Buscar

Questões de química no enem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ISSN 2176-1396 
 
 
QUESTÕES DE QUÍMICA DO ENEM: CONTEÚDOS, 
CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE 
 
Liane Maria Vargas Barboza
1
 - UFPR 
Cláudia de Oliveira Fernandes
2
 - UNIRIO 
 
Grupo de Trabalho – Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Básica 
Agência Financiadora: CAPES 
 
Resumo 
 
O presente trabalho teve por objetivo analisar as questões de Química da prova do Exame 
Nacional do Ensino Médio - área Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ano de 2014, 
frente às Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - 
PCN+ Ensino Médio (2002), quanto à contextualização e interdisciplinaridade. A 
metodologia empregada foi análise documental com abordagem qualitativa. Neste estudo foi 
analisada a prova do ENEM – área Ciências da Natureza e suas Tecnologias - Caderno Azul 
do ano de 2014. Para fundamentação do trabalho quanto à contextualização, 
interdisciplinaridade e a avaliação em larga escala (ENEM) foram utilizados os seguintes 
autores(as) respectivamente: Brasil (2000), Silva e Marcondes (2015), Santos e Schnetzler 
(2010); Zabala (1998), Ferreira (2012), Machado (1999); Fernandes (2014), Fetzner (2014) e 
Freitas (2011). A discussão dos resultados foi realizada com base nas obras dos autores: 
Nunes (2011), UNESCO (2003) e Santos e Schnetzler (2007). Os resultados da análise da 
prova do ENEM 2014 área Ciências da Natureza e suas Tecnologias revelaram que a maioria 
das questões de química privilegiou a contextualização e as demais se apresentaram como 
conteudistas. Nas questões contextualizadas analisadas foram identificados os seguintes 
contextos: água, poluição atmosférica, combustíveis, medicamento e poluição do solo. A 
contextualização sociocultural apresentada nas questões contextualizadas da prova de 
Química estava relacionada com: ciência e tecnologia na atualidade, ciência e tecnologia na 
cultura contemporânea e ciência e tecnologia na história. A maioria das questões contemplam 
a interdisciplinaridade com a área de Biologia. A contextualização com enfoque no contexto 
ambiental foi apontada em 50% das questões, seguido pelos aspectos sociais, políticos e 
econômicos. 
 
Palavras-chave: ENEM. Contextualização. Interdisciplinaridade. 
 
1 Pós-Doutoranda em Educação: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professora do 
Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: 
liane.vargas@gmail.com. 
2 Pós-Doutora em Educação: Avaliação Educacional pela Universidade Federal Fluminense. Professora da 
Faculdade de Educação e da Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
(UNIRIO). E-mail: coff@uol.com.br. 
mailto:coff@uol.com.br
31657 
 
Introdução 
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um exame de larga escala instituído 
pelo Ministério de Educação de acordo com a Portaria n.º 438 de 28 de maio de 1998 e 
operacionalizado e implementado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (INEP). 
O ENEM foi criado com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da 
educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de 
escolaridade (BRASIL, 2014a). 
A Prova do ENEM foi estruturada como uma prova de múltipla escolha e uma 
redação. Para o exame foi definida uma matriz de referência contemplando competências e 
habilidades, imprescindíveis à vida acadêmica, ao mundo do trabalho e ao exercício da 
cidadania. 
O estudo justifica-se pela importância de compreender como as questões de química 
do ENEM estão sendo elaboradas, quanto à abordagem dos conteúdos, contextualização e 
interdisciplinaridade. O entendimento desta avaliação pode contribuir com o ensino de 
Química e com o próprio exame. 
Contextualização 
De acordo com Kato e Kawasaki (2015, p. 2) o termo ‘contextualização’ é uma: 
Derivação do termo ‘contexto’, cujo significado literal vem do latim contextu e pode 
ser entendido por um encadeamento de ideias de um texto, ou seja, a forma como 
estão ligadas entre si as diferentes partes de um todo organizado. 
Nesse sentido, o contexto pode ser entendido como: o modo pelo qual as ideias estão 
encadeadas no discurso; a ligação entre as partes de um todo ou aquilo que envolve algo ou 
alguém (HOLANDA, 2015). No ensino de Ciências a contextualização está relacionada com a 
articulação do conhecimento científico, com o cotidiano e as vivências dos estudantes, 
visando uma aprendizagem significativa. 
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio: 
31658 
 
Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, 
assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. Na 
escola fundamental ou média, o conhecimento é quase sempre reproduzido das 
situações originais nas quais acontece sua produção. Por esta razão, quase sempre o 
conhecimento escolar se vale de uma transposição didática, na qual a linguagem 
joga papel decisivo (BRASIL, 2000, p. 78). 
A relação sujeito e objeto é essencial para a aprendizagem significativa. O objeto de 
estudo deve ter uma interação com a vivência do mesmo. A linguagem científica também 
precisa ser trabalhada, para que a cultura escolar seja compreendida e os sujeitos tenham 
interesse em aprendê-la: 
O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para 
retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado permite que, 
ao longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens 
significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do 
conhecimento uma relação de reciprocidade. A contextualização evoca por isso 
áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza 
competências cognitivas já adquiridas. As dimensões de vida ou contextos 
valorizados explicitamente pela LDB são o trabalho e a cidadania (BRASIL, 2000, 
p. 78). 
Neste contexto, a contextualização é uma estratégia de ensino e aprendizagem, que 
pode despertar o interesse do educando para aprender as ciências. Para tanto, o professor 
deverá ensinar de forma que o objeto de estudo tenha significado real para o educando. 
De acordo com Silva e Marcondes (2015, p. 66) a contextualização no ensino de: 
Ciências em uma perspectiva Ciência/Tecnologia/Sociedade (CTS) vem sendo 
defendida, por educadores e pesquisadores, como um princípio norteador de uma 
educação voltada para a cidadania, que possibilita a aprendizagem significativa de 
conhecimentos científicos e tecnológicos relacionados à sociedade. 
Santos e Schnetzler (2010, p. 61) afirmam que o ensino de Ciências com enfoque CTS 
está vinculado à educação científica do cidadão. Para caracterizá-lo, Hosfstein, Aikenhead, 
Riquarts (1988, p. 357) explicam: 
CTS, significa o ensino do conteúdo de ciência no contexto autêntico do seu meio 
tecnológico e social. Os estudantes tendem a integrar a sua compreensão pessoal do 
mundo natural (conteúdo da ciência) com o mundo construído pelo homem 
(tecnologia) e o seu mundo social do dia a dia (sociedade). 
A relação ciência, tecnologia e sociedade é uma abordagem importante na área do 
ensino de química, pois permite trabalhar os conteúdos e conceitos com aplicações 
tecnológicas e também os impactos desta ciência na sociedade. 
Nos avanços quanto à contextualização, na perspectiva de uma: 
31659 
 
Educação interdisciplinar, destaca-se a essencialidade de cada saber disciplinar, 
legitimado no papel que a apropriação da linguagem e do pensamento próprio a cada 
cultura científica assume, no desenvolvimento das abordagens, das ações e das 
interlocuções. Assim, a enculturação contextualizada em Química, aliada à 
interdisciplinaridade não superficial, traz à tona limites dos saberes e conceitos 
cotidianos e, sem negá-los nem substituí-los, amplia-osnas abordagens 
transformadoras possibilitadas pelos conhecimentos emergentes e pelas ações das 
condições potencializadoras da qualidade de vida socioambiental (BRASIL, 2006, p. 
118). 
Nesse sentido, a aprendizagem dos conceitos de Química relacionados com o 
cotidiano, a partir da contextualização significativa e da interdisciplinaridade amplia os 
conhecimentos e permite visualizar a interação com outras disciplinas, rompendo com o 
ensino fragmentado. 
Para Wartha, Silva e Bejarano (2013, p. 88) a contextualização também é entendida 
como: 
Um dos recursos para realizar aproximações/inter-relações entre conhecimentos 
escolares e fatos/situações presentes no dia a dia dos alunos, ou seja, toma a 
contextualização como metodologia de ensino, em que o ensino contextualizado é 
aquele em que o professor deve relacionar o conteúdo a ser trabalhado com algo da 
realidade cotidiana do aluno. 
Nessa ótica, a contextualização é uma estratégia de ensino e aprendizagem que quando 
bem trabalhada aproxima os conteúdos curriculares da vivência dos estudantes, possibilitando 
uma melhor compreensão do mundo. 
Wartha, Silva e Bejarano (2013, p. 90) afirmam que a contextualização não deveria ser 
vista como recurso ou proposta de abordagem metodológica, mas sim como princípio 
norteador. 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000, 
p. 88) a interdisciplinaridade e contextualização foram: 
Propostas como princípios pedagógicos estruturadores do currículo para atender o 
que a lei estabelece quanto às competências de: vincular a educação ao mundo do 
trabalho e à prática social; compreender os significados; ser capaz de continuar 
aprendendo; preparar-se para o trabalho e o exercício da cidadania; ter autonomia 
intelectual e pensamento crítico; ter flexibilidade para adaptar-se a novas condições 
de ocupação; compreender os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos 
produtivos; relacionar a teoria com a prática. 
A contextualização no ensino de ciências abarca competências de inserção da ciência e 
de suas tecnologias em um processo histórico, social e cultural e o reconhecimento e 
discussão de aspectos práticos e éticos da ciência no mundo contemporâneo (BRASIL, 2002, 
p.31). 
31660 
 
No Quadro 1 podem ser observadas as competências no ensino de ciências 
relacionadas com a contextualização. 
Quadro 1 – Competências no ensino de ciências 
Contextualização sócio-cultural 
Ciência e tecnologia na história 
 
Compreender o conhecimento científico e o 
tecnológico como resultados de uma construção 
humana, inseridos em um processo histórico e 
social. 
Ciência e tecnologia na cultura contemporânea 
 
Compreender a ciência e a tecnologia como 
partes integrantes da cultura humana 
contemporânea. 
Ciência e tecnologia na atualidade 
 
