Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MATERIAL DIDÁTICO CONTROLE INTERNO E EXTERNO DA GESTÃO PÚBLICA U N I V E R S I D A D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3 UNIDADE 2 - ORÇAMENTO PÚBLICO BRASILEIRO: CONTROLE E AVALIAÇÃO.................................................... 4 UNIDADE 3 - SISTEMA DE CONTROLE INTERNO...............................................................................................11 UNIDADE 4 - MODERNIDADE DA GESTÃO PÚBLICA ........................................................................................13 UNIDADE 5 - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TRADICIONAL VERSUS A ADMINISTRAÇÃO MODERNA .................19 UNIDADE 6 - TRIBUNAL DE CONTA DA UNIÃO ................................................................................................31 UNIDADE 7 - CICLO ORÇAMENTÁRIO ..............................................................................................................40 CONCLUSÃO....................................................................................................................................................56 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................59 Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO Esta apostila tem o objetivo de explicar como o controle interno e externo é feito na Gestão Pública. Além de mostrar como, desde os anos 80 até hoje, as políticas de controle vem aumentando na Gestão Pública, buscando fazer com que a sociedade perceba e seja beneficiada, esclarecendo que a busca pela melhor utilização dos recursos está nas mãos do governo. Surgindo assim, a atitude de um governo empreendedor, direcionado ao cidadão – que agora é encarado como cliente – em busca da eficiência e eficácia em uma gestão pública baseada em resultados efetivos. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 4 UNIDADE 2 - ORÇAMENTO PÚBLICO BRASILEIRO: CONTROLE E AVALIAÇÃO Orçamento público é um documento de divulgação das ações do governo. Existem duas vias de controle do orçamento público: o interno, exercido pelo Congresso Nacional; e o externo, pelo Poder Legislativo com auxílio técnico do Tribunal de Contas. O Controle social se apresenta como uma possibilidade de participação efetiva da sociedade no processo de definição, implementação e avaliação das políticas públicas. A avaliação do processo orçamentário é a ordenação hierárquica e atribuição de valores associados à qualidade dos atos governamentais, os mesmos são mensurados através de indicadores como economicidade, efetividade, eficácia e eficiência. Orçamento Público é uma ferramenta de planejamento público que o governo utiliza para identificar a quantidade e a origem dos recursos financeiros disponíveis para uso do setor público governamental. O Orçamento Público identifica e mensura com precisão tudo o que deve ser feito pelo governo para que ele próprio possa funcionar, apontando, dessa maneira, o destino da aplicação das disponibilidades em cada exercício financeiro, de acordo com os programas previamente elaborados. A presente apostila nos permitirá identificar as possibilidades de controle e avaliação do Orçamento Público no Brasil no que tange a sua execução e real concretização, referente ao controle externo, interno e, principalmente, ao controle social, que, através dos avanços da democracia no Brasil, vem assumindo importância cada vez mais relevante. Em seguida, será analisada a natureza dos indicadores do controle orçamentário, considerando seus procedimentos e resultados referentes à avaliação do mesmo. 2.1 - Controle e Avaliação do Orçamento Público Brasileiro Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 5 O Orçamento Público, desde sua criação, sempre teve a finalidade de ser um instrumento de controle político dos órgãos de representação sobre os Executivos. Primeiramente, a função de controle foi exercida através da própria elaboração do orçamento que quase sempre era de competência do Parlamento ou dele recebia uma grande influência. Posteriormente, devido ao crescimento do lado executivo do governo e, por conseguinte, de suas receitas e despesas, assim como, devido à diminuição da preponderância dos legisladores sobre a elaboração orçamentária, a ênfase do controle estendeu-se à execução do orçamento. Uma abordagem simplista nos permite apresentar o processo (ou ciclo) orçamentário como um arco de procedimentos que envolvem pelo menos sete etapas: (I) elaboração da agenda de intervenções; (II) o planejamento das ações; (III) a formatação da peça