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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO CAMPUS MORRINHOS CRISTINA APARECIDA DE CARVALHO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL MORRINHOS – GO 2018 CRISTINA APARECIDA DE CARVALHO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL Trabalho de Conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos. Orientador: Dra. Michelle Castro Lima MORRINHOS – GO 2018 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/IF Goiano Campus Morrinhos Fonte: Elaborado pelo Bibliotecário-documentalista Elder Silva, CRB1/2786 CRISTINA APARECIDA DE CARVALHO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL Trabalho de Conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos. Orientador: Dra. Michelle Castro Lima Morrinhos, 21 de junho de 2018. BANCA EXAMINADORA __________________________________ Profª. Drª. Michelle Castro Lima - Orientadora Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos __________________________________ Prof. Me. Marco Antônio Franco do Amaral Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos __________________________________ Profª. Drª. Sangelita Miranda Franco Mariano Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos Aos meus familiares AGRADECIMENTOS É difícil agradecer a todos que, de algum modo, fizeram parte desta jornada. Foram tanto momentos que me trouxeram aqui, que seria impossível expressar toda minha gratidão aos sempre que tiveram ao meu lado, então agradeço de coração. Agradeço a Deus pelo dom da vida e por me permitir que mais esta etapa fosse concluída, apesar das dificuldades, iluminando o meu caminho durante essa caminhada. Agradeço também meu esposo, Alisson Thalles Souza Ferreira, que de forma especial e carinhosa sempre me deu força e coragem para concluir essa etapa, me apoiando nos momentos de dificuldades. Também meus filhos Giovanna Carvalho Souza Ferreira e Joao Victor Carvalho Souza Ferreira, que sempre me incentivaram a continuar quando pensei em desistir, iluminando de maneira especial os meus pensamentos, me levando a buscar mais conhecimentos. E não deixando de agradecer de forma grandiosa meus pais, Divina Aparecida de Carvalho e João Eurípedes de Carvalho, a quem tenho uma profunda admiração, respeito e amor. À minha orientadora Prof.ª Michelle Castro Lima pela extrema paciência que teve comigo nestes últimos quatro anos, e principalmente na realização deste trabalho. Não tenho palavras para expressar o reconhecimento e admiração que tenho por ti. Agradeço acima de tudo, por acreditar e não desistir de mim e nem me deixar desistir, obrigada pelo apoio, compreensão e amizade durante esta jornada, e agradeço por possibilitar este vínculo maravilhoso que levarei por toda minha vida. À Prof.ª Sangelita M. Franco Mariano que se tornou mais que uma professora, foi um ombro amigo inestimável. Obrigada pelas inúmeras portas que me mostrou, me aconselhando sobre caminhos que poderia seguir, tenho orgulho de ter aprendido contigo nos últimos anos. Um agradecimento especial ao Prof. Marco Antônio Amaral que sempre esteve presente nos momentos que precisei durante minha formação, sempre com muita dedicação em tudo que faz. Quero agradecer minhas amigas Fernanda Rodrigues e Miriane Rosa por sempre estar ao meu lado me dando força e ajudando a superar todos os obstáculos. Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar. Emília Ferreiro RESUMO A alfabetização por meio do letramento tem como princípio capacitar e letrar o indivíduo dentro da sociedade, isto é, formar crianças e adultos que participem ativamente da desta como pessoa formadora de opinião. O presente estudo tem como objetivo identificar as práticas de letramento no processo de alfabetização na Escola Estadual Ligia Assis Paiva. Utilizamos como metodologia o estudo bibliográfico e a análise de conteúdo para trabalhar com os documentos (diários das alfabetizadoras) encontrados na escola. Além disso, utilizamos um questionário para complementar alguns dados que não eram identificados nos diários. Mediante os dados do Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF que indicam um alto índice de analfabetismo funcional buscamos neste trabalho identificar como as professoras alfabetizadoras compreendem a alfabetização e o letramento. Será que elas ainda utilizam procedimentos que visam ensinar apenas a codificar e decodificar as palavras ou será que elas trabalham também os usos sociais dessa leitura e escrita? Deste modo, ao final do trabalho identificamos as práticas e metodologias de alfabetização das professoras alfabetizadoras de Buriti Alegre descritas nos diários e seus impactos nas avaliações externas como a ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização). Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Método. Práticas . ABSTRACT Alfabetização through literacy has the principle of empowering and lettering the individual within society, that is, to train children and adults who actively participate in the latter as an opinion-forming person. The present study aims to identify literacy practices in the literacy process at the Ligia Assis Paiva State School. We used as methodology the bibliographic study and content analysis to work with the documents (alfabetizadoras diaries) found in the school. In addition, we used a questionnaire to supplement some data that was not identified in the journals. Through data from the National Institute of Functional Literacy (INAF) that indicate a high level of functional illiteracy, we seek to identify how alfabetizadoas teachers understand literacy and alfabetização. Do they still use procedures that aim to teach only the coding and decoding of words or do they also work the social uses of this reading and writing. Thus, at the end of the study we identified the literacy practices and methodologies of Buriti Alegre alfabetizadoras teachers described in the diaries and their impact on external evaluations such as ANA (National Literacy Assessment). Key words: Literacy. Literature. Method . Practices. Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 2. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO .......................................................................... 14 2.1 Alfabetização .................................................................................................................. 15 2.2 Letramentos: o surgimento do termo no Brasil .............................................................. 16 2.3 A relação entre Alfabetação e Letramento ..................................................................... 18 3. OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................................ 21 3.1 O Ensino do Alfabeto ..................................................................................................... 21 3.2 Didáticas e as práticasdocentes...................................................................................... 22 3.3 Os métodos tradicionais de alfabetização ....................................................................... 23 3.2.1 Métodos Sintéticos ...................................................................................................... 24 3.2.2 Métodos Analíticos ...................................................................................................... 25 3.4 Construtivismo e a perspectiva de alfabetização ............................................................ 25 4- ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA ESTADUAL LIGIA ASSIS PAIVA .......................... 29 4.2 Trajetória metodológica .................................................................................................. 32 4.3 As Práticas de Letramento no Contexto da Pesquisa ..................................................... 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 40 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 41 8 1. INTRODUÇÃO Ao falarmos em alfabetização, o primeiro pensamento que nos vem é que o aluno vai apenas aprender a ler e a escrever, codificar e decodificar, mas a partir da década de 1990 as discussões do termo letramento são intensificadas. Segundo Soares (2010), Letramento é compreender o uso social da leitura e da escrita, saber utilizar a leitura e a escrita em diferentes contextos sociais. Até a década de 50, para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) era considerado alfabetizado a pessoa que sabia assinar o próprio nome. Porém, com as discussões sobre alfabetização e letramento o conceito de alfabetizado também sofreu alterações. Alfabetizado é aquela pessoa que sabe ler e escrever pequenos textos (ROJO, 2009). Diante dessa realidade, podemos considerar que durante um longo período se considerou alfabetização como um processo de codificar e decodificar. Dentro dessa concepção, os métodos de alfabetização utilizados por um longo período foram os métodos tradicionais que preconizam a memorização e a cópia excluindo os usos sociais da leitura e escrita. Em 1980 houve uma proposta de mudança na alfabetização, porque o ensino até então priorizava a memorização de sílabas e palavras e não trabalhava o entendimento delas. Com isso, as propostas tradicionais passaram a ser criticadas e indagadas. