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AULA 9: CINOMOSE, ENCEFALITE, MENINGOENCEFALITE GRANULOMATOSA, MIASTENIA GRAVIS CINOMOSE Comum em épocas secas (outono/inverno) Causa destruição da bainha de mielina dos neurônios Etiologia RNA vírus, envelopado Paramyxoviridae Morbillivirus Inclusões intracelulares (conhecida como corpúsculo de Lentz) Patogenia Via de ingresso: respiratória, via digestiva e via conjuntival Eliminação viral: 7 dias pós exposição até 60-90 dias pós recuperação (todas as excreções corpóreas) Sinais Virulência da cepa Idade do hospedeiro Estado imune do hospedeiro (animais que não recebem anticorpos maternos) Condições ambientais Período de incubação: 1 a 4 semanas Infecção severa e generalizada: Forma mais comum Cães não vacinados de 12 a 16 semanas que perderam imunidade materna Filhotes mais jovens que receberam concentrações inadequadas de anticorpos O vírus tem tropismo por epitélio Sinais Secreção ocular (Ceratoconjuntivite seca) e nasal serosa ou mucopurulenta Tosse seca ou produtiva Dispneia (vírus causa broncopneumonia) Depressão, anorexia Emese e diarreia de fluida a mucosa, podendo ser sanguinolenta Emagrecimento, desidratação Corioretinite (inflamação inclusive da retina) Ceratoconjuntivite seca Úlceras de córnea Neurite óptica (envolvimento do nervo óptico) Dilatação da pupila, cegueira Impetigo (dermatite pustular) – pele do abdome cheia de pústulas, relacionada diretamente com imunossupressão Hiperqueratose digital (proliferação irregular das células do coxim) Hipoplasia do esmalte dentário (desenvolvimento dos dentes permanentes) Anosmia (perda total do olfato) Encefalite aguda ou crônica ENCEFALITE Hospedeiro: idade, imunocompetência Vírus Propriedades neurotrópicas (tropismo para o tecido nervoso) Propriedades imunossupressivas (tropismo maior por tecido linfoide) Encefalite dos cães jovens Encefalite multifocal dos cães adultos Encefalite dos cães idosos ENCEFALITE DOS CÃES JOVENS Forma mais comum Presença de sintomas sistêmicos Distribuição multifocal das lesões Alterações inflamatórias mínimas Imaturidade do sistema imune, imunossupressão provocada pelo vírus Sintomas 1 a 3 semanas após recuperação da doença sistêmica Vocalização (involuntária) Convulsões (goma de mascar) Alterações comportamentais (depressão e desorientação) Incoordenação motora, hipermetria, queda, nistagmo, tremor de intenção Paraparesia, paraplegia, tetraplegia Mioclonias ENCEFALITE CRÔNICA DOS CÃES ADULTOS Ausência de sintomas sistêmicos Histórico de vacinação adequada Necrose multifocal Tronco encefálico e medula (sem alterações corticais) Paraparesia, tetraplegia Incoordenação motora, queda, nistagmo, head tilt, paralisia facial Ausência de convulsões e de mioclonias, estado mental normal ENCEFALITE DOS CÃES IDOSOS Cães com mais de 6 anos Ausência de sinais sistêmicos Esclerose difusa Córtex cerebral e tronco encefálico superior (cerebelo é poupado) Dificuldade visual, andar em círculos Depressão mental progressiva, alterações de personalidade, ausência de resposta a estímulos externos Convulsão e mioclonias ENCEFALITE PÓS VACINAL Animais jovens, menos de 6 meses Ocorrência rara Vacinas de vírus atenuados (atenuação insuficiente, imunossupressão) Sintomas 1 a 2 semanas pós vacinação Anorexia, depressão, leve hipertermia Incoordenação motora, dificuldade visual, convulsões Alterações comportamentais (raiva, ataque a outros animais e proprietários) Diagnóstico Hemograma: inespecífico Linfopenia, trombocitopenia Presença de corpúsculos de inclusão (Lentz) Viremia (fase aguda da doença) Linfócitos, neutrófilos, monócitos, eritrócitos, plaquetas, liquor, urina Swabs de conjuntiva, mucosa prepucial, mucosa vulvar, lavados traqueais, células de sedimento urinário Líquido cefalorraquidiano (coleta em adultos): inespecíficos, pleocitose linfocítica (infiltrado inflamatório