orçamentária pela burocracia estatal; (IV) o processo legislativo; (V) a execução orçamentária e financeira; (VI) o controle das ações e (VII) a avaliação das etapas do processo. O Controle sobre as ações relativas ao setor público governamental, o foco do nosso atual estudo, é uma função administrativa que engloba um conjunto de procedimentos adotados, objetivando o acompanhamento e identificação da correta execução das ações relativas ao ciclo de políticas públicas planejadas. A Constituição Federal em vigor estabelece no seu artigo 70, caput e parágrafo único que: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens ou valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. O objetivo central do sistema de controle sobre o orçamento público é verificar se o poder público está executando ações de acordo com as escolhas públicas manifestadas nos fóruns competentes e materializadas na peça orçamentária aprovada pelo Legislativo e promulgada pelo Executivo. Associadas ao objetivo central estão a busca da constatação de que as ações, também, são conduzidas Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 6 conforme os preceitos de legalidade, eficiência, eficácia e efetividade. A verificação da legalidade dos atos de execução será prévia, concomitante e subsequente, definida no art.77 da Lei nº4320/64, sendo desejável que seja exercida nos dois primeiros momentos supracitados. A verificação prévia é possibilitada pelo Empenho, primeiro dos estágios da despesa. O controle realizado, antes da execução da política, pode evitar a adoção de procedimentosjulgados inadequados, tanto técnica como politicamente. A realização de verificações concomitantes à execução das ações cria as condições necessárias à detecção de situações- problema e a correção das mesmas, evitando custos maiores e desnecessários. Tal verificação é realizada através da análise de relatórios de andamento, balancetes periódicos, entre outros. A verificação subsequente é uma opção que deve ser reservada apenas à situações em que a ausência de condições operacionais impeçam o controle prévio e concomitante. Baseada em relatórios finais, prestações de contas e balanços elaborados após a execução do encerramento do exercício, esta modalidade de verificação terá sua importância direcionada à possibilidade de responsabilização legal e política, quando necessária, dos agentes responsáveis pela condução inapropriada dos recursos públicos, além de servir também como um instrumento proveitoso no aprimoramento de procedimentos que visem evitar a ocorrência dos mesmos atos em circunstâncias futuras. A Lei nº 4320/64 estabelece a existência de duas vias principais de controle: interno e externo. A primeira, refere-se ao controle que deve ser desenvolvido por organismos governamentais do próprio poder responsável pela execução da ação a ser controlada. A segunda, refere-se ao controle exercido por organismos pertencentes a outro poder que não o responsável direto pela ação objeto do controle. Ambas estão previstas no texto constitucional de 1988 que estabelece no seu artigo 70, caput: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia das receitas, será exercida pelo Congresso nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 7 Comparando-se a Constituição anterior à atual, pode-se constatar que houve um considerável avanço no que tange à ampliação do controle às áreas operacional e patrimonial, já que a anterior enfatizava apenas a fiscalização financeira e orçamentária. Outra melhoria que deve ser destacada refere-se à ênfase dada ao controle da aplicação de subvenções e à própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais, evidenciando a abrangência do controle institucional sobre os órgãos de administração indireta, o que se apresentava como uma questão imprecisa na Constituição anterior. A Constituição de 1988 define que o controle governamental interno sobre o orçamento é exercido pelos três poderes, o Legislativo, Executivo e Judiciário e não somente pelo Executivo como na Emenda nº1/69, e determina que haja realização de avaliações relativamente ao cumprimento dos objetivos e metas constantes dos diversos instrumentos de planejamento, Plano Plurianual, Programas e Orçamentos. O Controle externo é exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio técnico do Tribunal de Contas, de acordo com o estabelecido pela Lei nº 4320/64 em seu artigo 81: “O Controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento”. Sendo assim, as questões centrais de interesse do controle externo são os aspectos legais