Reconhecer e avaliar o desenvolvimento 
tecnológico contemporâneo, suas relações com as 
ciências, seu papel na vida humana, sua presença 
no mundo cotidiano e seus impactos na vida 
social. 
Ciência e tecnologia, ética e cidadania 
 
Reconhecer e avaliar o caráter ético do 
conhecimento científico e tecnológico e utilizar 
esses conhecimentos no exercício da cidadania. 
Fonte: BRASIL, 2002, p. 32. 
A ciência e tecnologia precisa ser entendida como uma construção humana, histórica e 
social onde o conhecimento científico possibilita o desenvolvimento tecnológico. 
É importante compreender a ciência e tecnologia como parte integrante da cultura 
humana contemporânea, assim como, reconhecer o desenvolvimento tecnológico presentes no 
cotidiano. Os conhecimentos científicos e tecnológicos devem ser usados com ética, visando a 
cidadania: 
Os temas sócio científicos objetivam a contextualização do conteúdo e permitem o 
desenvolvimento das habilidades essenciais do cidadão. Ao contextualizar o 
conteúdo, os temas sociais explicitam o papel social da Química, as suas aplicações 
e implicações e demonstram como o cidadão pode aplicar o conhecimento na sua 
vida diária (SANTOS; SCHNETZLER, 2010, p. 105). 
A abordagem dos temas sociocientíficos em Química proporciona o desenvolvimento 
de habilidades, relacionadas a reflexão crítica, argumentação, e ao convívio na sociedade. O 
entendimento da importância do papel da química na sociedade, pode contribuir para 
compreender o desenvolvimento científico e tecnológico desta ciência. 
Interdisciplinaridade 
De acordo com o Art. 8º da Resolução da Câmara de Educação Básica do Conselho 
Nacional de Educação (CEB/CNE) n. 3, de 26 de junho de 1998, quanto a 
interdisciplinaridade as escolas terão presente que: 
31661 
 
I - a interdisciplinaridade, nas suas mais variadas formas, partirá do princípio de que 
todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos, que 
pode ser de questionamento, de negação, de complementação, de ampliação, de 
iluminação de aspectos não distinguidos; 
II - o ensino deve ir além da descrição e procurar constituir nos alunos a capacidade 
de analisar, explicar, prever e intervir, objetivos que são mais facilmente alcançáveis 
se as disciplinas, integradas em áreas de conhecimento, puderem contribuir, cada 
uma com sua especificidade, para o estudo comum de problemas concretos, ou para 
o desenvolvimento de projetos de investigação e/ou de ação (BRASIL, 1998, p. 3). 
Nesta perspectiva, a interdisciplinaridade pode ser uma alternativa importante para o 
levar os estudantes a compreenderem os conhecimentos de uma forma mais ampla, 
valorizando a especificidade de saberes e linguagem de cada área. Além disso, a participação 
dos estudantes em atividades que promovam o diálogo, a partir de temas sociocientíficos, 
permite a interação entre os sujeitos e o objeto de estudo e o desenvolvimento do senso crítico 
e reflexivo. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 
2000, p. 21) a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar: 
Novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas 
para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob 
diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função 
instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para 
responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos. 
Neste contexto, a interdisciplinaridade permite compreender os conteúdos com base na 
perspectiva de outras áreas de conhecimento. A articulação dos fenômenos químicos com os 
aspectos sociais, políticos, éticos, econômicos e ambientais contribui para a formação da 
cidadania e aprendizagem em química. 
Zabala (1998, p. 143) defende que a interdisciplinaridade é a interação entre: 
Duas ou mais disciplinas, que pode ir desde a simples comunicação de ideias até a 
integração recíproca dos conceitos fundamentais e da teoria do conhecimento, da 
metodologia e dos dados da pesquisa. Estas interações podem implicar 
transferências de leis de uma disciplina para outra e, inclusive, em alguns casos dão 
lugar a um novo corpo disciplinar, como a bioquímica ou a psicolinguística. 
Podemos encontrar esta concepção na configuração das áreas de Ciências Sociais e 
Ciências Experimentais no ensino Médio e da área de conhecimento do meio no 
ensino fundamental. 
Conforme afirma o autor, a interdisciplinaridade pode levar ao surgimento de uma 
nova disciplina, com programa disciplinar distinto das que lhe deram origem. 
31662 
 
As orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) 
estabelecem que: 
A interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma abordagem 
relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas 
interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de 
complementaridade, convergência ou divergência (BRASIL, 2000, p. 21). 
É importante que na prática escolar, os estudantes tenham acesso aos conteúdoscurriculares interdisciplinares, os quais podem ser trabalhados por meio de temas 
socioculturais, permitindo a discussão quanto à complementação, convergência ou 
divergência dos mesmos. 
Como afirma Ferreira (2012) a interdisciplinaridade no campo: 
Das ciências é um conceito amplo e complexo de construção do conhecimento, que 
deve ultrapassar a disciplina isolada. Essa concepção deve partir de um modelo de 
ensino que privilegie e articule as ciências Matemática, Biologia, Química, Física, 
História etc, em um ambiente amplo em que os fenômenos sejam observados, 
analisados e entendidos como fatos conectados. 
O ensino de Química por meio da interdisciplinaridade possibilita a abordagem do 
conhecimento, com inter-relação dos saberes de outras disciplinas principalmente da Biologia, 
Matemática, Física, História, Sociologia entre outras. Para tanto, é necessária uma interação 
com os professores de outras disciplinas e também a busca de novos conhecimentos. 
As Diretrizes da Educação Básica do Paraná da área de Química orientam que: 
A partir das disciplinas, as relações interdisciplinares se estabelecem quando: 
conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados à discussão e auxiliam 
a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra disciplina; ao tratar do 
objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos quadros conceituais de outras 
disciplinas referenciais teóricos que possibilitem uma abordagem mais abrangente 
desse objeto (PARANÁ, 2008, p. 27). 
A interdisciplinaridade é revelada quando ocorre a inter-relação de diferentes 
disciplinas, visando levar o estudante a entender os conhecimentos sob diferentes olhares, 
possibilitando o desenvolvimento da habilidade de argumentação. 
Abreu e Lopes (2013, p. 91-92) destacam que: 
31663 
 
Toda vez que contextualizamos determinado assunto ou tentarmos entender os 
fenômenos cotidianos, estaremos estabelecendo inter-relações entre diferentes 
saberes, uma vez que a complexidade do mundo atual é responsável pela dinâmica 
cada vez mais presentes das relações entre saberes. Isso pode levar a discursos que 
defendem que a promoção da contextualização leva consequentemente à 
interdisciplinaridade, tornando obrigatória a vinculação entre interdisciplinaridade e 
contextualização. 
Neste enfoque, a interdisciplinaridade se apresenta como uma estratégia de ensino e 
aprendizagem, na qual é possível estabelecer relações entre conhecimentos de diversas áreas 
do conhecimento, para subsidiar o entendimento dos fenômenos do cotidiano e a construção 
do conhecimento. 
Para Machado (1999, p. 49) a interdisciplinaridade é hoje: 
Uma palavra-chave para a organização escolar. O que se busca com isso é, de modo 
geral, o estabelecimento de uma intercomunicação efetiva entre as disciplinas, por 
meio do enriquecimento das relações entre elas. Almeja-se, no limite, a composição 
de um objeto comum, por meio dos objetos particulares de cada uma das disciplinas 
componentes. 
A interdisciplinaridade, enquanto eixo norteador do ENEM constitui-se em um 
elemento de uma proposta voltada a: 
a) superar a compartimentalização excessiva dos conteúdos, primando pela unidade 
do saber dentro de Áreas do Conhecimento; b) proporcionar uma abordagem 
relacional entre diferentes disciplinas e c) instrumentalizar a atividade didática 
através da inserção do conhecimento disciplinar em um contexto mais amplo, 
relacionado à avaliação de habilidades e a contextualização do ensino 
(MARCELINO JÚNIOR, 2011, p. 21-22). 
O ensino dos conteúdos de forma fragmentada, descontextualizada e não 
problematizada não é mais aceita para o ensino da química. A aprendizagem dos conteúdos 
deve ser contextualizada e interdisciplinar, ou seja, deve estar relacionada com outras 
disciplinas, visando complementar os conhecimentos e torná-los mais significativos. 
Nesse trabalho, procuramos compreender se há a contextualização e 
interdisciplinaridade na prova do ENEM e se essa, da forma como se apresenta, se relaciona 
com a proposta de contextualização existente nos documentos curriculares oficiais. 
O ENEM é uma avaliação de larga escala, que tem exercido certa influência nos 
processos de ensino e aprendizagem e nas práticas avaliativas nas escolas. O predomínio no 
cenário educacional contemporâneo, dos testes de larga escala, tem influenciado os currículos, 
acerca daquilo que vai ser ensinado nas escolas, bem como as estratégias didáticas de ensino e 
de avaliação, com foco no treinamento. Tal constatação percebida a partir de pesquisas 
31664 
 
(FERNANDES, 2014; FETZNER, 2014; FREITAS, 2011) contrariam as próprias orientações 
curriculares que adotam uma perspectiva mais construtivista de ensino e aprendizagem, como 
observa-se no documento dos PCN da área das Ciências da Natureza, Matemática e suas 
Tecnologias (2000). 
Entendemos também que conhecer como se dá a contextualização dos conteúdos e 
quais são os temas abordados no Enem, pode contribuir para uma melhor compreensão desse 
exame no campo da química e no que tange à sua elaboração e concepção. 
A partir do exposto, o objetivo do presente trabalho foi analisar as questões de 
Química da prova do Exame Nacional do Ensino Médio - área Ciências da Natureza e suas 
Tecnologias do ano de 2014, frente às Orientações Educacionais Complementares aos 
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN+ Ensino Médio (BRASIL, 2002). 
Metodologia 
A metodologia desenvolvida neste estudo foi a análise documental com abordagem 
qualitativa. Segundo Lüdke e André (2014, p. 44-45) a análise documental pode se constituir 
numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as 
informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou 
problema. Foi analisada a prova do ENEM, área das Ciências da Natureza e suas Tecnologias, 
quanto às questões de Química do Caderno Azul do ano de 2014 (BRASIL, 2014b, p. 16-31). 
Para esse trabalho, foram analisadas 15 questões de Química quanto aos conteúdos, 
contextualização e interdisciplinaridade com base nos PCN+ do Ensino Médio (BRASIL, 
2002). 
Resultados e Discussão 
Os resultados da análise das questões de Química do ENEM 2014 revelaram que 73% 
privilegiaram a contextualização e 27% constituíram questões conteudistas. 
As questões conteudistas exigem conhecimentos específicos e são desarticuladas da 
vida do estudante. A resolução deste tipo de questão valoriza a memorização. 
O conteudismo está inserido dentro de um ensino completamente tradicional, não 
favorecendo à formação de um indivíduo pensante, autônomo, crítico e capaz de usar o 
conhecimento adquirido na escola para tomar decisões sobre problemas do mundo real 
(GOMES et al., 2009, p. 9). 
31665 
 
