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14-Avaliação na alfabetização

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AVALIAÇÃO NO 
CONTEXTO DE 
LÍNGUAS 
Pablo Rodrigo Bes 
Avaliação na alfabetização: 
o contexto do letramento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar a questão de alfabetização com as formas de avaliar.
  Caracterizar os níveis de alfabetização refletindo sobre as formas de 
diagnóstico.
  Analisar as avaliações nacionais destinadas à alfabetização e o seu 
impacto pedagógico. 
Introdução
As práticas avaliativas que ocorrem durante o período de alfabetização 
dos estudantes da educação básica devem contemplar os conceitos de 
alfabetização e letramento. Isso significa considerar que a alfabetização 
consiste em um processo que visa inserir o aluno na sociedade por meio 
da linguagem, de forma que a prática de apropriar-se da língua esteja 
relacionada com a sua atuação social. Além disso, o professor alfabetiza-
dor deve se valer das práticas de avaliação como forma de diagnóstico, 
realizando sondagens para adequar as suas intervenções pedagógicas 
sempre que preciso. A avaliação na alfabetização, portanto, deve possuir 
caráter processual e formativo, embora, por vezes, apresente um teor 
classificatório em avaliações de larga escala.
Neste capítulo, você vai ler sobre as práticas avaliativas no período 
de alfabetização. Vai aprender como se caracterizam cada um dos níveis 
de alfabetização que podem ser contatados por meio das práticas de 
diagnóstico. Além disso, vai estudar sobre as avaliações do Sistema de 
Avaliação da Educação Básica (SAEB), que procuram focar a alfabetização 
e as suas implicações no trabalho pedagógico das escolas. 
Avaliando na alfabetização
Analisar os possíveis processos de avaliação para alunos na fase inicial da 
educação básica primeiramente envolve entender o que signifi cam alfabetização 
e letramento, pois a postura do docente em sala de aula vai se pautar por esse 
entendimento. De acordo com Soares e Batista (2005, documento on-line):
O termo alfabetização designa o ensino e o aprendizado de uma tecnologia 
de representação da linguagem humana, a escrita alfabético-ortográfica. O 
domínio dessa tecnologia envolve um conjunto de conhecimentos e procedi-
mentos relacionados tanto ao funcionamento desse sistema de representação 
quanto às capacidades motoras e cognitivas para manipular os instrumentos 
e equipamentos de escrita.
Dessa forma, para que o estudante possa se alfabetizar, precisa colocar em 
ação os conhecimentos e procedimentos específicos relacionados à escrita, 
bem como desenvolver algumas capacidades cognitivas e motoras. Para com-
preender melhor os fatores envolvidos na alfabetização, é necessário conhecer 
alguns aspectos inerentes ao processo (SOARES; ALMEIDA, 2005), que são: 
1. saber que os sinais apresentados servem para representar algo (função 
simbólica);
2. saber que os sinais não representam diretamente as coisas ou a realidade;
3. saber o que os sinais representam;
4. saber a que propriedade de linguagem se referem;
5. memorizar os sinais e seus significados;
6. conhecer os procedimentos relacionados à grafia.
Essas condições são exigidas para que o aluno se aproprie das regras do 
nosso código escrito e se torne hábil para realizar a transcrição de seus pen-
samentos ou de sua fala para a escrita (escrever), bem como apropriar-se do 
que está escrito, codificado e interpretando seu significado (ler). Em alguns 
casos, essas condições tornam complexa a tarefa de alfabetizar, porque alguns 
alunos podem apresentar dificuldades em segui-las.
