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AULA 6 DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS EM CÃES E GATOS GLÂNDULA TIREOIDE TIREOIDE Glândula bilobulada localizada na região cervical média Os dois lóbulos são ligados por um istmo e ligadas diretamente a grandes vasos e a cartilagem da traqueia FISIOLOGIA E METABOLISMO Hormônios da tireoide T3 e T4 São aminoácidos que contem iodo sintetizados na glândula tireoide Todo o t4 circulante é derivado na tireóide +/- 80% do t3 circulante → monodeionização periférica do T4 (fígado, rim e músculo) +/- 20% de t3 produzido pela tireoide 99,96% T4 e 95,5% T3 circulantes → ligados a proteínas globulina, pré-albumina, albumina Somente a fração livre é considerada biologicamente ativa Regulação das concentrações de hormônios tireoidianos TSH → hormônio estimulante da tireoide (tireotropina) TRH → hormônio liberador de TSH T3 E T4 – FUNÇÕES Metabolismo e do consumo de O2 em quase todos os tecidos Inotropismo positivo do coração (em concentrações ideais o hormônio tireoidiano ajuda o coração a manter sua força de contração) Em casos de hipotireoidismo o coração fica flácido e secundariamente causa miocardiopatia dilatada (causa arritmia – fibrilação atrial) e consequentemente ICC Em casos de hipertireoidismo o coração fica muito forte e secundariamente causa cardiomiopatia hipertrófica (gatos) Catabolismo (músculo e gordura) Hipertireoidismo: catabolismo alto → animal tende a emagrecer Hipotireoidismo: catabolismo baixo → tende a engordar e dificuldade em perder peso Eritropoese (hormônio tireoidiano estimula a medula óssea) Hipotireoidismo: perde estimulo → tende a anemia Síntese x degradação de colesterol Hipotireoidismo: tende a altas concentrações de gorduras circulantes (animal que apresenta lipemia mesmo em jejum) Crescimento SN x esquelético HIPOTIREOIDISMO É o resultado de diminuição da produção da tiroxina t4 e triiodotironina t3 pela glândula tireoide CLASSIFICAÇÃO ETIOLOGIA – PRIMÁRIO A maioria dos casos adquiridos são devido tireoidite linfocítica ou atrofia idiopática Ocasionalmente, acometimento bilateral pode ocorrer nos casos de neoplasia, tanto primaria como secundarias metastáticas (+ que 75% do parênquima acometido) Etiologia secundário x terciário Idade: 4 a 8 anos Cães de grande porte e raças puras (Golden Retriever, dobermann, Cocker, boxer...) Fêmeas e machos castrados SINAIS CLÍNICOS Vagos e inespecíficos Alterações dermatológicas Letargia Intolerância ao exercício e ao frio Ganho de peso (catabolismo prejudicado) Atrofia epidérmica, queratinização anormal por redução da síntese proteica, redução da atividade mitótica e do consumo de O2 ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS Piodermites recorrentes Supressão reações imuno-humorais Alteração da função neutrofílica, de célula B e T Otites recorrentes Pele ressecada, alteração da coloração ou de qualidade do pelame, alopecia (cauda de rato), seborreia, piodermite superficial, Hiperqueratose, hiperpigmentação, otite ceruminosa, dificuldade de cicatrização e mixedema (face trágica – acúmulo de gordura no rosto) ALTERAÇÕES REPRODUTIVAS Nas fêmeas: diminuição da libido, cio silencioso, infertilidade, abortos espontâneos, aumento no intervalo entre cios, fetos menores, inercia uterina e recém-nascidos fracos ou natimortos Nos machos: diminuição da libido, atrofia testicular, hipospermia e azoospermia ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS Polineuropatia → intolerância ao exercício, fraqueza, ataxia, tetraparesia ou paralisia e diminuição dos reflexos espinhais Doença vestibular → head tilt, nistagmo, ataxia, andar em círculos e estrabismo ALTERAÇÕES LABORATORIAIS Anemia não regenerativa moderada pode ocorrer em 30% dos casos