Na elaboração de um item do ENEM é importante contemplar uma situação-problema 
contextualizada. Segundo o INEP a situação-problema é um: 
Desafio apresentado no item que reporta o participante do teste a um contexto 
reflexivo e instiga-o a tomar decisões, o que requer um trabalho intelectual capaz de 
mobilizar seus recursos cognitivos e operações mentais. Uma situação-problema 
deve estar contextualizada de maneira que permita ao participante aproveitar e 
incorporar situações vivenciadas e valorizadas no contexto em que se originam para 
aproximar os temas escolares da realidade extraescolar (BRASIL, 2003). Além 
disso, uma situação-problema não deve se restringir a uma parte específica do item, 
mas deve permear toda a sua estrutura, ao longo de todo o processo de composição, 
a começar pela escolha do texto-base, passando pela construção de todas as partes 
que compõem um item. Em uma avaliação, um item contextualizado pretende 
transportar o participante do teste para uma situação normalmente vivenciada por ele 
no dia-a-dia (BRASIL, 2010, p. 8-9). 
A abordagem contextualizada dos conteúdos pode ser realizada a partir de temas 
geradores, os quais podem ser problematizadose contribuir nos processos de aprendizagem e 
avaliação. 
No Quadro 2 podem ser observados os temas contemplados na prova de Química 
ENEM 2014. 
Quadro 2 – Temas contemplados na prova de química do ENEM de 2014 continua... 
Questões Temas 
48 - Aborda a destruição da camada de ozônio na 
atmosfera a partir dos clorofluorcarbonetos 
(CFCs). 
 
Poluição atmosférica 
51 - Contempla o processo de impedimento da 
contaminação microbiana da água por meio do 
ácido hipocloroso, o qual pode formar 
clorofórmio e outras substâncias orgânicas tóxicas 
em presença de matéria orgânica. 
 
Água 
52 - Refere-se à talidomida uma substância 
orgânica formada pela mistura racêmica composta 
por dois enantiômeros (R e S). Nesta questão é 
informada a ação do enantiômero S da talidomida 
no corpo humano. 
 
Medicamento 
54 - Se reporta às propriedades do biodiesel em 
relação ao teor de ácidos graxos saturados de 
algumas oleaginosas e a resistência a oxidação. 
 
Combustível 
56 - Trata da composição do Diesel e da 
quantidade de enxofre em partes por milhão 
(ppm). 
 
Combustível 
59 - Aborda a revelação das chapas de raios X e a 
recuperação dos íons prata. 
 
Água 
63 – Refere-se à aplicação excessiva de 
fertilizantes nitrogenados na agricultura e a as 
alterações no solo e água. 
 
Água 
 Quadro 2 – Temas contemplados na prova de química do ENEM de 2014 
 continuação 
Questões Temas 
70 - Trata sobre os resíduos químicos no corpo 
receptor. 
 
Água 
31666 
 
83 - Contempla a biorremediação de resíduos 
sólidos gerados pela combustão incompleta de 
compostos orgânicos. 
 
Solo 
86 - Traz informações sobre o a substância que 
causa mau odor de peixe. 
 
Poluição atmosférica 
88 - Trata da emissão do dióxido de enxofre por 
indústrias de extração de cobre e níquel, em 
decorrência da oxidação dos minérios sulfurados. 
 
