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ANEMIA HEMOLÍTICA LAÍS CRISTINA – CURSO DE MEDICINA Hemólise é definida como a destruição prematura das hemácias na periferia, seja no espaço intravascular ou no interior dos órgãos do sistema reticuloendotelial. As hemácias possuem meia vida de cerca de 120 dias, em situações patológicas, esse tempo pode ser até inferior a 20 dias. HEMÓLISE EXTRAVASCULAR Destruição ocorre principalmente no baço, fígado e MO Baço é o principal detectador de hemácias senescentes HEMÓLISE INTRAVASCULAR Hemácias são destruídas na própria circulação e seu conteúdo é liberado no plasma Geralmente ocorre por trauma, ação do complemento ou exposição a fatores tóxicos CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE Hiperproliferação medular: a tendência à anemia estimula o parênquima renal a produzir eritropoetina, que por sua vez, estimula a MO a maturação dos eritroblastos, que passam a lançar novas células vermelhas no sangue. Essas células jovens são os reticulócitos. Produção de bilirrubina indireta: a hemólise causa a liberação do agrupamento heme + globinas. O heme sofre ação da heme oxigenase, liberando o ferro e a protoporfirina. A protoporfirina é transformada em biliverdina que é convertida em bilirrubina indireta. CRISES ANÊMICAS Icterícia Aumento da excreção de urobilinogênio Litíase biliar: O aumento da produção de bilirrubina pela hemólise é um fator predisponente. A maior concentração de bilirrubina na bile, predispõe a formação de cálculos de bilirrubinato de cálcio. Estes cálculos, por conter cálcio, são radiopacos, ao contrario dos cálculos de colesterol. Hepatoesplenomegalia MO hiperplásica com aumento dos eritroblastos, pode haver também aumento da relação G/E (granulocítica/eritroide) Produção de hemácias em locais que não são produzidos no adulto 1. CRISE APLÁSICA: mais comum das crises anêmicas Ocorre devido a qualquer fator que iniba diretamente a eritropoiese em um quadro de anemia hemolítica, podendo precipitar uma anemia grave e sintomática, uma vez que o mecanismo compensatório passa a ser prejudicado. Principal etiologia é a infecção pelo parvovírus B19. Virose comum na infância, podendo ocorrer no adulto. O vírus tem tropismo pelo pró eritroblasto que ao ser infectado perde a capacidade de se tonar reticulócito, provocando reticulocitopenia. Em indivíduos imunocompetentes, esta infecção é autolimitada durando cerca de 3 – 7 dias. 2. CRISE MEGALOBLÁSTICA: o aumento na produção de novas hemácias, utiliza muito substrato como ferro, ácido fólico e vitamina B12. O ácido fólico tem a tendencia a se esgotar primeiro, sem a reposição rotineira desse elemento (1 mg/dia) é possível que os indivíduos com hemólise crônica evoluam para anemia megaloblástica por carência de folato. 3. CRISE HIPERHEMOLÍTICA: Infecções virais que ativam o sistema reticuloendotelial podem aumentar a atividade dos macrófagos dos cordões esplênicos, promovendo uma exacerbação da hemólise. 4. SEQUESTRO ESPLÊNICO: crise característica da anemia falciforme em crianças < 5 anos. MECANISMOS DE HEMÓLISE Alteração na estrutura ou função da membrana celular: alterações do citoesqueleto com perda de lipídios, colesterol e fragmentos o Pouca deformabilidade o Ação do complemento; Anormalidades da hemoglobina: podem ser anormalidades estruturais ou na síntese das globinas; Anormalidades das enzimas eritrocitárias: alteram a sobrevida e a função das hemácias; Fatores extrínsecos às hemácias: podem ocorrer por fixação de anticorpos à membrana; mecânica; secundária a infecções DEFEITOS NA ESTRUTURA DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA ESTRUTURA DA MEMBRANA Membrana eritrocitária: composta de fosfolípides (fosfatidilcolina, esfingomielina, fosfatidilserina e fosfatidiletanolamina), colesterol, glicolípides em dupla camada; Citoesqueleto composto por espectrinas, anquirina, actina, tropomiosina responsáveis pela manutenção da forma bicôncava e flexibilidade das hemácias. Defeitos na estrutura levam à hemólise com graus variáveis de gravidade. