às crianças devem ser preparados pouco antes do consumo; nunca oferecer restos de uma refeição. • Para evitar a contaminação dos alimentos e a transmissão de doenças, a pessoa responsável pelo preparo das refeições deve lavar bem as mãos e os alimentos que vão ser consumidos, assim como os utensílios onde serão preparados e servidos. • Os alimentos devem ser guardados em local fresco e protegidos de insetos e outros animais. • Restos de refeições que a criança recusou não devem ser oferecidos novamente. PASSO 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. • As crianças doentes, em geral, têm menos apetite. Por isso, devem ser estimuladas a se alimentar, sem, no entanto, serem forçadas a comer. • Para garantir uma melhor nutrição e hidratação da criança doente, aconselha-se oferecer os alimentos de sua preferência, sob a forma que a criança melhor aceite, e aumentar a oferta de líquidos. • Para a criança com pouco apetite oferecer um volume menor de alimentos por refeição e aumentar a frequência de oferta de refeições ao dia. • Para que a criança doente alimente-se melhor, é importante sentar-se ao lado dela na hora da refeição e ser mais flexível com horários e regras. • No período de convalescença, o apetite da criança encontra- se aumentado. Por isso, recomenda-se aumentar a oferta de alimentos nesse período, acrescentando pelo menos mais uma refeição nas 24 horas. • Enquanto a criança come com sua própria colher, a pessoa responsável pela sua alimentação deve ir oferecendo-lhe alimentos com o uso de outra. 4 - Escolares de 2 - 12 anos Este grupo é menos vulnerável do que o grupo dos bebês, pois as crianças já são capazes de escolher seus próprios alimentos (quando bem orientadas) e, normalmente, têm um apetite voraz. Por estarem em fase de crescimento, as exigências nutricionais dos escolares são altas, com especial atenção às necessidades hídricas (de água), pois o corpo das crianças pode ficar desidratado rapidamente. A merenda escolar assume uma grande importância e deve ser constituída de alimentos saudáveis (frutas, pães integrais, leite, etc...). Como os hábitos alimentares ainda estão em formação, o consumo de alimentos industrializados (biscoitos, salgadinhos tipo chips, refrigerantes, etc...) deve ser desestimulado. 5 - Adolescentes de 13 - 20 anos Os requerimentos energéticos e nutricionais dos adolescentes são altos, pois esta fase é caracterizada por um crescimento físico acelerado – acompanhado da maturação sexual e mental. Como já são bastante independentes, os adolescentes costumam selecionar alimentos de baixo valor nutritivo e alta densidade calórica (alimentos industrializados, sanduíches, frituras, doces, refrigerantes, etc...). Nesse período, algumas questões merecem atenção especial, como os riscos de transtornos alimentares (anorexia, bulimia e compulsões), o baixo-peso, o sobrepeso, a obesidade, a anemia (cuja prevalência cresce significativamente) e a gravidez na adolescência, que, por sua vez, aumenta o risco de partos prematuros e crianças com baixo peso ao nascer. 6 - Adultos de 21 - 60 anos A alimentação adequada do adulto é fundamental para a manutenção da saúde e do peso corporal, evitando o surgimento de doenças como diabetes e hipertensão, além de carênciasnutricionais. Os requerimentos energéticos são estimados levando em consideração a prática de atividade física a massa corporal e a idade, bem como o estado fisiológico (presença de patologias e gravidez ou lactação e menstruação no caso das mulheres). Orientações práticas na hora de escolher os alimentos ▪ Orientar o indivíduo a manter estilo alimentar saudável. ▪ Favorecer o ritmo metabólico, recomendando o consumo de 4 a 6 refeições /dia, com pequenos volumes. ▪ Variar os alimentos ao longo do dia com a inclusão de todos os grupos alimentares, sugerindo variações dentro dos próprios grupos. ▪ Orientar que em cada refeição principal deve estar presente pelo menos um alimento de cada grupo. ▪ Estipular metas possíveis, pequenas, tangíveis e de curto prazo. ▪ Contribuir para romper com as expectativas de resultados imediatos, pois geram frustração e recidivas. ▪ Valorizar bons hábitos e substituir os errôneos aos poucos. ▪ Conversar sobre as receitas caseiras mais utilizadas pela família e orientar substituição de ingredientes que possam trazer diminuição do valor calórico e/ou benefícios à saúde, tais como: Orientar que o grupo dos cereais, tubérculos e raízes (arroz, milho, trigo, aveia, cevada, centeio, farinhas de arroz, de fubá, de trigo, de mandioca, aveia, macarrão, pão, batata inglesa, batata doce, inhame, mandioca, cará) devem ser a maioria da alimentação, perfazendo cerca de 55 a 75% das calorias diárias. Preferência aos integrais pelo conteúdo de fibras e micronutrientes. ▪ Orientar a redução do consumo de açúcares simples. ▪ Ensinar que o consumo de frutas, verduras e legumes deve perfazer, pelo menos, 400g/dia, ou seja, 3 porções de cada, tornando a alimentação variada, colorida e rica em fibras, vitaminas, minerais. Se o indivíduo estiver obeso e não ingere nenhuma porção ao dia, oriente aumentos graduais, passo a passo, pois os resultados serão melhores. ▪ Informar que o aumento de fibras trará benefícios à saúde como um todo, melhorando o funcionamento intestinal, a regulação da glicose sanguínea, a saciedade e trará proteção para certos tipos de câncer como de boca, estômago e cólon. ▪ As frutas, legumes e verduras são potentes antioxidantes naturais, com efeitos protetores e anti-inflamatórios, tais como uvas vermelhas, maçã, tomate, cereja, amora, morango e jabuticaba, frutas cítricas, vegetais verdes-escuros e alaranjados, batata, berinjela, cebola, alho, grãos como soja e aveia, frutas oleaginosas. Incentivar