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1 Soniely Melo Residência Médica GINECOLOGIA 2 Soniely Melo Residência Médica CICLO MENSTRUAL Eixo reprodutivo feminino O hipotálamo que comanda o estímulo do GNRH, que atua na hipófise, a qual produz as gonadotrofinas: LH e FSH. Esses, por sua vez, atuam principalmente no ovário, o qual produz estrogênio e progesterona. A duração do ciclo menstrual é dependente da fase folicular, que possui duração variável, enquanto a fase lútea tem uma duração mais ou menos fixa de 14 dias após a ovulação. A modificação do período da ovulação ou mesmo a não ocorrência da ovulação modificam a duração do ciclo menstrual, pois modificam o início da fase lútea. Distúrbios psicológicos, perda de peso exagerada, doenças crônicas e exercícios físicos podem inibir a secreção de pulsos de GnRH. O ciclo menstrual é normal quando a duração do ciclo se situa entre 21 e 35 dias (média de 28 dias), a duração do fluxo menstrual é de 2 a 6 dias e a perda sanguínea está entre 20 e 60 ml. Uma das principais causas de sangramento intermenstrual é a queda pré-ovulatória dos níveis de estrogênio. A oligomenorreia e a polimenorreia são termos usados para alterações no intervalo entre as menstruações (maior que 35 dias na oligomenorreia e menor que 21 dias na polimenorreia). Proiomenorreia, a qual consiste em ciclos menstruais mais curtos, que duram de 20 a 25 dias. Ela pode ocorrer por encurtamento na fase folicular ou na fase lútea, quando o corpo lúteo é insuficiente e não produz quantidade adequada de progesterona e o endométrio descama. Na ausência de ovulação, o ciclo poderá ser mais comumente espaniomenorreico, em que há intervalo de 2 a 3 meses entre os ciclos, como ocorre na síndrome dos ovários policísticos. Porém, pode ocorrer com menor frequência a polimenorreia, com diminuição do intervalo entre os ciclos, com frequência ≤ 24 dias (FEBRASGO), devido à proliferação endometrial pelo estímulo estrogênico sem a contraposição da progesterona. O ciclo menstrual se divide em ciclo ovariano e endometrial: Ciclo ovariano Tem duas fases: Fase folicular x Fase lútea 3 Soniely Melo Residência Médica Fase folicular Fase lútea FASE FOLICULAR: → É o momento em que o ovário está menos hormonalmente ativo, pois o recrutamento leva à produção progressiva de estrogênio, mas praticamente não há produção de progesterona. Já na fase lútea, há grande quantidade de progesterona e estrogênio circulante. → os pulsos de alta frequência e baixa amplitude resultam em liberação do FSH na fase folicular do ciclo menstrual. → A queda dos níveis de FSH entre o quinto e o sétimo dias do ciclo leva ao processo de seleção do folículo dominante, pois na seleção do folículo dominante, o estrogênio facilita a ação do FSH dentro deste folículo, enquanto exerce seu retrocontrole negativo sobre a liberação do FSH pela hipófise para remover o suporte de gonadotrofinas dos outros folículos. Com isso, apenas o folículo dominante consegue crescer adequadamente. → no final da fase folicular existe uma discreta queda do FSH induzida pelo estrogênio com posterior elevação após a ovulação, induzida pelo aumento pré-ovulatório da progesterona. O desenvolvimento até a fase de folículo primordial independe dos níveis de gonadotrofinas. O processo de recrutamento folicular inicia no final da fase lútea do ciclo anterior. A FOLICULOGÊNESE pode ser dividida em duas fases: 1) FASE PRÉ-ANTRAL, que é subdividida em ativação dos folículos primordiais e crescimento dos folículos primários e secundários; 2) FASE ANTRAL, subdividida em crescimento inicial e terminal dos folículos terciários. A seleção do folículo dominante depende basicamente do microambiente folicular e expressa tanto a interação local entre FSH e estrogênio, como o efeito estrogênico na secreção hipofisária de FSH. Pois, o sucesso do desenvolvimento folicular depende de sua capacidade de transformar seu microambiente androgênico em um microambiente estrogênico. A seleção do folículo com ambiente estrogênico ocorre entre o quinto e o sétimo dia do ciclo. O processo de seleção folicular é resultado de duas ações estrogênicas: uma interação local com FSH, dentro do folículo, e um 4 Soniely Melo Residência Médica efeito em nível hipotalâmico na produção de FSH. A involução do corpo lúteo no ciclo precedente resulta em diminuição da progesterona, do estradiol e da inibina A. A redução destes hormônios resulta na suspensão do retrocontrole negativo sob a secreção de FSH. O consequente aumento das concentrações de FSH nos primeiros dias da fase folicular é o sinal para novo recrutamento folicular. Ciclo endometrial Tem duas fases: Fase proliferativa x Fase secretora. Hipotálamo: Sofre influência de muitos estímulos externos; No núcleo arqueado e na área pré-óptica medial do hipotálamo, se localizam corpos neuronais, responsáveis pela produção do GNRH. Existe um transporte mediado pelo sistema porta-hipotálamo-hipófise, fazendo com que o GNRH chegue até a hipófise, um sistema de retroalimentação curta. Hipófise: Secreta FSH e LH na corrente sanguínea. OBS: pulsos de GNRH de alta frequência se correlacionam com níveis elevados da subunidade de LH, enquanto que os de baixa frequência, com o