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA O citoesqueleto do eritrócito além de dar sustentação a membrana e garantir sua forma, confere a propriedade de maleabilidade tão necessária para a entrada das células através das fendas sinusoidais do leito esplênico. Eritrócitos com forma esférica; Frequência estimada 1/2.000-5.000 nascidos; Mais frequente em caucasoides; Formas leves e portadores assintomáticos podem atingir 1% da população geral; Deficiência em graus variados de uma das proteínas do citoesqueleto, principalmente a deficiência de espectrina com diminuição da superfície celular. PATOGÊNESE A deficiência da espectrina no citoesqueleto leva à perda de fragmentos da camada lipídica. A célula perde superfície em relação ao volume acabando com seu formato bicôncavo e transformando-se em esferócito. Na passagem pelo baço, alguns esferócitos e microesferócitos são fagocitados e destruídos, gerando hemólise crônica. QUADRO CLÍNICO Transmissão: 75% autossômica dominante e 25% autossômica recessiva; Classificação: leve, moderada, moderada a severa e severa; Anemia leve a moderada + icterícia discreta + esplenomegalia em crianças e jovem adulto sugere diagnóstico Graus variáveis de anemia, reticulocitose, aumento da bilirrubina indireta e LDH (desidrogenase lática), redução da haptoglobina, esplenomegalia, colelitíase; curva de fragilidade osmótica alterada; Atenção para história familiar. Complicações: colelitíase, crise hemolítica, aplásica ou megaloblástica, úlceras em MMII, hematopoese extramedular, hemocromatose; Parvovírus B19 – infecta células e inibe seu crescimento; Carência de ácido fólico. Haptoglobina: é uma alfaglobulina sintetizada pelo fígado, capaz de se ligar à globina da hemoglobina. Na ocorrência de hemólise as cadeias de globinas liberadas se unem à haptoglobina. Assim, os níveis séricos de haptoglobina diminuem ou tornam-se indetectáveis na presença de hemólise. Desidrogenase lática (LDH): está quase sempre elevada na hemólise devido à liberação dessa enzima do interior das hemácias. Seus níveis não ficam tão elevados quanto na anemia megaloblástica (3800 U/ml), ficando em torno de 580 U/ml; CLASSIFICAÇÃO DA ESFEROCITOSE DIAGNÓSTICO Presença de esferócitos e reticulócitos no sangue periférico Aumento da fragilidade osmótica – os esferócitos pode terem uma área de superfície pequena em relação ao volume, são sensíveis a hipo-osmolaridade ( ao reduzir a osmolaridade do meio de suspensão, as hemácias não toleram a entrada de água no citoplasma e se rompem). Aumento do CHCM (hipercrômica) Anemia micro ou normocrômica Coombs direto negativo Dificuldade de diagnóstico nas formas leves. TRATAMENTO Suplementação contínua de ácido fólico 1 mg/dia; Esplenectomia – deve ser evitada em crianças antes dos 4 anos de idade, período de maior risco de sepse fulminante por germes encapsulados (pneumococo e hemófilo) Vacinação pré-esplenectomia (antipneumocócica ) O uso de penicilina profilática após cirurgia é controverso. ALTERAÇÕES EM ENZIMAS DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA Sobrevida e função das hemácias dependem de numerosas enzimas; São defeitos raros e poucos provocam manifestações clínicas; Via de Embden-Meyerhof-Parnas: deficiência de piruvatoquinase; Via das pentoses: deficiência de glicose-6 fosfato desidrogenase (G-6PD). DEFICIÊNCIA DE G6PD Deficiência enzimática mais comum desta via é representada pela Glicose – 6 – fosfato desidrogenase, sendo uma desordem muito comum em todo mundo. Esta enzima é responsável por proteger a hemácia da oxidação. Com sua deficiência, as hemácias se tornam susceptíveis ao estresse oxidativo. Herança recessiva ligada ao X Estresses oxidativos podem ser causadospor infecção (a ativação de neutrófilos produz radicais livres de oxigênio) e diversas drogas ou substâncias com potencial oxidante. Corpúsculo de Heinz: formados a partir da desnaturação oxidativa da cadeia de globinas. Tais corpúsculos formam agregados que sofrem hemólise esplênica e intravascular. Clínica: hemólise aguda, associada a febre, lombalgia, palidez e icterícia precipitada por uma infecção ou droga. O quadro clínico se instala geralmente 2 – 4 dias após o fator precipitante. A intensa hemoglobinúria pode lesar os túbulos renais levando a necrose tubular aguda. Diagnóstico: dosagem da atividade da G6PD Não há tratamento específico, apenas hemotransfusão e suporte clínico nos casos graves. A principal profilaxia é