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alfabetização e letramento

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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: os desafios educacionais na 
perspectiva do aluno e do professor alfabetizador 
 
Andrea Barbieri Gomes cruz 
Professor Orientador: Lorena Pinheiro Chaves 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Pedagogia (1251) - Trabalho de Graduação 
Novembro/2018 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho aborda a alfabetização e o letramento na turma do 1º ano do Ensino 
Fundamental com foco nos desafios educacionais na perspectiva do aluno e do professo 
alfabetizador, afinal alfabetizar é uma tarefa bastante complexa tanto para quem aprende como 
para quem ensina, mas a valorização desta complexidade conduz o professor ao aprofundamento 
de seus estudos no intuito de conhecer mais profundamente sobre o processo de aquisição da 
língua escrita. O referencial teórico baseou-se nos reconhecidos autores sobre alfabetização e 
letramento como Emilia Ferreiro, Ana Teberosky e Magda Soares, dentre outros. A pesquisa de 
campo foi realizada em uma entidade de caráter privado no município de Campo Grande MS e se 
incorpora a partir das observações do ambiente educativo em sala de aula e na instituição como 
um todo, da prática educativa durante as regências em sala acompanhadas pela professora da 
turma e dos diálogos e interações com os docentes da unidade de ensino., Os dados coletados são 
apresentados de maneira descritiva, comparando assim as produções da criança com os estágios 
de desenvolvimento infantil da psicogênese da língua escrita. 
 
Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Linguagem. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho pretende unir o conhecimento alcançado durante o estágio obrigatório nos anos 
iniciais do ensino fundamental e avançar no entendimento sobre alfabetização e letramento, 
tomando por foco um único fator, as primeiras produções escritas da criança. 
 
Antes de chegar a essas produções vamos perceber que a criança tem um processo de 
aquisição da linguagem, processo este que não é passivo de modo que o aprendizado não surge a 
partir do momento em que participa dos ensinamentos do educador. A criança não espera o 
momento certo para aprender nem que alguém lhe ensine, mas segue formulando hipóteses. 
 
Quando na prática de estágio o acadêmico participa da dinâmica em sala de aula surge um 
me questionamento relevante, se saindo da faculdade de pedagogia encontraria dificuldades para 
assumir a alfabetização dos alunos numa sala. Certamente que a resposta é inquietadora e nos 
sugere aprofundar os estudos e o entendimento sobre o processo de aquisição da linguagem. 
 
No processo de aquisição da leitura e da escrita a criança passa por diferentes estágios de 
desenvolvimento sendo cada um deles um avanço considerável, por isso é imprescindível que o 
educador esteja atento e sensível a compreender os significados de cada produção da criança, 
valorizar e incentivar o progresso no aprendizado. 
 
Neste documento vamos investigar sobre a importância de valorizar os primeiros escritos da 
criança. A escolha deste tema se justifica por perceber o quanto uma criança aprende quando esta 
sendo alfabetizada e que este processo é muito mais complexo do que possa parecer. O que para 
algumas pessoas pode ser considerado um rabisco, um desenho ou uma imitação da escrita para um 
alfabetizador consciente é uma produção permeada de significado. 
 
Por meio de pesquisa bibliográfica pretende-se investigar sobre o tema Alfabetização e 
letramento: os desafios educacionais na perspectiva do aluno e do professor alfabetizador. Para 
melhor compreensão do todo vamos separar este tema em subtítulos que se relacionam com o todo. 
A principio conversaremos sobre os desafios educacionais da alfabetização, dialogando a respeito 
das inseguranças, dos anseios e da necessidade de amadurecimento por meio de estudo, vivências e 
interações. 
 
Estudaremos também as fases do aprendizado da língua escrita na perspectiva da criança, 
compreender o assunto trabalhado neste subtítulo é o ponto chave no trabalho com a alfabetização, 
o professor precisa conhecer as fases do desenvolvimento para saber em que nível de aprendizado 
está a criança e quais as estratégias irá utilizar para auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem. 
Para compreender as fases do aprendizado da criança recorremos aos estudos da Pesquisadora 
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, nas publicações psicogênese da língua escrita e reflexões sobre 
alfabetização. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: 
 
2.1. Os desafios educacionais da alfabetização 
 
Propositalmente este subtítulo traz um duplo sentido, podendo ser entendido tanto como os 
primeiros anos escolares pela perspectiva da criança quanto do professor. Tendo em vista que para 
ambos é um momento de muito aprendizado. Quando nos deparamos com uma classe com vários 
alunos ansiosos para aprender a ler e a escrever, e juntamente com eles, os pais e responsáveis 
querendo ver logo os resultados da alfabetização dessas crianças, somos tomados num primeiro 
momento por sentimentos de inseguranças e ao mesmo tempo de desafios. 
 
Invade-nos então a sensação de que ainda existe muito a aprender, este sentimento de 
incompletude, de que é necessário buscar por mais conhecimento o professor em toda a sua atuação 
profissional jamais pode perder, pois não existe receita pronta para alfabetizar uma criança, mas ao 
mesmo tempo em que buscamos ensina-las vamos aprendendo com elas quais são as melhores 
estratégias de que necessitam naquele momento. 
 