FSH. O FSH induz a expressão de receptores de LH no folículo dominante. Ovário: Formado por dois tipos de células: células da Teca e células da granulosa. ❖ Teoria das 2 células, 2 gonadotrofinas: - Refere-se à produção de hormônios masculinos e femininos a partir do ovário. - Esteroidogênese ovariana: Células da Teca: são estimuladas pelo LH. Através do colesterol, produzem androgênios. Células da granulosa: são estimuladas pelo FSH. O FSH estimula a enzima aromataze, que faz a aromatização: conversão dos androgênios em estrogênios. EVENTOS POR FASE: Ciclo ovariano – Fase folicular Começa com a baixa de estrogênio e de progesterona, e aumento do FSH (hormônio folículo estimulante), o qual estimula o 5 Soniely Melo Residência Médica desenvolvimento folicular. O aumento dos folículos ovarianos, estimula o aumento do estrogênio; e o aumento das células da granulosa produzem concentrações séricas crescentes de estradiol e de inibina- B. Ao final, haverá o folículo dominante. O folículo dominante é aquele que expressa a maior quantidade de receptores para FSH, a maior atividade da enzima aromatase e o maior nível estrogênico. O estradiol produzido, faz feedback negativo sobre as gonadotrofinas, ou seja, FSH e LH vão diminuindo, até o limite. Quando o estradiol ultrapassa o nível sérico de 200pg/ml, o estradiol passa a fazer um feedback positivo, elevando o pico de LH. Esse pico de LH faz com que o oóscito complete a primeira divisão meiótica, sendo liberado do folículo na superfície dos ovários 36h após o pico de LH: OVULAÇÃO. Ciclo endometrial – Fase proliferativa Com o aumento do estradiol, ocorre a proliferação endometrial (aspecto trilaminar). Há aumento das glândulas e da espessura. Lembrar que uma paciente que não ovula, não faz corpo lúteo, esse endométrio está sendo constantemente estimulado pelo estradiol/estrogênio, a longo prazo, corre o risco de hiperplasia e de câncer de endométrio. Ciclo ovariano – Fase lútea O corpo lúteo produz estrogênio e PROGESTERONA; e inibina A, que reduz FHS; Duração: 14 dias; Se o oócito for fecundado, implanta-se no endométrio, que começa a produzir o HCG, que mantém a produção de progesterona. Se o oócito não fecundado: ocorre diminuição de LH, deestrogênio, de progesterona, de inibina = colapso do corpo lúteo; e no fim, já haverá começo de aumento de FSH para iniciar um novo ciclo Ciclo endometrial – Fase secretora Preparação pró- gestacional: Desenvolvimento vascular + secreção glandular + espessamento endometrial 6 Soniely Melo Residência Médica Se oócito não fecundado: haverá um vasoespasmo das artérias espiraladas, o que leva à isquemia e descamação da camada funcional do endométrio = MENSTRUAÇÃO FUNÇÕES HORMONAIS: Estrogênio O estrogênio em baixas doses produz efeito inibitório tanto no hipotálamo quanto na hipófise anterior, diminuindo o pulso de secreção de gnRH e a resposta hipofisária ao gnRH. Função genital Função extragenital Promove a inibição central de liberação de FSH. Mama: aumento da vascularização (pigmentação da aréola, aumento do tamanho e turgência) Descarga de LH Interferem no desenvolvimento corporal da mulher (acúmulo de gordura – regula a altura) Deposição de glicogênio nas células genitais, através das bacias de Doderleim é transformado em ácido lático (pH ácido): - proteção à infecções - lubrificação no ato sexual Aumento da espessura da pele e glândulas sebáceas – aumento as camadas de colágeno - Aumento da vasculatura cutânea Crescimento do útero Apresentam efeito anabolizante Nas trompas: desenvolvimento da camada muscular e interferem nos movimentos peristálticos e ciliares Inibe atividade osteoclástica Predominância de células superficiais no epitélio vaginal Alterações significativas no SNC Sangramento vaginal após administração de progesterona Interferência sobre centros termorreguladores (hipotermia de SNC) Proliferação endometrial Efeito samambaia no muco cervical ressecado Os esteroides sexuais circulam ligados a proteínas, e não em sua forma livre. Na fase folicular ocorre progressivo aumento de estrogênio, mas não de progesterona. O aumento gradativo da progesterona começa no período pré- ovulatório e atinge suas maiores concentrações na fase lútea. Estradiol A concentração de estradiol maior do que 200pg/ml por mais de 50 horas exerce retroalimentação positiva no eixo hipotálamo-hipófise, que resulta na liberação de LH. Progesterona: Possui retroalimentação negativa no hipotálamo, portanto não estimula a secreção de gnRH. 7 Soniely Melo Residência Médica Os andrógenos, principalmente a testosterona, possuem um efeito negativo na liberação do gnRH. Responsável pela fase secretora do ciclo endometrial. A elevação da temperatura corporal basal ocorrida próximo à ovulação se deve ao efeito da progesterona. Após a ovulação, ocorre um aumento dos níveis séricos de progesterona. Esta atua no centro regulador no hipotálamo e promove uma elevação da temperatura basal entre 0,3-0,8°C e este fenômeno denuncia a postura ovular. A ovulação geralmente ocorre um dia antes da elevação da temperatura e esse aumento de temperatura permanece por 11 a 16 dias. A progesterona aumenta ligeiramente na fase pré-ovulatória e atinge suas maiores concentrações na fase