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1991) desenvolveram no final da década de 70 o livro Psicogênese da língua escrita que tratava de um estudo feito por um longo período a respeito do processo de aprendizagem da leitura e da escrita. No que tange o processo histórico, a alfabetização começou a se tornar alvo de preocupação do Estado brasileiro no final do século XIX, com a Proclamação da República. Neste cenário, a educação ganha destaque, uma vez que a escola passa a ser vista como uma instituição responsável por preparar os indivíduos da nova geração, de maneira a atender as necessidades do Estado Republicano da época, com o intuito de estabelecer uma nova ordem política e social. Em pouco tempo, a escola se tornou um instrumento de modernização e progresso da Nova República para o “esclarecimento das massas iletradas” (MORTATTI; OLIVEIRA, 2011). Ser alfabetizado era um status de privilégio. A leitura e escrita eram restritas a determinada camada da sociedade, por meio de tutores particulares ou em “escolas do 9 Império”, porém, a partir da Proclamação da República, a aprendizagem passa a ser obrigatória laica e gratuita. As aulas passaram a ser organizadas de maneira sistemática e intencional, com o intuito de preparar profissionais especializados para o mercado de trabalho. Neste período, a educação é vista como o ensino de habilidades de “codificação” e “decodificação”, com uso de cartilhas (MORTATTI, 2000). Mesmo cem anos após a instituição do modelo de escola republicano, a educação tem sido alvo de problemas estratégicos em relação ao aprendizado. Várias mudanças foram propostas, para cada momento histórico, focando nos métodos de alfabetização. Segundo Mortatti (2000), os métodos de alfabetização podem ser divididos em quatro períodos cruciais, de acordo com certas tematizações, normatizações e concretizações acerca do ensino da leitura e escrita. O primeiro momento seria intitulado de “A metodização do ensino da leitura”. Ao final do Brasil Império, poucas escolas que ofereciam infraestrutura adequada para abrigar alunos em todos os níveis de educação. Dessa forma, o ensino ficava quase que totalmente a cargo do professor regente e dos alunos. Além disso, a falta de materiais para o exercício da leitura era evidente, sendo utilizadas, de início, “cartas de ABC”, de maneira metódica. O método da marcha sintética (discutido na seção 3.1 deste trabalho) era o utilizado à época. Nesse método, os alunos iniciavam na soletração, passando pela nomenclatura das letras; fonética até chegar à silabação. A escrita era resumida à caligrafia e ortografia, cópia de ditados e formação de frases. Algumas cartilhas brasileiras foram produzidas ao final do século XIX por professores fluminenses e paulistas, principalmente, baseados nos métodos descritos acima. A publicação da Cartilha Maternal ou Arte da Leitura, por João de Deus no ano de 1876 (MADUREIRA; ARCOZELLO, 1876), marcou este período, pois, a partir do final da década de 1880, esta cartilha passou a ser divulgada sistematicamente nas principais províncias de São Paulo e Espírito Santo. Agora, a metodologia de ensino seria baseada na moderna linguística vigente na época, ensinando a leitura a partir da palavra. Este período durou até o início da década de 1890, com contestações entre o ensino tradicional e o novo. A partir de 1890, deu-se início a “Institucionalização do método analítico” (Seção 3.2) com a reforma na instrução pública no estado de São Paulo. Inicialmente houve a reorganização da Escola Normal Paulista e a criação da Escola-Modelo Anexa, além da criação do Jardim da Infância nesta última. As novas escolas contavam com uma nova metodologia de ensino, baseada no modo analítico para ensino da leitura, mediante atividades 10 práticas que deveriam ser buscados pela escola (no caso das escolas do interior). Nesse período, os professores passaram a defender o método analítico de ensino. Este método sofreu influência da pedagogia norte-americana. O ensino agora, diferentemente do primeiro método, partia de um todo, para depois serem aprendidas as partes. As cartilhas produzidas neste período foram baseadas neste método de marcha analítica até o começo do século XX. O segundo momento teve sua queda visível no final da década de 1920. O terceiro momento, intitulado por Mortatti (2000) de “A alfabetização sob medida” foi marcado pela Reforma Sampaio Dória, na metade da década de 1920, que aumentaram a resistência de educadores acerca do uso da marcha analítica, buscando novas metodologias de ensino da leitura e escrita. Ainda assim, alguns educadores, defensores assíduos da marcha analítica, continuavam utilizando-as na escola. Neste período as cartilhas passaram a ser baseadas em métodos mistos ou ecléticos, combinando os métodos anteriores. Além disso, o professor passa a produzir manuais anexos às cartilhas, como maneira de criar um ensino preparatório. Com isso, o método de ensino utilizado seria baseado na maturidade das crianças, tentando criar classes homogêneas. A escrita ainda era encarada do ponto de vista da caligrafia e ortografia, sendo ensinada de maneira concomitante à habilidade de leitura. O terceiro momento vai até o final da década de 1970, sendo marcado pela alfabetização sob medida, que, como mencionado, era ensinarna medida da maturidade da criança (Seção 3.3). Com o final da década de 1970, houve uma quebra da tradição de ensino, com o advento das novas políticas sociais que priorizaram a educação infantil, de modo a combater o fracasso nessa área. Com isso a “alfabetização: construtivismo e desmetodização” trouxe um pensamento construtivista para a alfabetização. A partir de então, as pesquisas em educação se tornam cada vez mais intensas e o construtivismo passa a não ser apenas uma concepção de ensino, mas uma revolução conceitual. Várias pesquisas foram desenvolvidas nesta época, marcando uma disputa entre construtivistas e defensores dos métodos tradicionais. Neste quarto momento, a construção de cartilhas construtivistas e livros de alfabetização foram rapidamente aderidos, como maneira de influenciar na hora de preparar aula. Atualmente, a corrente construtivista está realmente desenvolvida, contando com vários níveis de alfabetização institucionalizada e verificável, como por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ainda vigentes. Acima de tudo, houve a desmetodização da alfabetização, no qual cada aluno iria aprender de um jeito diferente, a partir de sua própria relação com o meio. Com o final da década de 1980, a antigas disputas foram se diluindo. 11 Com relação à formação dos professores alfabetizadores identificamos que a primeira escola de formação de professor primário foi a escola Normal em 1835 em Niterói. Posteriormente esse modelo de formação foi se difundindo pelo Brasil (TANURI, 2000). E com a Proclamação da República e a institucionalização do Ensino Primário era observada a exigência de um número maior de professores para atuar nos Grupos Escolares. As primeiras escolas Normais tinham como foco a formação de homens para atuar no Ensino Primário, mas logo a sociedade brasileira ganhou Escolas Normais para formação de mulheres, porém estas escolas partiam do princípio que o papel da mulher era o de esposa e mãe, sendo assim, em seu currículo, diferentemente do apresentado nas escolas para homens, continha disciplinas voltadas para formação da esposa e mãe, como por exemplo, economia doméstica, puericultura costura bordado, entre outra, como afirma Schwartzman e colaboradores: Já a mulheres será dada uma educação que as torne afeiçoadas ao casamento, desejosas da maternidade, competentes para a criação dos filhos e capazes de administrar a casa. Esta divisão de papéis precisava ser garantida e protegida. Para isso, seria necessário fortalecer a comunidade familiar, quer pela elevação da autoridade do chefe da família, quer pela maior solidificação dos laços conjugais, quer pela mais extensa e imperiosa obrigação de assistência espiritual e material dentro do núcleo familiar (SCHWARTZMAN et al, 2000, p. 128). A mulher passa a assumir o papel de professora primária devido ao papel que já realizava em casa com os filhos. Após as escolas Normais foram criados os Institutos de Educação, o Curso de Pedagogia e em 1971 Por meio da Lei 5.692 de 11 de agosto de 1971, foram extintas as escolas normais e criada a modalidade de 2º Grau chamada Habilitação Específica de 2º Grau para o Magistério, conforme especificado na Lei: Art. 30. Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. (BRASIL, 1971). Desta forma, para atuar nas salas de alfabetização era necessário apenas à habilitação específica de 2º Grau (Magistério), até que 1971 por meio da Lei 9394/96 foram alterados passando a ser exigindo um professor formado em Curso Superior de Pedagogia ou Normal Superior para atuar nas salas de alfabetização e somente na falta desses profissionais serão aceitos professores com formação específica de 2º Grau. Porém, mais recentemente, através 12 da Lei nº 13.415 de 16 de fevereiro de 2017 foi alterada a condições de formação necessária para atuar na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Art. 62. A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (BRASIL, 2017). Mediante a Lei nº 13.415/ 2017 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96 foi alterada e agora para atuar nas salas de alfabetização o professor poderá ter o curso de Licenciatura ou apenas a modalidade normal oferecida em nível médio. Nos últimos dez anos, estamos vivenciando um retrocesso nas conquistas relacionadas à formação do alfabetizador. A alfabetização é uma etapa muito importante na formação do aluno e por isso, acreditamos que nela deveriam estar os melhores profissionais, os que estudaram e tem mais especialização na área, pois o alfabetizador irá ensinar nossas crianças e alguns adultos a lerem e escreverem. Juntamente com essa desvalorização da formação do alfabetizador acompanhamos as discussões sobre os métodos de alfabetização. O interesse por estudar a alfabetização ultrapassa a minha entrada no ensino superior, pois foi esse desejo de conhecer e entender mais sobre a alfabetização que me levou a escolher o curso de Pedagogia. E, após realizar duas pesquisas de iniciação científica sobre a história da formação e da prática de professoras alfabetizadoras em Buriti Alegre- GO o interesse pela alfabetização se intensificou e assim, escolhi para pesquisar e escrever o meu trabalho de curso sobre as práticas de alfabetização e letramento descritos nos diários das professoras alfabetizadoras da Escola Estadual Ligia Assis Paiva. Utilizei como aporte metodológico análise de conteúdo, dentro dessa perspectiva metodológica estabeleci o que era comum a todos os diários para estabelecer as categorias de análise do trabalho. Além disso, a partir dessa categorizaram elaboramos o questionário que iria complementar algumas lacunas que encontramos nos diários. Pensando na importância da alfabetização e letramento, o presente trabalho está dividido em quatro seções. A primeira seção introdução, a segunda seção diz respeito aos conceitos de Alfabetização e Letramento, bem como sua importância do ponto de vista pedagógico desses conceitos. A terceira seção discorreu sobre alguns métodos de alfabetização, que contempla o método sintético, analítico e a concepção de alfabetização do construtivismo. Na quarta seção apresentamos a trajetória metodológica da pesquisa, o questionário realizado com as professoras alfabetizadoras e as práticas de leitura e escrita no 13 contexto da pesquisa. Nessa seção apresentamos a prova ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) e seus impactos na prática das alfabetizadoras. Como se da o processo de alfabetização e os conceitos de letramento e alfabetização pelas professoras alfabetizadoras da Escola Estadual Ligia Assis Paiva realizei uma análise dos diários das professoras que atuaram nessa escola nas salas de alfabetização e apliquei um questionário, que será apresentado na seção 04 desse trabalho, sobre os conceitos de letramento, alfabetização e as práticas de leitura desenvolvidas e conhecidas pelas professoras alfabetizadoras. 14 2. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Nesta seção iremos discutir as ideias de Alfabetização e Letramento. Após a tradução do livro “Psicogênese da Língua Escrita1” para língua portuguesa as temáticas relacionadasàs metodologias de alfabetização entram em outro campo de discussão ampliando as pesquisas na área de alfabetização e nos processos de como a criança aprende a ler e escrever a língua materna. Dentro desse contexto surgem novos conceitos atrelados ao conceito de alfabetização, como por exemplo, a ideia de letramento. Apesar das novas discussões e perspectivas no processo de alfabetização o Brasil e vários países não desenvolvidos, ainda perpassam uma situação bem árdua em relação aos índices de analfabetos no país. Os destaques dentro dessa decadência são os índices desses fracassos, por meio das reprovações e evasões escolares, que nunca deixaram de existir na sociedade. Este problema tão concreto, historicamente, já foi muito abordado. Artigos acadêmicos tentaram indicar possíveis causas desta baixa qualidade, colocando a “culpa”, às vezes, no método utilizado, no aluno que apresenta muitas dificuldades, na má formação do professor, nas condições sociais desfavoráveis ou, ainda, em outras causas diversas. Enfim, foram muitas as tentativas de superação, embora, nenhuma apresentasse grande êxito. (GORETTE, DIEGO, 2011, p. 12194) Segundo Kleiman (2010), sustenta que é necessária a aprendizagem do letramento. Assim sendo importante passar pelo entendimento do mesmo, ensinando as habilidades e competências para que os alunos consigam ler e assimilar diferentes classes existentes, não só na escola também em uma comunidade de forma global. Sendo assim interessante, da mesma forma que podemos desenvolver acontecimentos que possibilita os alunos a participarem realmente das práticas letradas, por isso é importante terem trabalhado verificado e averiguado essas diversas divisões. O docente alfabetizador ao fazer a leitura, por exemplo, de uma notícia no jornal deve explicar o Título, mostrando que se trata de um evento acontecido em um determinado lugar, com algumas pessoas, buscando a fonte, observando as fotografias e o autor da notícia. Assim inseri-los em um mundo de conhecimento, tornando leitores capacitados a usarem vários gêneros textuais, mesmo que as famílias possuam um insuficiente 1 FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 15 acesso aos materiais escritos. Sendo assim necessário mostrar as outras habilidades existentes no uso da leitura e escrita, é de serem ensinadas na sala de aula. Em seguida iremos explanar as alterações nas ações pedagógicas existentes, esclarecendo os conceitos de Alfabetização e Letramento segundo Rojo (2009), Soares (2016, 2014) e Kleimam (2010). 2.1 Alfabetização Tendo em vista o entendimento do que significa letramento e alfabetização, as pesquisas mostram argumentações documentadas de como se desenvolveu o método de alfabetização no Brasil, que surgiu com o início da necessidade de se alfabetizar as pessoas preocupando com a organização desses especialistas que iriam exercer tal atividade no âmbito educacional. A Alfabetização é quando o indivíduo começa a ter contato com sistema ortográfico, tendo assim à construção das palavras relacionada com o som e letras aprendendo a ler e escrever alfabeticamente (MOREIRA; ROCHA, 2013). Já para Soares (2016), a palavra alfabetização originalmente significa que devemos considerar a aprendizagem do alfabeto, no conceito de aprender a ler e escrever. Desta forma, a característica da alfabetização acontece por meio da aprendizagem do conjunto de símbolos (do alfabeto) e da escrita. No Brasil a alfabetização adquiriu expressividade, com a fundação da escola e com o objetivo de transformar as novas gerações competentes nas novas diretrizes política e social, acontecendo depois da Proclamação da República. Para (MORTATTI, 2006) O ensino, especialmente a alfabetização tornou-se mecanismo de conquista do conhecimento, de progresso e modernidade do país. Segundo Cagliari, (1992), a prática de ler e escrever são definições importantes para ter um bom desenvolvimento na escola, os alunos que são alfabetizados possuem até hoje muitas dificuldades, que poderia ser resolvido através de um bom alfabetizador, se entendesse as demandas da escrita, suas finalidades e utilizações. As dificuldades da alfabetização englobam várias razões. O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de conhecimento, de como a criança se situa em termos de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação social da natureza da realidade linguística envolvida no momento em que está acontecendo a 16 alfabetização, mais condições terá o professor de caminhar de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais. (CAGLIARI, 1998, p.9). Assim, segundo Cagliari (1998), conforme o professor passa a compreender as particularidades da aprendizagem e vivência desses alunos, terá uma chance maior de se ter um melhor resultado no desenvolvimento da formação desses alunos. 2.2 Letramentos: o surgimento do termo no Brasil O termo letramento de origem do inglês literacy (littera + Cy = letra + estado, qualidade) aparece pela primeira vez na literatura brasileira em 1986 no livro “no mundo da escrita perspectiva psicolinguística da autora Mary Kato e depois no livro de Leda Verdiani Tfouni em 1988. A partir da década de 90 com as publicações de e Angela Kleiman (1995) e Magda Soares (1998)2 cresce as discussões metodológicas e reflexões teóricas sobre Letramento. Segundo o Glossário do Ceale: Letramento é palavra que corresponde a diferentes conceitos, dependendo da perspectiva que se adote: antropológica, linguística, psicológica, pedagógica. É sob esta última perspectiva que a palavra e o conceito são aqui considerados, pois foi no campo do ensino inicial da língua escrita que letramento – a palavra e o conceito – foi introduzido no Brasil. Posteriormente, o conceito de letramento se estendeu para todo o campo do ensino da língua e da literatura, e mesmo de outras áreas do conhecimento, mas, neste verbete, letramento é considerado apenas em sua relação com alfabetização. Nos anos 1980, os limites do ensino e da aprendizagem da língua escrita se ampliam: em decorrência do desenvolvimento social, cultural, econômico, político em nosso país durante o século XX, ganham cada vez maior visibilidade as muitas e variadas demandas de leitura e de escrita nas práticas sociais e profissionais, gerando a necessidade de mais avançadas e diferenciadas habilidades de leitura e de escrita, o que exigiu, consequentemente, reformulação de objetivos e introdução de novas práticas no ensino da língua escrita na escola, de que é exemplo a grande ênfase que se passa a atribuir ao desenvolvimento de habilidades de compreensão leitora e de produção de textos de uma gama ampla e variada de gêneros textuais e de usos sociais da língua escrita. É então que surge no contexto educacional o termo letramento, que inicialmente se associou ao termo alfabetização, para designar uma aprendizagem inicial da língua escrita entendida não apenas como a aquisição do sistema alfabético e suas convenções, mas também como a introdução da criança às práticas sociais da língua escrita, ou, mais amplamente, à cultura do escrito. • 2 Os significados do Letramento (1995) e Letramento: um tema em três gêneros (1998). 