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Trabalho Práticas Integradoras - Aborto

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Estudo de Caso - Aborto
Resumo da discussão embasada pelo caso prático e questões norteadoras
Neste caso, a violência contra a mulher é o elemento principal a ser implicado, pois o namorado da paciente é uma pessoa criminosa, perigosa e agressiva. Desta forma, a paciente está sob o constante risco de sofrer agressões do parceiro, e está sujeita a abortamentos induzidos por violência e exposta à violência sexual. O Brasil é o quinto país com maior índice de feminicídio, e o melhor índice para prever futuras agressões são ataques passados, o que torna futuros abortamentos incompletos infectados e hemorragias agudas um quadro clínico que provavelmente será repetido, caso não houver uma intervenção efetiva, visto que essa é a segunda gravidez indesejada onde isto acontece. 
Os profissionais de saúde deveriam, em tese, acionar a justiça, de modo a providenciar segurança para a adolescente e a sua família, lhe fornecendo asilo e proteção, pois a paciente está sofrendo de um quadro abusivo, onde o rompimento do relacionamento pode lhe tornar vulnerável a futuras agressões e mais ameaças de morte. Contudo, é uma situação complicada, dada a realidade das periferias do país, pois se o parceiro, que é traficante de drogas, for denunciado e subsequentemente encarcerado, seus comparsas poderiam efetuar algum tipo de vingança contra a vítima, que continuaria vivendo sob constante ameaça. 	
O abuso sofrido pela paciente é psicológico, físico, emocional, sexual, e é imprescindível raciocinar como certas medidas poderiam ter um efeito cascata e afetar a vida da jovem radicalmente. Por exemplo, conforme foi explicado anteriormente, se o parceiro fosse preso sob a Lei Maria da Penha e/ou por distribuição de drogas e porte de armas, isto iria gerar consequências que impossibilitaram a segurança e qualidade de vida da adolescente, que seria perseguida. 
Profissionais da saúde poderiam direcionar a jovem a um psicólogo gratuito, especializado em relacionamentos abusivos e luto (pois perdeu um bebê em duas ocasiões), para que isso amenize o trauma que sofreu e para lhe ajudar neste momento difícil, para que consiga recompor a sua saúde mental. A paciente deveria ser testada também para doenças sexualmente transmissíveis, caso tenha que receber tratamento para tais condições. Por último, mas não menos importante, uma profissional de saúde deveria conversar com a paciente sobre todos os métodos de contraceptivos disponíveis, para evitar futuros abortos. 
Além da violência contra a mulher, o caso prático trabalhado coloca em pauta uma questão ainda pouco discutida devido a muitos tabus culturais, morais, políticos e religiosos, porém de extrema relevância para a saúde pública e para a sociedade em geral, que são os direitos sexuais e reprodutivos. 
Os direitos sexuais e reprodutivos são normas que garantem o livre exercício da sexualidade e da reprodução, ou seja, garantias para que o indivíduo possa decidir de forma segura e sem preconceito sobre esses temas. Esses direitos devem ser assegurados a todos, inclusive à adolescentes e jovens, vez que são direitos humanos, garantidos a todas as pessoas, sem distinção. 
Contudo, apesar de estarem correlacionados, direitos sexuais e direitos reprodutivos não são a mesma coisa. Os direitos sexuais são aqueles que garantem a todo o indivíduo o livre exercício de sua sexualidade. Cada um tem o direito fazer o que quiser com seu corpo e de decidir com quem deseja se relacionar e isto e deve ser respeitado por todas as pessoas e instituições. As escolhas, orientações ou desejos sexuais de um indivíduo não podem justificar discriminações, sob pena de seus direitos sexuais estarem sendo violados. 
Já os direitos reprodutivos se relacionam a autonomia reprodutiva e ao acesso a informações e métodos contraceptivos. Insere-se nesta seara a decisão de ter ou não filhos, a decisão de usar ou não camisinha, entre outros. A violação destes direitos tem uma ressonância muito grande na vida das pessoas e sobre o corpo de mulheres e meninas. É garantido por lei, à todas as mulheres, a escolha de uso (e o acesso gratuito) de métodos contraceptivos, a contracepção de emergência (pílula do dia seguinte) e ao aborto legal. 