Hipercolesterolemia em jejum → 70% Hipertrigliceridemia DIAGNÓSTICO Concentrações basais dos hormônios tireoidianos T4 total x T4 livre T3 total x T3 livre T4 total ↓ sugere, mas não é específico para o diagnóstico Pode estar diminuído nos casos de algumas doenças ou ser secundário a terapia com algumas drogas T4 livre Não ligado as proteínas plasmáticas Uma concentração baixa de T4 livre em um paciente com sinais compatíveis indica hipotireoidismo T3 total Não é recomendado para diagnóstico Concentrações de tireotrofina (TSH) Avaliação em conjunto com os valores basais de T4 livre TSH ↑ + T4 livre ↓ = hipotireoidismo Teste de estimulação com TSH Teste de estimulação com TRH Custo x disponibilidade TRATAMENTO Levotiroxina sódica (T4 sintético) – tratamento de escolha Puran®, Synthroid® Dose inicial é de 0,02mg/kg/dia divididos em 2x ao dia Ajustes na dose devem ser feitos de acordo com a resposta clínica do animal Tratamento vitalício MONITORIZAÇÃO Alerta mental e os níveis de atividade aumentam após 1-2 semanas após o início do tratamento Anormalidades dermatológicas e neurológicas → 1 a 4 meses Se não ocorrer melhora clínica em 3 meses de tratamento reconsidere o diagnóstico SÍNDROME DO EUTIREOIDEO DOENTE Supressão dos hormônios da tireoide → enfermidade concomitante Adaptação do organismo → ↓metabolismo celular → períodos de enfermidade Quanto mais grave a doença, maior o efeito de supressão na concentração de hormônio na tireoide Contraindicado Levotiroxina HIPERTIREOIDISMO (Tireotoxicose) Caracterizado por um metabolismo global elevado, prolongado e patológico, causado por concentrações circulantes elevadas de hormônios tireoidianos Comum em gatos e raro em cães Idade: adultos a idosos Etiologia: hiperplasias ou tumores secretores de hormônios tireoidianos FISIOPATOLOGIA 98% dos casos → hiperplasia adenomatosa benigna (adenoma) Adenomas → secretam de forma autônoma T4 Carcinoma tireoidiano → causa rara SINAIS CLÍNICOS Doença multissistêmica: refletem o aumento global no metabolismo Sistema cardiovascular: hipertrofia miocárdica e hipertensão Sistema gastrointestinal: desnutrição celular crônica, diminuição do período de transito gastrointestinal, absorção inadequada (gatos com diarreia crônica) Alterações renais: ↑TGF pode mascarar uma insuficiência renal crônica Anamnese: perda de peso, polifagia, vomito, diarreia, polidipsia, agressividade, taquipneia, hiperatividade, dispneia, alterações neurológicas EXAME FÍSICO Glândula tireoide aumentada – 70% dos pacientes são aferrados bilateralmente Condição corporal ruim Sopros cardíacos, taquicardia, ritmo de galope Aparência descuidada DIAGNÓSTICO Anamnese + exame físico + exames complementares → massas palpáveis ACHADOS LABORATORIAIS Hemograma Leucocitose (Leucograma de estresse) Perfil bioquímico - ↑ALT – comum IMAGEM Raio X e ecocardiograma: hipertrofia miocárdica CONCENTRAÇÕES DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS CIRCULANTES T4 total: elevado confirma o diagnóstico de hipertireoidismo (90- 98%) T4 livre: reflete mais precisamente o status secretor da glândula tireoide verdadeiro, porem pode haver falsos positivos (6-12%) TRATAMENTO MÉDICO Metimazol (Tapazol ®) 2,5mg/BID (7-10 dias); 5mg/2,5mg; 5mg/BID - Inibe as reações da síntese dos hormônios da tireoide - Efeito colateral: anorexia, vômitos, trombocitopenia e hepatopatias - Reavaliação clinico-laboratorial a cada 2-3 semanas por pelo menos 3 meses, depois reajustar a dose de acordo com as concentrações de T4 Drogas betabloqueadoras – terapia cardiovascular Iodo radioativo - Destrói somente hiperfuncional - Instituições com aprovação TRATAMENTO CIRÚRGICO Tireoidectomia unilateral ou bilateral Reposição hormonal
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