Já o conceito de letramento se aproxima muito mais da questão social da 
linguagem. Ainda antes de serem alfabetizadas, as crianças já conhecem o 
potencial da língua escrita para a sua vida, já que estão imersas nela em seu 
dia a dia. Da mesma forma, se considerarmos um adulto analfabeto, ele tam-
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento2
bém reconhece e, em alguns casos, identifica os aspectos formais da língua 
escrita, reconhecendo e utilizando alguns cotidianamente. É justamente aqui 
que se encaixa o conceito de letramento, que pode ser entendido como “[…] o 
conjunto de conhecimentos, atitudes e capacidades envolvidos no uso da língua 
em práticas sociais e necessários para uma participação ativa e competente na 
cultura escrita” (SOARES; BATISTA, 2005, documento on-line). É necessário, 
portanto, que estudantes da educação básica sejam alfabetizados e letrados, 
uma vez que as práticas de leitura e escrita fazem parte importante de nosso 
cotidiano social. Para atingir tais objetivos, o professor deve valer-se do uso 
de práticas sociais de leitura e escrita com seus alunos.
Existem vários métodos de alfabetização, que costumam ser classificados 
em sintéticos e analíticos. Os métodos sintéticos são aqueles que procuram 
estabelecer uma correspondência entre o som e sua grafia, entre o oral e o 
escrito. Isso é feito pelo aprendizado progressivo de letra por letra, sílaba por 
sílaba ou palavra por palavra. Já os métodos analíticos defendem que a língua 
é um processo global e audiovisual. Dessa forma, as práticas de alfabetização 
utilizam unidades completas da linguagem num primeiro momento para depois 
dividi-las em frações menores. Confira, no Quadro 1, os principais métodos 
sintéticos e analíticos.
MÉTODOS SINTÉTICOS MÉTODOS ANALÍTICOS
Alfabético 
O estudante aprende 
inicialmente as letras, 
depois forma as sílabas 
juntando as consoantes 
com as vogais, para 
depois formar as palavras 
que constroem o texto.
Palavração
Parte-se da palavra. 
Primeiro existe o contato 
com os vocábulos em 
uma sequência que 
engloba todos os sons da 
língua e, depois da aquisi-
ção de um certo número 
de palavras, inicia-se a 
formação das frases.
Quadro 1. Métodos sintéticos e analíticos de alfabetização
(Continua)
3Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
As formas de avaliar durante o ciclo de alfabetização devem permitir que 
os professores percebam em que nível de habilidade cada aluno se encontra. 
Abandona-se, portanto, a ideia de avaliação que tem uma finalidade meramente 
classificatória e é realizada somente ao final de certo período letivo (bimestre, 
trimestre ou semestre). 
Além disso, as práticas avaliativas precisam ter caráter formativo, pois 
contribuem diretamente para que o professor seja bem-sucedido no desenvol-
vimento das habilidades de leitura e escrita. Os procedimentos relacionados 
a seguir podem ser adotados para que a avaliação seja de fato formativa e 
facilite o professor em sua tarefa de alfabetizar:
  observar;
  registrar;
  documentar.
Fonte: Adaptado de Frade (2005).
MÉTODOS SINTÉTICOS MÉTODOS ANALÍTICOS
Fônico
Consiste no 
aprendizado pela 
associação entre 
fonemas e grafemas, 
ou seja, sons e letras.
Senten-
ciação
A unidade inicial 
do aprendizado é a 
frase, que é depois 
dividida em palavras, 
de onde são extraídos 
os elementos mais 
simples: as sílabas.
Silábico
Também conhecido 
como silabação. O 
estudante aprende 
primeiro as sílabas para 
formar as palavras.
Global
O método é composto 
por várias unidades 
de leitura, que têm 
começo, meio e fim, 
sendo ligadas por 
frases com sentido para 
formar um enredo de 
interesse da criança.
