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ACIDOSE METABÓLICA BOVINA 1. Compreender a etiopatogenia da acidose metabólica bovina pós-parto. A acidose metabólica em bovinos, surge de 3 a 6 semanas após o parto, antes e durante o pico de lactação. É uma doença que acomete os ruminantes em consequência do desequilíbrio energético. Caracteriza-se pela elevação anormal de corpos cetônicos: ácido acetoacético (AcAc), acetona e ácido β-hidroxibutírico (BHB) nos tecidos, fluidos corporais (leite, urina e sangue) e ar expirado. Isso ocorre devido a um aumento no plasma sanguíneo de ácidos graxos não esterificados (AGNE) ou também chamados ácidos graxos livres (AGL), pela mobilização excessiva da gordura corporal em ruminantes de alta produção com déficits energéticos, e, por uma diminuição da glicose sanguínea. Quando a produção de corpos cetônicos excede o seu uso por parte dos músculos e tecidos como fonte alternativa de energia, estabelece-se a cetose. 2. Identificar os sinais clínicos induzidos pela cetose bovina. ● perda gradual da condição corporal, que pode ocorrer durante vários dias ou mesmo semanas; ● pequena diminuição da produção de leite 2 a 4 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos mais óbvios; ● diminuição súbita da produção de leite; ● cheiro doce a cetona na urina e no leite; ● anorexia seletiva: primeiro das rações e farinhas, depois das silagens e por último das forragens; ● perda de condição corporal mais acentuada; ● caquexia em vacas cujo processo se arrasta por um longo período; ● temperatura normal; ● frequência respiratória normal; ● frequência cardíaca normal; ● fezes apresentam consistência mais firme e seca, com uma aparência lustrosa; ● movimentos ruminais podem estar normais, ou diminuídos se a anorexia estiver ocorrendo há mais dias; ● pelagem apresenta aspecto seco, com presença de piloereção; ● animais em estágio mais avançado da doença, apresentam-se fracos, com depressão moderada e relutância ao movimento; ● sinais nervosos como cegueira e andar cambaleante podem ocorrer por curtos períodos de tempo. 3. Descrever os exames laboratoriais (hemograma, urinálise e bioquímicos) associados aos sinais clínicos. HEMOGRAMA: Na cetose clínica, a concentração de glicose sanguínea é menor que 25 mg/dL (1,4 mmol/L), podendo ir no entanto dos 20 aos 40 mg/dL (1,12-2,24 mmol/L). Os níveis de cetonas são maiores que 30 mg/dL (5 mmol/L) no sangue. O glicerol plasmático encontra-se elevado, tal como os níveis de AGNE. Devido ao papel fundamental do fígado no metabolismo energético, nesta patologia podemos encontrar aumento de enzimas hepáticas e alterações nos testes da função hepática, os níveis de AST sérico e de SDH podem estar aumentados em muitos casos. Os valores de ácidos biliares estão também correlacionados com o dano hepático. O cálcio e magnésio séricos podem estar ligeiramente diminuídos nos animais anoréticos. Nas cetoses os níveis de cortisol estão entre os valores normais, já os níveis de insulina estão elevados no início da patologia, mas vão diminuindo à medida que o animal diminui a ingestão de alimento. URINÁLISE E BIOQUÍMICO: Em geral, a cetose caracteriza-se por hipoglicemia, hipercetonemia e presença de corpos cetônicos no leite e urina. O nível de cetonas são 84 mg/dL (14 mmol/L) na urina e 10 mg/dL (1,75 mmol/L) no leite. 4. Compreender as principais formas de diagnóstico definitivo. ● O diagnóstico de cetose clínica é feito com base na história clínica e analítica: animais com histórico de súbita queda na produção de leite antes das 8 semanas de lactação, com perda de peso e recusa de ingestão de concentrado, e com valores normais de temperatura, pulso e respiração, com presença de acetona, AcAc e BHB no sangue, urina e leite. Alguns clínicos conseguem distinguir o cheiro de acetona na respiração e no leite, sendo muitas vezes no campo, esse, em conjunto com o histórico e a ausência de outras patologias, o único método disponível para o diagnóstico desta patologia; ● O diagnóstico pode ser confirmado através da análise de glicose e dos ácidos graxos livres no sangue, e dos corpos cetônicos no leite, sangue e urina. A concentração desses corpos cetônicos aumenta no sangue e na urina. Concomitantemente, os valores de glicemia estão baixos e os de ureia elevados. A AST e a GGT têm atividade plasmática aumentada, sugerindo dano hepático; ● Um exame físico completo e atento é necessário para descartar a presença de outras doenças, ou seja, para diagnosticar se estamos diante de uma cetose primária ou secundária; ● O diagnóstico final da cetose pode ser confirmado com uma reação positiva dos testes rápidos disponíveis ou então, caso estes não sejam conclusivos, podemos recorrer à análise dos níveis sanguíneos de glicose e cetonas. Existem vários tipos de reagentes para a detecção de cetonas no sangue, urina e leite, que são usados nos testes disponíveis no mercado. Muitos deles só detectam a presença de AcAc, não reagindo na presença de acetona e BHB, pelo que a escolha deve recair nos testes que detectam pelo menos os dois primeiros compostos. (Ex: Rothera).
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