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1 SÍNTESE DA p-NITRO ANILINA Maria da Silva e João Nunes. Disciplina: Química Orgânica Experimental / Profa. Dra. Patrícia Blumenau, 25 de junho de 2016. Introdução A p-nitro-anilina é um composto químico de fórmula C6H6N2O2, que encontra-se dentro da classe das aminas aromáticas. As anilinas apresentam um átomo de nitrogênio ligado a dois átomos de hidrogênios e um anel aromático, sendo assim uma amina primária. O átomo de nitrogênio contém elétrons não ligantes, fazendo com que estes compostos tenham propriedades básicas e nucleofílicas. As aminas, de maneira geral, podem ser encontradas em plantas e animais.1 A trietilamina, por exemplo, é responsável pelo odor desagradável de vários tipos de peixes. Outro exemplo que pode ser citado é a quinina, um importante fármaco anti-malária encontrado no sul da América nas árvores do gênero Cinchona. Por outro lado, as nitro-anilinas, são utilizadas principalmente na indústria de tintas, mas também são usadas como intermediários na síntese de fármacos e inseticidas.2 Com base no exposto, o objetivo deste experimento é realizar a síntese da p-nitro-anilina a partir da acetanilida (Esquema 1). N O H HNO3 / H2SO4 N O H O2N N O HNO2 N O H O2N H2SO4 NH2 O2N Esquema 1 Resultados e Discussões Na primeira etapa foi realizada a reação de nitração (Esquema 2). Para isto, foram colocados em um erlenmeyer 5 mmol (0,675 g) de acetanilida dissolvida em 5 mL de H2SO4(conc.). Este experimento foi realizado na capela devido à liberação de vapores ácido. A próxima etapa foi resfriar o erlenmeyer por meio de um banho de gelo e a mistura de ácido foi uma mistura de 2 mL de HNO3(conc.) e 5 mL de H2SO4(conc.) previamente resfriados. A mistura de ácidos deve ser adicionada lentamente no erlenmeyer contendo a acetanilida evitando-se assim o aumento da temperatura do meio. Contudo, ao realizar este procedimento, a mistura foi adicionada de forma rápida, sendo observado o aquecimento do erlenmeyer e a liberação de um gás castanho, que possivelmente é o +NO2. Esta ocorrência pode levar a formação de outros isômeros (orto e meta) em quantidades significativas, diminuindo o rendimento da reação. Esquema 2 Após adicionar a mistura de ácidos, o próximo passo do procedimento foi deixar a mistura em repouso por cerca de 10 minutos e a seguir adicionar 20 mL de água gelada. Ao realizar este procedimento foi observada a precipitação da p-nitro-anilina com a presença da o-nitro-anilina. A seguir o produto foi filtrado sob vácuo em um funil de Buchner e lavado em pequenas porções com água gelada. Para purificação da mistura de isômeros foi utilizada a técnica de recristalização. Para isto foi utilizado etanol como solvente. A p-nitro-anilina recristaliza em etanol, enquanto que a o-nitro-anilina permanece solubilizada. Podemos observar que a p-nitro-anilina é sólida enquanto que a o- nitro-anilina é líquida. Este fato ocorre devido à maior simetria da molécula, o que leva a um aumento no ponto de fusão e ebulição. O rendimento indicado na literatura3 para esta preparação é de 80 %, no entanto, no nosso caso obtivemos apenas 45 % em conseqüência da adição rápida da mistura de ácidos à acetanilida. A segunda etapa consistiu na hidrólise da p-nitro- acetanilida (Esquema 3). Para este procedimento, foi montado um sistema de refluxo e a seguir adicionada a p- nitro-acetanilida com 10 mL de H2SO4 50 % . A mistura foi deixada sob refluxo durante 20 minutos. A seguir foi adicionada lentamente a mistura reacional 50 mL de água gelada. Depois de adicionar a água gelada, o meio foi neutralizado com 20 mL de uma solução de NaOH 20 %, ocorrendo a formação de um precipitado branco. Deve-se fazer esta neutralização para que a anilina fique desprotonada e assim se possa isolar o produto. Caso contrário, em meio ácido, a anilina continuaria protonada e permaneceria no meio aquoso. Para purificação da p-nitro-anilina foi utilizada à técnica de recristalização, utilizando como solvente uma mistura de etanol/água (1 : 1). O rendimento citado na literatura3 para esta etapa é de 90 % e foi obtido um rendimento de 78 % em virtude das perdas. N O H HNO3 / H2SO4 N O H O2N N O HNO2 2 Esquema 3 Para a determinação da estrutura da p-nitro-anilina foram utilizadas técnicas de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1H) e de carbono (RMN 13C) e espectrometria de massas (os espectros encontram-se em anexo a este relatório, contendo a indicação dos sinais). Podemos observar que no espectro de RMN 1H os sinais correspondentes aos hidrogênios aromáticos (7,9 e 6,6 ppm), apresentam dois dubletos aparentes (sistema AA’ BB’) de integrais de valor 2 devido a simetria da molécula e pela presença de um hidrogênio vizinho. Os hidrogênios ligados ao nitrogênio apresentam um deslocamento químico de 2,8 ppm com integral de valor 2; contudo este deslocamento pode variar de acordo com a concentração e temperatura. No espectro de RMN 13C podemos observar 4 sinais de carbono característico da região aromática. Apesar da molécula apresentar 6 átomos de carbono aromáticos, temos apenas 4 sinais, devido a coincidência de sinais devido a simetria. Para a caracterização da p-nitro-anilina também foi realizada a análise por espectrometria de massas, sendo observados picos de massa 138, sendo este o pico molecular, e de massa 55, sendo este o pico base, referente à quebra do anel aromático. Conclusões Foi obtida a p-nitro-anilina como mencionado no objetivo deste experimento. A reação mostrou-se eficiente como mencionado no procedimento. Contudo, foi obtido um rendimento baixo para a obtenção da p-nitro-anilina, que se deve aos erros cometidos durante a execução do experimento. Procedimento Experimental Primeira Etapa: Nitração Em um erlenmeyer adicionou-se a Acetanilida e 5 mL de H2SO4 conc.. Resfriou-se a mistura em banho de gelo e adicionou-se uma mistura de 2 mL de HNO3 e 5 mL de H2SO4 previamente resfriados. A mistura de ácidos foi adicionada lentamente e em pequenas porções de 0,5 mL. O tempo de adição variou de 5-10 minutos mantendo a temperatura do meio reacional abaixo de 10°C. A mistura foi deixada em repouso durante 10 minutos e então adicionou-se 20 mL de água gelada. Observou-se a formação de uma suspensão de isômeros da p- nitroacetanilida e o-nitroacetanilida. Filtrou-se o sólido em funil de Buchner e lavou-se com pequenas porções de água gelada. A Recristalização foi realizada utilizando EtOH como solvente. (OBS: Na recristalização, a o-nitroacetanilida obtida permanece na fase líquida, enquanto que a p- nitroacetanilida cristalizou) Rend.: 80 % Segunda Etapa: Hidrólise Em um balão de fundo redondo, provido de condensador de refluxo, e agitação magnética, adicionou-se 2,0 g de p- nitro-acetanilida e 10 mL de solução aquosa de H2SO4 50%. A mistura foi refluxada por 20 minutos. Logo em seguida, adicionou-se à mistura reacional ainda aquecida 50 mL de água fria, e neutralizou-se com 20 mL de uma solução de NaOH 20%. Resfriou-se o precipitado e filtrou- se em um funil de Buchner lavando com água gelada. Recristalizou-se em etanol aquoso 1:1. Rend.: 90 % Dados analíticos da p-nitro-anilina: RMN 1H (CDCl3 – 200 MHz): δ 7,9 (dubleto aparente, J = 6,7 Hz, 2H), 6,6 (dubleto aparente, J = 6,9 Hz, 2H) e 2,8 (singleto largo, 2H). RMN 13C (CDCl3 – 200 MHz): δ 158,7; 147,5; 126,3 e 112,6. CG-MS – m/z (intensidade relativa): 138 (M+ 77), 92 (43), 55 (100). Materiais e Reagentes Os solventes e reagentes utilizados foram purificados de acordo com a literatura.4 As soluções foram evaporadas em um rota-evaporador marca Büchi modelo R-205, com banho para aquecimento marca Büchi modelo B-490, operando sob pressão reduzida. As purificações em coluna cromatográfica foram realizadas utilizando-se um gel de sílica 60 (230 – 400 mesh). A análise de ressonância magnética nuclear de 1H e13C foram registradas em um espectrômetro da marca Varian modelo INOVA 300. O espectro de massas foi obtido por um cromatógrafo gasoso acoplado a um espectrômetro de massas (CG/MS) marca Shimadzu modelo CG-17A/QP5050A. • Reagentes Utilizados: Acetanilida 5 mmol - 0,675 g, HNO3 2 mL, H2SO4 15 mL, EtOH (recristalização), p- nitroacetanilida 2 g e NaOH(aq) 20 % - 20 mL. • Materiais Utilizados: Erlenmeyer de 50 mL, Funil de Buchner - Kitassato de 100 mL, papel filtro, balão de fundo redondo de 100 mL e 2 Beckers de 100 mL. Referências 1. McMurry, J. Organic Chemistry, 15 ed., Capítulo 24, Ed. Brooks/Cole, 1999, USA. 2. Gil, R. A. S.; Merat, L. M. O. Quim. Nova, 2003, 26, 779 – 781. 3. T. Fleming, Comprehensive Organic Synthesis 1991, vol. 4, Ed. Oxford, USA. 4. Perrin, D. D.; Amarego, W. L. F. Purification of Laboratory Chemicals; Pergamon Press; London, 1980. N O H O2N H2SO4 NH2 O2N
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