lútea do ciclo ovariano. A interação do LH, em concentrações crescentes no período pré- ovulatório, com seus receptores promove a luteinização das células da granulosa no folículo dominante, que resulta na produção de progesterona. Ocorre, então, um pequeno aumento na produção de progesterona que começa a ser detectado 12 a 24 horas antes da ovulação. Neste momento, ela exerce um papel facilitador na retroação positiva do estradiol, age diretamente na hipófise e contribui para a elevação do FSH e do LH, observada no meio do ciclo menstrual. Além de seus efeitos centrais, a progesterona aumenta a distensibilidade da parede folicular. A parede torna-se delgada e estirada, e a expulsão do oócito ocorre após a ação de enzimas proteolíticas que digerem o colágeno. A produção dessas enzimas é induzida pela ação das gonadotrofinas (LH e FSH) e da progesterona. Por fim, o aumento dos níveis de progesterona de forma aguda caracteriza a fase lútea. A diminuição do estrogênio folicular, além da redução da progesterona e da inibina A, determinam a suspensão do retrocontrole negativo sob a secreção de FSH. O consequente aumento do FSH nos primeiros dias da fase folicular é que assegura o recrutamento de uma nova coorte de folículos para a seleção do folículo dominante. No final da fase folicular, por outro lado, a elevação significativa do estrogênio do folículo dominante exercerá um retrocontrole negativo sob a secreção de FSH. INIBINA B: É um peptídeo secretado nas células da granulosa, principalmente na fase folicular, e inibe a produção de FSH, por feedback negativo. INIBINA A: É secretada principalmente na fase lútea, e inibe a síntese de FSH e indiretamente reduz a produção de estradiol. 8 Soniely Melo Residência Médica MÉTODOS CONTRACEPTIVOS o Comportamentais o Barreira o Dispositivos intrauterinos o Hormonais o Definitivos CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE – OMS: Categoria Descrição Recomendação 1 Sem restrição Use o método! 2 Benefício > riscos Use o método” 3 Risco > benefício Não use o método! 4 Risco inaceitável Não use o método! Métodos comportamentais: ▪ Tabelinha ▪ Temperatura basal ▪ Billings (muco cervical) ▪ Sintotérmico ▪ Coito interrompido Métodos de barreira: ▪ Preservativo masculino ▪ Preservativo feminino ▪ Diafragma ▪ Espermicida Métodos hormonais ▪ Progesterona ▪ Combinados (estrogênio + progesterona): pílula combinada oral, injetável mensal, anel vaginal (método hormonal sistêmico, NÃO é de barreia!!), adesivo transdérmico Estrogênio: inibe FSH – menos desenvolvimento folicular; estabiliza endométrio; aumento da produção SHBG no fígado (globina carregadora de hormônio sexual) – liga-se à progesterona, diminuindo sua quantidade livre. Progesterona: inibe LH – anovulação; muco cervical espesso; atrofia endometrial; altera motilidade tubária; Benefícios dos métodos combinados: o Diminuição do fluxo menstrual; o Diminuição da dismenorreia; o Diminuição da TPM; o Regularização de ciclos; o Diminuição da incidência de CA de ovário e endométrio; o Diminuição da incidência de DIP e gestação ectópica; O estrogênio é relacionado ao risco trombogênico! Riscos: trombose, CA de mama. Contraindicações absolutas dos métodos combinados: ▪ Enxaqueca com aura; ▪ Enxaqueca e ≥ 35 anos; ▪ Tabagismo e ≥ 35 anos; ▪ TVP/ TEP prévio; ▪ CA de mama; ▪ HAS; ▪ DM + VASCULOPATIA; ▪ IAM / AVC; ▪ Cirrose descompensada; ▪ Tumor hepático (maligno ou adenoma) ▪ Lúpus + anticorpo antifosfolípide positivo ou desconhecido ▪ Cirurgia + imobilização ▪ Anticonvulsivantes (ex: fenitoína, lamotrigina) 9 Soniely Melo Residência Médica ▪ Amamentação (6 semanas – 6 meses) EM QUAIS SITUAÇÕES, UMA PACIENTE COM ENXAQUECA TEM CONTAINDICAÇÃO AO INÍCIO DE USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS COMBINADOS? IDADE ≥ 35 anos OU PRESENÇA DE AURA → PROGESTERONA ▪ Pílula de progesterona (Desogestrel): uso contínuo, sem pausas entre uma cartela e outra; ▪ Injetável trimestral (Acetato de metroxiprogesterona); ▪ Implante subdérmico; ▪ Contracepção de emergência (Levonorgestrel) Benefícios dos métodos de progesterona: ✓ Menos contraindicações que os combinados; ✓ Diminuição do fluxo menstrual ✓ Diminuição de dismenorreia; ✓ Diminuição da incidência de CA de ovário e endométrio; ✓ Diminuição de DIP e gestação ectópica; Efeitos colaterais de progesterona: ✓ Amenorreia; ✓ Spotting – sangramentos de espace; ✓ Ganho de peso; Contraindicações absolutas: • CA de mama;• TVP/ TEP atual; • Tumor hepático (maligno ou adenoma) • Lúpus + anticorpo antifosfolípide • Cirrose descompensada; • IAM / AVC; • Enxaqueca + aura (começou após usar a progesterona) Risco de trombose: Progesterona sozinha não é trombogênica. Combinada com estrogênio -> pode potencializar os riscos; Trombogênica -> Levonorgestrel + Trombogênica -> Desogestrel, Ciproterona e Gestodeno. QUAL A MEDICAÇÃO VIA ORAL MAIS UTILIZADA COMO CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA? LEVONORGESTREL CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: Levonorgestrel 1,5 mg VO (dose única ou 12/12 h); até 5 dias; ideal em até 72h; Causa anovulação, altera motilidade tubária, muco cervical mais espesso. → ESTROGÊNIO O estrogênio é relacionado ao risco trombogênico. Risco