O professor ensina e aprende ao mesmo tempo, no trabalho diário com seus alunos busca 
conhecer quem são eles, quais são seus gostos e preferencias, qual a realidade em que vivem, e 
assim podendo construir estratégias de ensino e aprendizagem, tornando o aprendizado significativo 
e contextualizado, adaptando seu planejamento a realidade do aluno, relacionando a teoria da 
prática, considerando que “a mão que escreve e o olho que lê estão sob o comando de um cérebro 
que pensa sobre a escrita que existe em seu meio social e com a qual toma contato através de sua 
própria participação em atos que envolvem o ler e escrever, em práticas sociais mediadas pela 
escrita”. (Ferreiro e Teberosky, 1999 p. 8), 
 
Com isso entendemos que a criança não é um papel em branco no qual o professor começará 
a imprimir em sua mente um conceito sobre a linguagem escrita, mas desde o momento em que 
nasce, participa em diferentes cenários de interações sociais e práticas de leitura, e assim vai 
pensando a respeito da linguagem, criando hipóteses e construindo seu entendimento a respeito. 
 
“No lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta 
produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente 
compreender a natureza da linguagem que se fala a sua volta, e que, tratando de 
compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca a prova sua antecipação e 
cria sua própria gramática ( que não é simples cópia deformada do modelo adulto, mas sim 
criação original). No lugar de uma criança que recebe pouco a pouco uma linguagem 
inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança que reconstrói por si mesma a 
linguagem, tomando seletivamente a informação que lhe provê o meio.” (FERREIRO E 
TEBEROSKY, 1999 p.24) 
 
 
O professor alfabetizador na medida em que ganha experiência no exercício de sua função 
desenvolve uma percepção mais apurada das produções que a criança realiza. Neste momento a 
teoria e a prática se complementam, de modo que conhecer as fases da escrita infantil é primordial 
para compreender e valorizar os esforços que a criança produz. 
 
 Ensinar a ler e a escrever não é uma tarefa fácil, é um momento que carece de muita 
dedicação, tanto por parte do professor como do aluno. Sobre os saberes necessários ao professor 
Cagliari (2007 p. 9) acrescenta que: 
 
“O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais ciente estivero professor 
de como se dá o processo de aquisição de conhecimento, de como a criança se situa em 
termos de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação 
social, da natureza da realidade linguística envolvida no momento em que está acontecendo 
a alfabetização, mais condições terá o professor de caminhar de forma agradável e 
produtiva o processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais.” 
 
 
Par descrever a complexidade do processo de construção do conhecimento sobre a língua 
escrita para a criança, Ferreiro e Teberosky (2007) fazem uma comparação com o aprendizado de 
uma língua estrangeira para o adulto em um grau de dificuldade mais elevado, pois o adulto já 
conhece vários pontos de referencia e organização no texto, para a criança todo o aprendizado é 
algo novo. Neste sentido Cagliari corrobora dizendo: 
 
“A criança, evidentemente, não entrou para o mundo da linguagem da mesma forma que 
um adulto se inicia no aprendizado de uma língua estrangeira. Ela foi exposta ao mundo 
linguístico que a rodeia e nele foi, ela própria, traçando o seu caminho, criando o que lhe 
era permitido fazer com a linguagem. Nesse seu processo se percebe uma evolução nem 
simples nem lógica, mas sempre condizente com seu modo de ser e estar no mundo ”. (2007 
p. 17). 
 
 
Antigamente o professor preocupava-se em como ensinar, qual método de ensino faria com 
que a criança chegasse mais rápida ou mais facilmente ao conhecimento sobre a linguagem escrita. 
Atualmente a realidade é outra, a diversidade de classes, culturas, conhecimento dentre tantos 
outros fatores dentro do ambiente educacional exige que o ensino seja dinâmico, flexível e se adapte 
para alcançar o sucesso no aprendizado de grande parte da turma, isso porque nem todos aprendem 
do mesmo modo, o professor precisa dispor de várias estratégias. 
 
Atualmente o ingresso ao ensino regular obrigatório acontece bem cedo, conforme 
acrescenta a emenda constitucional nº 59 de dezembro de 2009. Art. 208 “educação básica 
obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua 
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. 
 
 Dos quatro aos cinco anos de idade esta criança estará matriculada na pré-escola, embora 
ainda faça parte da Educação Infantil, o ensino na pré-escola passou a ser considerado obrigatório. 
Em 2006, por meio da Lei 11.274, o ensino fundamental passa a ter duração de 9 (nove) anos, 
com matricula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade, quando a criança poderá ingressar 
no primeiro ano do ensino fundamental. 
 
Aos seis anos de idade a criança passará por um momento de transição, que compreende 
a passagem da educação infantil para o primeiro ano do ensino fundamental. 
 