O aborto legal é garantido por lei quando a gravidez decorre de estupro ou oferece risco à vida da mãe. O Supremo Tribunal Federal também considera legal o aborto de feto anencefálico, à luz do princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Nos demais casos, no Brasil, o aborto é classificado como crime contra a vida. Contudo, vale lembrar que o profissional de saúde não é o representante da lei, mas, sim, o garantidor da saúde das pessoas e, deste modo, não deve exercer juízo de valor ao se deparar, em sua atividade profissional, com situações de abortamento. É justamente por isto que existe a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento: para guiar os profissionais no sentido de uma atenção humanizada, ética e garantidora dos direitos humanos das mulheres em situação de abortamento, independentemente de seus preceitos morais e religiosos. 
A norma referida fornece subsídios para que os profissionais possam oferecer um cuidado clínico imediato e adequado a cada tipo de abortamento (desde a escolha do procedimento até o manejo da dor), além de acolher e orientar (planejamento reprodutivo pós abortamento) a paciente. O acolhimento e a orientação são pontos fundamentais da norma, na medida que vislumbram uma perspectiva integralizada do atendimento, visto que um abortamento envolve uma experiência física, emocional e social para a mulher. 
A premissa do acolhimento de adolescentes e situação de abortamento deve ser fundamentada em 3 pilares: acolher, informar e orientar, e a atenção clínica ao abortamento, a considerar: 
•	Acolher: tratamento digno e respeitoso, a escuta (evitar julgamento), o recolhimento e a aceitação das diferenças, o respeito ao direito de decidir das mulheres e homens, assim como o acesso e a resolutividade da assistência. Visando sempre um atendimento humanizado e com empatia; 
•	Informar e orientar: passar informações que atendam a necessidades e perguntas, estabelecer uma comunicação efetiva (atentar para a comunicação não verbal), informar sobre os procedimentos, bem como são realizados, as condições clínicas da paciente; se necessário, orientar quanto a escolha contraceptiva; 
•	Atenção clínica ao abortamento: consiste na escola da técnica mais adequada à paciente, respeitando as suas condições físicas e psicológicas, assim como a sua decisão pessoal em relação à prática. Os métodos disponíveis devem ser igualmente oferecidos para que a paciente possa decidir. O objetivo em qualquer técnica utilizada é o alívio da dor, o conforto e o bem-estar da paciente. 
Do ponto de vista legal, é preciso o consentimento dos pais ou representante legal para a realização do aborto. Caso os pais não tivessem conhecimento do caso, é vedado ao médico, segundo o Código de Ética Médica, revelar segredo profissional referente ao paciente menor de idade – considerando as condições de capacidade do adolescente de avaliar o problema e conduzi-lo. 
No caso exposto, a paciente menor de idade deve ser acompanhada dos pais na tomada de decisão e realização do abortamento. Assim como um acompanhamento psicológico e orientação sexual. Por fim, cabe ressaltar, novamente, a necessidade de algumas medidas protetivas tendo em vista a postura do companheiro. 
 	O caso ainda toca num outro importante tema relativo aos direitos sexuais, reprodutivos e a seguridade da criança e do adolescente, que é gravidez na adolescência. 
A gravidez na adolescência é algo que ocorre em qualquer lugar do mundo, porém locais como a América Latina e África possuem a grande maioria desses casos devido suas condições de desigualdade social e pobreza. 
Como forma de criar políticas de combate a esse problema social e de saúde no Brasil, instituíram na data de 1º de fevereiro a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, conforme previsto na Lei nº 13.798/2019, acrescida ao Estatuto da Criançae do Adolescente (ECA). 
