Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças da faringe - faringotonsilites · Faringe é transição da via aérea e da via digestiva = via de entrada dupla dos patógenos que penetram pela via aérea e pela boca · Boca e nariz tem grande quantidade de patógenos normais: gram-positivos (streptococos alfa, bactérias difteroides, anaeróbios. Quando a flora é perturbada por outros organismos ou por diferentes hábitos como o uso de medicamentos, é desencadeada a infecção · Dentre as patologias mais importantes que acometem essa região estão as patologias inflamatórias e ou infecciosas = faringotonsilites · Maioria virais e autolimitadas mas podem complicar com infecção bacteriana secundária Definição · Doenças inflamatórias e ou infecciosas envolvendo faringe e as tonsilas · Antigamente chamava de faringite e amigdalite (mas termos em desuso pois amígdala faz parte do SNC) Classificação · Formas clinicas · Eritematosa – presença de enantema · Eritemato-pultácea – presença de exsudato purulento · Pseudomembranosa – presença de placas de pseudomembrana aderidas · Ulcerosa – evolui com úlceras · · Superficiais · Profundas Na esquerda: edema de úvula + vermelhidão difusos (viral); Na direita: hiperplasia da tonsila e exsudato purulento (bacteriana); · Quanto ao tempo · Aguda (< 3 meses) – predomínio de edema, hiperemia, transudato e exsudato · Inespecífica · Especifica · Crônicas (> 3 meses) – granulomas, úlceras, fibrose, metaplasia · Recorrente · Hiperplásica · Crônica Faringotonsilites agudas inespecíficas · Mais comuns · Ausência de agentes etiológico especifico, causada por vírus e bactérias Etiologia · Maioria causada por vírus respiratórios · · Adenovírus · Rhinovirus · Coronavirus · Influenzae · Parainfluenzae · Vírus sincicial respiratório · · Quando há infecção bacteriana, os agentes são: · · S. pyogenes (SBHA) – mais prevalente · S. pyogenes grupo C e G · Mycoplasma · Chlamydia · Neisseria · Anaeróbios · · Nos quadros crônicos e quando de repetição · · S. aureus · Hemofilo · Moraxella · Manifestações clínicas · · Comprometimento do EG · Febre e calafrios · Astenia · Mialgia · Artalgia · Cefaleia · Dor de garganta · Odinofagia · Otalgia reflexa · Linfadenomegalia cervical Obs: o quadro viral pega muito mais difusamente (IVAS) e a tosse é bem característica do quadro viral; já quando é por bactéria, é mais localizado e sintomas súbitos e mais intensos Viral Bacteriana Conjuntivite Início súbito da dor de garganta, após história de contato com faringotonsilite aguda estreptocócica Coriza Febre > 38,5º Tosse Cefaleia, náuseas, vômitos Rouquidão Exsudato nítido Estomatite ulcerativa Petéquias em palato mole Diarreia Linfonodos anteriores aumentados e doloridos Exantema viral Exantema escarlatiniforme · Diagnóstico · Clinico · Cultura – padrão ouro, mas na prática é feito o tto empírico · Infecções de repetição · Possibilidade de complicação como febre reumática · Teste rápido (swab) de detecção antigênica do SBHA · Tratamento · Repouso · Hidratação · Analgésico e antipirético · Antisséptico para gargarejo · Anestésico tópico se muita odinofagia · Antibiótico se evidência de infecção bacteriana Escore de Centor modificado Febre > 38,5º 1 Ausência de tosse 1 Linfonodos anteriores aumentados e dolorosos 1 Exsudato nítido 1 Idade < 15 anos 1 Idade > 44 anos -1 Obs: GAS é Streptococo do grupo A Penicilina benzatina IM dose única Penicilina V 10 dias ou amoxicilina 10 dias Cefalosporinas de 2ª geração 5 dias Macrolídeos e clindamicina – se alergia a penicilina Clindamicina ou Amoxicilina-Clavulanato 10 dias – nos de repetição · Complicações – relacionadas a bactérias, especialmente SBHGA · Supurativas – estão relacionadas a extensão locorregional; a fossa tonsilar é forrada pelos músculos constritores da faringe · Abcesso peritonsilar · O tecido mole vai se abaular trismo e disfagia, piora da faringite · Necessidade de exame de imagem para delimitar · Abcesso com necrose, halo hipercaptante · Conduta: Atb IV e aumento do espectro para cobrir anaeróbio, com observação de 48h. Se o paciente já tem quadro muito importante de trismo e disfagia é possível tto cirúrgico (drenagem por via oral), melhorando sintoma e ação do antibiótico. · Abcesso latero-retro-faríngeo · A infecção disseca a fáscia dos constrictores, em direção à parte vertebral; · Estágio mais