“A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que 
haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos 
processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes 
relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das 
mediações de cada etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e 
adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se 
construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de 
continuidade de seu percurso educativo.” (BRASIL, 2018) 
 
 Geralmente nesta fase as crianças ainda estarão em processo de alfabetização, mas 
poderá em sua maioria serem letradas. Letrado segundo Soares (2009 p. 40) “É aquele 
individuo que “não só sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, 
pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e escrita.” 
 
Neste sentido Soares coloca que o individuo além de saber ler e escrever precisa saber 
utilizar este conhecimento em situações do cotidiano, mas veremos mais adiante que letrado 
também pode ser aquele individuo que ainda não sabe ler nem escrever mas participa de 
práticas de leitura. 
 
 “Uma criança pode ainda não ser alfabetizada, mas ser letrada: uma criança que vive num 
contexto de letramento, que convive com livros, que ouve histórias lidas por adultos, que vê 
adultos lendo e escrevendo, cultiva e exerce práticas de leitura e de escrita: toma um livro e 
finge que está lendo (e aqui de novo é interessante observar que, quando finge ler, usa as 
convenções e estruturas linguísticas próprias da narrativa escrita), toma papel e lápis e 
"escreve" uma carta, uma história. Ainda não aprendeu a ler e escrever, mas é, de certa 
forma, letrada, tem já um certo nível de letramento.” (SOARES, 2009 p.47) 
 
 
Em exemplos práticos podemos imaginemos uma criança que imagina ler um rótulo de 
coca cola, na verdade ela sabe que dentro daquela embalagem contem aquela bebida e pela sua 
participação das práticas sociais na qual está inserida ela imita ler. 
 
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC a criança desde seu nascimento 
e nos anos em que se insere na Educação Infantil, está cercada e participa de diferentes práticas 
letradas, no entanto será nos anos iniciais (1º e 2º anos) do Ensino Fundamental que se espera que 
ela se alfabetize. 
 
Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a 
alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do 
sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades 
de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos. 
(BRASIL, 2018) 
 
 
É preciso considerar que as crianças já chegam a escola com uma bagagem avantajada de 
conhecimentos sobre o que é leitura e escrita, sendo por isso importante levar em consideração o 
conhecimento prévio da criança, conhecer o contexto de vida no qual seus alunos estão inseridos, 
do que eles gostam de brincar, o que gostam de comer, como é a estrutura familiar, quais locais eles 
frequentam. Tudo isso contribui para um trabalho significativo e ajuda a fomentar ainda mais o 
desejo de participação e concentração das crianças. 
 
Ainda segundo a BNCC a criança será considerada alfabetizada uma vez que consiga: 
 
“consiga “codificar e decodificar” os sons da língua (fonemas) em material gráfico 
(grafemas ou letras), o que envolve o desenvolvimento de uma consciência fonológica (dos 
fonemas do português do Brasil e de sua organização em segmentos sonoros maiores como 
sílabas e palavras) e o conhecimento do alfabeto do português do Brasil em seus vários 
formatos (letras imprensa e cursiva, maiúsculas e minúsculas), além do estabelecimento de 
relações grafofônicas entre esses dois sistemas de materialização da língua”. BNCC 
 
 
Todo o aprendizado no processo de alfabetização é uma construção, que não é mecânica mas 
dinâmica. A BNCC acrescente que neste processo a criança precisará: 
 
 
 “Diferenciar desenhos/grafismos (símbolos) de grafemas/letras (signos); 
 Desenvolver a capacidade de reconhecimento global de palavras (que chamamos de leitura 
“incidental”, como é o caso da leitura de logomarcas em rótulos), que será depois 
responsável pela fluência na leitura; 
 Construir o conhecimento do alfabeto da língua em questão; 
 Perceber quais sons se deve representar na escrita e como; 
 Construir a relação fonema-grafema: a percepção de que as letras estão representando certos 
sons da fala em contextos precisos; 
 Perceber a sílaba em sua variedade como contexto fonológico desta representação; 
 Até, finalmente, compreender o modo de relação entre fonemas e grafemas, em uma língua 
específica.” (BRASIL, 2018 p. 89) 
 
 
2.2. O aprendizado da língua escrita na perspectivava da criança 
 
Emilia Ferreiro ao estudar sobre como a linguagem escrita é composta, contribuiu 
consideravelmentecom suas pesquisas na explicação dos processos de aprendizagem da língua 
escrita e levou os educadores a rever seus métodos retirando o foco de como se ensina para como se 
aprende. As crianças não são agentes passivos no processo ensino e aprendizagem, por estarem 
inseridas em um mundo letrado mesmo que ainda não saiba ler e escrever já têm ideias, formulam 
hipóteses, constroem seu próprio significado para a gramática. 
 