(Continua)
Quadro 1. Métodos sintéticos e analíticos de alfabetização
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento4
A observação é um ato indispensável para o professor alfabetizador; é 
observando que ele pode distinguir como os estudantes estão se situando dentro 
do processo que desenvolve nas aulas. Alguns poderão estar, por exemplo, pré-
-silábicos ainda, enquanto outros já se encontram no nível alfabético. Durante 
a observação, o professor deverá realizar seus registros, visando acompanhar 
os avanços durante a alfabetização. Ao referir-se aos processos de registro, 
Warschauer (1993, p. 56) afirma que:
Além de favorecer a reflexão, o registro possibilita a construção da memória e 
da história, enfatizando o papel do diálogo e da experiência grupal na formação.[…] percebe-o como possibilidade de formação, de reflexão, de introversão, 
tendo em vista a compreensão, busca de sentido para a ação cotidiana em 
sala de aula. O registro é um grande instrumento para a sistematização e 
organização dos conhecimentos. É também uma possibilidade de que a roda 
não se feche em si mesma, mas se abra para o mundo. Através de textos, 
os conhecimentos ali gestados podem, por exemplo, atingir outros grupos.
Além de utilizar os registros cotidianos para registrar o progresso dos 
estudantes, também é interessante documentar as etapas da alfabetização. Isso 
pode ser feito com a construção de um portfólio, dossiê ou arquivo biográfico 
de cada aluno. Esses documentos podem apresentar fotografias, produções 
dos estudantes ao longo da alfabetização, interações dos responsáveis sobre o 
progresso das crianças, destaques ocasionados durante o período, observações 
de colegas e demais professores, entre outros recursos.
No entanto, de acordo com Barbosa e Horn (2008, p. 114) “[…] não basta 
agruparmos e organizarmos materiais produzidos na sala de aula. […] eles 
só têm sentido se o educador puder apreciá-los, analisá-los, interpretá-los, 
contextualizá-los, construindo um sentido para essas produções”. É a partir 
da análise de tais registros documentados que os professores podem corrigir 
as metodologias utilizadas para alfabetizar de acordo com as necessidades 
específicas de cada estudante.
Níveis de alfabetização e diagnósticos possíveis
Hoje, compreende-se que a alfabetização e o letramento devem ocorrer pa-
ralelamente. Isso porque, como vimos, mesmo antes de ter contato com os 
aspectos técnicos da grafi a, o aluno já se encontra imerso em práticas sociais 
em que a leitura e a escrita são proeminentes. A professora da educação básica 
vai, num primeiro momento, desenvolver as habilidades de aquisição da língua 
5Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
escrita, para que posteriormente os estudantes se tornem competentes tanto na 
leitura quanto na escrita dos mais diversos gêneros textuais. As habilidades 
serão desenvolvidas com a construção de um bom ambiente alfabetizador e 
das técnicas analíticas ou sintéticas. 
A aquisição da língua escrita envolve aspectos psicolinguísticos (FER-
REIRO, 2001). Com os quatro níveis de evolução da escrita — pré-silábico, 
silábico, silábico-alfabético e alfabético —, a criança demonstra como está 
conseguindo adquirir as habilidades de interpretação (leitura) e representação 
(escrita) dos símbolos gráficos que compõe a língua portuguesa. Observe, no 
Quadro 2, exemplos de escritas de alunos em cada uma das fases.
Fonte: Adaptado de Lopes, Abreu e Matos (2010).
PRÉ-SILÁBICO SILÁBICO
SILÁBICO-
-ALFABÉTICO ALFABÉTICO
  gelatina: S R I O B
  bala: S R I O B
  cocada: S R I O B
ou
  gelatina — A U O T 
  bala — A C V E 
  cocada — N O S D
  jacaré — F R A
ou
  jacaré — J K R
  J C E
  A K E
  A A E
  pato — P T U
  macaco — 
M C A C O
  cachorro —
C A X O R O
  gorila — 
G U R I L A 
Quadro 2. Exemplos dos níveis de evolução da escrita
O professor alfabetizador é um pesquisador, analista constante das boas práticas a 
serem desenvolvidas em sala de aula e que poderão contribuir para o sucesso na 
aprendizagem de seus alunos. Da mesma forma, um bom professor alfabetizador tem 
sua formação lapidada no interior da escola, nos embates do dia a dia, nos avanços, 
paradas, retrocessos e surpresas que a sala de aula lhe apresenta. Isso deve desafiá-lo a 
conhecer novos caminhos, corrigir sua rota, planejar diferente. A avaliação, reconhecida 
nas formas das sondagens realizadas pelos professores alfabetizadores, contribui 
significativamente nesse processo de aperfeiçoamento de suas práticas docentes. 