17 Na verdade, talvez a palavra letramento não fosse necessária se se pudesse atribuir como pretendem alguns, um sentido ampliado à palavra alfabetização. Entretanto, na tradição da língua, no senso comum, no uso corrente, e mesmo nos dicionários, alfabetização é compreendida como, restritamente, a aprendizagem do sistemaalfabético-ortográfico e das convenções para seu uso: a aprendizagem do ler e do escrever. Ampliar o significado da palavra alfabetização, para que designe mais que o que tradicionalmente e correntemente vem designando, seria, como tem sido, uma tentativa infrutífera, pela dificuldade, ou mesmo impossibilidade, do ponto de vista linguístico, de intervir artificialmente em um significado já consolidado na língua. É o que justifica e explica o surgimento de um termo que se acrescenta e se associa à aprendizagem do sistema alfabético – à alfabetização – para nomear esta outra faceta da aprendizagem da língua escrita – o letramento: o desenvolvimento das habilidades que possibilitam ler e escrever de forma adequada e eficiente, nas diversas situações pessoais, sociais e escolares em que precisamos ou queremos ler ou escrever diferentes gêneros e tipos de textos, em diferentes suportes, para diferentes objetivos, em interação com diferentes interlocutores, para diferentes funções. (SOARES, 2014). Para Rojo (2012), o conceito de letramento evidencia a obrigação de letrar o aluno e não apenas alfabetizar, é necessário renovarmos nossa atividade escolar, enfim ensinar de maneira diferenciada e também a própria escola. Assim as leituras são bastante interessantes para os professores, alunos entusiasmados na área de letramento e dos últimos pontos de vista, em uma nova perceptiva no modo de formar esses alunos. Para Kleiman (2005), o letramento é o conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contexto demarcado específico, para objetivos peculiares, tem como objeto de reflexão, o ensino e a aprendizagem, bem como os aspectos sociais da língua escrita. Segundo a autora o letramento tem a finalidade de observar a prática de ensinar, os pontos sociais da escrita, os quais são adquiridos como propósito do letramento no ambiente acadêmico, provocando assim assumir na alfabetização uma opinião sobre a própria escrita, em confronto com uma visão tradicional que acredita que a aquisição de leitura e produção textual seja de forma individual na capacidade de aprender. Esse processo provoca ainda muita dúvida relacionada ao planejamento dessas aulas, se o professor leva textos importantes do contexto do aluno e comunidade, ao em vez de mostrar conteúdos simples como letras para formarem as silabas, posteriormente para construírem palavras e ,palavras para produzirem frases. É complicado desenvolver o trabalho didático com essa ideia, porque a diversidade não corresponde com aula tradicional, na qual o professor não consegue interagir com 30 alunos ao mesmo tempo e assim deixa os mais tímidos e com dificuldades de lado. Desse o professor deposita todo seu conhecimento na cabeça dos alunos e os alunos viram caixa de 18 deposito desse professor não conseguindo interagir; O currículo e definido de modo igual para todas as turmas, porque esses alunos serão vistos por meio dos Parâmetros Curriculares, definidos pelas avaliações externas SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização). Visão da escrita nos estudos do letramento implica na interação das pessoas e diversas atividades realizadas de diferentes tipos. Porém e necessário à organização desse currículo, tendo a influência das duas partes. Para ter um currículo de acordo com a visão do letramento considerando a heterogeneidade dos grupos sociais, Kleiman (2007) é preciso considerar alguns princípios gerais como: um currículo tem que ser dinâmico, o currículo tem que partir da realidade dos alunos. Nesse contexto o letramento é um processo que acontece quando nos referimos ao uso social da língua escrita. É relevante mostramos para nossos alunos que a escola é apenas um exemplo no meio de muitos outros meios sociais, como igreja, trabalho, família, que utilizamos a leitura e a escrita. Desta forma, fica evidenciado que participamos de várias ações de letramento fora do contexto escolar. Podemos entender que o letramento acontece quando o indivíduo está submerso no mundo da leitura e escrita dentro da sociedade. E assim, adquirindo um conjunto de conhecimentos obtidos na escola com a capacidade de ler, escrever e interpretar, utilizando diferentes tipos de gêneros textuais os alunos será alfabetizado e letrado. 2.3 A relação entre Alfabetação e Letramento A alfabetização e o letramento caminham juntos, dentro do conceito pedagógico. Magda Soares (2004) explicita que é preciso repensar as práticas de ensino utilizadas nas escolas atualmente, de forma a distinguir letramento e alfabetização. Ela aponta que letramento e alfabetização são dois conceitos que embora diferentes não possam caminhar separadamente. Assim, o processo de alfabetização exige o letramento para que nossas crianças e adultos participem ativamente na sociedade que estão inseridos. No desenvolvimento que acontece por meio da alfabetização e letramento, ainda existe diversas falhas nas escolas, as instituições escolares são encarregadas de desenvolver esses processos, já que a própria incentiva o aluno a introduzir a escrita, e ao mesmo tempo permitindo que deixe de lado à leitura. Conforme afirma Cagliari (2009, p.147), “na prática, ao longo do ano escolar, dá muito mais ênfase à escrita do que a leitura”. 19 Seguindo essa ideia percebemos que há uma posição que nos leva a pensar o porquê que é oferecido com maior relevância à ação de escrever e memorizar as letras e silabas, ressaltamos a família, e gestores escolares acreditam que possuem diversas possibilidades no que se referem os métodos de alfabetização e letramento, no qual entendemos como um processo lento que acontece no dia a dia. Dessa forma ficando clara a percepção que a alfabetização e o letramento têm procedimentos diferentes, mas dependentes um do outro. Segundo Roxane Rojo (2002) uma vez alfabetizado, uma vez construídas estas associações, o indivíduo poderia chegar da letra, à sílaba e à palavra, e delas, à frase, ao período, ao parágrafo e ao texto, acessando assim, linear e sucessivamente, seus significados. É o que se denominou fluência de leitura. Nesta teoria, as capacidades focadas eram as decodificações do texto, portal importante para o acesso à leitura, mas que absolutamente não esgotam as capacidades envolvidas no ato de ler. (ROJO, 2014, p.03). Destarte, a alfabetização, o ato de codificar e decodificar, [...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita. (SOARES, 2000, p. 39-40). Antes de 1950 se ensinava a leitura (ler) para depois ensinar a escrever, a partir de 1950 esse pensamento foi mudado agora se ensina a escrever para depois ler. As pessoas antigamente acreditavam que a repetição era necessária e essencial, quanto mais se repetia mais aprendia, mas na verdade ela apenas decorava. O analfabetismo funcional ainda persiste nas escolas, os processos de alfabetização trabalhados nas instituições ainda buscam ensinar só a codificar e decodificar as palavras e não ensina o aluno a interpretar e a pensar em diferentes textos, quando chegam ao ensino médio possuem dificuldades em compreender diferentes textos. O processo de alfabetização desses alunos foi insuficiente para seu aprendizado completo porque foram mostrados somente textos simples e assim não conseguem colocar ideias no papel por meio da escrita diferentemente dos textos complexos que fazem os alunos a raciocinarem mais. A partir dessa concepção podemos perceber que existeuma diferença entre uma pessoa alfabetizada e alfabetizada e letrada embora conceitos distintos a alfabetização e letramento precisam 20 caminhar juntos, porque ser uma pessoa alfabetizada nem sempre significa ter autonomia na escrita e na leitura, e importante alfabetizar letrando. [...