A criança não espera um período apropriado para pensar a respeito da linguagem, como 
quando iniciar os primeiros anos escolares, antes disso ela formula um entendimento próprio sobre 
o uso apropriado da língua, é um sujeito ativo e cognoscente conforme explica Ferreiro e 
Teberosky: 
“O sujeito cognoscente [...] é aquele que procura ativamente compreender o mundo que o 
rodeia e trata de resolver as interrogações que este mundo provoca. Não é um sujeito o qual 
espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de 
benevolência. È um sujeito que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre 
os objetos do mundo e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo 
tempo em que organiza seu mundo.” (1999 p. 9) 
 
 
Ferreiro, 2010 coloca que de modo geral a criança passa por três fases na aquisição da língua 
escrita: “Distinção entre o modo de representação icônico e o não icônico; A construção de formas 
de diferenciação (controle progressivo das variações sobre os eixos qualitativo e quantitativo); A 
fonetização de escrita (que se inicia com um período silábico e culmina no período alfabético)”. 
 
Ferreiro e Teberosky, 1999 p. 273 descrevem que durante o processo de conceitualização da 
língua escrita a criança se coloca problemas. “Os problemas colocados concernem tanto á natureza 
do objeto escrita como aos processos de apropriação do objeto, por parte da criança”. 
 
O primeiro problema que a criança se coloca é compreender o que a escrita representa e qual 
a estrutura desse modo de representação. Antes dos quatro anos desenhos e escrita substituem o 
objeto evocado, enquanto que aos quatro anos a criança já e capaz de diferenciar desenho de escrita, 
entretanto ainda espera que a escrita seja próxima a representação do objeto, por exemplo, objetos 
grandes precisam de uma grande quantidade de signos que a represente. (Ferreiro; Teberosky, 1999) 
 
“A estimulação nessa fase é muito importante, é preciso valorizar a produção espontânea da 
criança, lembrando que nessa fase ainda não existe preocupação estética em relação à 
escrita feita. Por meio da garatuja, a criança cria e recria individualmente formas 
expressivas integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade.” (CAGLIARI, 
2001, p.75) 
 
Em um nível mais avançado que o citado anteriormente as crianças começam a construir a 
“hipótese dos nomes”. Nesta fase a criança compreende que “a escrita se constitui como registro de 
nomes que servem como identificação do objeto referido”. (Ferreiro; Teberosky, 1999) 
Segundo as mesmas autoras a partir do momento em que a criança compreende que para 
representar o objeto existe diferenciação entre o desenhar e o escrever, ela começará a entender as 
distinções que existem no texto em si. 
 
Nesta fase a criança elabora condições hipotéticas para que segundo a sua concepção um 
texto possa ou não ser lido. Encontramos como exemplos citados por Ferreiro; Teberosky, 1999 A 
Quantidade suficiente de caracteres (em geral consideram ser necessário no mínimo três caracteres 
para que um texto possa ser lido) e a Variedade de caracteres (caracteres iguais “não servem para 
ler”). 
 
Após diferenciar que escrever é diferente de desenhar o próximo nível será compreender que 
existe variedade e diferença entre grafia-letra, grafia-numero e grafias que acompanham as letras. 
Outra distinção importante que a criança realiza é que ler é diferente de olhar, contar, e explicar. 
(Ferreiro; Teberosky, 1999) 
 
A partir deste ponto as autoras Ferreiro; Teberosky, 1999 comentam sobre a importância das 
interações entre o individuo e o meio para que se construa um conhecimento. Das interações com os 
meios podemos citar como exemplo, ler para a criança e ler com a criança, destas praticas sociais é 
possível adquirir conhecimentos sobre o nome das letras e as orientações de leitura (que se lê da 
esquerda para a direita e de cima para baixo). 
 
Chegando a um nível superior de evolução na construção do conhecimento linguístico a 
criança se coloca que a palavra escrita pode ser dividida assim como na emissão. (Ferreiro; 
Teberosky, 1999) 
 
“Somente quando há inicio de estabilidade em certas configurações gráficas (em termos de 
formas totais ou elemento índices), pode-se expor as relações entre o todo e as partes. 
Somente quando foram entendidas as razões para abandonar a hipótese silábica, pode -se 
passar a uma análise fonética. Somente quando se compreende a forma de produção de 
escritas própria ao sistema alfabético, pode-se abandonar os problemas de ortografia”. 
(FERREIRO; TEBEROSKY, 1999 p. 282) 
 
Finalmente o conhecimento e a aquisição da linguagem escrita cresce a medida em que a 
criança supere os problemas por ela impostos. 
 
 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
 
A construção deste trabalho foi realizada através de uma pesquisa descritiva. 
 
“As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de 
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis [...] 
As pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente 
realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São também as mais 
solicitadas por organizações como instituições educacionais, empresas comerciais, partidos 
políticos etc.” 
 
Para a descrição da realidade investigada foram consideradas as observações realizadas durantes 
o estágio obrigatório em séries iniciais do ensino fundamental, realizado no Centro Educacional 
Múltipla Escolha, entidade de caráter privado, localizada no município de campo grande/ MS, atua 
há 24 anos com educação infantil e ensino fundamental. 
 
