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Epidemiologia • Pode atingir 90% da população; • 25% tem crises incapacitantes; • 4% com cefaleia crônica e diária. Classificação • Primárias (a dor é a própria doença) e secundárias (existe outra causa para a dor); • Agudas e crônicas; Sinais de alarme É necessário fazer uma boa investigação para confirmar se o paciente não apresenta uma meningite, uma neoplasia de SNC ou algum outro tipo de encefalite (fúngicas, virais). Podem ocorrer as vasculites de SNC também. • Aumento da frequência e intensidade; • Associação com vertigem ou incoordenação (é possível que essa dor não esteja sozinha, talvez tenha alguma lesão de território posterior, como no cerebelo, que estejam causando a dor > pode ser aumento da PIC ou lesão cérebro-vascular, talvez um processo expansivo); • Pioram com a manobra de Valsalva (aumento da PIC > cefaleias primárias não apresentam esse aumento, então, precisa-se investigar); • Acordam o paciente (nas primárias não é comum isso acontecer); • Início recente em maiores que 50 anos (primárias geralmente acometem pessoas na idade jovem e adulta); • Pacientes com câncer ou AIDS (imunodeprimidos > pensar nas doenças oportunistas e processos neoplásicos). Migrânea ou enxaqueca • Causa mais comum de cefaleia incapacitante; • Não é o tipo mais comum, mas, é o que mais leva o paciente a procurar ajuda; • 18% das mulheres e 6% dos homens; • Patogênese: ativação das fibras sensitivas geminais. o Sensibilização das terminações nervosas perivasculares > liberação de neuropeptídios (hoje em dia o neuropeptídio mais comum é o CGRP, outros como neuropeptídeo Y, Orexina A e B. existem medicamentos sendo estudados contra o CGRP, já que ele é muito importante na cascata da dor) > inflamação neurogênica > ativação das fibras sensitivas trigeminais. o Então o centro da ação parece ser a ativação das fibras sensitivas trigeminais, a partir daqui tudo começa a se perpetuar. • Critérios diagnósticos: A. Pelo menos 5 crises; B. Duração de 4 a 72 horas; C. 2 dos 4 critérios abaixo, pelo menos: i. Localização unilateral: i. Caráter pulsátil; ii. Intensidade moderada a grave; iii. Agravada pela atividade física. D. Um dos critérios abaixo, pelo menos: i. Náusea e ou vômitos; ii. Fonofobia e fotofobia; iii. Não atribuída a outro transtorno Migrânea ou enxaqueca com aura • As auras são fenômenos alastrantes corticais de disseminação lenta, mas, ocorrem geralmente antes da cefaleia ou associado a cefaleia. A duração é entre 5 e 60 minutos e depois vem a cefaleia; • Sintomas visuais positivos (escotomas cintilantes, algumas formas complexas como estrelas e mais elaboradas), negativos (perda da visão lateral antes da dor) ou ambos; o mais comum é que ocorram sintomas visuais em comparação aos sensitivos; • Sintomas sensitivos positivos (como uma hiperestesia), negativos (uma dormência, hipoestesia) ou ambos; • Afasias; • A grande diferença é que se identifica a migrânea já no momento da aura, mesmo sem dor > e já se pode tratar o paciente nesse momento; O que esperar da tomografia de crânio? • Normais > serve para excluir outras causas; Tratamento das crises agudas • Anti-inflamatório: o mais comum é cetoprofeno injetável em regime hospitalar; • Triptano: oral ou subcutâneo; • Dipirona: pode usar, principalmente em falta de triptano (1g = 2 ampolas EV); • Tramal: contraindicado. • Morfina: contraindicado (nenhum opioide é indicado, já que nos gânglios trigeminais não tem receptores eficazes para opioides, seria uma contrassenso). • Corticoides: dexametasona, por exemplo, em dores prolongadas. Não como abortivo, mas, para evitar a perpetuação da dor. • Clorpromazina: pode ser usado. • Antiemético: em casos de vômitos e enjoos somente. • Em casa: o Anti-inflamatório com triptano (ibuprofeno, cetorolac, naproxeno, diclofenaco e associar com narotriptano (2,5 mg 2x ao dia), sumatriptano. o Não usar o mesmo medicamento que o paciente já faz abuso (muito comum o abuso da dipirona); Tratamento profilático • Tem muito a ver com as atividades diárias: privação do sono, por exemplo; • Quando se tem 3 ou 4 episódios de dor no mesmo mês. Mesmo se for mais leve e muito incapacitante, pode-se usar mesmo assim o profilático; • Antidepressivos tricíclicos: o mais estudado para essa situação é a amitriptilina (25 mg 1 comprimido à noite) > começar com 10 mg e evoluir (pode causar sonolência, constipação, conjuntivas e mucosas mais secas). Nortriptilina: menos estudos, mas, com menos efeitos colaterais; • Betabloqueadores: propranolol, principalmente. Não fazer com tricíclicos juntos. Começar com um medicamento, assim que o paciente tolerar, aumentar a dose. Depois de tentar a dose máxima do medicamento e não haver resultado esperado, adicionar ou tro medicamento; • Anticonvulsivantes: estabilizam a membrana neuronal e canais iônicos, mas, não se sabe exatamente como agem no controle da dor. Deixam os neurônios nociceptivos menos sensitivos. Pode-se usar o Ac. Valproico, Topiramato e sempre começar com a menor dose terapêutica; • Bloqueadores de canal de cálcio: um antilabiríntico mais conhecido é a flunarizina. • Fundamental que seja abordado o modo de vida da pessoa > existem alguns gatilhos para a dor, como a alteração do sono . Orientar para que o paciente tenha uma rotina de sono, nesse caso. Jejum prolongado também está associado a enxaqueca. Cafeína, coca- cola, chocolate, queijos amarelos, suco de uva, vinho tinto > todos podem desencadear a dor de cabeça. Cefaleia tensional • É a forma mais comum de cefaleia; • Paciente toma analgésico em casa e melhora, por isso não é comum chegar até o hospital. Normalmente é mais leve; • Prevalência de 35 a 78% nos adultos; • Raramente são graves. Diagnóstico • Critérios diagnósticos: A. Pelo menos 10 crises; B. Duração de 30 minutos a 7 dias; C. Dois dos seguintes critérios: I. Localização bilateral; II. Caráter em pressão/aperto; III. Intensidade leve a moderada; IV. Não é agravada pela atividade física. D. Fonofobia ou fotofobia ou náusea leve; E. Não atribuída a outro transtorno. Tratamento • Crises agudas: A. Anti-inflamatório e analgésicos comuns; • Tratamento profilático: A. Raros os casos que são necessários esse tipo de tratamento; B. Normalmente, quando necessário, usamos os tricíclicos como a amitriptilina e nortriptilina > principalmente quando existe a tendência de cronificação > cronificação: dor por mais de 15 dias em um período de 3 meses. Cefaleias autonômicas trigeminais: cefaleia em salvas • A mais dolorosa cefaleia primária; • Conhecida como a “cefaleia do suicídio”; • Prevalência ao longo da vida de 0,1%; • 15 casos por 100 mil pessoas; • 4 homens/1 mulher; • Aumento do risco em 14 a 39 vezes em familiares de primeiro grau; • Nesse caso, é possível diferenciar da migrânea, mesmo que a intensidade de ambas seja grande, pela movimentação do paciente devido à dor. Lembrando que na migrânea o paciente quer ficar quieto; • Fator de risco: tabaco. Patogênese • Ainda há muito para se progredir em relação à esse tipo de cefaleia; • O que se sabe é que há ativação da porção posterior do hipotálamo evidenciado no PET; Critérios diagnósticos A. Pelo menos 5 crises; B. Dor forte e muito forte unilateral (aqui é de um lado só, sempre, diferente da migrênea, que pode expandir para os dois lados), orbitária, supra-orbitária e/ou temporal, durando de 15 a 180 minutos, se não tratada; C. Pelo menos um dos próximos critérios: I. Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento do mesmo lado; II. Congestão nasal/ou rinorreia ipsilateral; III. Edema palpebral ipsilateral; IV. Sudorese frontal e facial ipsilateral; V. Miose e/ou ptose ipsilateral (melhorou depois de um tempo, não deve enviar o paciente para a casa, obrigatoriamente pensar em hemorragia subaracnóidea). Pode ter algumacometimento do III par craniano (normalmente nesse caso acontece uma midríase. Na síndrome de Horner normalmente se tem uma miose); VI. Sensação de inquietude ou agitação. Tratamento • Crises agudas: o Normalmente duram de 15 minutos a 3 horas, então, até o remédio fazer efeito, a dor já passou; o Pode-se lançar mão do triptano subcutâneo (sumatriptano, 6 mg > resposta mais rápido); o Principalmente o oxigênio (em alto fluxo > 12 a 15 litros por minuto > em máscara, inclinado para a frente, fazendo inspiração profunda). Após 10 minutos o paciente terá remissão ou alívio da dor. • Tratamento profilático: o Basicamente se usa o verapamil (em doses altas, mas, pode levar à hipotensão e arritmias); o É comum na prática clínica o paciente ter o seu cilindro de oxigênior > quando acontecer a crise ele mesmo inspira o oxigênio para aliviar a dor; o Obrigatoriamente é necessário o exame de imagem para excluir uma hemorragia, já que o paciente chega relatando como a pior dor da vida. Autonômicas trigeminais: hemicrania paroxística Critérios diagnósticos: A. Pelo menos 20 crises; B. Dor forte e muito forte unilateral, orbitária, supra-orbitária e/ou temporal, durando de 2 a 30 minutos, se não tratada; C. Pelo menos um dos seguintes critérios: I. Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento ipsilaterais; II. Congestão nasal e/ou rinorreia ipsilaterais; III. Edema palpebral ipsilateral; IV. Sudorese frontal e facial ipsilateral; V. Miose e/ou ptose ipsilateral; D. Superior a 5 crises por dia em mais da metade do tempo; E. As crises são completamente evitadas por doses de indometacina (anti-inflamatória). Fazer o teste com indometacina e se der resultado, é esse tipo de cefaleia; F. Não atribuída a outro transtorno. Autonômicas trigeminais: hemicrania contínua Critérios diagnósticos: A. Cefaleia por mais de 3 meses; B. Todas as características seguintes: I. Dor unilateral sem mudança de lado; II. Diária e contínua sem intervalos livres de dor; III. Intensidade moderada, porém, com exacerbações para a dor intensa. C. Acompanha-se de pelo menos um dos seguintes: I. Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento ipsilaterais; II. Congestão nasal e/ou rinorreia ipsilaterais; III. Miose e/ou ptose ipsilaterais; D. As crises são completamente evitadas por doses de indometacina; E. Não atribuída a outro transtorno. Autonômicas trigeminais: síndrome Sunct (short lasting unilateral neuralgiform attacks with conjunctival injection and tearing): Quando se tem injeção conjuntival ou lacrimejamento, chamamo de síndrome Suna (perceber que na Sunct é uma “e” outra e na Suna é uma “ou” outra). Critérios diagnósticos: A. Pelo menos 20 crises; B. Crises de dor unilateral, orbitária, supra-orbitária e/ou temporal, em pontada ou pulsátil, durando de 5 segundos a 4 minutos, se não tratada; C. Acompanha-se de: I. Hiperemia conjuntival e lacrimejamento ipsilaterais; D. As crises ocorrem em frequência de 3 a 200 por dia; E. Não atribuída a outro transtorno. • Esse tipo de dor pode estar associado a tumores de hipófise e fossa posterior; • Relatos de bons resultados com lamotrigina, pregabalina, gabapentina e topiramato; Neuralgia do trigêmeo Dor bastante agudo que incapacita a pessoa. Critérios diagnósticos: A. Crises paroxísticas de dor que duram de