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento6
É importante que o professor alfabetizador, ao ensinar a língua portu-
guesa aos seus alunos nos anos iniciais do ensino fundamental, saiba que a 
alfabetização vai ocorrer com a evolução dentro dessas etapas ou níveis. Os 
estudantes vão acrescentando novos grafemas para representar as palavras 
que desejam escrever desenvolvendo suas habilidades cognitivas. Nesse caso, 
ao realizar as sondagens, percebendo o nível em que cada aluno se encontra, 
podem ser propostas intervenções pontuais que os levem ao estágio seguinte. 
Para cada um dos níveis, o professor pode realizar intervenções específicas. 
O nível pré-silábico é aquele inicial, em que a criança ainda não diferencia 
letras, números e símbolos. Pode, inclusive, valer-se do desenho para repre-
sentar as palavras que precisa escrever. Como pode ser visto no Quadro 2, 
em um primeiro momento, a criança usa a mesma combinação de letras para 
descrever objetos diferentes (gelatina, bala e cocada); já na segunda tentativa, 
diferencia as letras de cada palavra, entendendo assim que cada uma tem uma 
escrita diferenciada, o que já é um avanço pra este aluno. Formas de interven-
ção que funcionam muito bem nessa fase são colocar o aluno em contato com 
materiais escritos sob a orientação do professor, fazer com que o aluno associe 
o texto escrito com o texto oral e ofertar atividades que envolvam desenhos e 
a escrita correspondente. No nível silábico, a criança já entende que a escrita 
representa pares sonoros da fala, ou seja, as sílabas que compõe as palavras, 
o que representa um grande avanço na aquisição do sistema de escrita.
No exemplo do Quadro 2, ao escrever inicialmente a palavra jacaré, o 
aluno discrimina apenas as sílabas, correspondendo uma letra para cada uma. 
Logo mais, já procura estabelecer uma lógica coerente entre o fonema e o 
grafema respectivos. Uma das hipóteses apresentadas pelas crianças é de que 
uma palavra precisa no mínimo de três letras para ser escrita. Nessa fase, os 
professores precisam continuar proporcionando a interação dos alunos com 
materiais escritos. Funcionam muito bem os jogos que associam imagens 
com a escrita, como dominós, memórias, bingos das palavras, entre outros. 
O nível silábico-alfabético é apontado como “[…] um período de transição 
e, portanto, carece de estabilidade interna” (FERREIRO, 2001, p. 92). Nessa 
transição entre o nível silábico e o alfabético, a criança começa a descobrir 
que somente colocar uma letra para cada sílaba não é suficiente; que precisa 
de mais letras para que a palavra tenha sentido. No exemplo que utilizamos, 
essa tentativa do estudante fica nítida, já que ele acrescenta letras ao nível 
anterior. O professor deve continuar o uso de materiais escritos com os quais 
o aluno possa realizar as comparações entre a forma como escreve e a grafia 
correta das palavras. É importante também utilizar jogos que associam escrita 
7Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
com imagens. O aluno deve perceber que, para todas as palavras, existe uma 
associação devida entre grafemas e fonemas.
Por fim, o nível alfabético é aquele em que as crianças já se apropriaram 
do sistema de escrita, pois entendem e representam por meio da escrita todos 
os fonemas que constituem as palavras. Claro que, conforme pode ser visto no 
Quadro 2, surgem agora os problemas de correção ortográfica, que serão traba-
lhados em sala de aula pelos professores visando o aperfeiçoamento da escrita. 