torporoso, infecção mais grave · Compromete mobilidade cervical + Dificuldade respiratória importante · Conduta: · ATB IV por tempo prolongado · Drenagem por via externa da coleção purulenta · Angina de Ludwig · Celulite do assoalho da boca · Infecção do TCSC submentoniano · Conduta: internação para ATB IV + dispensa drenagem · Não supurativas (imunológicas) · Febre reumática · Doença endêmica em subdesenvolvidos · Acompanha infecções pelo Strepto beta hemolítico · Sintomas e sinais 2-3 semanas após a faringite · Fisiopatologia · Infecção pelo SBHA · Genética HLA DR4 e HLA DR2 · Produção de anticorpo contra o streptococo e reage de forma cruzada contra proteínas do tecido cardíaco (qualquer um, endo, peri, mio e um sinal precoce é o prolongamento do PR), articular e cerebralmanifestações clinicas · Diagnóstico : Critérios de Jones 2 maiores ou 1 maior + 2 menores com evidência de infecção recente por Strepto · Maiores: cardite, poliartrite, coréia de Sydenham, eritema marginado, nódulos subcutâneos · Menores · Clínicos: febre reumática prévia ou doença cardíaca reumática, artralgia, febre · Laboratoriais: reações de fase aguda (PCR, VHS, leucocitose), intervalo PR prolongado · Evidências de SBHA · Hemograma – leucocitose com neutrofilia · ASLO · Teste de detecção rápida do antígeno · Cultura de material da orofaringe (critério mais forte) · Tratamento · Tratar a artrite – AAS · Tratar cardite – corticoide oral · Tratar Coreia – haloperidol · Profilaxia secundária – penicilina benzatina 21/21d · GNDA pós estreptocócica · Síndrome nefrítica aguda (edema + HAS + hematúria) · Processo inflamatório no glomérulo com diminuição a filtração, oligúria, retenção de sal e água, edema + HAS · Diagnóstico · Sumário de urina · Hematúria · Proteinúria discreta · Cilindrúria hemática, leucocitário · Dismorfismo hemocitário · Complemento baixo · Função renal inalterada · Tratamento · Diurético · Corticoide se houver crescentes epiteliais na biopsia renal (sinal de mal prognóstico) · PANDAS · Desordem neuropsiquiátrica na criança associada a infecção pelo streptococo · Fazem TOC geralmente na fase da vida pré-puberal · Pode ser um aparecimento do TOC ou exacerbação abrupta · Associação com outras alterações neurológicas (hiperatividade motora) · Escarlatina · Rash cutâneo escarlatiniforme (sem áreas de pele sã) · Vasculite sistêmica pela produção de toxinas eritrogênicas língua em framboesa, eritema em dobras · Limitado mas pode evoluir pra úlcera necrótica · Síndrome do choque tóxico estreptocócico · Ocorre após colonização ou infecção estreptocócica beta hemolitico · Hipotensão, IR, coagulpatia Faringoamidalites agudas específicas 1. Faringotonsilite diftérica · Forma pseudomembranosa · Produção de toxina cardiotóxica com possibilidade de evolução para insuficiência cardíaca · Erradicada com vacinação; · Tratamento: antibioticoterapia ou soro 2. Fusuepiralar · Associação de fusobacteria e spiroqueta em focos dentários, má higiene oral (Comum em alcoólatras) · Unilateral com úlcera na tonsila + foco dentário · Tratamento Penicilina + produtor de beta lactamase para cobrir anaeróbio 3. Herpética · Etiologia viral · Forma ulcerada · Acometimento de lábio, gengiva, palato mole, até região posterior da faringe 4. Herpangina · Coxsakie vírus e enterovirus · Forma ulcerada superficial · Se restringe à região posterior da faringe · Autolimitada – tratamento sintomático 5. Mononucleose · Esptein Barr vírus · Adolescentes e adultos jovens – ao se infectarem serão portadores crônicos · Mal estar, astenia, febre, dor de garganta, hepatoesplenomegalia, hiperplasia linfoide difusa (faríngea,cervical, inguinal, axilar) · Relacionado a carcinogênese da faringe, principalmente os linfoproliferativos · Formação de pseudomembranas amareladas + lesões ulceradas na boca · Diagnóstico · Hemograma – leucopenia com linfocitose, na faringoamidalite estreptocócica tínhamos leucocitose com neutrofilia!!! · Testes sorológicos · Anti VCA (IGM e IgG) · Tratamento · Sintomático · Repouso, evitar esforço (como há hepatomegalia aguda a capsula hepática fica tensa podendo distender) · Corticoide se hiperplasia muito intensa das tonsilas Faringotonsilites crônicas Faringotonslites crônicas recorrentes · Lembrar das etiologias: S. aureus, Hemófilos e Moraxella · Quando o paciente tem 7 episódios agudos em 1 ano ou