uma fração de segundos a 2 minutos, afetando uma ou mais divisões do nervo trigêmeo (quando atinge V1, é comum o paciente ir ao oftalmologista. No acomentimento de V2 ou V3 (mais comum), o paciente costuma procurar o dentista e até arrancam os dentes). É como um choque, um raio. Paroxística porque é desencadeada pelo toque (comer, escovar os dentes, paciente começa a emagrecer por evitar comer); B. A dor tem pelo menos uma das seguintes características: I. Intensa, aguda, superficial ou em pontadas; II. Desencadeada por fatores ou áreas de gatilho; C. Crises estereotipadas para cada paciente; D. Sem evidencia clínica de déficit neurológico; E. Não atribuída a outro transtorno. Tratamento farmacológico: • Carbamazepina: melhores resultados nos estudos e pode ser associada a outros medicamentos como pregabalina, lamotrigina, gabapentina, duloxetina, alguns tricíclicos, topiramato (estabilizar a membrana do neurônio); Tratamento neurocirúrgico: • Em casos refratários ao tratamento farmacológico; • Menos invasivas: como a ablação por radiofrequência; • Alguns casos: alça vascular comprimindo o nervo e causando a neuralgia > fazer a descompressão neurocirúrgica; • Outras formas mais invasivas. Cefaleia por abuso de analgésicos • Cefaleia presente em tempo maior ou igual a 15 dias por mês preenchendo uma das seguintes características: o Bilateral; o Em pressão/aperto (não pulsátil); o Intensidade de fraca a moderada; • Ingestão de analgésicos simples em tempo maior ou igual a 15 dias por mês por mais que 3 meses; • A cefaleia apareceu ou piorou acentuadamente durante o uso excessivo de analgésicos; • A cefaleia desaparece ou reassume o seu padrão prévio dentro de dois meses após a interrupção dos analgésicos. Tratamento: • Cortar os analgésicos > pode ser com o uso de corticoides em alta dose até desmamar totalmente os analgésicos; Neoplasias cerebrais (dentro das secundárias – red flags) • Aumento da frequência e intensidade; • Acima dos 50 anos; • Em imunocomprometidos; • Sinais de hipertensão intracraniana > dor progressiva devido à hipertensão, pode ter vômitos, edema de papila). Meningites • Febre; • Vômitos; • Sinais meníngeos; • Rebaixamento do nível de consciência; • Fazer exame de imagem e punção lombar obrigatoriamente. HSA • Cefaleia subida e de forte intensidade; • Sinais meníngeos (sangue é irritante cerebral); • Associação a alteração do nível de consciência; • Acometimento de pares cranianos (principalmente III e VII); • Tomografia mostra o sangramento nas cisternas e fissuras cerebrais. Hipertensão intracraniana idiopática • Pode não ter nada na imagem > como o pseudotumor cerebral > tratamento com cetazolamida ou derivação ventrículo ou lomboperitoneal, na tentativa de diminuir a hipertensão. Hipotensão intracraniana • Ocorre após a raquianestesia ou punção liquórica; • Tratamento com anti-inflamatório ou analgésico; • Se não tratar, fazer o PET, de forma a normalizar a hipotensão > pelo anestesista. Arterite de células gigantes • Geralmente pacientes mais idosos, acima de 55 anos; • Associados a polimialgia reumática, fadiga, disforia, febre baixa e perda de peso; • Claudicação da mandíbula; • Imediata resposta aos corticosteroides. Dissecção arterial • Associada ao trauma (na maioria das vezes não é associada a nada, é idiopática); • Associada a episódios de AVC; • Pode haver acometimento de nervo craniano (anisocoria com aumento da dilatação pupilar e diminuição do reflexo fotomotor e ptose palpebral); Outras: cefaleia associada ao esforço e induzida pela atividade sexual (se for a primeira vez, verificar a possibilidade de ocorrência de aneurisma) e cefaleia cardíaca.
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