Algumas atividades de intervenção nesta fase incluem jogos que confrontem a 
escrita fonética e a convencional, bem como a escrita de pequenos textos livres 
e sua reescrita.
Cabe ao professor alfabetizador utilizar a aprendizagem do sistema da es-
crita, sempre que possível, relacionando-a com as práticas sociais (letramento), 
uma vez que: “As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, 
através de contextos sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante 
que merece ser conhecido (como tantos outros objetos da realidade aos quais 
dedicam seus melhores esforços intelectuais)” (FERREIRO, 1999, p. 25).
Lopes, Abreu e Matos (2010) citam alguns outros aspectos que contribuem 
diretamente paraa alfabetização e o letramento dos estudantes:
  ambiente alfabetizador;
  atividades significativas;
  capacitação docente;
  autoestima;
  intervenções;
  diagnósticos.
Um ambiente alfabetizador é caracterizado pela quantidade de materiais 
escritos de várias ordens que se encontram ao dispor dos estudantes, neste caso, 
não se limitando somente ao espaço escolar. Porém, é na sala de aula que os 
estímulos costumam ser redobrados para que ocorra a apropriação do sistema 
de escrita. As atividades tornam-se significativas aos estudantes a partir do 
momento em que se apoiam em situações do seu cotidiano, com atividades de 
leitura e escrita. O professor alfabetizador deve ter uma formação continuada 
visando aprimorar-se sobre as bases teóricas e práticas da tarefa de alfabetizar, 
o que o torna mais seguro e hábil no desempenho de suas atribuições nessa 
etapa tão importante da escolarização inicial. 
A autoestima dos estudantes é um fator que se alia com os aspectos da 
avaliação, pois a criança, ao ser avaliada, deve se sentir encorajada a prosseguir, 
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento8
percebendo que seus esforços estão sendo válidos, e não o contrário. Cabe ao 
professor reavivar a confiança que ela possui no aprender.
As intervenções são fundamentais para que os estudantes possam avançar 
os níveis de alfabetização e seguir progredindo no processo de construção do 
conhecimento. Já os diagnósticos são considerados como a principal ferramenta 
avaliativa no ciclo de alfabetização, uma vez que “[…] diagnosticar o que os 
educandos já sabem, antes de iniciar o processo de alfabetização, é condição para 
o sucesso da aprendizagem da leitura e da escrita. Identificar os conhecimentos 
prévios e saber explorá-los é fundamental para qualquer aprendizagem” (LO-
PES; ABREU; MATTOS, 2010, documento on-line). Os professores precisam 
realizar suas atividades diagnósticas sistematicamente, com os devidos registros, 
documentando como os seus alunos se encontram ao longo da aquisição da 
escrita. Esses diagnósticos também podem fazer parte dos portfólios de cada 
aluno. Observe, na Figura 1, um exemplo de ficha de diagnóstico a ser aplicada.
Figura 1. Exemplo de ficha diagnóstica.
Fonte: Lopes, Abreu e Mattos (2010, documento on-line).
9Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
A atividade diagnóstica mais utilizada durante o processo de alfabetização 
é o ditado de palavras. Essa atividade permite que o professor possa verificar 
individualmente em qual nível de escrita seus alunos estão, podendo ajustar suas 
intervenções para que continuem progredindo. Durante as sondagens, também 
é utilizada a associação de imagens com a sua respectiva escrita, bem como a 
escrita de frases ou, até mesmo, de pequenos textos, motivada por personagens ali 
apresentados. Quando o professor quiser realizar uma avaliação diagnóstica mais 
estruturada, pode alternar entre o ditado de palavras, a escrita correspondente a 
imagens existentes na folha, a leitura silenciosa das palavras e sua ligação com 
o respectivo desenho e a escrita de frases ou textos, de acordo com a turma e o 
período letivo em que os alunos se encontrem. O importante é que, após a aplicação 
da sondagem ou da avaliação diagnóstica, os professores tenham classificado os 
níveis de alfabetização de cada aluno e registrado para ações futuras.
