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2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 MICROBIOLOGIA AULA 15 Heliobacter pylori INTRODUÇÃO • Bastonetes gram negativos, curvos ou espiralados. • São móveis, possuindo flagelos unipolares (4 a 6 flagelos). • São microaerófilos, pois crescem em meios com baixa quantidade de oxigênio. • Não são acidófilos. • Produtores de urease, uma enzima que degrada a ureia em amônia e bicarbonato, aumentando o pH do meio e favorecendo a proliferação do H. pylori. PATOGENICIDADE • Causa gastrite crônica, úlcera gástrica ou duodenal. • O indivíduo com H. pylori pode ser assintomático. • B. Mashall e R. Warren receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 2005, pela descoberta da participação do H. pylori na etiologia da gastrite e úlcera. TRANSMISSÃO • Passa de indivíduo para indivíduo por via oral-oral ou fecal-oral (água contaminada). • A bactéria está presente na saliva, vômito, refluxo gástrico e fezes. FATORES DE VIRULÊNCIA • Produção de urease: A urease é uma enzima que promove a quebra da ureia, presente no conteúdo gástrico, liberando bicarbonato e amônia. A amônia funciona como receptora de íons hidrogênio, aumentando o pH do estômago, deixando-o neutro. É o mecanismo responsável pela sobrevivência do H. pylori no estômago. • Produção de enzimas degradadoras de muco: Facilitam a progressão da bactéria através da camada de muco que reveste o epitélio do estômago. • Motilidade: A bactéria atravessa a camada de muco, ficando em contato íntimo com as células epiteliais do estômago. • Adesinas Bab A e Sab A: Proteínas de membrana externa que favorecem a colonização promovendo aderência da bactéria às células epiteliais da mucosa gástrica e contribuem para a patogenicidade. → Bab A: Blood group antigen adesin. → Sad A: Sialic acid adesin. • Proteína Cag A: Codificada pelo cag localizado na ilha de patogenicidade cag (cag-PAI), está presente em cerca de 60% das amostras de H. pylori. → Cag A: Citotoxin antigen associated. → É injetada nas células da mucosa gástrica promovendo a alteração do citoesqueleto, com formação de pedestal. → Acarreta liberação de citocinas pró- inflamatórias (IL-1, IL-8) que atraem células fagocitárias e linfócitos. • Citotoxina vacuolizante (Vac A): Provoca destruição das tight junctions e a formação de vacúolos. → Vac A: Vacuolating toxin. → Está presente em todas as amostras de H. pylori. → As tight junctions são ligações intercelulares que formam uma barreira entre as células epiteliais. Possui a função de regular a passagem de íons, água e solutos pela via paracelular. • Proteína ativadora de neutrófilos (HP-NAP): Atrai neutrófilos e monócitos, com liberação de radicais livres do oxigênio que provocam danos ao epitélio e ao DNA das células. → HP-NAP: H. pylori – Neutrophils activating protein. PATOGENIA • Presença da bactéria em contato íntimo com a mucosa gástrica provoca reação inflamatória, com atração de fagócitos (neutrófilos e monócitos) e liberação de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-8, IL-6, TNF-α), resultando na gastrite e formação de úlceras. AÇÃO DAS CITOCINAS • IL-1: Ampliação da reação inflamatória e inibição da produção de ácido. • IL-8: Ativação de neutrófilos, com liberação de resíduos tóxicos do oxigênio e do nitrogênio, capazes de induzir danos oxidativos no DNA das células epiteliais, com expressão de proto- oncogenes (aumento da proliferação celular). • IL-6: Inibição da apoptose das células da mucosa gástrica. 2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 2 EPIDEMIOLOGIA • Bactéria infecta cerca de 50% da população mundial. • Prevalência da infecção aumenta com a idade e é maior nos países em desenvolvimento. • Cerca de 80 a 85% dos infectados é assintomático. • As lesões orgânicas resultantes da infecção por H. pylori dependem do fator de virulência e da resposta inflamatória do hospedeiro. • Menos de 1% dos indivíduos infectados por H. pylori desenvolvem câncer gástrico. SINTOMAS • Náuseas; • Vômito; • Dor abdominal; • Azia; • Diarreia; • Fome ao acordar; • Mau hálito. DIAGNÓSTICO • Teste respiratório: Consiste na ingestão de 75 mg de ureia marcada com carbono 13, misturada com suco de laranja ou maçã. Dentro do estômago, a ureia entra em contato com substância gerada pela H. pylori, ocorrendo a produção de bicarbonato e amônia. O bicarbonato penetra na corrente sanguínea e é expirado pelo pulmão na forma de CO2 marcado. • Endoscopia com biopsia e pesquisa de H. pylori: A câmera capta imagens que permitem analisar a existência de alterações no tecido gástrico. Além disso, é coletado uma amostra da parede do estômago para realização da biopsia. • Pesquisa de antígeno nas fezes (HpSA). • Sorologia (H. pylori IgG). TRATAMENTO • Antibióticos: Metronidazol, tetraciclina, claritromicina e amoxicilina. • Inibidores da produção de ácidos: Omeprazol e lansoprazol. • Sais de bismuto. • Tratamento mais utilizados: Omeprazol ou lansoprazol + amoxicilina + claritromicina de 12/12 por 14 dias. CÂNCER GÁSTRICO O aumento da proliferação celular, incentivado pela IL-8, e o acúmulo de células com alteração genética, devido o impedimento da apoptose pela IL-6, eleva o risco de aparecimento de câncer gástrico.
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