evitar o uso de substancias potencialmente oxidativas. ANORMALIDADES DA HEMOGLOBINA Podem ser estruturais ou no ritmo de síntese das globinas; Estruturais: alteram a viscosidade ou a deformabilidade das hemácias. Mais comum a Hb S Síntese da globina: representada pelas síndromes talassêmicas alfa e beta; Importância do estudo familiar ao diagnóstico ESTRUTURA DA HEMOGLOBINA A hemoglobina A (HbA), composta das cadeias alfa e beta, corresponde a 96-98 % da hemoglobina total de um adulto. Uma variante normal da hemoglobina A, correspondente a 2-3% da hemoglobina total em adultos, é a HbA2, formada por cadeias alfa e delta. TALASSEMIAS As talassemias são desordens hereditárias que apresentam deficiência na síntese das cadeias de globinas. Possuindo uma variedade de apresentação, desde indivíduos assintomáticos até crianças com anemia e deformidades graves. Heterozigotos são geralmente assintomáticos Os portadores de mais de um gene anormal apresentam manifestações clínicas variáveis Anemia hemolítica, hiperplasia eritroide da MO, hepatoesplenomegalia, retardo do desenvolvimento somático e sexual e deformidades do esqueleto (face e crânio). As talassemias são classificadas de acordo com o tipo de cadeia globínica deficiente. BETATALASSEMIA Diminuição ou ausência na síntese de cadeias beta de globina Forma mais comum de talassemia no Brasil O gene da cadeia B de globina está presente no cromossomo 11, junto com os outros genes de cadeia globinicas não alfa: delta (forma adulta) e gama (forma fetal). As diversas mutações podem determinar dois tipos de gene betatalassêmico: 1. Um gene totalmente incapaz de produzir cadeia beta (gene Bº) 2. Um gene que produz uma pequena quantidade de cadeia beta (gene B+) Betatalassemia major: homozigotos (Bº/Bº) ou duplo heterozigoto (Bº/B+) Betatalassemia minor: heterozigotos (Bº/ B) ou (B+/B) Betatalassemia intermediária: homozigotos para o gene B+ (B+/B+) FISIOPATOLOGIA Microcitose e hipocromia: diminuição da síntese de hemoglobina Eritropoiese ineficaz: As cadeias alfas livres no citoplasma dos eritroblastos são completamente insolúveis formando agregados que precipitam no citoplasma da célula. O efeito tóxico culmina na destruição dos eritroblastos causando a eritropoiese ineficaz. Hemácias defeituosas: por conterem remanescentes da cadeia alfa, tornam-se suscetíveis aos macrófagos do baço, explicando a hemólise extravascular crônica. Assim, a anemia é consequência da redução da síntese de hemoglobina, da eritropoiese ineficaz e da hemólise crônica extravascular. Ps. HEMOSSIDEROSE: a eritropoiese ineficaz acaba estimulando o aumento da absorção intestinal do ferro, causando um fenômeno chamado hemocromatose eritropoiética. TALASSEMIA MAIOR (Anemia de Cooley) A ausência completa (ou quase completa) de cadeia beta, permite a formação de uma quantidade expressiva de complexos de cadeia alfa que irão provocar destruição celular. Forma mais grave da doença Manifestações surgem no 1º ano de vida – como até 3 – 6 meses de idade a hemoglobina predominante é a HbF, os sintomas clínicos não são evidentes. Na fase precoce não há alterações ósseas e esplenomegalia anemia intensa (Hb < 6,5 g/dl); Icterícia Esplenomegalia de grande monta – se dá tanto pela hemólise crônica como pela retomada do baço (e fígado) na produção de células eritróides Atraso no crescimento Redução da massa muscular Alterações craniofaciais As deformidades ósseas são provocadas pelo estímulo intenso da MO para produção de células. Disfunções endócrinas, inanição e suscetibilidade às infecções. Alterações cardíacas e hepáticas por aumento do ferro Início precoce da terapia transfusional – pode aumentar a expectativa de vida dessas crianças até, pelo menos, 17 anos As transfusões repetidas e o aumento da absorção do ferro, provocam o a hemocromatose transfusional. O ferro acumulado provoca morte celular e disfunção orgânica. TALASSEMIA INTERMEDIÁRIA Casos sintomáticos com Hb entre 7-11 g/dl Forma com menos gravidade que talassemia maior Frequentemente é feito diagnóstico na adolescência e vida adulta Piora da anemia em infecções ou carência de folatos Hematopoese extra medular Esplenomegalia moderada Redução da massa muscular Úlceras em MMII Alterações faciais Litíase biliar