de trombose em 1 ano: • Basal: 4 em 10 mil • Em uso de combinado oral: 10 a 20 em 10 mil • Gestantes: >100 em 10 mil • Puérperas: >500 em 10 mil INVESTIGAÇÃO DE TROMBOFILIAS PARA PRESCREVER PÍLULAS CONTRACEPTIVAS Em pacientes saudáveis -> NÃO deve ser realizada; Pacientes com antecedente pessoal de TVP/TEP NÃO usar combinados. Pode usar: 10 Soniely Melo Residência Médica DIU de cobre, DIU de progesterona e Progesterona isolada. DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU) • DIU de cobre; • DIU de progesterona; Mecanismo de ação p/ ambos: inibe transporte do espermatozoide; altera transporte do óvulo; inibem a fecundação, inibe a implantação; altera muco cervical. Mecanismo de ação apenas do progesterona/ Mirena – Levonorgestrel: causa atrofia endometrial, não é anovulatório porque só age na cavidade uterina; Inserção: • USG não é obrigatório; • Melhor período – menstruação; • Contracepção imediata; • Qualquer idade desde que já tenha tido relação sexual; • Pode em nuligestas; Sinais de cervicite ou vaginose bacteriana -> TRATAR e reagender a inserção; Efeitos colaterais do DIU de cobre: • Aumento da dismenorreia; • Aumento do sangramento uterino; Efeitos colaterais do DIU de mirena: • Amenorreia; • Spotting – sangramento de escape (borra de café); • Acne; • Cistos ovarianos; QUAIS MÉTODOS SÃO CONTRAINDICADOS PARA PACIENTES COM MIOMAS QUE DISTORCEM A CAVIDADE UTERINA? DIU CONTRAINDICAÇÕES: DIU de cobre DIU MIRENA Alteração da cavidade endometrial CA de mama DIP atual TVP/TEP atual 48h a 4 semanas pós-parto Tumor hepático Sangramento uterino inexplicado Lúpus com anticorpo antifosfolípide Enxaqueca com aura (começou após uso); QUAL O MELHOR MÉTODO CONTRACEPTIVO PARA PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDE POSITIVO? DIU DE COBRE QUAL É PROGESTOGÊNIO MENOS TROMBOGÊNICO? LEVONORGESTREL, DE SEGUNDA GERAÇÃO Os progestogênios são esteroides que podem ser sintéticos ou naturais. São classificados de acordo com sua origem em derivados da progesterona (17 hidroxiprogesterona), da testosterona (19- nortestosterona) ou da espironolactona (17- alfa-espironolactona). 11 Soniely Melo Residência Médica Os progestogênios de primeira geração, comercializados desde a década de 1960, são derivados da testosterona e da progesterona. Os oriundos da testosterona (19- nortestosterona) são denominados de estranos e seus representantes são a noretisterona, noretindrona, acetato de noretindrona, noretinodrel, linestrenol e etinodiol. As progestinas de segunda geração, derivadas da 19-nortestosterona (gonanos), são o norgestrel e o levonorgestrel. A partir do levonorgestrel, vieram os chamados progestogênios de terceira geração, desogestrel, norgestimato e gestodeno. A progestina de quarta e última geração, até o momento, deriva da espironolactona (17-alfa-espironolactona), a qual tem ação antiandrogênica e antimineralocorticoide, apresentando leve efeito diurético. LARC – LONG ACTING REVERSIBLE CONTRACEPTION (contracepção reversível de longa duração): Dispositivos Duração DIU de cobre 5 a 10 anos DIU de progesterona 5 anos Implante subdérmico 3 anos Benefícios: • Alta efetividade • Não dependem da paciente • Alta continuidade de uso ÍNDICE DE PEARL: avalia o n° de gestações que ocorrem em um ano com o uso de método. Uso típico praticamente igual ao uso perfeito em relação aos métodos LARC. Quem pode usar: • Toda mulher • Jovens/ adolescentes • Mesmo nuligestas CONTRACEPÇÃO DEFINITIVA Feminina: Laqueadura tubária Masculina: Vasectomia Lei 9263 de 1996: Lei do Planejamento Familiar 1ª situação: idade > 25 anos OU 2 filhos vivos com prazo mínimo de 60 dias entre a decisão e a cirurgia. 2ª situação: é vedada no parto e no aborto – vedada até 42° dia pós-parto ou aborto. Exceções: • Cesáreas sucessivas anteriores • Doença de base -> risco à saúde • Necessário relatório de 2 médicos; Vedada: • Laqueadura através de histerectomia ou ooforectomia. • Cesárea indicada para fim exclusivo de esterilização. Documento escrito e firmado; 12 Soniely Melo Residência Médica Consentimento do cônjuge; Incapazes: autorização judicial; NÃO existe “O MELHOR” método contraceptivo que funcionará bem para todas as pacientes! DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Infecção do trato genital superior (acima do orifício interno do colo uterino – cavidade uterina, endométrio, miométrio, tubas uterinas, ovários). Quadros possíveis: endometrite, miometrite, salpingite, ooforite, abscesso tubo-ovariano e peritonite pélvica. Epidemiologia: • 85% são ISTs • + em mulheres jovens • Fator de risco: atividade sexual desprotegida, múltiplas parcerias sexuais, baixo nível sócio-econômico; • 15%: manipulação uterina – curetagem, histeroscopia. Agentes etiológicos -DIP: Infecção polimicrobiana: gram+, gram-, anaeróbios. Agentes que ascendem pelo colo uterino. Principais: Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis. DIP x DIU Risco tem relação inversa com o tempo desde a inserção do DIU, sendo mais alto nos primeiros 20 dias da inserção. IST prévia é responsável pela ocorrência de DIP no primeiro mês de uso, e não o uso do DIU. Fisiopatogenia: O canal endocervical funciona como uma barreira de proteção. A ascensão dos microrganismos