Durante a alfabetização, portanto, as práticas avaliativas são essenciais para 
que o professor alfabetizador possa intervir a tempo e de forma personalizada, 
ajudando seus estudantes a alcançar o nível alfabético tão almejado.
Avaliações de larga escala do Ministério da Educação, como as que são conduzidas 
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), 
servem tanto como ferramenta de regulação do Estado por meio de políticas públicas 
educacionais quanto como meio de diagnosticar e promover ações de planejamento 
e gestão das práticas necessárias aos vários entes da federação (estados, Distrito 
Federal e municípios).
Avaliações nacionais sobre a alfabetização
O Ministério da Educação possui atualmente algumas avaliações externas 
que atuam em larga escala visando construir um diagnóstico a respeito da 
aprendizagem dos estudantes do sistema educacional brasileiro. Essas provas 
eram denominadas de Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), realizada 
no terceiro ano do ensino fundamental, e Provinha Brasil, no segundo ano do 
ensino fundamental, até o ano de 2018. Atualmente, essas avaliações compõem 
a denominação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Acom-
panhando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018), o 
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento10
ciclo de alfabetização dos estudantes passou a ser considerado até o fi nal do 
segundo ano do ensino fundamental, e não mais ao fi nal do terceiro ano como 
era entes. Nesse caso, vamos analisar como se constitui a avaliação nacional 
realizada pelo SAEB para os estudantes ao fi nal do segundo ano do ensino 
fundamental, a antiga Provinha Brasil.
Essa avaliação tem uma matriz de referência, que é composta por dois eixos 
(apropriação do sistema de escrita e leitura) e seus respectivos descritores, 
conforme mostra o Quadro 3.
1º EIXO
Apropriação do sistema de escrita: habilidades 
relacionadas à identificação e ao reconhecimento 
de princípios do sistema de escrita.
Habilidade 
(descritor)
Detalhamento da habilidade (descritor)
D1: Reconhecer 
letras.
Diferenciar letras de outros sinais gráficos, identificar 
pelo nome as letras do alfabeto ou reconhecer 
os diferentes tipos de grafia das letras.
D2: Reconhecer 
sílabas.
Identificar o número de sílabas que formam 
uma palavra por contagem ou comparação das 
sílabas de palavras dadas por imagens.
D3: Estabelecer 
relação entre 
unidades 
sonoras e suas 
representações 
gráficas.
Identificar em palavras a representação de unidades 
sonoras como: 
  letras que possuem correspondência sonora única (ex.: 
p, b, t, d, f);
  letras com mais de uma correspondência sonora (ex.: “c” 
e “g”); 
  sílabas.
2º EIXO Leitura
D4: Ler palavras. Identificar a escrita de uma palavra ditada ou ilustrada, sem 
que isso seja possível a partir do reconhecimento de um 
único fonema ou de uma única sílaba.
D5: Ler frases. Localizar informações em enunciados curtos e de sentido com-
pleto, sem que isso seja possível a partir da estratégia de identifi-
cação de uma única palavra que liga o gabarito à frase.
Quadro 3. Matriz de referência para avaliação da alfabetização e letramento do SAEB
(Continua)
11Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
A Provinha Brasil teve grande importância para as atividades de formação 
continuada dos professores alfabetizadores do Pacto Nacional pela Alfabetiza-
ção na Idade Certa (PNAIC), colocado em prática no ano de 2012. O PNAIC 
tem como objetivo a melhoria dos índices de alfabetização nos anos iniciais 
do sistema educacional brasileiro e propõe o entendimento da alfabetização 
como um ciclo a se resolver durante os anos iniciais do ensino fundamental, 
e não somente no primeiro ano.