Poluição atmosférica 
Fonte: Elaborado pelas autoras. 
Nas questões contextualizadas analisadas foram identificados os seguintes temas: 26% 
água, 20% poluição atmosférica, 13% combustíveis, 7% medicamento e 7% poluição do solo. 
A análise apontou que 27% das questões não eram contextualizadas. 
A abordagem dos conteúdos de química de forma contextualizada e articulada com 
outras áreas do conhecimento, possibilita a aprendizagem significativa. 
De acordo com os PCN+ Ensino Médio o aprendizado de Química no ensino médio: 
Deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si, 
quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as 
aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e 
econômicas (BRASIL, 2002, p. 87). 
Nesse sentido, o ensino de Química precisa estar relacionado com o cotidiano e a 
vivência do estudante, visando a aprendizagem significativa e a integração do estudante na 
sociedade. 
Quando o ensino de Química é fragmentado e descontextualizado, enfatiza-se a 
memorização de: conceitos, nomenclaturas de elementos, substâncias e compostos, fórmulas 
químicas, reações químicas, símbolos e os cálculos matemáticos. 
As questões 58, 65, 77 e 80 não se apresentaram contextualizadas. A questão 58 
descreveu a ação química do sabão e não apresentou nenhum contexto social, histórico, 
ambiental, político ou econômico. A questão 65 abordou as fórmulas estruturais de moléculas 
com substituintes planares e não planares, sendo classificada como uma questão conteudista. 
A questão 77 contemplou a classificação de cadeias carbônicas e não apresentou 
contextualização. A questão 80 tratou do processo químico da obtenção do fenol e não 
revelou um enfoque contextualizado. 
No Quadro 3 está apresentada a contextualização sociocultural e a articulação entre as 
disciplinas das questões de química ENEM 2014. 
Quadro 3 – Contextualização sócio-cultural do ENEM 2014 
 continua 
Questão Contextualização sócio-
cultural 
Aspectos sócio-culturais Articulação 
entre as disciplinas 
48 Ciência e tecnologia na Ambiental/Social ---- 
31667 
 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente. 
51 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente. 
Ambiental/Social Biologia 
52 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer o papel do 
conhecimento químico no 
desenvolvimento 
tecnológico atual, em 
diferentes áreas do setor 
produtivo, industrial e 
agrícola. 
Social Biologia 
54 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer o papel do 
conhecimento químico no 
desenvolvimento 
tecnológico atual, em 
diferentes áreas do setor 
produtivo, industrial e 
agrícola. 
Ambiental Biologia 
56 Ciência e tecnologia na 
história 
Perceber o papel 
desempenhado pela Química 
no desenvolvimento 
tecnológico e a complexa 
relação entre ciência e 
tecnologia ao longo da 
história. 
Ambiental/Político/Social ---- 
59 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente. 
 
 
Ambiental Biologia 
Quadro 3 – Contextualização sócio-cultural do ENEM 2014 
 continuação 
Questão Contextualização sócio-
cultural 
Aspectos sócio-culturais Articulação 
entre as disciplinas 
63 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer o papel do 
Ambiental Biologia 
31668 
 
conhecimento químico no 
desenvolvimento 
tecnológico atual, em 
diferentes áreas do setor 
produtivo, industrial e 
agrícola. 
70 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente. 
Ambiental/Político/Social 
 
Biologia 
83 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente 
Ambiental/Político Biologia 
86 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente 
Ambiental/Social Biologia 
88 Ciência e tecnologia na 
atualidade 
Reconhecer aspectos 
relevantes do conhecimento 
químico e suas tecnologias 
na interação individual e 
coletiva do ser humano com 
o ambiente 
Ambiental/Econômico ---- 
Fonte: Elaborado pelas autoras. 
Por meio dos dados apresentados no Quadro 3, observa-se que 53% das questões 
contemplam a interdisciplinaridade com a área de Biologia. A contextualização com enfoque 
no contexto ambiental foi apontada em 50% das questões, seguida pelos aspectos sociais 
(30%), políticos (15%) e econômicos (5%). 
Estudo realizado por Nunes (2011, p. 117) na prova do ENEM de 2009 constatou que 
12 questões da prova de Ciências da Natureza tematizaram a preocupação ambiental. 
A contextualização sociocultural das questões analisadas como contextualizadas da 
prova de Química, segundo os PCN+ Ensino Médio (BRASIL, 2002, p. 92-93) estavam 
relacionadas com: ciência e tecnologia na atualidade (82%), ciência e tecnologia na cultura 
contemporânea (9%) e ciência e tecnologia na história (9%). 
De acordo com Santos e Schnetzler (2007, p.47): 
31669 
 