quando tem 5 episódios por ano em 2 anos consecutivos ou 3 episódios por ano por 3 anos consecutivos (critérios de Paradise) · Por falha primária nos mecanismos de imunidade da tonsila ou fatores externos aumentando a chance de infecção · Uso indiscriminado de antibiótico diminuindo flora protetora (alteração da microflora regional) · Mudança estrutural no epitélio das criptas · Aumento de MO como Prevotella e aneróbios · Tratamento · Imunomoduladores – aumentam a ativação dos linfócitos; tratamento clinico usado por 3 meses; · · Lisados bacterianos · Tiomodulina · · Cirurgia (remoção da tonsila) - se após os 3 meses de tto clínico com imunomodulador mantém as infecções há indicação de tto cirúrgico Febre periódica/ Estomatite / Faringite / Adenite cervical de repetição · Causa mais comum de febre periódica na infância · Início antes dos 5 anos e resolve na adolescência · Episódios de febre recorrente a cada 3-8 semanas com duração de até 6 dias · Doença autolimitada benigna imunomediada com disfunção na produção de citocinas · Cultura negativa · Diagnóstico – critérios · Criança · Febre regular recorrente até os 5 anos · IVAS ou estomatite aftosa ou faringite ou linfadenite cervical · Exclusão de neutropenia cíclica · Ausência de sintomas no intervalo entre as crises · Crescimento e desenvolvimento normal · Adulto · Febre regular recorrente a partir dos 16 anos · Faringite eritematosa ou adenite cervical · Provas inflamatórias elevadas nas crises e normais entre elas (VHS, PCR) · Ausência de sintomas no intervalo entre as crises · Tratamento nas crises: corticoide prednisona + betametasona Faringotonsilite crônica hiperplásica · Aumento das tonsilas cronicamente, constante, não reacional (constitucional) · Pode ter aumento de qualquer tonsila ou de todas, mas as mais frequentes são a faríngea e a palatina · O tamanho normal é que ela esteja entre o pilar anterior e posterior, totalmente dentro da fossa, mas a tonsila faríngea não temos visão boa pelo exame físico · A língua não pode estar protrusa porque isso leva a constricção da musculatura da faringe, o correto é a língua em repouso no assoalho da boca · Disfagia, dificuldade para respirar (principal causa de apneia do sono na criança) e voz anasalada Ex: Grau 4 de hiperplasia da tonsila palatina (dificuldade respiratória, dificuldade para deglutir, principal causa de apneia do sono na criança e alteração do sono, com alteração do crescimento pondero-estatural) · Patogênese · Infecção viral · Colonização bacteriana crônica com formação de biofilme · Fatores relacionados ao hospedeiro – atopia, poluição Faringotonsilite crônica · Dor de garganta superior a 3 meses associada a inflamação · Causa Halitose + massa caseosa nas criptas por mudança anatômica + eritema peritonsilar + adenopatia cervical persistente · Tratamento: criptólise (doloroso e caro) ou retirada da tonsila; · Higienizar após alimentação com gargarejo de água Indicações de tonsilectomia Orientar – dieta pastosa e fria, falar pouco no pós operatório, pois a cicatrização pe por segunda intenção Absolutas a) Obstrução severa gerando cor pulmonale b) Hiperplasia de tonsilas palatinas e ou faríngeas + apneia do sono c) Hiperplasia de tonsilas palatinas e ou faríngeas + disfagias Obs: retira a que tem hiperplasia Relativas – analisar caso a caso a) Tonsilite recorrente – não tem impacto sobre as faringites virais, por isso repensar se tira b) Tonsilite crônica – pelo impacto social da halitose c) Passado de abcesso peritonsilar – predisposição aumentada para outra mais grave, mas não é consenso, por isso analisar caso a caso Indicações de adenoidectomia (tonsila faríngea) – feita por curetagem · Adenoidite crônica hiperplásica ou de repetição + otite média aguda de repetição ou otite média secretora ou otite média supurativa · Adenoidite crônica + sinusite de repetição · Adenoidite crônica hiperplásica com obstrução de VAS Contraindicações cirúrgicas · Discrasias sanguíneas (coagulopatias) · Fenda palatina ou fenda submucosa de palato duro · Paralisia ou insuficiência véu palatino e palato mole curto Disgnóstico diferencial CEC – é uma lesão ulcerada na tonsila, dolorosa, mais idoso, tabagista de longa datal, etilista, necessária Bx para confirmação de diagnóstico Linfoma – Dx diferencial de hiperplasia assimétrica aguda de tonsila
Compartilhar