 Os objetivos traçados no projeto de estágio foram: Compreender e significar os termos 
alfabetização e letramento; Estudar práticas educativas que contribuam com a aprendizagem 
significativa, e compreender a realidade o processo ensino e aprendizagem, participando ativamente 
no contexto educacional. 
 
Deste modo a fim de satisfazer estes objetivos, além dos diálogos com os professores que 
trabalham com alfabetização e letramento, das observações do cotidiano educacional, foi aplicado 
um questionário a professora regente, onde procurou-se conhecer as características mais pertinentes 
da turma, do trabalho desenvolvido com os alunos, quais as dificuldades e motivações inspiram as 
ações em sala de aula. 
 
O trabalho é também complementado de uma pesquisa bibliográfica, de acordo com Gil (2008 
p. 50) este tipo de pesquisa é “desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído 
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum 
tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes 
bibliográficas”. 
 
O estudo traz em sua essência uma abordagem qualitativa, que de acordo com Rampazzo (2005, 
p. 59) trata-se de: 
 
“Tal pesquisa procura introduzir um rigor que não é o da precisão numérica aos fenômenos 
que não são passíveis de ser estudados quantitativamente, tais como, angústia, ansiedade, 
medo, alegria, cólera, amor, tristeza, solidão etc. Esses fenômenos apresentam dimensões 
pessoais e podem ser mais apropriadamente pesquisados na abordagem qualitativa.” 
Este tipo de abordagem permite uma analise mais realista dos fatos, descrevendo os 
sentimentos e as falas dos envolvidos no estudo. Finalmente os dados coletados são apresentados e 
discutidos considerandoas contribuições teóricas, a própria ação docente, e as considerações da 
autora. 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Durante o primeiro bimestre do ano de 2018 realizei meu estágio em anos iniciais do ensino 
fundamental, em atendimento a disciplina de estágio curricular obrigatório II, do curso de 
Pedagogia do Centro Educacional Leonardo da Vinci - UNIASSELVI em uma entidade privada de 
ensino, o Centro Educacional Múltipla Escolha. 
 
Ocorreu que no período de duas semanas visitei a unidade de ensino para observar, registrar, 
acompanhar a rotina escolar e pontuar as contribuições das professoras, quando em diálogos me 
contavam relatos de suas experiências como professora alfabetizadora. Para organizar de forma 
clara os resultados e a discussão deste estudo vamos organizar de modo bastante didático 
permitindo uma percepção detalhada do estudo, estabelecendo relações entre prática educacional 
com a teoria estuda. 
 
No contexto escolar trabalhar com alfabetização e letramento pressupõe a necessidade de 
conhecer um extenso campo de estudo. O professor que se dedica a este trabalho tem pela frente 
muito conteúdo para estudar, e ainda compreender como todo este ensino é recebido pela criança. 
 
 4.1 A unidade educacional 
 
O Centro Educacional Múltipla escolha, fica localizado a Rua Olinda Gondim Martins no Bairro 
Jardim Moema, município de Campo Grande MS. Foi criado pela ATA n. 01, de 19 de maio de 
1994, com a denominação COE – Centro Ômega de Ensino pré-escolar e primeiro grau, obtendo a 
atual denominação por meio da ATA n. 01 datada de 23 de fevereiro de 2013. 
 
Quanto ao espaço físico, logo na entrada nos deparamos com um espaço externo privilegiado 
por ser amplo e conter várias pinturas no chão, como amarelinha e algumas figuras geométricas e 
também uma casinha de bonecas. O centro educacional possui sete salas de aula, no período da 
manhã prevalece o atendimento para a educação infantil e no período da tarde para os primeiros 
anos do ensino fundamental, não é uma regra, mas depende da demanda para o ano corrente. 
Todas as salas são equipadas com ventiladores de teto, lâmpadas de LED; Lousa; Prateleiras 
para guardar os materiais pedagógicos; mesas e cadeiras adequadas aos alunos e mesa e cadeira 
para o professor. A unidade também possui: uma quadra poli esportiva, uma quadra de areia, uma 
secretaria, cozinha, almoxarifado, banheiro infantil masculino e feminino; banheiro adulto 
masculino e feminino; sala de direção e coordenação pedagógica, dois pátios externos. Atualmente 
a escola oferece o serviço de transporte escolar, uma Van busca e leva os alunos para casa, por este 
motivo grande parte do público atendido na instituição são de outros bairros e cerca de 50% dos 
alunos são da própria comunidade. 
 
Dentre os princípios encontrado na proposta pedagógica estão: A valorização do ser humano; o 
estimulo ao exercício da cidadania; a defesa do ecossistema; a participação da comunidade; a ética e 
a confiabilidade; a transparência administrativa; os serviços de qualidade a comunidade; a 
satisfação dos usuários; as condições de acessibilidade do educando com necessidades educacionais 
especiais. 
 