é favorecida por variações hormonais do ciclo menstrual. O muco cervical durante o fluxo menstrual tem menor efeito bacteriostático. Características imunológicas de cada indivíduo também podem contribuir para a disseminação da infecção. Quadro Clínico: • Dor pélvica aguda • Corrimento purulento • Sangramento uterino • Dispareunia de profundidade • Febre • Sintomas sutis e até assintomáticas Diagnóstico: Nenhum achado isolado de história, exame físico ou exame laboratorial é sensível e específico o suficiente para fechar o diagnóstico de DIP. p/ Ministério da saúde: baseado em critérios maiores, menores e elaborados; para a confirmação clínica de DIP, é necessária a presença de: 3 critérios maiores + 1 critério menor OU 1 critério elaborado Critérios maiores Dor no hipogástrio Dor à palpação dos anexos Dor à mobilização de colo uterino Critérios menores Temperatura axilar >37,5°C ou >38,3°C conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal massa pélvica 13 Soniely Melo Residência Médica >5 leucócitos/campo de imersão em material de endocérvice leucocitose em sangue periférico PCR ou velocidade de hemossedimentação (VHS) elevada comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou micoplasmas Critérios elaborados evidência histopatológica de endometrite presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem laparoscopia com evidência de DIP Critérios da CDC (EUA): Necessário apenas 1 dos critérios mínimos para o diagnóstico: • Dor à palpação uterina • Dor à mobilizaçãodo colo uterino • Dor à palpação dos anexos Critérios adicionais – corroboram o diagnóstico: • Chlamydia ou Gonococo endocervical • Corrimento mucopurulento cervical • Febre • Elevação de PCR • VHS elevado • Leucocitose em secreção vaginal Critérios específicos: • Imagem (USG/TC/RM): espessamento / líquido nas tubas; abscesso tubo ovariano; • Biópsia endometrial: endometrite • Laparoscopia: hiperemia e edema de tubas; fímbrias alteradas; aderências pélvicas. Exames complementares: • Hemograma completo e hemocultura • VHS e proteína C reativa • Exame bacterioscópio para vaginose bacteriana • Pesquisa de gonococo e clamídia endocervicais • Exame qualitativo de urina e urocultura • BHCG • USG pélvica transvaginal, TC ou RM • Biópsia de endométrio • Sorologias para sífilis, HIV, hepatite B e C Diagnósticos diferenciais: 1) Ginecológicos: a) Torção anexial b) Cisto hemorrágico de ovário c) Gestação ectópica 2) Gastrointestinais: a) Apendicite Tratamento: Antibioticoterapia deve ser iniciada o mais rápido possível. Prevenção de sequelas depende da administração precoce dos ATBs. Hospitalização baseada em critérios do Ministério da Saúde: • Abscesso tubo-ovariano • Gestação • Intolerância de medicação VO em casa • Estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre • Ausência de resposta clínica após 72h do início do ATB oral • Dificuldade em exclusão de emergência cirúrgica DIP É Coisa Do Mal 14 Soniely Melo Residência Médica Ceftriaxone 500mg IM dose única Doxiciclina 100mg VO 12/12h, 14 dias Metronidazol 500mg VO 12/12h, 14 dias Melhora clínica: em até 72h do início do ATB. Se ABSCESSO TUBOVARIANO: Internação + antibioticoterapia: • Ceftriaxone EV + Doxiciclina VO + Metronidazol EV Ou • Clindamicina EV + Gentamicina EV • 24 a 48h de melhora clínica: alta com ATB VO. • Sem necessidade de drenagem por enquanto! Tratamento cirúrgico: Mesmo com abscesso, não será a 1ª opção; Drenas/ operar: • Abscesso pélvico sem melhora com ATB • Suspeita de rotura de abscesso tubo- ovariano • Presença de massa pélvica (abscesso) que aumenta, apesar do tratamento clínico Por laparoscopia ou laparotomia; ou com punção guiada por USG ou TC (radiologia intervencionista). DIP E DIU não há necessidade de remoção do dispositivo, porém, caso exista indicação, a remoção não deve ser anterior à instituição da antibioticoterapia, devendo ser realizada somente após duas doses do esquema terapêutico. Seguimento: • Pacientes tratadas ambulatoriamente: reavaliadas em 72h; • Abstinência sexual até o fim do tratamento • Devem ser colhidas sorologias para ISTs (com consentimento); • Parceiros sexuais dos últimos 60 dias devem ser avaliados e preferencialmente tratados para Chlamydia e Gonococo, sendo sintomáticos ou não; • Enfatizar o uso de métodos contraceptivos de barreira. Complicações agudas: • Abscesso tubo-ovariano • Síndrome Fitz-Hugh-Curtis (fase aguda) Complicações tardias: • Infertilidade • Gravidez ectópica • Dor pélvica crônica • Síndrome de Fitz-Hugh-Curtir (fase crônica) VULVOVAGINITES E CERVICITES Conteúdo vaginal normal: • Branco/ transparente • Fluido • Sem grumos • É um transudato vaginal, pode ter muco cervical, células vaginais e do 15 Soniely Melo Residência Médica colo descamadas, pode ter secreção das glândulas de Bartholin e Skene, leucócitos e microrganismos da flora vaginal. Flora vaginal normal Bactérias aeróbias gram+ Lactobacilos (Doderlein) Streptococcus agalactiae Staphylococcus epidermidis Bactérias aeróbias gram- Escherichia Coli Bactérias anaeróbias gram + Gardnerella Varginalis Enterococos Bacterioides Mycoplasma hominis Ureaplasma urealyticum Fungos Candida albicans VULVOVAGINITES São afecções do epitélio estratificado vulvovaginal