ligados às questões dos dinheiros públicos e à observância dos limites financeiros consignados no orçamento. O controle exercido pela sociedade civil sobre o orçamento público, resultante da ação individual de cidadãos e por intermédio de organizações não- -governamentais, pode orientar a defesa de interesses privados, corporativos e públicos. De acordo com Mauro Santos Silva (2001), tão importantes quanto os interesses que estão sendo defendidos, são os métodos adotados na ação – que devem primar pela ética e pelo respeito às regras do jogo – e a transparência de propósitos. No Brasil, as possibilidades de controle social estão previstas na Constituição Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 8 de 1988, que no inciso 23 do art 5º estabelece que todo cidadão tem direito a receber dos órgãos públicos informações do seu interesse ou de interesse público. A mesma legislação define, no parágrafo 2° do artigo 74, que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o órgão de controle externo competente. Além dessas duas previsões constitucionais, a lei complementar nº101/2000 estabelece normas para a gestão fiscal responsável, determinando, no capítulo IX, sobre transparência, controle e fiscalização, que as contas apresentadas pelo chefe do Poder Executivo fiquem a disposição dos cidadãos e instituições durante todo exercício. Diz ainda, que será assegurada transparência por meio de incentivo a participação popular no processo de planejamento. O controle social pressupõe um avanço na construção de uma sociedade democrática e que gera alterações profundas nas maneiras de relacionamento entre o aparelho do Estado e o cidadão, criando-se mecanismos capazes de viabilizarem a integração dos cidadãos no processo de definição, implementação e avaliação da ação pública. Ele se apresenta como uma forma de estabelecer uma parceria eficaz e gerar, a partir dela, um compromisso entre poder público e população capaz de garantir a construção de saídas para o desenvolvimento econômico e social do país. Dessa maneira, o Controle Social pressupõe que haja descentralização do Estado em direção à sociedade, ou seja, a participação da população na gestão pública e a possibilidade do cidadão em controlar instituições e organizações governamentais para verificar o bom andamento das decisões tomadas em seu nome. Oferecer tal controle à população reflete a ação de um governo interativo, capaz de equilibrar forças e interesses e promover maior organização das diversas camadas sociais de forma a buscar melhores padrões de equidade. Todas as formas de controle, externo, interno e social, são relevantes e complementares. Primeiramente, são relevantes por desempenharem papéis de extrema importância à condução democrática da gestão da "coisa pública" e gerarem condições necessárias à gestão eficiente dos recursos repassados pela sociedade ao Estado, a fim que ele regulamente, fiscalize, produza e distribua os bens e serviços oriundos das escolhas públicas. São complementares porque, Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 9 através deles, é possível que haja um intercâmbio de informações e análises, enriquecendo sobremaneira os dados gerados pelos sistemas de controle existentes. A Constituição de 1988, no seu artigo 70, supracitado, determina que o controle sobre o orçamento e as finanças públicas será feito quanto à legalidade, legitimidade e economicidade. A Emenda Constitucional n°19 define que os atos da Administração Pública devem observância a eficiência. Por fim, a lei Complementar n°4320, no seu artigo 75, inciso III, ordena que o controle da execução orçamentária compreenderá o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos da realização de obras e prestação de serviços, determinando, dessa forma,a observância da eficácia, sem, no entanto, referir-se nominalmente à tal princípio. Tradicionalmente, dividem-se os indicadores possíveis de serem avaliados através dos procedimentos de controle sobre o ciclo orçamentário público em dois segmentos. O primeiro, refere-se ao acompanhamento da legalidade e da legitimidade, e é denominado de Controle de Procedimentos. O segundo, focaliza a verificação dos níveis de eficiência, eficácia, economicidade e efetividade, e é denominado de Controle de Resultados. Os dois tipos de Controle referem-se aos atos praticados por aqueles que assumem a responsabilidade política ou administrativa pela gerência de recursos públicos. Economicidade, de acordo com o Manual Operacional de Auditoria Operacional do Tribunal de Contas da União (2000), é entendida