4.2 Caracterizações da Turma e Descrição da Rotina 
 
As observações ocorreram mais especificamente com a turma do 1º ano do ensino fundamental, 
nesta classe estão matriculados quinze alunos entre 6 e 8 anos, sendo nove meninos e seis meninas. 
A professora de sala é a pedagoga Marcilene Borges, formada há dois anos em pedagogia, iniciou 
seu trabalho com a educação como auxiliar de sala e atualmente faz pós-graduação em Educação 
Infantil: alfabetização e letramento na prática. 
 
A professora ministra as aulas de: língua portuguesa, matemática, história, geografia e ciências. 
As crianças têm aulas com outros professores na disciplina de Artes, Educação Física e Língua 
estrangeira Inglês. A rotina se inicia um pouco antes das 13 horas, as crianças chegam na escola 
com a Van escolar ou são acompanhadas pelos pais ou responsáveis até a sala de aula. 
 
O período em que a criança permanece no ambiente escolar é das 13h às 17h e 20min, as aulas 
são organizadas de acordo com o cronograma semanal, são abordadas quatro disciplinas por dia 
letivo, dois tempos no primeiro momento, seguido de intervalo de 20 minutos e mais dois tempos 
no segundo momento do dia. 
 
 
 
4.3 Aspectos sobre a alfabetização e letramento dos alunos 
 
No inicio do primeiro bimestre do ano letivo as crianças se encontram em fase de adaptação aos 
primeiros anos escolares, neste período a professora busca fazer algumas avaliações diagnósticas 
para conhecer seus alunos, conversa bastante com eles para saber o que gostam de fazer, com quem 
moram, quais são seus hábitos de vida, quais lugares costumam frequentar, o que já aprenderam 
sobre a língua escrita, entre outras interações dinâmicas. 
 
Reconhecer o alfabeto é um dos primeiros passos no processo de alfabetização, e como de 
costume em toda e qualquer sala de alfabetização encontramos na parede da sala de aula um 
alfabeto lúdico onde cada letra é acompanha por uma imagem infantil, um desenho ou um 
brinquedo, cuja letra inicial corresponde à letra do alfabeto que acompanha. 
 
Na turma do primeiro ano todas as crianças conhecem bem as letras do alfabeto, diariamente a 
professora realiza com eles o exercício de recitar o alfabeto de trás para frente, de frente para trás, 
aponta para uma letra indiscriminadamente e interroga-os qual letra é, e isso os alunos já sabem de 
cor. 
 
A escrita que difere de aluno a aluno, alguns realizam cópias de pequenos textos ou palavras 
escritas pela professora na lousa, mas quando se trata de escrever um ditado algumas conseguem 
escreve-lo completo e outras ainda omitem algumas letras ao tentar escrever as palavras. 
 
Em conversas com a professora regente sobre como é o ingresso das crianças no primeiro 
ano escolar, a mesma descreveu que como a maioria das crianças ingressa desde cedo na educação 
básica, frequentando creches e pré-escola, e quando chegam ao primeiro ano do ensino fundamental 
já conhecem as letras, já realizam tentativas de escrita e cópia. 
 
O trabalho que o professor desenvolve em sala de aula, torna a alfabetização indissociável 
do letramento. Veremos mais adiante que é imprescindível considerar as construções mentais que a 
criança realiza na apropriação da escrita, de modo que, o ensino da leitura e da escrita deve ser 
contextualizado a realidade da comunidade local, portanto é preciso evidenciar que “A escrita não é 
um produto escolar, mas sim um objetivo cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade”. 
(FERREIRO, 2010, p. 44). 
 
As crianças em seus primeiros anos escolares têm muitas idéias e concepções sobre leitura e 
escrita, que se originam no meio familiar, e nas interações do convívio social quando estes 
valorizam e incentivam a prática da leitura com as crianças, como, por exemplo, promovendo o 
contato com histórias, leituras de alguns materiais como, listra de compras, receitas entre outros. 
 
Se antigamente a preocupação era sobre qual o melhor método para ensinar a ler e escrever, 
após a constatação de que a criança constrói um conhecimento próprio de leitura e escrita, mesmo 
antes que lhe seja ensinada as regras, pois está inserida em um mundo letrado, participa e vivencia 
situações de leitura e escrita em diversos contextos. 
 
Esta linha de pensamento estudada por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, a psicogênese da 
língua escrita, redirecionou o foco da educação de como se ensina para como se aprende. Em suas 
pesquisas as autoras descrevem que a criança se apropria da língua escrita passando por diferentes 
estágios em que sozinha constrói condições para leitura e diferentes hipóteses sobre o sistema de 
escrita. 
 
No inicio do processo de alfabetização, as crianças em geral encontram-se no mesmo nível 
de conhecimento, noprimeiro período da evolução da escrita, no qual envolve noções de 
diferenciação entre o icônico e não Icônico, ou seja, desenhar é diferente de escrever, ela representa 
a escrita através de rabiscos. 
 