de origem linfoide), proteínas elevadas Detecção de anticorpos (sorologia) Cães jovens geralmente não desenvolvem anticorpos séricos Cães adultos com encefalite crônica desenvolvem anticorpos séricos, mas já foram vacinados PCR (útil na fase aguda → fase de viremia/ coleta de 0,5mL - 1mL) Isolamento viral Tratamento Antibioticoterapia (que ultrapassem a barreira hematoencefálica) Fluidoterapia Anticonvulsivantes Vitaminas do complexo B Glicocorticóides: prednisolona (animais com encefalite aguda – reduzir a chance de progressão da encefalite) 2mg/kg BID / 15 dias 2mg/kg SID / 15 dias 1mg/kg SID / 15 dias 0,5mg/kg SID / 15 dias 0,5mg/kg/ dias alternados / 15 dias 0,25mg/kg/ dias alternados/ 15 dias Sulfa-trimetoprim: 30mg/kg BID/ 15 dias – pode ser VO se o animal não estiver vomitando Potencial nefrotóxico: não fazer em animais desidratados MENINGOENCEFALITE GRANULOMATOSA (MEG) Sinonímia: Reticulose Distúrbio idiopático do SNC (não tem agente infeccioso) Denso acúmulo de células inflamatórias ao redor de vasos formando granulomas Forma disseminada: doença aguda e progressiva, com morte geralmente em 1 a 3 semanas (síndrome multifocal) Acomete todo SNC, principalmente substância branca do cérebro, cerebelo, porção caudal do tronco, segmentos medulares cervicais Forma localizada: doença crônica, com progressão de 3 a 6 meses Acomete uma única massa granulomatosa e pequenas lesões disseminadas, substância branca do cérebro ou tronco Sintomas Ataxia Para ou tetraparesia Alterações comportamentais Andar em círculos Paralisia facial e/ou trigêmeo Déficit visual, reflexos pupilares diminuídos Sinais vestibulares: head tilt, nistagmo Convulsões Diagnóstico Hemograma: normal (Leucograma inflamatório na forma disseminada) Liquor: aumento nos níveis de proteína, pleocitose mononuclear (infiltrado inflamatório mononuclear, às vezes neutrofílica), celularidade normal Exame histopatológico do SNC (biópsia ou necropsia) Exclusão de outras causas Tratamento Prednisona: 1 a 2mg/kg SID até remissão temporária dos sintomas Azatioprima: pacientes que não respondem bem aos corticosteroides Radiação (forma localizada) DOENÇAS DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR MIASTENIA GRAVIS Cães: congênita e adquirida Gatos: adquirida Cursa com paralisia flácida → animal sem tônus muscular Na forma congênita o animal nasce sem os receptores de acetilcolina e na forma adquirida o organismo cria anticorpos contra os receptores de acetilcolina Forma adquirida Doença de base imunológica que envolve receptores de acetilcolina nos músculos Anticorpos circulantes anti-receptores de acetilcolina que destroem a junção neuromuscular Predisposição: raças grandes (Pastor Alemão), animais adultos Associação com timomas (tumor do timo – excesso de linfócitos) Sintomas Fraqueza muscular severa, principalmente membros torácicos Diminuição da tolerância a exercícios Dificuldade para latir, apreender alimentos e deglutir Regurgitação (megaesôfago idiopático adquirido) Crise miastênica: melhora com repouso, piora com exercícios Reflexos medulares diminuídos Diagnóstico Tensilon – cloreto de edrofrônio (anticolinesterásico) – 0,1 a 0,5mg IM (resposta em 1 a 2 minutos) → medicação que permite a não degradação da acetilcolina, sobra acetilcolina EMG (eletromiografia – avaliação do grau de contração muscular) Tratamento Anticolinesterásico de longa duração: Brometo de neostigmina: 0,5mg/kg TID (início do tratamento) Corticosteroides em doses imunossupressivas Timectomia Prognóstico: bom Forma congênita Hereditária Redução do número de receptoresde acetilcolina Não existem anticorpos anti-receptores Início dos sintomas com 6 a 8 semanas de idade Disfagia e dificuldade de manter a cabeça elevada Prognóstico: pobre, sobrevida de no máximo 2 anos Morte por insuficiência respiratória
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