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita (SOARES, 2000, p. 39-40). Segundo a autora um dos principais propósitos da escola é proporcionar aos alunos momentos de participação em várias práticas sociais, utilizando a leitura e escrita (letramento) no contexto social, neste sentido refere-se às pessoas na questão da identidade e de diversidade. Depois de vários pensamentos de todos esses estudiosos da educação, houve um avanço em várias partes utilizado pelo O Indicador de Alfabetismos Funcional (INAF). O INAF estuda os vínculos sobre alfabetismo na humanidade, tentando compreender o ambiente e as diferentes atividades que se utiliza o letramento e o numeramento. Desse modo, perguntamos em que nível os jovens e adultos trabalhadores estão inseridos no conhecimento do letramento e do numeramento? Ao desenvolverem certas atividades laborais e suas práticas utilizadas, estas estão dentro dessas funções, atividades e ocupações? O Alfabetismo é o estado que a pessoa se encontra alfabetizada, além de saber a ler e escrever faz o uso social da leitura e escrita sabendo da sua importância da sua utilização no contexto social. Atualmente existe alfabetização sem letramento, uma vez que, quando se começa este processo, são apresentados aos alunos vários tipos de textos e gêneros, no meio dos quais serão inseridos no mundo da leitura, no que estarão sendo letrados de uma maneira mais rica com vários tipos de textos. Segundo o ROJO (2009, p.44), “O INAF considera como alfabetismo a capacidade de acessar e processar informações escritas com ferramenta para enfrentar as demandas cotidianas”. Outras pesquisas também entenderam a necessidade de estudar a ligação entre o Alfabetismo e o mundo do trabalho. Segundo Sposito (2003) a Ação Educativa e Instituto Paulo Montenegro mostra como acontece a ação de introduzir essas discussões do alfabetismo juvenil de 15 a 24 anos existente nas regiões metropolitanas do país, apontando que 47% dos jovens entrevistados, “apresentam domínio pleno de habilidades ligadas a leitura de textos mais longos, localização de informações e capacidade de estabelecer relações entre elas” (SPOSITO, 2003, p. 16) e também apontam uma queda no postos de trabalho formal para os 21 jovens na faixa etária de 15 a 24 anos. Sposito (2003) apresenta a relação entre o estado de analfabetismo e a imersão no mundo do trabalho. O Instituto de Alfabetismo Funcional – INAF define três níveis distintos de alfabetismo Analfabeto – não consegue realizar tarefas simples que envolvem decodificação de palavras e frases. Nível 1 – alfabetismo nível rudimentar: corresponde à capacidade de localizar informações explícitas em textos muito curtos, cuja configuração auxilia o reconhecimento do conteúdo solicitado [...] Nível 2 – alfabetismo nível básico: corresponde à capacidade de localizar informações em textos curtos [...] Nível 3 – alfabetismo nível pleno: corresponde à capacidade de ler textos longos, orientando-se por subtítulos, localizando mais de uma informação, de acordo com condições estabelecidas, relacionando partes de um texto, comparando dois textos, realizando inferências e sínteses. (ROJO, 2009, p.47). Destarte, o INAF reúne os conceitos de alfabetização e letramento em um único termo que é alfabetismo identificando 03 níveis de alfabetismo segundo o grau de letramento e ainda o analfabeto que é aquele que não é alfabetizado. Após discutirmos o conceito de alfabetização, letramento e alfabetismo iremos à próxima seção discutir os métodos de alfabetização e apresentar alguns métodos que foram encontrados nos diários escolares e nos questionários realizados pelas professoras que atuaram nas salas do pré no ciclo de alfabetização na Escola Estadual Ligia Assis Paiva . 3. OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO Nessa secção, iremos falar sobre a didática, a prática docente e alguns métodos de alfabetização, mostrando o seu surgimento, diferença e a importância de cada um no processo de alfabetização e letramento das crianças. Escolhemos os métodos mais encontrados na literatura e nos diários analisados e nos questionários aplicados. 3.1 O Ensino do Alfabeto Com o surgimento do alfabeto emerge a necessidade de se ensinar a ler e escrever esse novo código. Ao longo dos anos o ensino da leitura e da escrita do alfabeto tomou diferentes caminhos a fim de facilitar o processo de alfabetização. E, é dentro desse contexto que 22 aparecem diferentes métodos de alfabetizar. Iremos considerar o conceito de métodos de alfabetização disponível no Glossário CEALE: Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para Educadores que diz, Diferentes significados têm sido relacionados ao termo “métodos de alfabetização”, que pode designar: um método específico, como o silábico, o fônico, o global; um livro didático de alfabetização, proposto por algum autor; um conjunto de princípios teórico-procedimentais que organizam o trabalho pedagógico em torno da alfabetização, nem sempre filiado a um referencial teórico explícito ou único; um conjunto de saberes práticos ou de princípios organizadores do processo de alfabetização, (re)criados pelo professor em seu trabalho pedagógico. (FRADE; VAL; BREGUNCI, 2014). Desta forma, os métodos de alfabetização se desenvolvem de acordo com as diferentes perspectivas de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. Já as “[...]“metodologias” e/ou “didáticas da alfabetização” se referem a um conjunto amplo de decisões relacionadas ao como fazer.” (FRADE; VAL; BREGUNCI, 2014). Requerendo dirimir sobre os métodos, à organização da sala de aula, à delimitação das capacidades a serem atingidas. Desta forma, podemos dizer que as decisões sobre as metodologias a serem adotadas na alfabetização estão relacionadas com os conteúdos a serem ensinados e com o conhecimento que o professor possui sobre os processos de aprendizagem das crianças. Com o Renascimento (século XV e XVI), a preocupação com leitores aumentou, uma vez que agora se faziam livros para um público maior, e a leitura de obras famosas deixou de ser coletiva para cada vez mais se tornar individual. A primeira característica foi o aparecimento das primeiras cartilhas que antes eram chamadas de cartas de alfabetização, famosas famílias silábicas. As cartilhas foram sofrendo ao longo do tempo modificações e a partir do João de Barro as outras cartilhas seguem a mesma ideia. A cartilha de João de Deus (1830-1896) chamada de cartilha maternal ou arte de leitura, onde começa a ensinar as vogais para depois ensinar as famílias silábicas, existem existe vários métodos de se ensinar uma pessoa, mas o método de alfabetização e o caminho que eu vou levar o aluno a aprender ler e escrever, posteriormente irá abordar dois métodos de alfabetização e o construtivismo. 3.2 Didáticas e as práticas docentes Na década de 90 no Brasil inicia as discussões sobre o papel da didática. É repensado o que significa da palavra didática, por meio dessas discussões chega-se à concepção que 23 didática não é apenas a arte de transmitir conhecimentos. Desde a introdução da didática Magna, com Comenius no século XVII, como método de ensino, a prática docente se tornoualvo de preocupação. Não só em relação ao aluno, como personagem principal do ensino, mas também com relação ao professor e sua formação. Dentro da didática temos a pedagogia tradicional na qual o professor se define como a autoridade máxima na sala de aula, transmitindo seu conhecimento sem possibilitar a interação entre o aluno e o professor, tendo dessa forma um aluno como uma caixa de depósito. Quando englobamos o termo didático na formação dos professores encontra se vários problemas, sendo assim necessário fazermos a junção da teoria com a prática desse modo alcançando seus objetivos. No nosso país hoje estamos enfrentando vários problemas dentro das escolas, como o fato de os alunos possuírem dificuldades em aprender a ler e escrever, principalmente nas escolas públicas, nas quais há uma maior concentração de alunos dentro da sala de aula. A partir dessas problematizações surgiram várias discussões envolvendo os métodos utilizados para se alfabetizar, virando objeto de estudos e pesquisas 3.3 Os métodos tradicionais de alfabetização O processo de aprendizagem tradicional da alfabetização tem a ideia que a aula pode ser desenvolvida somente dentro da sala de aula, em que o professor e detentor do conhecimento e o centro do processo de ensino aprendizagem, não levando em consideração os conhecimentos dos alunos, passando e corrigindo exercícios tornando essas aulas mecânicas e descontextualizadas. Os métodos tradicionais se dividem em: sintético e analítico. Os métodos sintéticos iniciam o processo de alfabetização pelas menores partes, o que é considerado mais simples, já os métodos analíticos começam o processo de alfabetização de partes mais complexas como o texto, a frase ou a palavra. Os métodos tradicionais foram largamente divulgados e utilizados no Brasil, pois com esses métodos era possível trabalhar com muitas crianças ao mesmo tempo e com o material didático de apoio, pois a alfabetização se resumia ao ato de codificar e decodificar. Assim, A alfabetização trabalhada no chamado “método tradicional” tem como ponto de sustentação uma sistematização a priori e um material – a cartilha – que desenvolve um método (global, silábico, fonético, etc.). O processo é organizado pelo professor, pelo adulto. O que geralmente ocorre, então, é o uso de uma linguagem padronizada e irreal. Esse fato, associado a uma 24 ênfase excessiva no treino da ortografia e da gramática desenvolvida nas séries do Ensino Fundamental, leva a criança a acreditar que a linguagem da escola é diferente da linguagem cotidiana, viva e real. (CÓCCO; HAILER, 1996, p.19). Após os estudos e discussões sobre alfabetização e principalmente sobre letramento os métodos tradicionais começam a ser criticados por não darem conta do processo de letramento. De acordo com Soares (2001) as possibilidades de métodos e práticas precisam ser repensadas por todos os envolvidos nesse processo de alfabetização, os materiais didáticos e considerado um dos objetos mais importantes nessa conquista de aprender a ler e escrever, porém esses materiais didáticos com a prática, não garante o acesso das crianças no meio social da leitura e escrita. Trazendo várias consequências separando no processo de alfabetização. A seguir vamos explicitar como funcionam os métodos tradicionais (sintético e analítico). 