causadas por inflamação, infecção ou desequilíbrio da flora vaginal normal. VAGINOSE BACTERIANA Por definição tem 3 alterações: • Mudança da flora vaginal: aumento dos lactobacilos e redução dos anaeróbios; • Produção de aminas voláteis • Ph vaginal >4,5 É a vulvovaginite + comum; NÃO é uma IST; Pode atingir 30 a 50% das mulheres na menacme. Fisiopatologia – Vaginose Bacteriana: Diminui quantidade de lactobacilos -> diminui produção de peróxido de hidrogênio -> aumento de anaeróbios -> aumento da produção de aminas voláteis (putrecina, cadaverina) + aumento do ph >4,5 Quadro clínico – Vaginose Bacteriana: • 50% assintomáticas (não há inflamação); • Corrimento vaginal (branco, fino, homogêneo); • Sintomas mais evidentes após o coito ou menstruação; • VB isolada não causa disúria, dispareunia, prurido ou inflamação; Diagnóstico – Vaginose Bacteriana: • Critérios de Amsel • Coloração de gram • Citologia Lactobacilos através do glicogênio, produz ÁC. LÁCTICO pH vaginal ácido entre 4-4,5 produz PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO evita a profiliferação de organismos patogênicos atuam em cél. vaginais descamadas 16 Soniely Melo Residência Médica Diagnóstico fechado com 3 dos 4 critérios. Tratamento – Vaginose Bacteriana: Antibiótico para anaeróbios: Metronidazol via vaginal (5 noites) ou oral (500mg 12/12h por 7 dias). *Não ingerir álcool -> efeito colateral do metronidazol: dissulfiram-like. 2ª opção – Clindamicina Parceiros não precisam ser tratados; Mesmo tratamento para gestantes; CANDIDÍASE Infecção da vulva e da vagina pela Cândida (fundo comensal). Epidemiologia - Candidíase: • 2ª vulvovaginite + comum • Não é uma IST • 75% das mulheres – pelo menos 1 episódio na vida; • Cândida albicans (90% dos casos) • Outras espécies: glabatra, tropicalis, krusei. Fatores de risco – Candidíase DM descompensada Uso de ATB Imunossupressão Aumento do nível estrogênio (uso de pílulas combinadas) Gestação Aumento da umidade local Estresse Quadro clínico – Candidíase: Prurido vulvar + Queimação/irritação vulvar Corrimento branco espesso (leite coalhado) Disúria Dispareunia de penetração Exame físico – Candidíase: Vulva: hiperemia + edema de vulva; escoriações; Especular: corrimento branco, espesso com grumos (leite coalhado). Diagnóstico – Candidíase: Critérios de Amsel Teste de aminas + (Whiff test +) corrimento branco acinzentado, fluido, homogêno ph >4,5 presença de Clue Cells 17 Soniely Melo Residência Médica Sintomas + Exame físico + Microscopia Microscopia: pseudohifas/ hifas e esporos pH>4,5 Cultura: para casos recorrentes; Presença de cândida na vagina NÃO significa ter candidíase! Tratamento – Candidíase: 1ª opção: cremes vaginais com Miconazol (por 7 noites) ou Nistatina (por 14 noites) – nunca fazer ducha interna. 2ª opção: Fluconazol 150mg via oral, dose única. Parceiros não precisam ser tratados; Gestante – cremes vaginais com azólicos (ex: miconazol) ou Nistatina. Proibido usar fluconazol na gestação! TRICOMONÍASE É uma IST! Causada por protozoário flagelado: Trichomonas vaginalis; pode infectar células da vagina, colo do útero e uretra; causa bastante inflamação. Fator de risco: atividade sexual desprotegida. É a IST não viral mais prevalente. Quadro clínico – Tricomoníase: 50% assintomáticas; • Corrimento amarelo esverdeado • Odor fétido • Queimação vulvovaginal • Queixas urinárias • Dispaurenia, sinusorragia (sangramento pós relação sexual) Exame físico – Tricomoníase: Especular: corrimento amarelo-esverdeado com odor; Colo em morango/ em framboesa; Diagnóstico – Tricomoníase: Anamnese + Exame físico + Microscopia Teste das aminas + pH>4,5 Microscopia= Protozoário flagelado Tratamento – Tricomoníase: Metronidazol via oral 2g VO dose única ou 500mg 12/12h por2 dias Parceiros devem ser avaliados e tratados; Gestantes = não gestantes INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS SÍFILIS PRIMÁRIA/ CANCRO DURO Treponema pallidum – bactéria gram negativa, espiroqueta; Transmissão: contato sexual – bactéria penetra pele/mucosa; Período de incubação: 10 a 90 dias; Lesão da Sífilis primária: • Úlcera única • Indolor • Bordas bem delimitadas • Base endurecida • Fundo limpo • Rosa-avermelhada 18 Soniely Melo Residência Médica Pode ter Linfoadenopatia, em geral: regional, unilateral, múltipla, indolor, não supurativa/ sem flogismo. Diagnóstico – Sífilis Primária: Microscopia de campo escuro: pesquisa direta do treponema – material colhido de raspagem da lesão primária; Sorologias – Sífilis Primária: ❖ Teste não-treponêmico: VDRL Positiva 2 a 3 semanas após cancro; Sensível, mas não é específico; Resultado em diluições; ❖ Teste treponêmico: FTA-Abs Positiva 1 a 2 semanas após o cancro; Sensível e Específico; 1 vez positivo, sempre positivo; Apesar de FTA-Abs continuar positivo, não há imunidade adquirida para sífilis -> pode haver reinfecções! Tratamento – Sífilis Primária: Penicilina Benzatina 2.400.000 UI IM (1.200.000 UI em cada nádega). Tratamento alternativo: ❖ Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 15 dias – não usar em gestantes; Seguimento – Sífilis Primária: Teste não treponêmico trimestral (mensal em gestantes); Parcerias sexuais avaliadas e tratadas. Reação de Jarish-Herxheimer: ❖ Pode ocorrer durante as 24h após a 1ª dose de penicilina; ❖ Exacerbação das lesões cutâneas: com eritema, dor ou prurido, mal- estar, febre, cefaleia e artralgia. ❖ Regridem espontaneamente após 12 a 24h; Reação alérgica a Penicilina Benzatina: ❖ Reação anafilática à administração de Benzilpenicilina benzatina é de 0,002% (AINES e alguns alimentos tem riscos maiores); ❖ Receio de ocorrência de reações adversas não é impeditivo para a administração na atenção básica; HERPES Herpes genital é a IST ulcerativa + comum. 