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AULA 5: DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS EM CÃES E GATOS GLÂNDULA ADRENAL Caracterizado pelo aumento de cortisol (Hiperadrenocorticismo) Necessita de exames específicos ADRENAL Localizadas no polo cranial dos rins Córtex (mineralocorticoides e Glicocorticóides) Zona Glomerular (aldosterona) – (importante em hipoadrenocorticismo) Zona Fasciculada (Cortisol) – (importante em Hiperadrenocorticismo) Zona Reticular (H. sexuais) – produz precursores de hormônios sexuais Medular (Catecolaminas) → Suspeita de feocromocitoma: sinais de hipertensão, no tratamento com anti-hipertensivos o animal não responde REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE GLICOCORTICÓIDES Teste de supressão com dexametasona: excesso de cortisol exógeno realiza o feedback negativo suprimindo a hipófise e fazendo com que a hipófise produza menos cortisol HIPERADRENOCORTICISMO (SÍNDROME DE CUSHING) Excessiva produção ou administração de glicocorticoides Comum em cães e raro em gatos Cães de meia idade a idosos (2 a 16 anos) Raças: Boxer, Poodle, Pinscher, Teckel, Labrador, Golden Retriever) CLASSIFICAÇÃO Hipófise-dependente (↑ ACTH) – hiperplasia benigna de hipófise são mais comuns em casos de Hiperadrenocorticismo Adrenal-dependente (↑ Cortisol) Iatrogênico (↑ cortisol exógeno) FISIOPATOGENIA Hipófise-dependente Principal apresentação em cães (80% - 85%) Secreção exagerada de ACTH Causas: hiperplasia ou tumor de hipófise Hiperplasia bilateral da adrenal Adrenal-dependente Neoplasias adrenocorticais secretoras de cortisol (uni ou bilaterais) Atrofia da adrenal contralateral Iatrogênico Administração exógena em excesso de cortisol Atrofia bilateral das adrenais Retirada abrupta de corticoides causa hipoadrenocorticismo (a glândula atrofiada não produz nada) SINAIS CLÍNICOS Poliúria, polidipsia, polifagia Alopecia simétrica bilateral Pele fina e hipotônica Calcinose cutânea (nódulos firmes na pele – deposição de cálcio na pele), fraqueza muscular, distensão abdominal (em barril), distúrbios reprodutivos (fêmea – cio espaçado, macho – desinteresse sexual) Falso ganho de peso Hepatomegalia (causada por excesso de ácidos graxos para serem processados e hepatopatia por esteroides) Telangectasia (vasos sanguíneos aparentes) DIAGNÓSTICO Resenha + anamnese + exame físico Exames complementares (exames laboratoriais, exames por imagem, testes endócrinos) Exames laboratoriais Hemograma de stress (Leucograma de stress – leucocitose) (neutrofilia, linfopenia, monocitose e eosinopenia) Atividade das enzimas hepáticas ALT e FA (principalmente FA) Colesterol e triglicérides (aumento do colesterol é mais expressivo) Hiperglicemia e glicosúria (pacientes com diabetes secundária ao Hiperadrenocorticismo) Exames por imagem Radiografia (hepatomegalia, massa em região de adrenais, calcificação da adrenal, acúmulo de gordura abdominal) Ultrassonografia (hiperplasia adrenal bilateral, tumor em adrenal com glândula contralateral normal ou não identificável) Ressonância magnética Tomografia Testes endócrinos Teste de supressão com dexametasona Baixa dose (0,01mg/kg IV) (confirma o diagnóstico de HAC) Teste de supressão com dose baixa de Dexametasona Jejum alimentar (lipemia pode interferir no resultado) de 8h antes do teste, retirar uma amostra de sangue para obter um valor basal de cortisol e no soro verificar se está lipêmico. Animal canulado e por via IV, realizar 0,01mg/kg de dexametasona, após 4h coletar uma amostra de sangue e após 4h (8h após o início do teste) coletar outra amostra de sangue. No animal saudável o excesso de cortisol realiza o feedback negativo e suprime a hipófise na produção de ACTH, no animal com HAC a dosagem basal já vai encontrar-se alta e mesmo com a aplicação de corticoide em excesso não há supressão nenhuma do eixo ou todos os valores encontrados estarão acima da normalidade Outros testes endócrinos Concentração de ACTH endógeno TA x HDP – diagnóstico estabelecido TRATAMENTO Conhecer a causa do HAC é ideal para se estabelecer o tratamento Discutir com o proprietário sobre opções cirúrgicas e clínicas Alertar sobre os riscos que o tratamento apresenta Hipófise-dependente Mitotano (Lisodren) Efeito: destruição do córtex da adrenal (citotoxicidade) Reações adversas: deficiência de glicocorticóides (hipoadreno) e vômitos Realizado em duas fases: indução e manutenção Fase de indução 25 mg/kg BID/PO/ 7 a 10 dias, reavaliar o animal, instrução do proprietário Fase de manutenção 50 mg/kg/ por semana, reavaliar a cada 3 a 6 meses