3.2.1 Métodos Sintéticos Segundo Emília Ferreiro (2006) houve várias discussões sobre as práticas utilizadas pelas alfabetizadoras, envolvendo os métodos usados. A partir desses assuntos abordados podemos entender que o método de alfabetização sintético são aqueles utilizados pelas cartilhas que vão das partes menores para o todo, sendo uma maneira tradicional de se ensinar a ler e escrever. Essas habilidades correspondem o método alfabético, utilizando como unidade a letra (o alfabeto), fônico usa os fonemas, silábico as sílabas, no qual o processo de ensino aprendizagem inicia-se do considerado simples. Nessa perspectiva o aluno é considerado um ser passivo sem iniciativas. Desta forma, nos métodos sintéticos. Dever-se-ia, assim, iniciar o ensino da leitura com a apresentação das letras e seus nomes (método da soletração / alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das famílias silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem crescente de dificuldades. Posteriormente, reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas ou agrupadas. Quanto à escrita, esta se restringia à caligrafia, e seu ensino, à cópia ditado e formação de frases enfatizando-se o desenho correto das letras (MORTATTI, 2006, p.5). A base dos métodos sintéticos é a memorização e cópia não há uma preocupação com o letramento, mas sim com a codificação e decodificação do alfabeto. Segundo Cagliari 25 (1998) esses métodos são cansativos, pois se baseiam nas repetições das palavras e não geram a autonomia do aluno. 3.2.2 Métodos Analíticos Segundo a linha de pensamento de Emília Ferreiro e Teberosky (1999), diferentemente do método sintético, o analítico parte do ensino do todo para as partes menores, procurando romper radicalmente com o princípio da decifração, nesse método primeiro se começa a ler e depois escrever. O método se divide em três: o global de contos quando trabalhamos o texto, fazendo que através da leitura a criança possa descobrir e entender o que está escrito; Palavração inicia o processo de alfabetização utilizando as palavras para formar novas palavras que formam as frases e depois textos. O último sentenciação, em que a frase como princípio para ensinar a ler e escrever. Nesta concepção de aprendizagem o aluno aprende do complexo para o simples, mas continua sendo o receptor do conhecimento. De acordo com esse método analítico, o ensino da leitura deveria ser iniciado pelo “todo”, para depois se proceder à análise de suas partes constitutivas. No entanto, diferentes se foram tornando os modos de processuação do método, dependendo do que seus defensores consideravam o “todo”: a palavra, ou a sentença, ou a “historieta” (MORTATTI, 2006, p.7). O Método Analítico tem a concepção de se ensinar a partir do maior para o menor trabalhamos o texto completo, tendo como objetivo analisar as palavras, as frases para assim compreender as partes menores, aplicando texto a partir dos complexos para os simples, onde o professor e o detentor de conhecimentos. 3.4 Construtivismos e a perspectiva de alfabetização O construtivismo não é um método de ensino, mas sim uma abordagem que acredita que o aluno aprende a ler e escrever de forma teórica quando e inserido em um ambiente em que se vive, levando em consideração sua cultura que possibilita a interação do aluno com textos e imagens. Vale ressaltar que o construtivismo foi difundido no Brasil na década de 80 após a publicação do livro “Psicogênese da Língua Escrita” das autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro. E, de maneira equivocada muitos denominaram como método construtivista a pesquisa apresentada no referido livro. “Psicogênese da Língua Escrita” é uma obra que 26 retrata a investigação das autoras sobre a construção pela criança de seu conhecimento sobre a escrita. Assim, Deslocando o eixo das discussões dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da criança (sujeito cognoscente), o construtivismo se apresenta, não como um método novo, mas como uma “revolução conceitual”, demandando, dentre outros aspectos, abandonarem-se as teorias e práticas tradicionais, desmetodizar-se o processo de alfabetização e se questionar a necessidade das cartilhas. A partir de então, verifica-se, por parte de autoridades educacionais e de pesquisadores acadêmicos, um esforçode convencimento dos alfabetizadores, mediante divulgação massivas de artigos, teses acadêmicas, livros e vídeos, cartilhas, sugestões metodológicas, relatos de experiências bem sucedidas e ações de formação continuada, visando a garantir a institucionalização, para a rede pública de ensino, de certa apropriação do construtivismo. (MORTATTI, 2006, p. 10). Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999) a instituição escolar tem que considerar a bagagem que a criança traz de conhecimentos já adquiridos sobre a escrita. O construtivismo deixa claro a sua posição contra o material do didático ser elaborado e aplicado da mesma forma para todas as crianças, criticando as cartilhas que trazem textos diferentes das realidades dessas crianças. [...] Os construtivistas se posicionam contra a elaboração de um material único para ser aplicado a todas as crianças, como as cartilhas, rejeitam a prioridade do processo fônico e preconizam o uso de textos que estejam próximos ao universo da criança. (PEREIRA, 2012, p. 51). Emília Ferreiro (1989) ressalta que a estruturação da linguagem não acontece só pela realização da sequência de exercícios ou pelo conhecimento de letras e sílabas, mas sim pelo entendimento do processo dessa linguagem, revelando que os alunos já possuem seus próprios conhecimentos. Fazendo assim comparação da sua realidade com a vida de outros indivíduos, e dessa maneira que Emília Ferreiro contribui de forma significativa levando o educador a repensar todo seu procedimento em relação ao ensino aprendizagem. 3.5 A alfabetização e o PNAIC: concepções metodológicas O PNAIC apresenta algumas concepções de alfabetização implícitas no seu material de apoio e nos cursos de formação priorizando o processor de letramento e alfabetização. Assim, PNAIC definiu o ciclo de alfabetização como um ciclo que vai do 1º ao 3º ano do ensino fundamental. 27 Durante nossas pesquisas verificarmos a implementação do Pacto Nacional pela Alfabetização n idade Certa – PNAIC, o qual foi estabelecido a partir da Portaria nº 876 de 04 de julho de 2012, Art. 1° Fica instituído o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, pelo qual o Ministério da Educação (MEC) e as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007, de alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental, aferindo os resultados por exame periódico específico, que passa a abranger: I - a alfabetização em língua portuguesa e em matemática; II - a realização de avaliações anuais universais, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, para os concluintes do 3º ano do ensino fundamental; III - o apoio gerencial dos estados, aos municípios que tenham aderido às ações do Pacto, para sua efetiva implementação. Parágrafo único. A pactuação com cada ente federado será formalizada em instrumento próprio a ser disponibilizado pelo MEC. Art. 2° Ficam instituídas as ações do Pacto, por meio das quais o MEC, em parceria com as instituições formadoras e os sistemas públicos de ensino dos estados, Distrito Federal e municípios, apoiará a alfabetização e o letramento dos estudantes, até o final do 3º ano do ensino fundamental, em escolas rurais e urbanas, e que se caracterizam: (NR) Redação dada pela Portaria n° 1.094 de 30 de setembro de 2016. (BRASIL, 2012). O PNAIC é um compromisso assumido pelos entes governamentais, que tem como principal objetivo alfabetizar as crianças até os oito anos de idade, acontece nos três anos inicias do ensino fundamental, isto é, inicia-se no 1° ano e termina no 3° ano. Além disso, o pacto objetiva alfabetizar todas as crianças em língua portuguesa e em matemática e oferece aos alunos a avaliações anuais universais para analisar o desenvolvimento da proposta. Dessa forma foi de grande valor conhecer proposta do PNAIC que é baseada em quatro eixos de atuação: o primeiro eixo é a formação continuada presencial de professores de alfabetizadores e de seus orientadores de estudo; o segundo eixo é constituído pela oferta de materiais didáticos, abordando obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; em terceiro são às avaliações externas, e o último eixo atuação é a gestão, mobilização, e controle social. A fim, de verificar os resultados e impactos do curso do PNAIC foi criada uma avaliação externa chamada Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) que é aplicada para os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas brasileira, e o objetivo dessa 28 prova é avaliar a proficiência dos estudantes em leitura, escrita e matemática, além de contribuir para o controle de alunos alfabetizados ao final do ciclo dentro das escolas. Na próxima seção iremos falar sobre a prova ANA e sua relação com as práticas de alfabetização a partir da análise dos diários e do questionário respondido pelas professoras. 