50-90% dos adultos têm anticorpos circulantes contra HSV-tipo 1; e 20-30% contra HSV-tipo2. Agente etiológico – Herpes: Herpes simplex vírus ❖ Tipo 1 (oral) ❖ Tipo 2 (genital) Transmissão – Herpes: Contato sexual; fômites (objetos); Haverá Latência viral: o vírus permanece no núcleo das células dos gânglios sensitivos. 19 Soniely Melo Residência Médica Quadro clínico – Herpes: Primeira infecção: Incubação – 6 dias; + severa; Sintomas gerais: febre, mialgia, mal-estar; Recorrência = Reativação viral Há fatores desencadeantes, queda da imunidade; É menos intenso. Lesão – Herpes: Vesículas agrupadas sobre base eritematosa -> úlceras arredondadas, bordas lisas e dolorosas -> crostas sero-hemáticas. Colo do útero pode ser acometido -> corrimento/ sangramento lesão em colo de útero HERPES E GESTAÇÃO Maior risco de transmissão do vírus acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto. Recomenda-se a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas. Linfadenopatia – Herpes: ❖ Presente em 50% dos casos ❖ Inguinal ❖ Bilateral ❖ Dolorosa Diagnóstico – Herpes: Segundo o Ministério da saúde: exclusão de caso sífilis e cancroide, associado ao histórico de exposição ao risco, sinais e sintomas clínicos. Diagnóstico de Herpes na prática: ❖ É essencialmente clínico ❖ Baseado na história clínica sugestiva ❖ Sintomas prodrômicos e lesões características Esfregaço de Tzanck: avaliação no microscópio; Sorologias Cultura Tratamento -Herpes: 20 Soniely Melo Residência Médica Primeiro episódio -> Aciclovir 400mg, via oral, 8/8h, 7 a 10 dias. Creme de aciclovir não serve para tratar! Recidiva -> Aciclovir 400mg, 8/8h, via oral, 5 dias; ideal: iniciar no pródromo. Supressão de Herpes Genital: + 6 episódios/ano -> Aciclovir 400mg, 12/12h, por 6 meses. Imunossuprimidos + Lesões extensas: Aciclovir endovenoso. Gestação: Aciclovir VO em todos os trimestres. Parto cesáreo. CANCRO MOLE OU CANCROIDE Agente etiológico: Haemophilus ducreyi – bactéria, coco-bacilo gram-negativo. Transmissão – Cancro Mole: contato sexual; Tempo de incubação: 3 a 5 dias Lesão – Cancro mole: ❖ Múltiplas (auto-inoculação) ❖ Dolorosas ❖ Borda irregular ❖ Base amolecida ❖ Fundo irregular/ exsudato necrótico Diagnóstico – Cancro Mole: Microscopia com coloração de gram: bacilo negativo, agrupados em correntes do tipo “cardume de peixe”, “vias férreas” ou “impressões digitais”. Tratamento – Cancro Mole: 1ª opção: Azitromicina 1g VO Parcerias sexuais devem ser tratadas, mesmo assintomáticas. Alternativa: Ceftriaxone 250 IM, dose única ou Ciprofloxacino, 500mg, 12/12h VO, 3 dias. LINFOGRANULOMA VENÉREO Agente etiológico: Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2 e L3), bactéria gram negativa intracelular; altamente invasivos aos tecidos linfáticos. Transmissão: contato sexual. Tempo de incubação: de 3 dias a 3 semanas. 3 fases: Fases de inoculação: Pápula, pústula ou úlcera indolor. Desaparece sem sequelas. Disseminação linfática: linfadenopatia -> motivo da consulta. Desaparece sem sequelas: fístulas, obstrução linfática (elefantíase genital = ESTIOMENE). Linfadenopatia – Linfogranuloma Venéreo: ❖ Unilateral ❖ Motivo da consulta ❖ Pode supurar/fistulizar ❖ Orifícios múltiplos 21 Soniely Melo Residência Médica Diagnóstico – Linfogranuloma Venéreo: Segundo o ministério da saúde: Exclusão de caso de sífilis e cancroide, associado ao histórico de exposição ao risco, sinais e sintomas clínicos. Diagnóstico de LGV deve ser considerado em todos os casos de adenite inguinal, elefantiase genital e estenose uretral ou retal. Clínico + cultura + PCR + sorologia Tratamento – Linfogranuloma Venéreo: 1ª opção: Doxiciclina 100mg, 12/12h, 21 dias Parcerias sexuais devem ser avaliadas e tratadas. DONOVANOSE Doença pouco frequente; IST crônica e progressiva. Agente etiológico: Klebsiella granulomatis – bactéria, bacilo gram negativo. Transmissão: associada a transmissão sexual; transmissibilidade baixa. Lesão- Donovanose: ❖ Ulcera ❖ Múltiplas (espelho) ❖ Borda bem delimitada ❖ Fundo vermelho/ sangra fácil ❖ Desnutrição tecidual ❖ Comum em região perianal e de dobras Linfadenopatia – Donovanose: ❖ Não ocorre adenite ❖ Pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais Diagnóstico – Donovanose: Exclusão de caso de sífilis e cancroide, associado ao histórico de exposição ao risco, sinais e sintomas clínicos. Esfregaço/Biópsia: Corpúsculo de Donovan. Tratamento - Donovanose: 1ª opção: Azitromicina 1g, 1x/semana, por 3 semanas. 