As provas aplicadas aos estudantes no final do segundo ano, por avalia-
rem crianças em diferentes níveis de aquisição da escrita, são conduzidas 
pelos professores. Esses professores leem alguns trechos das provas para 
que os alunos possam responder ao que estão sendo solicitados, demons-
Fonte: Adaptado de Brasil (2011).
2º EIXO Leitura
D6: Localizar infor-
mação explícita 
em textos.
Localizar informação em diferentes gêneros textuais, com 
diferentes tamanhos e estruturas e com distintos graus 
de evidência da informação, exigindo, em alguns casos, 
relacionar dados do texto para chegar à resposta correta.
D7: Reconhecer 
assunto de um 
texto.
Antecipar o assunto do texto com base no suporte ou nas 
características gráficas do gênero ou, ainda, em um nível 
mais complexo, reconhecer o assunto, fundamentando-se 
apenas na leitura individualdo texto.
D8: Identificar 
a finalidade do 
texto.
Antecipar a finalidade do texto com base no suporte ou 
nas características gráficas do gênero ou, ainda, em um 
nível mais complexo, identificar a finalidade, apoiando-se 
apenas na leitura individual do texto.
D9: Estabelecer 
relação entre 
partes do texto.
Identificar repetições e substituições que contribuem para 
a coerência e a coesão textual.
D10: Inferir 
informação.
Inferir informação.
(Continua)
Quadro 3. Matriz de referência para avaliação da alfabetização e letramento do SAEB
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento12
trando se já desenvolveram as habilidades (descritores) que cada pergunta 
objetiva. Observe, na Figura 2, uma questão da Provinha Brasil de 2016 
em que o descritor D1 está sendo avaliado e perceba como funciona esse 
mecanismo de aplicação.
Figura 2. Avaliação de alfabetização com o descritor D1.
Fonte: Brasil (2016, documento on-line).
Na questão apresentada na Figura 2, o professor que aplica a prova realiza 
a leitura do comando inicial, onde consta o alto-falante, para que os alunos 
possam responder ao que está sendo solicitado. Com essa questão, avalia-se a 
habilidade do estudante em diferenciar letras de outros sinais gráficos (descritor 
D1). Já quando se requer do estudante uma habilidade de maior competência, 
como a leitura de frases (descritor D5), as questões ficam mais complexas. 
Observe o exemplo da Figura 3.
13Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
Figura 3. Avaliação de alfabetização com o descritor D5.
Fonte: Brasil (2016, documento on-line).
No exemplo da Figura 3, segue-se o mesmo procedimento: o professor 
realiza a leitura dos comandos para que o estudante possa, após isso, re-
alizar seu processo cognitivo e responder à questão conforme julgar mais 
correto. Nesse caso, a leitura de uma frase completa exige que o aluno 
já esteja num nível de alfabetização pleno, discernindo entre frases com 
construção muito similar.
 Ao analisarmos as implicações pedagógicas resultantes da aplicação de 
avaliações de larga escala, como é o caso da antiga Provinha Brasil, podemos 
notar que essas avaliações acabam transformando as práticas pedagógicas 
dos professores. Muitas vezes, eles veem essas provas como ferramentas 
diagnósticas para corrigir suas práticas ou, até mesmo, como instrumentos 
para que o cumprimento de suas atribuições seja fiscalizado. 
Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento14
Dias (2016, documento on-line) conduz uma pesquisa para sua tese de 
doutorado com os professores e gestores das escolas da rede pública de 
ensino do Distrito Federal. Sobre a utilização da Provinha Brasil e seus 
impactos pedagógicos, a autora conclui que a maioria desses professores: 
  considerou essa política de avaliação como um instrumento para o 
diagnóstico da alfabetização; 
  afirmou utilizar os resultados da Provinha Brasil para subsidiar o seu 
trabalho;
  ponderou que essa política de avaliação da alfabetização é necessária 
no cenário atual.