Com oavanço tecnológico da sociedade, há tempos existe uma dependência muito 
grande com relação à Química. Essa dependência vai desde a utilização diária de 
produtos químicos até às influências e impactos no desenvolvimento dos países, nos 
problemas gerais referentes à qualidade de vida das pessoas, nos efeitos ambientais 
das aplicações tecnológicas e nas decisões solicitadas aos indivíduos quanto ao 
emprego de tais tecnologias. 
A Química está presente no dia-a-dia dos cidadãos e precisa ser compreendida como 
uma ciência em construção que pode contribuir para a qualidade de vida. Para tanto, é 
necessário que seja ensinada nas escolas de forma contextualizada, interdisciplinar e 
problematizada: 
O ensino para o cidadão inclui uma compreensão dos produtos e processos 
tecnológicos usados pela sociedade contemporânea, assim como um entendimento 
dos mecanismos sociais existentes de que o cidadão dispõe, ou que deve lutar para 
conseguir, a fim de transformar a realidade em que está inserido. Além disso, esse 
conteúdo precisa evidenciar as inter-relações e interdependências entre ciência e 
sociedade, tecnologia e sociedade e ciência e tecnologia. Assim, o aluno 
compreenderia os efeitos da ciência na sociedade e a influência da sociedade no 
desenvolvimento científico, os efeitos da tecnologia na sociedade e a dependência da 
tecnologia do contexto sociocultural, o impacto da ciência no desenvolvimento 
tecnológico e o impacto da tecnologia em novas descobertas científicas. Tais 
conteúdos necessariamente implicam que o ensino tenha um caráter interdisciplinar, 
pois, para se evidenciar as inter-relações entre esses aspectos, deve-se considerar os 
fatores sociais, econômicos e históricos (SANTOS; SCHNETZLER, 2007, p. 108). 
Diante deste contexto, o estudante precisa saber a importância da construção do 
conhecimento para o desenvolvimento científico e seu efeito sobre a sociedade 
contemporânea. A compreensão do papel da tecnologia na sociedade é fundamental para 
entender o mundo em que vivemos. 
A pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias contribui para as descobertas 
científicas, pois o aprimoramento da ciência tem impacto real nas inovações científicas e suas 
aplicações do cotidiano. 
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 
(UNESCO) é indispensável aprimorar: 
Os conhecimentos e as análises e contribuir para a harmonização da complexa inter-
relação entre ciência, tecnologia e sociedade. As democracias devem valorizar o 
desenvolvimento da C&T e prestar-lhe vigoroso apoio, como fonte de progresso 
social e enriquecimento cultural (UNESCO, 2003, p. 11). 
Nesse sentido, a inter-relação entre a ciência, tecnologia e sociedade deve ter uma 
abrangência interdisciplinar entre as áreas das ciências naturais e ciências sociais. É preciso 
que haja investimentos em ciência e tecnologia, visando a qualidade de vida pessoal e social. 
Conforme estabelece a UNESCO (2003, p. 27) o acesso ao conhecimento científico: 
31670 
 
A partir de uma idade muito precoce, faz parte do direito à educação de todos os 
homens e mulheres, e que a educação científica é de importância essencial para o 
desenvolvimento humano, para a criação de capacidade científica endógena e para 
que tenhamos cidadãos participantes e informados (UNESCO, 2003, p. 27). 
A educação em ciência em sentido amplo, sem discriminação e abrangendo todos os 
níveis e modalidades, é um requisito fundamental da democracia e também do 
desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2003, p. 34). 
Nesse sentido, a educação em ciência deve ser ensinada de forma interdisciplinar, 
contextualizada e problematizada em todos os níveis de ensino. O desenvolvimento 
sustentável deve abranger as dimensões ambientais, econômicas, políticas e éticas. 
Considerações Finais 
A análise documental com abordagem qualitativa possibilitou analisar a prova de 
Química do ENEM 2014, quanto à contextualização e temas estruturadores. Esta análise 
poderá contribuir para estudos de outras provas de Química do ENEM, pois fornece dados 
sobre a elaboração das questões. 
Os resultados da análise da prova do ENEM 2014 área Ciências da Natureza e suas 
Tecnologias revelaram que a maioria das questões de química privilegiou a contextualização e 
as demais se apresentaram como conteudistas. Nas questões contextualizadas analisadas 
foram identificados os seguintes temas: água, poluição atmosférica, combustíveis, 
medicamento e poluição do solo. 
A contextualização sociocultural apresentada nas questões contextualizadas da prova 
de Química estava relacionada com: ciência e tecnologia na atualidade, ciência e tecnologia 
na cultura contemporânea e ciência e tecnologia na história. 
A maioria das questões contemplam a interdisciplinaridade com a área de Biologia. A 
contextualização com enfoque no contexto ambiental foi apontada na maioria das questões, 
seguida pelos aspectos sociais, políticos e econômicos. 
A abordagem interdisciplinar com outras áreas do conhecimento é possível no ensino 
da Química. O professor precisa abordar os conteúdos de química contextualizados e 
interdisciplinares, visando levar o educando ampliar os conhecimentos e desenvolver a 
cidadania. 
O presente trabalho revelou que a maioria das questões de química do ENEM 2014 
atenderam os PCN+ da área de Química quanto a contextualização e interdisciplinariedade. O 
31671 
 
mesmo pode contribuir para subsidiar a reflexão e a prática pedagógica dos professores de 
química nos processos de ensino e avaliação. 
REFERÊNCIAS 
ABREU, Rosana Gomes de.; LOPES, Alice Cassimiro. A interdisciplinaridade e o ensino de 
química: uma leitura a partir das políticas de currículo. SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos.; 
MALDANER, Otávio Aloisio. (Orgs.) Ensino de química em foco. Ijuí: UNIJUÍ, 2013. 
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira. Sobre o ENEM. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem>. 
Acesso em: 29 mar. 2014a. 
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros 
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas 
Tecnologias. (2000). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. 
Acesso em: 04 jan. 2014. 
______. Ministério da Educação. PCN+ Ensino Médio. Orientações Educacionais 
Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e 
suas Tecnologias. (2002). Disponível em: < 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2014. 
______. Ministério da Educação. Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/res0398.pdf>. Acesso em: 07 ago. 2015. 
______. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. 
– Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf>. Acesso em: 21 
jul. 2015. 
______. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira. Prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Prova de Ciências da Natureza e 
suas Tecnologias. 1º Dia Caderno 1 Azul. Brasília: INEP, 2014. Disponível em: < 
http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores/provas-e-gabaritos>. Acesso em: 18 
maio 2014b. 
______. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira. Guia de elaboração e revisão de itens. v.1. Brasília: INEP, 2010. Disponível em: < 
http://www.if.ufrj.br/~marta/enem/docs_enem/guia_elaboracao_revisao_itens_2012.pdf>. 
Acesso em: 25 set. 2015. 
HOLANDA, Aurélio Buarque de. Dicionário do Aurélio. Disponível em: < 
http://www.dicionariodoaurelio.com/>. Acesso em: 30 set. 2015.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf
http://www.if.ufrj.br/~marta/enem/docs_enem/guia_elaboracao_revisao_itens_2012.pdf
http://www.dicionariodoaurelio.com/
31672 
 