recorrente TALASSEMIA MENOR Clinicamente não deve ser confundida com a anemia ferropriva Referida como traço talassêmico Habitualmente assintomáticos Hb média ligeiramente diminuída com microcitose e hipocromia Aumento da Hb A2 na eletroforese de Hb Atenção na gestação, infecções graves Se dois indivíduos com talassemia minor tiver filhos, a chance dele nascer com talassemia major ou intermediária é de 25%. DIAGNÓSTICO É feito através da Eletroforese de Hemoglobina Este exame quantifica os tipos de hemoglobina no paciente. Nas betatalassemias, como há menos cadeia beta, ou não há, as hemoglobinas formadas por outras cadeias não alfa sobressaem. Normal: HbA1 – 97%; HbA2 – 2%; HbF – 1% Betatalassemia: HbA2 entre 3,5 – 8%. HbF – 90% (na Major podendo ser normal ou levemente elevado na minor) TRATAMENTO Terapia transfusional: início precoce, transfusões regulares – previne complicações; Terapia quelante: retirada do excesso de ferro. Deferoxamina administrado subcutâneo, 1,5 – 2,5 g/dia 12h/12h Deferasirox VO 20-30 mg/kg/dia Esplenectomia: indicada em alguns casos o Plaquetopenia, alto consumo transfusional. o Adiar até os 5 anos de idade o Vacinação pré-cirurgia o Profilaxia antibiótica. Apoio psicológico – na talassemia minor deve ser feito aconselhamento genéti Terapia hormonal e reposição de folato; Transplante de medula óssea. ALFA TALASSEMIA Enquanto as betatalassemias ocorrem por mutações pontuais qualitativas nos genes beta, as alfatalassemias são decorrentes de deleção, no cromossomo 16, de um ou mais genes alfas. Muito frequente na Asia e na China FISIOPATOLOGIA 1. HIDROPSIA FETAL: A ausência completa de cadeias alfas é incompatível com a vida extrauterina Ocorre um natimorto ou um nascimento de um bebê com hidropsia fetal fatal. A hemoglobina embrionária só é eficiente na vida fetal, após o nascimento, o bebê deve sintetizar cadeias alfas para formação da HbF (a2y2). Sem as cadeias alfas, há a junção das cadeias alfas formando um tretâmero (y4) denominado Hb Barts. O diagnóstico precoce pode ser feito a partir da 10ª semana de gestação através de biopsia do coriônico com teste genético. Essa hemoglobina possui grande afinidade pelo O2, não liberando-o para os tecidos. Assim, é instalado a anemia e hipóxia grave provocando falência cardíaca e edema fetal (hidropsia) 2. DOENÇA DA HEMOGLOBINA H Apenas um gene alfa ativo Nascimento sem grandes problemas, mas com anemia instalada Hemólise extravascular e moderada eritropoiese ineficaz – semelhante a talassemia intermediariae major. Pacientes chegam a fase adulta sem necessidade de hemotransfusão Esplenomegalia Anemia moderada microcítica hipocrômica A sobra das cadeias B não possui efeito tóxico grave das cadeias alfa livres, assim, formam- se tetrâmeros de cadeias beta (B4) aparecendo no esfregaço periférico. Tratamento semelhante à beta-talassemia. 3. TRAÇO ALFA TALASSÊMICO E PORTADOR SILENCIOSO Correspondem aos heterozigotos; São clinicamente normais; podem apresentar microcitose e hipocromia Detecção por métodos de biologia molecular; Podem ter interação com outras hemoglobinopatias; Importância do aconselhamento genético. DIAGNÓSTICO A eletroforese de hemoglobina pode confirmar os casos de hidropsia fetal ao mostrar Hb Barts e ausência completa de HbA. A doença de HbH também é diagnosticada por esse exame HbA2 e HbF estão proporcionalmente normais ou reduzidas (contrario a betatalassemias) Alfatalassemia minor é mais dificio de diagnosticar. Microcitose, sem anemia, com ferro normal e eletroforese de hemoglobina normal, podem ser um indicativo. TRATAMENTO Só está indicado na doença da HbH sendo semelhante ao da betatalassemia intermediária. Observar indicação de hemotransfusão Quelante de ferro Esplenectomia Reposição de 1 mg VO/dia ácido fólico FATORES EXTRÍNSECOS À HEMÁCIA Anemia hemolítica autoimune: Fixação de anticorpos à membrana da hemácia Anemia hemolítica mecânica: microangiopática, CIVD, próteses valvares e marcha prolongada; Anemia hemolítica em infecções ou por agentes químicos: malária, viroses, ação de venenos. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE (AHAI) Destruição precoce das hemácias pela fixação de imunoglobulinas ou complemento na superfície das mesmas, a destruição ocorre pelo sistema fagocítico mononuclear Citopenia imunológica mais comum após a PTI (Púrpura Trombocitopênica Idiopática); Acomete 10 a 20 em cada 100.000 indivíduos; Mais comum em mulheres, > 40 anos. CLASSIFICAÇÃO Anemia hemolítica auto-imune a quente - IgG (60-70%) a) primária ou idiopática; b) secundária (linfoma, LLC, LES, drogas). Anemia hemolítica auto-imune a frio - IgM (20-30%) a) primária ou idiopática; b) secundária (linfoma, Mycoplasma, mononucleose). Anemia hemolítica auto-imune mista (7-8%) a) primária ou idiopática; b) secundária (linfoma, LES). ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE A QUENTE Causada por autoanticorpos eritrocitários da classe IgG (IgG1); Os autoanticorpos liam à superfície do eritrócito na temperatura corpórea (em torno de 37ºC) e por isso são chamadas de anticorpos quentes. Embora frações do sistema complemento sejam frequentemente detectadas na superfície das hemácias, a hemólise mediada por complemento é incomum Os anticorpos IgG são fracos ativadores do sistema complemento, assim, é necessário que haja a aproximação de pelo menos dois anticorpos próximos à hemácia para fazer a opsonização. Deixando a hemácia revestida de IgG e C3b. A destruição eritrocitária é mediada por células do sistema fagocítico mononuclear. Os autoanticorpos IgG são habitualmente dirigidos contra antígenos do sistema Rh. O principal local de hemólise é no baço, já que os macrófagos esplênicos são ricos em receptores IgG. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE A FRIO Os autoanticorpos são do tipo IgM e reagem com as hemácias em baixas temperaturas ( 0 – 10ºC), chamados de crioglobulinas. Uma única molécula de IgM pode desencadear a formação do C3b. Apesar do IgM não servir como agentes opsonizante, são potentes ativadores do sistema complemento. Os macrófagos hepáticos (células de kuppfer) são os grandes responsáveis pela destruição das hemácias revestidas por C3b. Isso acontece pouco na prática, pois os anticorpos frios tem pouca atividade na temperatura corporal. A maior parte dos casos é idiopática, mas a causa específica mais comum é a infecção por Mycoplasma pneumoniae. Diagnosticado tanto pelo teste de Coombs como pela pesquisa de Títulos séricos de Crioglobulinas QUADRO CLÍNICO Mais comum em mulheres de 50 – 60 anos A doença pode se acentuar na gestação por efeito do estrógeno Fadiga Palidez Icterícia leve Esplenomegalia discreta Hepatomegalia Linfadenomegalia Em casos graves, pode haver anemia profunda, com insuficiência cardíaca congestiva e colapso vascular. Em crianças, geralmente seguem episódios de quadros virais respiratórios QUADRO LABORATORIAL Pode haver quadros sem anemia (hemólise compensada) até episódios hemolíticos agudos graves. As plaquetas e os neutrófilos também podem ser afetados Pode haver bicitopenia ou pancitopenia Síndrome de Evans: Associação de AHAI por IgG com a PTI Normocítica ou macrocítica O esfregaço do sangue periférico pode ser idêntico ao da esferocitose hereditária. A formação dos microesferócitos é justificada pela fagocitose parcial do baço. Morfologia de hemácias: o Policromasia o esferócitos Reticulócitos Marcadores de hemólise Teste de Coombs direto TESTE DE COMBS DIRETO Este teste identifica a presença de anticorpos ou complemento ligados à superfície das hemácias do paciente. É adicionado o Soro de Coombs a uma gota de sangue do paciente. Se houver aglutinação macroscópica, o teste é positivo. O Soro de Coombs é formado por anticorpos anti imunoglobulina humana É positivo em 98% dos casos de AHAI Ps. O teste de coombs indireto não é importante no diagnóstico da AHAI, serve para avaliar a presença de anticorpos anti hemácias no soro do paciente (não ligados à hemácias) TRATAMENTO Evitar Transfusões; Corticoterapia (Pred 1mg/kg/dia) – desmame; Esplenectomia (resposta em 50%); Rituximab - para pacientes que não respondem a corticoterapia Ácido fólico 1 mg/dia Plasmaférese; Imunoglobulina EV; Profilaxias. AHAI INDUZIDO POR DROGAS Acetaminofeno Cefalosporinas Clorpromazina Cisplatina Diclofenaco Dipirona Eritromicina Furosemida Hidroclorotiazida Ibuprofeno Insulina Isoniazida Levodopa Metotrexato α-metildopa Penicilamina Rifampicina Sulfonamidas
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