Devemos ponderar também sobre os aspectos classificatórios exis-
tentes em toda avaliação de larga escala, que podem causar problemas 
pedagógicos ao reforçar as ideias relacionadas ao fracasso quando não se 
consegue atingir os índices que foram projetados. Dias (2016) aponta ainda 
a importância da preparação dos professores que aplicam as provas para 
que a avaliação sirva de fato como diagnóstica da aprendizagem. Muitos 
dos professores sequer haviam tido contato anterior com o caderno do 
aplicador e suas ponderações. 
Analisando as avaliações propostas pelo SAEB, é possível ainda perceber 
que elas se alinham à metodologia da avaliação por competências, agora 
evidenciada como o caminho a ser seguido nas práticas curriculares da 
educação básica a partir da BNCC. Isso porque essas avaliações avaliam 
as habilidades desenvolvidas (ou não) no interior da escola associadas ao 
conhecimento ensinado e à atitude dos estudantes frente a ele (aprendiza-
gem). Porém, avaliar por competências costuma ser associado ao paradigma 
classificatório da avaliação em detrimento dos aspectos qualitativos, que 
também devem ser considerados. Nas palavras de Dias (2016, documento 
on-line): 
A avaliação é sempre uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que informa 
o quanto cada estudante está conseguindo alcançar ou mesmo qual a situação 
em que estamos vivendo, também reflete se o que estamos planejando ou 
executando (modo ou conteúdo da ação profissional) alcança os objetivos 
pretendidos ou definidos. Por isso a avaliação é a guardiã dos objetivos; um 
processo e nunca uma atividade isolada.
15Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento
Que possamos, durante nossas aulas de língua portuguesa, ter sempre em 
mente que a avaliação é processual, formativa e nunca um fim em si mesma. 
Com esse entendimento, o professor se coloca ao lado do aluno para que este 
possa alçar voos mais altos e, de fato, aprender e desenvolver as habilidades 
que a escolarização requer.
Acesse o site do INEP e visualize um exemplar do caderno do aluno da antiga Provinha 
Brasil, que foi aplicada no ano de 2016 com o intuito de avaliar a alfabetização dos 
estudantes do 2º ano do ensino fundamental. Acesse a prova no link a seguir.
https://qrgo.page.link/VHvfk
BARBOSA, M. C.; HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: 
Artmed, 2008.
BRASIL. INEP. Provinha Brasil: avaliando a alfabetização. Brasília: INEP, 2016. Guia de 
aplicação de teste de leitura nº. 1. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educa-
cao_basica/provinha_brasil/kit/2016/guia_aplicacao_leitura.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
BRASIL. INEP. Provinha Brasil: Matriz de referência para avaliação da alfabetização e do 
letramento inicial. Brasília: INEP, 2011. Disponível em: http://download.inep.gov.br/
download/provinhabrasil/2011/matriz_provinha_leitura.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Executiva. Secretaria da Educação Básica. 
Conselho Nacional de Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. 
Brasil: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
DIAS, E. T. G. Provinha Brasil e regulação: implicações para a organização do trabalho 
pedagógico. 2016. Tese (Doutorado em Educação) — Universidade de Brasília, Brasília, 
2016. Disponível em: http://repositorio.se.df.gov.br/bitstream/123456789/692/1/2014_El
is%c3%a2ngelaTeixeiraGomesDias.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
FERREIRO, E. Com todas as letras. 7. ed. São Paulo: Cortez Editora, 1999.
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ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/files/uploads/Col.%20Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o%20
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Acesso em: 2 set. 2019.
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letramento 1. Brasília: Ministério da Educação, 2010. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5707-escola-ativa-
-alfabetizacao1-educador&Itemid=30192. Acesso em: 2 set. 2019.
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Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005. Disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/
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17Avaliação na alfabetização: o contexto do letramento

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