FERNANDES, Cláudia de Oliveira. Por que é tão importante avaliar as aprendizagens? In: 
FERNANDES, Cláudia de Oliveira. (Org.) Avaliação das aprendizagens e sua relação com 
o papel social da escola. São Paulo: Cortez, 2014. 
FETZNER, Andréa Rosana. Entre o diálogo e a redução: práticas curriculares e avaliativas. In: 
FERNANDES, Cláudia de Oliveira. (Org.) Avaliação das aprendizagens e sua relação com 
o papel social da escola. São Paulo: Cortez, 2014. 
FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores da Eucação. E-book, Volume 3, da 10ª 
Reunião da Anped Sudeste, 2011. 
FERREIRA, Vitor. A interdisciplinaridade é desejável, mas o modelo não pode ser imposto. 
Química Nova, São Paulo, v. 35, n. 10, p. 1899, 2012. 
GOMES, Verena Barbosa. et al. Impressões de professores sobre questões relacionadas ao 
ensino de química: enfoque no uso do livro didático. In: ENCONTRO NACIONAL DE 
PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 7., 2009, Florianópolis. Atas... Florianópolis: 
ABRAPEC, 2009. Disponível em: 
<http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/654.pdf>. Acesso em: 25 set. 2015. 
HOFSTEIN, Avi.; AIKENHEAD, Glen.; RIQUARTS, Kurt. Discussions over STS at the 
fourfh IOSTE symposium. International Journal of Science Education, Australia, v. 10, n. 
4, p. 357, 1988. 
KATO, Danilo Seithi.; KAWASAKI, Clarice Sumi. O significado pedagógico da 
contextualização para o ensino de ciências: análise dos documentos curriculares oficiais e 
de professores. Disponível em: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p782.pdf. 
Acesso em: 25/09/2015. 
LÜDKE, Menga.; ANDRÉ, Marli. Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação: 
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 
MACHADO, Nílson José. Interdisciplinaridade e contextuação. In: BRASIL. Ministério da 
Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame 
Nacional do Ensino Médio (ENEM): fundamentação teórico-metodológica. Brasília: 
INEP/MEC,1999. 
MARCELINO JÚNIOR, Cristiano de Almeida Cardoso. A interdisciplinaridade nas questões 
do enem 2009. In: RAMALHO, Betânia. Leite.; NÚÑEZ, Isauro Beltrán. (orgs.) Aprendendo 
com o enem: reflexões para melhor se pensar o ensino e aprendizagem das ciências naturais e 
da matemática. Brasília: Liber Livro Editora, 2011. 
NUNES, Letícia Bastos. Ambientalização e ensino médio: um estudo das provas do novo 
enem – 2009. 153 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em: < 
http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/2868/1/000431133-Texto%2bCompleto-
0.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2015. 
http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/654.pdf
http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p782.pdf
31673 
 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. 
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Química (2008). Disponível em: < 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_quim.pdf >. Acesso em: 
14 jul. 2015. 
SANTOS, Wildson Luiz Pereira.: SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em química: 
compromisso com a cidadania. 4. ed. Ijuí: Unijuí, 2010. 
SILVA, Erivanildo Lopes da.; MARCONDES, Maria Eunice Ribeiro. Materiais didáticos 
elaborados por professores de química na perspectiva CTS: uma análise das unidades 
produzidas e das reflexões dos autores. Ciência & Educação, Bauru, v. 21, n.1, Jan./Mar. 
2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
73132015000100005&script=sci_arttext&tlng=en>. Acesso em: 23 jul. 2015. 
UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A ciência 
para o século XXI uma nova visão e uma base de ação. Brasília: UNESCO, ABIPTI, 2003. 
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000207.pdf>. Acesso 
em: 10 jun. 2015. 
WARTHA, Edson José.; SILVA, Erivanildo Lopes da.; BEJARANO, Nelson Rui Ribas 
Cotidiano e contextualização no ensino de química. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 
35, n. 2, p. 84-91, maio 2013. Disponível em: 20 jul. 2015. 
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução de: Ernanni F. da F. Rosa. 
Porto Alegre: Artmed, 1998. Obra original.

Continue navegando