A carta compromisso tem como objetivo disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas para reduzir a incidência de gestação nessa fase da vida. Como mencionado anteriormente, contribuem para essa ocorrência fatores como a pobreza, inadequação de modelos de identificação oferecidos pela sociedade, o enaltecimento da mulher grávida, famílias disfuncionais e vulneráveis e o abuso de álcool e outras drogas. 
 As medidas preventivas propriamente ditas são: 
– Promoção da participação ativa e consciente de adolescentes na prevenção da gravidez na adolescência; 
– Disseminação de informações científicas e exatas sobre a saúde sexual; infecções que podem ser transmitidas; contracepção; enfrentamento da violência; 
– Promoção permanente de atividades com especialistas (palestras; oficinas; exibição de filmes; rodas de conversa) sobre gravidez na adolescência, para conscientização, nas unidades da administrativas; em Centros de Convivência; Centros de Juventude; escolas públicas e privadas e no sistema de saúde; 
– Garantia do acesso da adolescente que engravida precocemente à saúde, à assistência social, ao acompanhamento e aconselhamento psicológico e ao tratamento médico com dignidade; 
– Garantia de tratamento especial à estudante gestante e em fase de amamentação para evitar a evasão escolar; 
– Garantia da educação profissional, oferecendo percursos que conduzam à expectativa positiva de vida para adolescentes; 
– Garantia do desenvolvimento integral na adolescência, articulando família, escola e sociedade; Produção material informativo para disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas sobre gravidez na adolescência; 
– Promoção de cursos e atividades diversas sobre Gravidez na Adolescência; medidas preventivas e educativas para a capacitação de servidores e da sociedade civil; 
– Mapeamento da realidade dos adolescentes de nossa comunidade, que engravidam sem intenção para elaboração de políticas pontuais; 
– Mobilização e articulação sistemática dos Conselhos Tutelares e de toda a comunidade para que conheçam e disseminem informações sobre medidas preventivas e educativas para redução dos índices de gravidez na adolescência; 
– Promover o amparo a meninas que engravidam precocemente auxiliando na construção de novos horizontes sob a perspectiva da vivência da maternidade 
Essas medidas são um trabalho conjunto de órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), liderado pela Subsecretaria de Políticas para Crianças e Adolescentes. 
Tendo todos estes aspectos em vista, podemos perceber que este caso converge com as nossas disciplinas no aspecto que devemos ter uma visão mais holística dos pacientes, pois devemos levar em consideração todos os aspectos da vida do paciente, para assim, poder tratá-lo da melhor forma possível e encaminhá-los para os setores responsáveis na lida dos fatos apresentados. Isto porque o caso retratou uma adolescente que sofreu um aborto, sendo que já havia sofrido outro aborto, o qual foi provocado pelo companheiro abusivo dela. Entende-se essa problemática como uma questão de saúde pública que deve ser resolvido, pois pela atual Constituição é crime esse tipo ato, uma vez que a lei brasileira proíbe esse tipo ação, sendo permitido só em casos de estupro, bebês com anencefalia ou gestação que traga riscos à saúde da mãe. 
Esse fato contribuiu para mostrar que nós devemos ficar mais atentos aos fatos apresentados pelo paciente, para, assim, entender o que realmente está acontecendo na vida do dele. Assim como a de nós auxiliar a ampliar a nossa mente na nossa formação profissional como futuros médicos, pois devemos agir de maneira ética e respeitosa com todos os pacientes, de forma a garantir todos os pilares do abortamento seja feito de forma correta, quando houver a necessidade de realizar esse procedimento. 
Essa problemática proporcionou a entender o quanto é importante ter uma escuta mais ativa no momento da análise clínica, para que nenhum detalhe passe despercebido, para que possamos conversar o paciente da melhor forma possível e acolhê-lo em suas dores não físicas também. 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_abortamento.pdf 
https://antigo.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46276-prevencao-de-gravidez-na-adolescencia-e-tema-de-campanha-nacional 
https://www.google.com/amp/s/www.agenciabrasilia.df.gov.br/2019/02/07/gdf-propoe-acoes-para-prevenir-gravidez-na-adolescencia/amp/

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