Na turma observada as crianças já superaram esta fase, diferenciam bem os desenhos das 
letras e números. A imagem que segue foi retirada do livro Reflexões sobre alfabetização de Emilia 
Ferreiro, neste trecho a pesquisadora promove um diálogo com uma criança de 4 (quatro) anos 
solicitando que desenhe uma casinha e em seguida solicita que escrevesse o nome. 
Imagem I – Desenho de uma casinha e o nome 
 
 Fonte: Ferreiro, 2010 
Comparando o exemplo acima, o trabalho da professora Marcilene Borges com a turma do 
primeiro ano costuma valorizar as produções espontâneas da criança, assim é possível acompanhar 
como está seu processo de amadurecimento sobre a língua escrita. Em sala de aula é frequente 
utilizar a literatura como forma lúdica e motivadora para posteriormente solicitar uma produção 
escrita. 
 
A professora levou para a sala um livro de história infantil e contou para a turma a história: 
A pequena sereia, em seguida distribuiu uma folha sulfite para cada aluno e solicitou que 
desenhassem a pequena sereia e colocassem o nome do desenho na folha. 
 
Imagem I – Representação por Desenho e Escrita da história: A pequena Sereia 
 
Fonte: Atividade de aluno do 1º ano do ensino fundamental 
 
Observando este desenho podemos considerar a seguinte produção escrita da criança: 
 
Solicitação da professora Reprodução da criança 
A Pequena Sereia APQACEIA 
 
A criança representa uma palavra para cada silaba, parece que está pulando letras mas faz 
parte do processo de construção do conhecimento. 
 
Vimos anteriormente na pesquisa bibliográfica que a criança passa por três fases principais 
na aquisição da língua escrita primeiro a distinção entre o modo de representação icônico e o não 
icônico; Segundo a construção de formas de diferenciação (controle progressivo das variações sobre 
os eixos qualitativo e quantitativo); e terceiro a fonetização de escrita (que se inicia com um período 
silábico e culmina no período alfabético). Assim o que se percebe é que esta criança já se encontra 
na fase silábica. 
 
A imagem a seguir trata-se de uma fotografia do caderno de uma criança, aluna do 1º ano do 
ensino fundamental. No dia da produção a professora realizou um ditado de 5 (cinco) palavras com 
os alunos. É importante aqui pontuar a preocupação da professora em reforçar com as crianças 
sobre a importância de escrever as palavras ditadas por ela e não apagar, pois posteriormente seria 
feita a correção na lousa e, é imprescindível que comparem sua produção com a escrita da palavra. 
 
Imagem II – Ditado 
 
Fonte: caderno de aluno do 1º ano do ensino fundamental 
 
Por esta produção percebemos a quantidade e a variedade de letras conforme citado no 
estudo Ferreiro e Teberosky (1999) ao lado esquerdo da imagem a criança escreveu segundo seus 
conhecimentos, ao lado esquerdo da figura foi copiado a correção feita na lousa pela professora. 
 
Como visto na pesquisa bibliográfica no segundo período aquisição da língua escrita pela 
criança, ela estabelece critérios para diferenciação da escrita, Quantidade e variedade de letras, ela 
considera que para que uma palavra possa ser lida é necessário um mínimo de 3 letras e que estas 
devem ser variadas. 
 
Em parte da pesquisa de Ferreiro (2010) solicita a uma criança de 6 anos e 2 meses de idade 
a escrita de alguns nomes: 
 
Solicitação da pesquisadora Reprodução da criança 
Coloque seu nome A E C D 
Escreva Vaca E A I C E 
Escreva Mosca O I A C E 
Escreva Borboleta Q I A E C 
Escreva Cavalo I A C A C 
 
No terceiro período da evolução escrita, a criança se inicia no período silábico e culmina no 
período alfabético. No período silábico os alunos compreendem que a escrita é a representação da 
fala, em suas produção eles estabelecem uma letra para cada emissão sonora, podendo alternar a 
variação da letra ou a quantidade, ora uma ora duas letras. Na escrita nos parece que a criança está 
desatenta, que se esqueceu de colocar as letras, mas faz parte do processo de construção do 
conhecimento. Na imagem que segue podemos observar claramente está fase. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem III – Auto Ditado 
 
Fonte: caderno de aluno do 1º ano do ensino fundamental 
 
Já no período alfabético a criança compreende que a escrita da palavra pode ser escrita em 
partes menores do que as silabas, entendendo deste modo o sistema de escrita, conforme veremos 
na imagem a seguir: 
 
Imagem IV – Auto Ditado 
Fonte: caderno de aluno do 1º ano do ensino fundamental 
 
4.4 Relatos da experiência da professora alfabetizadora 
 
O relato da professora regente na turma do 1º ano é de que do as crianças estão chegando ao 
primeiro ano escolar do ensino fundamental, cada vez mais avançadas em conhecimento sobre a 
língua escrita, ela relacionou esse fato a dois fatores, um o uso de tecnologia, o segundo seria 
estarem ingressando cedo na escola. 
 
Observando as produções escritas das crianças, com um olhar de quem procura algo, é 
possível perceber a quantidade de conhecimento ela possui, quando faz um rabisco, um desenho, 
algumas letras soltas não são meras tentativas ou imitações da escrita, mas sim um desenvolvimento 
intelectual que a criança esta construindo sobre a linguagem escrita, cabe ao professor então 
perceber dentre o vasto material pedagógico, atividades que contribuam com a o desenvolvimento 
da criança e que e ajudarem a avançar. 
 