como a minimização dos custos dos recursos utilizados na consecução de uma atividade, sem comprometimento dos padrões de qualidade. A eficácia, como um instrumento que permite identificar o grau de alcance das metas programadas em um determinado período de tempo, ou seja, através dela é capaz se identificar o grau em que os objetivos e as finalidades do governo e de suas unidades são alcançados. A eficiência, como a relação entre os produtos (bens e serviços) gerados por uma atividade e os custos dos insumos empregados em um determinado período de tempo, ou seja, através da eficiência é possível avaliar as ações governamentais considerando os resultados obtidos face aos recursos Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 10 disponíveis. Por fim, efetividade é a relação entre os resultados (impactos observados) e os objetivos (impactos esperados). Os conceitos de legalidade e legitimidade referem-se, respectivamente, à aderência à norma estabelecida e a capacidade do agente de, motivado pelo interesse público, atingir os objetivos da gestão. Segundo Mauro santos Silva (2001), a leitura dualista do controle, que trabalha com a noção de procedimento versus resultado não nos parece uma alternativa adequada a uma sociedade que preza pelos valores democráticos. O desejável é a conformação de um sistema que articule as dimensões de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade, em uma unidade onde todas as partes sejam observadas como igualmente relevantes e complementares. Um sistema onde a ação controladora seja capaz de focar os resultados sem perder de vista as condições legais, políticas e éticas que permitam seu alcance. Diante da complexidade dos procedimentos relativos ao controle e avaliação das ações relacionadas ao ciclo orçamentário do poder público, pode-se constatar o grau de importância da transparência dos atos praticados pelos poderes públicos e a divulgação dos mesmos em tempo real. O controle efetivo das ações públicas se traduz, pois, como um instrumento capaz de fornecer à sociedade, como um todo, informações que permitam o conhecimento dos atos praticados pelo Poder Público em relação à forma, conteúdo e as consequências produzidas, que devem ser avaliadas a fim de qualificar os atos governamentais. Dessa maneira, através de um controle eficiente e transparente das execuções públicas, pode-se evitar a corrupção, permitir o crescimento social e econômico da nação e possibilitar a criação de uma sociedade mais democrática, já que a tendência é que exista um maior comprometimento do governo com seus contribuintes. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 11 UNIDADE 3 - SISTEMA DE CONTROLE INTERNO 3.1 - Sistema de Controle Interno do Executivo e seu funcionamento O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo compreende as atividades de Administração Financeira, de Contabilidade, de Auditoria, de Acompanhamento dos Programas de Governo, de Fiscalização e de Avaliação de Gestão dos Administradores Públicos Federais, realizadas com a orientação técnica e normativa da Secretaria do Tesouro Nacional e da Secretaria Federal de Controle. O Serpro, desde a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, ocorrida em 1986, vem prestando serviços àquela instituição. O mais importante produto desenvolvido é o SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira – do Governo Federal, instrumento oficial para execução orçamentária e financeira das entidades da administração pública federal, que propicia eficiência e eficácia na gestão dos gastos e que garante transparência para toda a sociedade dos atos realizados pelos administradores que gerem os recursos públicos. Importantes Sistemas desenvolvidos e produzidos pelo Serpro, com uso intensivo da tecnologia de informação, são diariamente utilizados no cumprimento das funções constitucionais e legais dos órgãos integrantes do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo, avaliando o cumprimento das metas governamentais, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União, comprovando a legalidade e avaliando os resultados da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, exercendo o controle das operações de crédito, controlando o endividamento federal, elaborando a programação financeira do Tesouro Nacional, mantendo condições para que os cidadãos brasileiros sejam permanentemente informados sobre a execução orçamentária e financeira da União e apoiando o controle externo no exercício de sua missão institucional. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 12 3.2 - Sistema de controle externo O processo de fiscalização financeira e orçamentária passou por completa reforma nessa etapa. Como inovação, deu-se incumbência ao Tribunal para o exercício de auditoria financeira e orçamentária sobre as contas das unidades dos três poderes da União, instituindo, desde então, os sistemas de controle externo, a cargo do Congresso Nacional, com auxílio da Corte de Contas e de controle interno, esse exercido pelo Poder Executivo e destinado a criar condições para um controle externo eficaz. Finalmente, com a Constituição de 1988, o Tribunal de Contas da União teve a sua jurisdição e competência substancialmente ampliadas. Recebeu poderes para, no auxílio ao Congresso Nacional, exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, à legitimidade e à economicidade e a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária tem o dever de prestar contas ao TCU. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 13 UNIDADE 4 - MODERNIDADE DA GESTÃO PÚBLICA Dos anos 80 até os dias atuais, vem aumentando nas sociedades, sejam de economias desenvolvidas ou emergentes, a busca pela melhor utilização dos recursos que está nas mãos do governo. Surgindo, assim, a atitude de governo empreendedor, direcionado ao cidadão – que agora é encarado como cliente – em busca da eficiência e eficácia em uma gestão pública baseadaem resultados efetivos. Pretende-se delimitar as causas que levaram ao surgimento dessa nova proposta de gestão pública, que superaram as ideias e comportamentos da administração de cunho tradicional, bem como analisar suas características intrínsecas, pelas quais têm conquistado resultados e é requisitada com maior empenho; suas consequências para o governo; para outras entidades e para os cidadãos. Da mesma forma, são apresentados alguns modelos de gestão pública empreendedora, pelos quais a moderna administração pública vem sendo aplicada, analisando seus processos e seus benefícios à sociedade, com destaque para a reforma gerencial brasileira, implementada a partir de 1995. Conclui-se que são feitas colocações e algumas observações sobre as consequências provenientes da aplicabilidade da moderna gestão pública. Deixa-se algumas observações na forma de crítica que, bem analisadas, buscam possibilitar o melhor tratamento e superação de entraves à aplicação da gestão pública empreendedora. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 14 4.1 - Panorama Da Administração 4.1.1 - Uma Visão Histórica A administração clássica, conhecida como a burocracia desenvolvida por Max Weber, surgiu, nos principais países europeus, no final do século XIX; nos E.U.A., ela foi implantada no começo do século XX; e, no Brasil, surgiu em 1936. Foi caracterizada por se basear no princípio do mérito pessoal. Essa administração burocrática foi adotada, então, para substituir a administração patrimonialista, na qual o Estado era visto como posse do rei. Entretanto, esse modelo de administração se revelará incompatível com o capitalismo industrial nascente, do século XIX, haja vista que para o capitalismo é fundamental a separação entre o Estado e o mercado, ou seja, a democracia só poderá funcionar quando a sociedade civil distinguir-se do Estado. Tornou-se, então, mister desenvolver um modelo de administração que não só diferenciasse o público do privado, como também separasse o político do administrador público. Nasce, dessa forma, a administração pública moderna. Portanto, a administração pública moderna surgiu, naquela época, devido à falta de capacidade da administração clássica de suprir as necessidades do seu ambiente, ou seja, a premissa de eficiência em que se baseava a burocracia não se revelou real, pois logo se verificou que não possibilitava velocidade, nem qualidade, nem tampouco baixo custo para os serviços prestados ao público. Vê-se que esse fato não era considerado importante, uma vez que prevalecia um Estado pequeno, onde a questão da eficiência, em verdade, não era considerada essencial. Mas, quando o Estado se transformou no grande estado econômico e social do século XX, o chamado mega-estado, assumindo uma ampla gama de serviços, tais como: saúde, educação, previdência, cultura, economia interna, comércio exterior, infraestrutura, estabilidade, etc., nesse momento a questão da eficiência tornou-se fundamental. Percebe-se, claramente, que essa expansão do estado não é proveniente Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 15 somente da pressão da sociedade, como, também, é consequência natural da estratégia de crescimento do próprio