29 4- ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA ESTADUAL LIGIA ASSIS PAIVA Nesta seção iremos discorrer sobre a alfabetização na Escola Estadual Ligia Assis Paiva a partir da análise dos diários das professoras iremos elencar quais os conteúdos e métodos utilizados no processo de alfabetização das crianças no período de 2012 a 2016 e realizar um contraponto com os questionários respondidos pelas alfabetizadoras que atuaram nesse período na Escola Estadual Ligia Assis Paiva. Iremos discorrer sobre a ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização), pois verificamos que essa influenciou diretamente a prática das alfabetizadoras. 4.1 A Prova ANA e a prática docente no contexto da pesquisa A avaliação ANA foi instituída para ser aplicada em instituições escolares públicas destinadas para estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental, fase final do ciclo de Alfabetização, introduzido como forma de avaliar o desenvolvimento da alfabetização após a formação dos professores nos cursos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). O PNAIC foi instituído pela Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, o Pacto constitui um compromisso formal assumido pelos governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios que tem o dever de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até a conclusão do Ciclo de Alfabetização. O ministério da Educação fundamentado no Pacto procura apoiar os sistemas públicos de ensino na alfabetização e no letramento dos estudantes ate o final do 3º ano do Ensino Fundamental, nas escolas urbanas e rurais, garantindo que todos os alunos estejam alfabetizados em Língua Portuguesa e Matemática. Os instrumentos de avaliação do PNAIC têm o objetivo de aplicar uma prova externa para avaliar o nível de alfabetização dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas brasileiras. Essa prova elaborada pelo INEP visa também avaliar as questões que cercam a gestão escolar, a formação dos docentes, a infraestrutura da escola e o trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico, tendo um questionário com várias perguntas para gestores e professores que ministram aula no 3º ano responderem, avaliando todos esses itens 30 sendo considerados pontos importantes para o desenvolvimento do processo de aprendizagem dos alunos. A avaliação já está garantida pelo Censo escolar, os testes são compostos por 20 itens e de Língua Portuguesa e 20 de matemática. Sendo que Língua Portuguesa possui 17 questões de múltipla escolha e 3 itens de produção de texto escrita, no caso de matemática contém 20 questões de múltiplas escolha. Tal próxima exige que os alunos não faltem no dia da prova porque a falta influência no resultado final. Os professores durante todo o ano são cobrados em relação aos resultados, tendo quetrabalhar dentro da Matriz Referência da prova ANA, o conteúdo e descritores de aprendizagem determinando um conjunto de conhecimentos que a escola deve seguir, que muitas vezes é feita de forma mecânica, por meio várias aplicações de simulados com questões que terá muitas possibilidades de cair na prova, esse e um dos tipos de avaliação disponibilizada como exercícios complementares a prova ANA. Toda a equipe escolar se volta para uma avaliação externa, inclusive no PPP da escola é descrito muitas ações com o objetivo de ajudar os alunos na aprendizagem desses conteúdos, tendo também dentro da instituição escolar várias formações para o seu corpo docente. O PNAIC também disponibiliza uma formação exclusiva para os professores do ciclo de alfabetização do 1 ao 3 ano. Essas avaliações não implicam somente no desempenho de verificação na aprendizagem da leitura nas crianças, também como um diagnóstico para medir e classificar os alunos, as escolas e os professores, deixando os educandos tensos com tantas responsabilidades que são cobradas através desses resultados, no final da prova os alunos tem que responder um questionário Social com perguntas relacionadas à vida do aluno, sendo aplicadas duas vezes ao ano, uma no começo e outra no final. 31 Figura 1: Questão discursiva do exame denominado ANA – amostra 2 Fonte: Registro fotográfico feito pela autora em 22/11/13 De acordo com os relatórios da prova ANA (2016) a Escola Estadual Ligia Assis Paiva mostrou bastante eficiência em ambas as disciplinas (Quadro 1 e 2),desta vimos que suas maiores porcentagens estão localizadas nos níveis superiores da avaliação, indicando assim que a maioria das crianças estão aptas para realizar a leitura e escrita tanto para português quanto para matemática de maneira significativa do ano de 2016, a ANA é um diagnóstico para a verificação da capacidade do aluno na leitura e escrita. QUADRO 1 - RESULTADOS GERAIS: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR NÍVEL DE PROFICIÊNCIA EM LEITURA / LINGUA PORTUGUESA. 2016 Agregação Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Escolas Similares 10.16% 32.14% 42.33% 15.37% Sua Escola 9.09% 27.27% 40.91% 22.73% Município* 8.40% 29.57% 38.50% 23.54% 32 QUADRO 2 - RESULTADOS GERAIS: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR NÍVEL DE PROFICIÊNCIA EM ESCRITA / MATEMÁTICA. 2016 Agregação Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Escolas Similares 5.93% 16.27% 3.36% 63.61% 10.83% Sua Escola 13.64% 9.09% 0.00% 72.73% 4.55% Município* 5.31% 7.47% 4.09% 77.10% 6.03% Estado* 10.94% 16.86% 3.08% 59.95% 9.18% Fonte: Resultado da prova ANA. Levando isso em consideração foi aplicado um questionário para os professores, o que objetivou analisar determinados pontos fundamentais da alfabetização e seus métodos, tais como: os resultados da prova ANA e IDEB; o desenvolvimento paralelo da aprendizagem; a importância da prova ANA. Abaixo podemos observar o gráfico com as respostas da avaliação dos educadores questionados. 4.2 Trajetória metodológica Para o desenvolvimento deste trabalho realizamos a análise dos diários de forma qualitativa de um período 2012-2016, buscamos nos arquivos da Escola Estadual Ligia Assis Paiva localizada em Buriti Alegre, uma cópia dos diários das turmas de alfabetização do período pesquisado. Com os diários em mão realizamos um levantamento dos conteúdos, métodos e avaliações trabalhadas pelas professoras. Analisando conteúdos e buscando entender primeiramente as vivências do sujeito e suas percepções sobre um determinado instrumento e acontecimento. A investigação buscou, na prática das alfabetizadoras, os indícios para compreender o que ocorreu no espaço escolar, a partir de sinais oferecidos por essas fontes, indicadores da relação da entidade escolar com a sociedade, do professor com o aluno e suas contribuições para a formação da cultura escolar. Nessa perspectiva, o método do paradigma indiciário contribuiu com o presente trabalho, uma vez que seu apego ao detalhe revelador não deixa de estabelecer o diálogo entre a parte e o todo, salvaguarda o pesquisador de cair na armadilha da descrição positivista. Segundo Lima (2003) a análise do conteúdo pode ser utilizada do mesmo modo como investigação de estudos quantitativos, e, consequentemente teremos uma visão matemática desse questionamento. Tendo assim as particularidades da Análise do conteúdo Estado* 15.93% 34.33% 36.52% 13.23% Fonte: Resultado da prova ANA. 33 compreendendo a ideia de que essa pesquisa seja mais simples e de fácil aproximação, visto a sua complexidade enquanto método analítico e, principalmente, a sua relação com o processo de elaboração acerca do objeto. Algumas professoras possuem mais de um diário com anos letivos diferentes. Segundo Oliveira (2008) a análise de conteúdo apresenta distintas técnicas de abordagem por meio dos pesquisadores. Sendo assim dividida em várias técnicas, evidentemente com a finalidade de fornecer resultados diferenciados, mas que autorizam a produção de conhecimentos sobre o instrumento de estudo, adequadamente com suas ligações. Porém, a escolha da técnica deve estar ligada ao tipo de questão elaborada, de modo que o estudo que se deseja realizar frente ao objeto estudado e, essencialmente, carece de sistematização. Desta maneira, é importante pensarmos primeiramente sobre o procedimento da concepção e relação com a