a inclusão destes alimentos no dia a dia. ▪ Orientar o consumo de carnes magras (peixe, frango, lombo e cortes mais magros da carne vermelha, como músculo, patinho, coxão mole, dentro das quantidades sugeridas (1 a 2 porções ao dia) e de ovos cozidos, pochê ou na forma de omelete de legumes, sem gordura adicionada. ▪ Lembrar ao paciente obeso a possibilidade da opção pelo leite desnatado e seus derivados com baixo teor de gordura (queijos brancos, iogurtes desnatados ou light). Conforme a pirâmide dos alimentos e o Guia Alimentar, o recomendado são três porções/dia, garantindo assim o aporte de cálcio e de proteínas de alto valor biológico. ▪ Estimular o consumo de arroz e feijão. ▪ Orientar quanto aos métodos de cocção dos alimentos, enfatizando as preparações assadas, grelhadas, cozidas, ensopadas ou refogados, sempre com pouco óleo. Orientar o uso de óleos vegetais (soja, canola, milho, girassol, arroz) em detrimento de banhas e gordura de palma. Gorduras provenientes de fontes animais (das carnes e leite) são saturadas e contribuem para o aumento do colesterol e de resistência à insulina, enquanto que os óleos vegetais são ricos em ácidos graxos poli-insaturados e essenciais (que o organismo não produz) e vitaminas lipossolúveis. ▪ Não permitir o consumo de gorduras trans. Estas gorduras são provenientes de uma hidrogenação industrial dos óleos vegetais que modifica a configuração química da molécula de gordura, transformando-a em uma molécula que contribui para a aterogênese (lesões na parede arterial). Muitos alimentos como biscoitos, bolachas, bolos prontos, margarinas, molhos prontos, batatas fritas, pipocas de microondas, pães e massas industrializadas podem conter gorduras trans. ▪ Orientar a leitura dos rótulos dos alimentos, para detectar a presença de gorduras trans (nos rótulos pode estar descrito como gordura vegetal hidrogenada) e também o conteúdo de sódio. Muitos alimentos industrializados têm alto conteúdo de sódio, que, em associação à obesidade, pode ser um desencadeador para hipertensão arterial. O sódio está presente no sal e também nos conservantes utilizados nos produtos industrializados. Nos rótulos também são conhecidos a quantidade de calorias, gorduras, proteínas e açúcares por porção do referido produto alimentício. Alimentos muito calóricos, com muita gordura ou açúcar devem ser evitados pelas pessoas com excesso de peso. Muitos alimentos com fama de “saudáveis” podem ser, na realidade, uma mistura de produtos químicos, conservantes, corantes, adoçantes (por exemplo: gelatinas). Observar tudo isso na hora da compra dos alimentos. ▪ Controlar a quantidade de gordura e açúcar nas receitas, substituir gemas de ovos por claras, acréscimo de vegetais, substituição de farinhas refinadas por integrais ou meio a meio, entre outras. ▪ Privilegiar a escolha dos alimentos da safra, in natura, e, se acessível, de agricultura orgânica. ▪ Estimular a ingestão hídrica ao longo de todo o dia, porém longe das refeições, 30 minutos antes ou depois das refeições. ▪ Desestimular o consumo de álcool, que contribui para a obesidade e aumento da gordura visceral, além de aumentar os riscos para o desenvolvimento de doenças como cirrose hepática e deficiências nutricionais. ▪ Esclarecer que o uso de produtos diet e light não são totalmente liberados e que existem indicações específicas para produtos desta natureza. Diet são produtos que apresentam isenção de algum nutriente, como açúcar ou sódio e são indicados para casos de patologias específicas como diabetes, por exemplo. Muitas vezes o produto diet apresenta redução de calorias, mas isso não é regra. Já os produtos light são assim denominados quando são formulados com redução de pelo menos 25% de calorias ou nutrientes, sendo os mais comuns os reduzidos em gordura, açúcar e sódio (requeijão light, sal light, iogurtes light). Muitas pessoas gastam mais comprando produtos diet e light, que são mais caros e fazem uso indiscriminado, trazendo para o organismo prejuízo maior do que se consumisse o produto tradicional em quantidades adequadas. 7 - Terceira idade - a partir de 61 anos A boa alimentação durante todas as fases vida é determinante para a qualidade de vida que uma pessoa pode esperar gozar na velhice. Na nutrição do idoso, deve-se dispensar atenção às vulnerabilidades psicossociais que podem acentuar os problemas de acesso a uma alimentação saudável nesta fase – dificuldades para adquirir e preparar os alimentos, de socialização, de motivação para se alimentar e praticar atividades de lazer, etc... Podem surgir restrições de ordem médica, devidas à presença de doenças degenerativas (diabetes, hipertensão, insuficiência renal, cardiopatias, etc...), que precisam ser consideradas durante o planejamento alimentar. Os idosos costumam apresentar falta de apetite e baixo consumo de alimentos, o que pode ser corrigido com a oferta de alimentos com alta densidade energética (mais calóricos) e bem temperados. As dificuldades de mastigação, deglutição e digestão podem ser contornadas com a oferta de alimentos com a consistência modificada (mais macios – purês, suflês, pudins, sorvetes, etc...) em refeições pouco volumosas. Uma nutrição realmente saudável deve seguir algumas coisas como: • Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; • Limitar o consumo energético procedente das gorduras, substituir as gorduras saturadas por gorduras insaturadas e eliminaras gorduras trans; • Aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras e de cereais integrais e frutas secas; • Limitar o consumo de açúcares livres; • Limitar o consumo de sal (sódio) de toda procedência e consumir sal iodado; • Manter-se suficientemente ativos durante toda a vida.
Compartilhar