sistema burocrático. Portanto, a demanda por uma administração pública gerencial não só provém de dificuldades de crescimento, da consequente diferenciação de estruturas ou da crescente complexidade dos problemas a serem encarados, mas também da legitimidade da burocracia frente às questões da cidadania. Dessa forma, nos anos 80, têm-se início uma ampla revolução na administração pública dos principais países, direcionando-os a uma administração pública gerencial. De acordo com Barzelay (1992), tal revolução, inicialmente, mostrou-se mais intensa no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Já nos E.U.A., essa revolução se mostrou mais limitada a nível regional. Portanto, pode-se afirmar que a administração pública gerencial surge inspirada nos avanços provocados pelo modelo anterior de administração. 4.2 - Uma Nova Postura da Sociedade Ações acertadas do passado, tais como foram o Welfare State (O Estado do Bem-estar), lançado por Bismark contra a luta de classes na Alemanha; e o New Deal, lançado por Roosevelt, depois da crise de 1929, com o intuito de estimular o crescimento americano e restituir o equilíbrio entre os grupos econômicos, perderam força no novo mundo de pluralismo social, direcionado cada vez mais aos trabalhadores do conhecimento. Peter Drucker (1991, pp. 3-14) destaca uma nova consciência das funções do governo entre as novas realidades surgidas com o final do século XX, oposto aos comportamentos adotados durante os últimos dois séculos. Segundo Drucker (1991), realmente, o impulso arrecadador e de endividamento dos Estados encontrou no final do século XX barreiras gigantescas. Uma espécie de rebelião silenciosa, ocorrida em vários países, aumentou a sonegação, ao mesmo tempo em que aumentava a economia informal. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 16 Os impactos da arrecadação e o endividamento econômico confirmaram a implosão do modelo do estado fiscal de bem-estar, que passou, devido a isso, a assumir os seus limites fiscais e de endividamento, sendo levado a concentrar atenção e esforços nas suas funções mais essenciais e a ceder à sociedade, através de privatizações e terceirizações, várias das suas atividades, anteriormente autoimpostas. Essa nova realidade demonstra do ponto de vista da sociedade, uma desconfiança face às ineficiências da administração pública tradicional e maiores exigências para que os serviços prestados pelo governo sejam gerenciados da melhor forma e com melhor qualidade. Nesse contexto, constatam Osborne & Gaebler (1995, p. 152): (...) os cidadãos de hoje se recusam a pagar altos impostos por serviços cujos preços disparam, enquanto a qualidade despenca (...) uma frustração crescente entre os contribuintes é não saber exatamente o que estão recebendo pelo dinheiro que investem. 4.3 - A Função Do Estado Se for considerar o desenvolvimento econômico e social, em nível mundial, pode-se afirmar que o Estado foi realmente responsável por isso entre os anos 30 e 60, sendo esse período marcado pela prosperidade econômica e pelo crescimento dos padrões de vida da sociedade. A partir dos anos 70, eclode a crise no Estado, consequência do seu crescimento distorcido e do processo de globalização, causando a redução das taxas de crescimento econômico, o aumento das taxas de desemprego e a elevação da taxa de inflação. Se antes da globalização dos mercados e dos sistemas produtivos, os Estados podiam proteger suas economias da competição internacional, depois da integração mundial, essas possibilidades diminuíram bastante. O novo papel do Estado, segundo Bresser-Pereira (1998), é o de facilitar para que a economia nacional se torne internacionalmente competitiva. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 17 Como resposta à crise do Estado vieram a onda neoconservadora e as reformas econômicas orientadas para o mercado, que os neoliberais imaginaramque teriam como resultado o Estado mínimo – que nos anos 90 se verificou inviável – fazendo surgir, então, a necessidade de reconstrução do Estado. Em termos de Brasil, a discussão sobre a reforma do Estado foi iniciada nos anos 80, frente a uma ampla crise econômica, que chegou ao seu auge em 1990, com a hiperinflação. E é essa crise que determinou, mais fortemente, a necessidade de reconstrução do Estado; e a globalização, por sua vez, tornou forçosa a redefinição de suas funções. A questão fundamental dos anos 90, em todo o mundo, foi a reconstrução do Estado, e isso devido a dois fatores: ao processo de globalização da economia, que diminuiu a autonomia dos estados