22 Soniely Melo Residência Médica Não se recomenda tratar parcerias sexuais (baixa infectividade). SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL Distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado: quantidade, duração ou frequência. Normal: ciclo entre 24 e 38 dias, 5 a 80ml de fluxo menstrual. Causas: PALM-COEIN Causas Estruturais P PÓLIPO A ADENOMIOSE L LEIOMIOMA M MALIGNIDADE E HIPERPLASIA Causas não estruturais C COAGULOPATIA O OVULATÓRIA E ENDOMETRIAL I IATROGÊNICA N Não classificadas Investigação: anamnese + exame físico + ex. complementares; Excluir gestação: DUM, atividade sexual, contracepção + solicitar BHCG. Anamnese: tempo de história + ciclos menstruais +sintomas associados + comorbidades + medicações Exame físico: estado geral/ Sinais vitais + Abdômen + Exame especular + Toque vaginal Exames complementares: BHCG + hemograma + USG pélvica + coagulograma + TSH+PRL + exs para SOP +Histeroscopia Tratamento – Sangramento uterino anormal: Fase aguda: • Hormônios:estrogênio e/ou progesterona. • Anti-fibrinolítico: diminui a fibrinólise; Ácido Tranexâmico; • Anti-inflamatório/ AINE: diminui prostaglandinas; ÁCIDO MEFENÂMICO; ANÁLISE DAS CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS 1. Coagulopatias: as causas mais comuns são Doença de von Willebrand e uso de anticoagulantes. a) Doença de von Willebrand: + comum; ajuda na agregação plaquetária; Quadro clínico: 1° sangramento anos após menarca, epistaxe, hematomas, gengivorragia. Exames: plaquetas, TP/TTPA, fator de Vw. Tratamento: desmopressina; anti- fibrinolíticos; estrogênio; fator de vW recombinante; 2. Ovulatória: Sangramento imprevisível no fluxo e na duração. Associado a anovulação crônica: não tem corpo lúteo e não faz progesterona -> endométrio fica sendo estimulado apenas pelo estrogênio -> sangramento anormal Causas ovulatórias: • SOP • Hipotireoidismo • Hiperprolactinemia • Obesidade/ stress • Extremos de menacme • Drogas que agem na DOPA 23 Soniely Melo Residência Médica Tratamento: hormônios (progesterona) + anti-fibrinolíticos + tratar doença de base 3) Endometrial: Alterações que envolvem a homeostase endometrial: prostaglandinas, vasoconstritores, vasodilatadores. 4) Iatrogênica: uso irregular de hormônios, DIU. 5) Não classificadas: causas raras; ex: má formação artério venosa uterina; SANGRAMENTO DISFUNCIONAL: termo que NÃO deve ser usado; CAUSAS ESTRUTURAIS – PALM 1. PÓLIPOS UTERINOS: Lesões de glândula e estroma endometriais, projetadas na cavidade. 10% das mulheres, em >40 anos; Quadro clínico: assintomático, sangramento uterino, infertilidade; Exame físico: em geral, normal; se pólipo cervical, pode ser visualizado. Riscos: malignidade -> pós-menopausa, sangramento. Diagnóstico definitivo: histologia – excluir malignidade; Investigação diagnóstica: USG TV + Histeroscopia (padrão-ouro) + Histerossonografia Tratamento – Pólipo Uterino: Histeroscopia cirúrgica – avaliação da cavidade endometrial + polipectomia + estudo histológico. 2. ADENOMIOSE: Endométrio ectópico infiltrando o miométrio. 20-35% das mulheres na menacme; associado com paridade. Quadro clínico – Adenomiose: • Assintomáticas • Dismenorreia • Sangramento uterino • Dor pélvica crônica • Dispareunia • Infertilidade Exame físico – Adenomiose: Em geral, normal. Útero pode ter aumento difuso e pode existir dor à palpação uterina. Diagnóstico – Adenomiose: Definitivo: com histologia; Presuntivo: exames de imagem – USG Transvaginal; RM; Alterações nos exames de imagem – Adenomiose: • Volume uterino difuso aumentado • Miométrio heterogêneo • Áreas císticas • Zona juncional espessada Tratamento – Adenomiose: Clínico: controle dos sintomas • Contraceptivos hormonais • DIU de levonorgestrel • AINE • Anti-fibrinolítico • Análogos de GnRH: simulação da menopausa; Cirúrgico: Histerectomia – se falha no tto clínico; 3. LEIOMIOMAS: 24 Soniely Melo Residência Médica Tumor benigno monoclonal; proliferação das células de musculo liso. Leiomiomas dependem de hormônios -> estrogênio e progesterona; Classificação FIGO – Leiomiomas: Submucoso: 0 – Pedunculado intracavitário 1 - <50% intramural 2 - >= 50% intramural Outros: 3 – Toca o endométrio, 100% intramural 4 – Intramural 5 – Subseroso e >= 50% intramural 6 – Subseroso e <50% intramural 7 – Subseroso pedunculado 8 – (ex: cervical, parasita) Híbrido: dois números separados por um hífen. Por convenção, o primeiro se refere à relação com o endométrio, enquanto o segundo à relação com a serosa. Quadro clínico – Leiomiomas: • Assintomáticas (70%) • Sangramento uterino • Dismenorreia • Infertilidade • Massa pélvica • Sintomas compressivos MIOMA SUBMUCOSO + sangramento infertilidade Exame físico: em geral, norma; aumento do útero; Diagnóstico – Leiomiomas: Definitivo: Histologia Presuntivo: exame de imagem – USG pélvico, RM, histeroscopia; Tratamento – Leiomiomas: Controle dos sintomas: • Contraceptivos hormonais • AINE • Anti-fibrinolítico • Análogo de GnRH • Embolização de artérias uterinas; Tratamento cirúrgico – Leiomiomas: • Sintomas arresponsivos a tto clínico • Infertilidade/ abortamento (distorção da cavidade uterina) • Efeitos compressivos • Miomectomia x Histerectomia • Vias da miomectomia: laparoscopia; laparotomia; histeroscopia; • Vias da histerectomia: laparoscopia; laparotomia; vaginal; 4. MALIGNIDADE E HIPERPLASIA: CA de endométrio; hiperplasia de endométrio; Tratamento individualizado;
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