 Segundo a professora cada detalhe é um passo importante no aprendizado, por exemplo, 
quando “finge” leitura se a criança localiza da esquerda para a direita, de cima para baixo, ou 
quando escreve é possível acompanhar seu desenvolvimento e perceber em que fase do aprendizado 
ela se encontra e trabalhar em cima disso. 
 Outro ponto significativo do trabalho com alfabetização é que não é uma missão exclusiva 
do professor em sala de aula, mas para o sucesso da aprendizagem do aluno deve se estabelecer 
parcerias entre o professor, a família e a escola, pois é esta é uma fase é muito importante e 
complexa na vida da criança. 
 
Na unidade escolar, assim como na sala de aula, todo o espaço precisa ser preparado a fim 
de tornar-se um ambiente alfabetizador, que produza acolhimento e motivação na criança. As 
mesinhas precisam ser de um tamanho adequado, a quantidade de alunos deve permitir que o 
professor consiga livremente prestar a merecida atenção a cada estudantes, acompanhando de perto 
suas necessidades e progressos. 
 
A professora informou ainda que já se sentiu muito cobrada pelos pais que esperam que os 
filhos levem tarefas para casa todos os dias, esperam impacientes por constatar que seu filho já está 
alfabetizado e algumas vezes culpam a professora quando fazem comparativos entre as crianças da 
mesma sala, os pais chegam a pensar que uma criança tem mais atenção que a outra e não 
consideram que cada um tem um ritmo diferente de aprendizado. 
 
A professora costuma trabalhar com as crianças pequenos textos com rimas fáceis, parlendas 
ou poemas infantis, e por valorizar também a produção espontânea da criança costuma ditar o texto. 
Certo dia uma mãe ao ver o caderno de sua filha constatou que havia várias palavras escritas 
“erradas” prontamente apagou todo o texto e pediu que a criança refizesse-o, e ainda acrescentou 
um recado que dizia: Boa tarde professora! Peço que, por favor, corrija as tarefas da minha filha 
quando ela escrever errado para que ela possa aprender a escrever corretamente. 
 
No entanto a professora explicou que não podemos frustrar a criança dizendo que a 
produção dela está errada, pois faz parte do seu processo de aprendizado, e para a criança trata-se de 
um grande passo, um grande feito e uma realização, o quea professora orienta é fazer pequenas 
intervenções individuais, questionando a criança sobre o som da palavra e o que ela escreveu e se 
daquela maneira não estaria faltando alguma coisa, ou seja, perguntas que a façam refletir e evoluir 
seu raciocínio. 
 
6. CONCLUSÃO 
 
O referido trabalho foi realizado com objetivo de investigar os desafios educacionais 
encontrados no processo de alfabetização e letramento nos anos iniciais do ensino fundamental, 
mais especificamente no primeiro ano. Através desta pesquisa foi possível pontuar que 
independente do método de ensino que o professor alfabetizador utiliza em suas aula, a criança em 
seu intimo se coloca várias condições que segundo ela são necessárias para que um texto possa ser 
compreendido. 
 
Essas condições fazem parte do processo de aquisição do conhecimento e nas práticas 
diárias de alfabetização e letramento a criança aprende, e desaprende, ou seja, no processo de 
construção ela faz, desfaz e refaz seu conhecimento até se chegar a um entendimento sobre a língua 
escrita. 
 
È um período de grande esforço intelectual para a criança, os seus registros por mais simples 
que possam parecer são valiosos marcos de que ela está se desenvolvendo. Para aqueles que 
desconhecem o processo de desenvolvimento intelectual da criança, que de modo geral seguem um 
mesmo padrão de raciocínio, como visto com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, pode até parecer 
rabiscos, mas para um professor alfabetizador são indícios de que ela esta aprendendo e se 
desenvolvendo. 
 
Ensinar uma criança a ler e escrever requer uma sensibilidade por parte do educador, pois 
sabendo dos avanços cognitivos que a criança realiza no processo de alfabetização é capaz de 
incentiva-la considerando cada produção, bem como orientar a família para que percebam o quanto 
o aluno está aprendendo e se desenvolvendo, de acordo com suas produções escritas. 
 
A família é um pilar de apoio muito importante, como também a escola o professor e o 
Estado, se todos estes envolvidos no processo educativo caminham em sintonia certamente a 
criança alcançará mais rapidamente o aprendizado esperado para aquele momento da vida dela, 
agora se alguma destas partes deixam de participar fica mais difícil, mais lento o processo. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC 3ª versão. Brasília, 
DF, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em 22 de novembro de 2018. 
 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 2001. 
 
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 
1999. 
 
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010. 
 
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo : Atlas, 2008. 
 
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. Edições Loyola, 2005. 
 
SOARES, Magda. Letramento: um tema de três gêneros. 3ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 
2009. 
 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf

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