Cetoconazol (5mg/kg/BID/7 dias (crescente) – 30mg/kg/dia Baixa eficácia e muitos efeitos adversos L-Deprenil (interfere na síntese de ACTH) Trilostane (interfere na síntese de cortisol barrando as enzimas que fazem parte da cascata de produção do cortisol) (disponibilidade x custo) – 2- 6mg/kg/SID → mais utilizado para o tratamento Adrenal-dependente Cirúrgico (adrenalectomia unilateral – tumor) Suplementação com glicocorticóides (hidrocortisona 1-2mg/kg/IV) (7 a 10 dias) Medicamentoso: mitotano e trilostane COMPLICAÇÕES Diabetes melitus Hipoadrenocorticismo PROGNÓSTICO Sobrevida média de 3 anos Hipófise-dependente: bom a reservado, Adrenal-dependente: adenomas - favorável, carcinomas - desfavorável Dependente de complicações secundárias HIPOADRENOCORTICISMO (SÍNDROME DE ADDISON) Síndrome resultante da deficiência da secreção de glicocorticóides e/ou mineralocorticoides (aldosterona) Diagnóstico subestimado (confusão com IR – sinais clínicos e laboratoriais similares) Menos frequente que hiperadrenocorticismo Raro em gatos Cães de 2 a 7 anos CLASSIFICAÇÃO Primário (síndrome de Addison) Atrofia ou destruição do córtex da adrenal Deficiência tanto de glico como de mineralo Insuficiência adrenal secundária Deficiência de ACTH Iatrogênico FISIOPATOGENIA Aldosterona (função: equilibrar a PA através da retenção de sódio e secundariamente de líquido e elimina potássio) Animal doente: distúrbio hidroeletrolítico: elimina sódio e consequentemente água (desidratação) e retém potássio Deficiência de mineralocorticoides Perda de Na, Cl, água e retenção de K e H+ → hipovolemia ↓ Perfusão tecidual, ↓ TGF (taxa de filtração glomerular) → azotemia pré renal e acidose Hipercalemia: fraqueza muscular (tremor muscular, dificuldade de sustentação), fibrilação atrial e parada cardíaca Deficiência de glicocorticóides Letargia, fraqueza, sinais gastrintestinais como anorexia, vômito, diarreia, dor abdominal O animal tende a melhorar só de colocar na fluidoterapia DIAGNÓSTICO História clínica Sinais vagos e inespecíficos Depressão, perda de peso, anorexia, vômito e diarreia, polidipsia e poliúria Exame clínico Desidratação, depressão, melena (falta de cortisol leva a uma falta de manutenção das células intestinais levando a um quadro de sangramento), hipotermia (35,5 - 36°C), pulso fraco, dor abdominal, choque e bradicardia (entre 40-50bpm) Exames laboratoriais Hemograma: Ht alto Alterações eletrolíticas Provoca alterações em todos os eletrólitos: hiponatremia, hipocloremia, hipercalemia Em pacientes saudáveis a relação sódio:potássio (Na/K) é >27, nos animais com hipoadreno a relação tende a cair <27, abaixo de 23 dá quase certeza de um quadro de hipoadrenocorticismo Confirmação da suspeita clínica necessita de um teste de estimulação da ACTH Função renal: ↑ uréia e creatinina, densidade urinária <1.030 ECG (aumento da onda T, fibrilação atrial – falta a onda P) DIAGNÓSTICO DEFINITIVO Teste de estimulação pelo ACTH Jejum de 8h para evitar lipemia, colheita de amostra de sangue no início para dosar o cortisol basal, aplicação de 0,25mg IV,IM de ACTH sintético, após 1h colher sangue novamente e dosar o cortisol Animal saudável: estimulação – ocorre aumento do cortisol Animal com hipoadreno: não acontece nada, sem estímulo TRATAMENTO Crise addsoniana aguda Terapia emergencial Reposição de líquidos: solução salina a 0,9% por via IV Reposição de glicocorticoides Hemisuccinato ou fosfato de hidrocortisona 1 a 2mg/kg/IV lento (tratamento até o animal parar de vomitar) Animal chocado 50mg/kg (única administração) Dexametasona 0,25 a 1mg/kg/IV Melhora temperatura, batimentos cardíacos, hidratação Animais chegam com hipoglicemia por causa do vômito Glicose Reposição de mineralocorticoides Acetato de fludrocortisona 0,01 a 0,02 mg/kg/dia VO Hemisuccinato ou fosfato de hidrocortisona 1 a 2 mg/kg/IV lento até o animal parar de vomitar Correção da acidose Suplementação adequada de bicarbonato (1 a 2 mEq/kg) Terapia de manutenção Prednisona: 0,5 a 1 mg/kg dividida em duas doses Redução de 50% da dose por semana Reposição de mineralocorticoides Acetato de fludrocortisona: 0,01 – 0,02 mg/kg/dia PROGNÓSTICO Depende da causa de base Reposição por toda a vida Situações de stress (não tem de onde tirar cortisol além do que é administrado na terapia, o animal pode entrar em crise e vir a óbito – em casos onde vai acontecer uma situação de stress aumentar a dose (dobro da dose) de 3-4 dias antes e manter 3-4 dias depois da situação) Corre risco de desenvolver LRA (lesão renal aguda)
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