análise de conteúdo. A investigação de conteúdo, neste contexto, revela como técnica que se propõe ao entendimento de uma realidade perceptível, mas também uma realidade impalpável, que pode se revelar apenas nas conclusões do texto, com vários significados. Nesse sentido a análise pretende ter uma pré-assimilação do ser, suas demonstrações, suas ligações com contexto, e essencialmente necessitando de um olhar detalhista do investigador. Por esse motivo, é importante averiguar os níveis que estruturam uma pesquisa tais como o saber que ingressa irrelevante ou lateralmente, o saber simultâneo e ainda o pré-saber não particularmente determinado. Após analisarmos os diários elaboramos um questionário o qual foi respondido por todas as professoras que atuaram no período pesquisado na Escola Estadual Ligia Assis Paiva. O questionário aplicado na pesquisa foi qualitativo, na qual se encontrou coleta de informações para serem escritas e analisadas. A fim de ter uma compreensão melhor do problema estudado (LUDKE, ANDRÉ 1986, p.12). A fase da pesquisa utilizada foi à aplicação de um questionário, este considerado uma fonte adequada para o conhecimento e a compreensão do problema que está sendo pesquisado. Segundo Bogdan e Biklen (1982, apud LUDKE, ANDRÉ p.13), “A pesquisa qualitativa ou naturalística envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. O questionário usado é não identificado e contêm 19 questões de múltiplas escolhas. Depois que fizemos a parte de coletar, começou a análise do documento, onde várias informações puderam ser analisadas. Esses registros são fontes que não podem ser 34 desprezados, porque possuem informações que fundamenta todos os materiais apanhados nesta pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram 10 professoras do primeiro ciclo da alfabetização, por meio do questionário aplicado. A seguir o modelo: 35 Imagem 2: Questionário para alfabetizadoras – 1ª parte Fonte: Elaborado pela autora. 36 Imagem 3: Questionário para alfabetizadoras – 2ª parte Fonte: Elaborado pela autora. 37 No questionário buscamos algumas respostas relacionadas a concepção de método das professoras e as metodologias de alfabetização utilizadaspor elas. Além disso, com o questionário e a análise dos diários buscamos compreender as práticas de leitura desenvolvidas nas salas de alfabetização. 4.3 As práticas de letramento no contexto da pesquisa No primeiro diário analisado do ano de 2013, ainda recente, foi observado o emprego do método sintético ou silábico com aplicação da cartilha, levando em consideração que este não tem intuito de ensinar mais sim, para aprendizagem ou educação mecânica do aluno. Todavia quando falamos da aplicação de uma metodologia para o ensino não a necessariamente uma técnica específica podendo então utilizar tanto o método analítico e/ou sintético. Na avaliação do questionário da educadora esta aplicada o método sintético, alfabético e fônico, alegando que esses procedimentos e as necessidades educacionais da criança. Além disso, quando questionada sobre o uso do letramento na importância no habito de ler esta concorda ser um ponto fundamental: Contudo quando questionada sobre o trabalho com diferentes gêneros textuais com os alunos a mesma disse não fazer a utilização. Segundo Bardin (2011), quando citado a análise de conteúdo consiste em: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p. 47). Já na análise do segundo diário a educadora também seguia a mesma metodologia de aprendizagem aplicando o método sintético ou silábico. Como citado anteriormente da mesma forma o emprego da cartilha, não recomendada para o ensino, pois acontece de uma forma mecânica a aprendizagem do processo da escrita, sem articular esse aprendizado às aplicações sociais da leitura e escrita. Em geral, trazem como pauta repetições silábicas, de sons, em textos destituídos de qualquer significado. O questionário avaliado da mesma trouxe como respaldo a metodologia sintética, alfabético e fônico, o professor em questão já aposentado, não possuindo formação para 38 pedagogia, mas sim técnico magistério. Um ponto a ser ressaltado e o fato da primeira educadora analisada seguir o mesmo processo quanto ao procedimento de aprendizagem apesar de se tratar de épocas diferentes. Godoy (1995) reflete que: A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo a medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (Godoy, 1995, p.58). Desta forma, identificamos no estudo que as práticas de leitura e escrita se limitavam ao ensino da codificação e decodificação da língua materna. Apenas em dois diários encontramos descritas práticas de letramento. Além disso, segundo os questionários apenas duas professoras afirmam trabalhar com diferentes gêneros textuais. E das dez professoras que responderam o questionário duas não utilizaram métodos tradicionais de alfabetização, todas as outras afirmam utilizar o método silábico, sendo que cinco das oito professoras além do silábico utilizam também o alfabético e o método misto. Por meio do questionário identificamos que a maioria das alfabetizadoras 80% trabalha na alfabetização entre 02 e 05 anos e atuam em todas as disciplinas das séries iniciais do ensino fundamental exceto Educação Física. Somente uma professora alfabetizadora diz que conhece e utiliza o método analítico, todas as outras professoras usaram e usam o método sintético. A professora que utiliza o método analítico é a única que diz que conhece o conceito de letramento e o trabalha em sala de aula. As outras professoras não souberam explicar essa parte do letramento, todas falaram que trabalham a leitura dentro da sala de aula, 9 delas utilizam a cartilha e 2 diferentes gêneros textuais poemas e história em quadrinho. Na escola lócus da pesquisa há uma biblioteca, mas os alunos não costumam frequentar. Durante a análise dos diários identificamos muitas atividades semelhantes às solicitadas na avaliação ANA, porém no questionário apenas 02 professoras responderam as questões sobre a referida prova. Uma professora falou um pouco sobre a prova ANA, os conteúdos, competências e habilidades são planejados diferentes para cada série. 39 Segundo nossas análises e a respostas das duas professoras os descritores da prova ANA são utilizados como base para a construção de diferentes disciplinas, a prova não contém todo o currículo escolar, já que o recorte da avaliação só pode ser feito com o objetivo de verificar a aprendizagem. Elas não acreditam que essa prova ajuda no processo de diagnóstico de aprendizagem desses alunos, apesar dessa prova não ser considerada para a construção do índice de desenvolvimento da Educação Básica, mas apenas um diagnóstico de aprendizagem no ciclo de alfabetização. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao conceber nossas considerações finais ressaltamos que o principal interesse dessa pesquisa foi identificar a práticas e metodologias de alfabetização das professoras de Buriti Alegre GO, na Escola Ligia Assis Paiva descrita nos diários dessas professoras. As práticas de letramento na alfabetização obtidos no contexto da pesquisa mostram que devemos mudar a formação do professor relacionadas à utilização das cartilhas de formas engessadas limitando esses alunos a aprenderem a ler somente textos simples, em que as lições começam pelas vogais, em seguida a formação dos encontros vocálicos e posterirormente, a silabação, ficando difícil acontecer uma verdadeira aprendizagem aprendendo de forma mecânica, decodificando as letras representativas dos fonemas, sem compreensão do verdadeiro significado do que está sendo aprendido de forma passiva. O professor se torna um mero reprodutor das metodologias da cartilha. Tendo sua responsabilidade pelo processo de ensino prejudicado com o uso desse método, se tornando um professor desinteressado, sem o uso efetivo da criatividade, experiência, intuição e bom senso. O letramento defende a ideia de que o aluno constrói o seu próprio conhecimento de forma homogênea, nessa nova abordagem o conhecimento não é acumulativo, mas sim incorporado pelo discente como sujeito e não objeto de aprendizagem, trazendo destaque para a construção do conhecimento numa visão social, histórica e cultural, em outras palavras na visão do letramento. Confirmando que o aluno aprende na interação com os outros, defendendo a necessidade de uma abordagem social do uso que os indivíduos realmente fazem da língua. Capacitar o aluno para a leitura e a escrita em todos os aspectos. Apresentando uma proposta de ensino de língua bastante ampla, desta afirmativa podemos deduzir a proposta do letramento (aprender a ler e escrever no aspecto individual e social). 41 REFERÊNCIAS BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 2008. Bardin, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de ago. de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências, Brasília, DF, ago. 1971. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Sipione, 2009. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu: Scipione. São Paulo, 1998. CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Didática de alfabetização: decifrar o mundo: alfabetização e socioconstrutivismo.
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