em conceber e implantar políticas; e, principalmente, à crise geral do Estado. A partir daí, no plano econômico, surgiram duas propostas como solução para a reforma do Estado: uma neoliberal, que tem como objetivo diminuir a participação do Estado no mercado; a outra social-democrática ou social-liberal, que defende o aumento da ingerência do Estado. A distinção central entre essas propostas é que os reais neoliberais exigem a saída do Estado também da área social, fazendo fortes críticas ao Welfare State. Entre essas duas propostas, como que as combinando, observa-se que dentre as concepções de Bresser-Pereira (1996) para fazer a reforma do Estado, uma delas é implantar o Estado social-liberal, que propõe se manter responsável pelos direitos sociais, mas que deixaria de exercer, diretamente, as funções de educação, saúde e assistência social, contratando organizações públicas não estatais para realizá-las. Em tal proposta, o Estado permaneceria como o ente regulador, garantindo o cumprimento de metas de eficiência e impedindo a criação de monopólios privados. Segundo Costin (2005), no Brasil existem os "mercadólatras", representantes do primeiro grupo, sendo os defensores de um mercado totalmente livre; e os "estatólatras", representantes do segundo grupo, que defendem um Estado forte, gestor, encarregado do Welfare State. E existem, ainda, os partidários da Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 18 terceira via que defendem a ideia de que o mercado não pode tudo, pois a eficiência, ou a sua falta, não deve ser exclusiva aos mercados, que os governos, dessa forma, teriam uma função importante a exercer no mundo globalizado. A concepção da terceira via, associada à política do primeiro ministro britânico Tony Blair e criticada por Giddens (1999), defende que os governos, desde que sob um intenso processo de reinvenção, seriam os únicos com capacidade de assegurar projetos fundamentais em áreas como saúde, educação, segurança, preservação do meio ambiente, comércio exterior, política industrial etc. Os defensores e adeptos dessa proposta fazem uso de uma evidência inquestionável, qual seja: a lógica da obtenção de lucro, que fundamenta o movimento dos mercados, não serve como guia para dirigir a ação do Estado. Dessa forma, o grande desafio atual é saber conciliar os espaços que cabem a Estados e mercados. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 19 UNIDADE 5 - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TRADICIONAL VERSUS A ADMINISTRAÇÃO MODERNA 5.1 - Burocracia X Empreendedorismo A administração pública tradicional, associada à gestão burocrática, obteve grande sucesso a partir da Revolução Industrial ao substituir o governo imperial e da nobreza por uma administração impessoal, de cunho profissional e técnico-racional, como elaborado por Weber. Na concepção de Lane (1993), esse molde de administração prevê a especificação funcional de vários departamentos em repartições públicas e papéis especializados para vários tipos de equipes, além de ser capaz da mais alta aplicação de racionalidade. Nesse modelo de administração pública, o ideal de administração pode ser sintetizado nos seguintes princípios básicos: estabelecimento rígido de regras (normatização); racionalização; hierarquização; especialização; centralização; divisão do trabalho; controle; eficiência e eficácia. As principais críticas a esse modelo de administração pública são direcionadas aos seguintes pontos: normatização da conduta das operações do Estado; necessidade de descritiva precisão; e a falha em identificar os sistemas que conduzem à eficiência e eficácia. Outras abordagens contra o ponto de vista de Weber argumentam que a racionalização não é uma característica da moderna vida organizacional, particularmente das repartições públicas; os fins públicos são ambíguos e alternantes; e as regras decisórias variam conforme a situação. Para Osborne & Gaebler (1995, pp. 11-15), realmente, a administração burocrática logo se tornou um fim em si mesma, através do corporativismo e do carreirismo, não acatando as mudanças surgidas após a II Grande Guerra, tornando-se, desde então, sinônimo de um governo ineficiente e impessoal, pouco se importando com os reais problemas da comunidade. Seguindo essa linha de raciocínio, Henkel (1991, p. 11) observa: Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 20 (...) as burocracias com as quais o setor público foi administrado foram dominadas por interesses egoístas dos burocratas, profissionais e uniões, cujo o objetivo principal era ampliar seu próprio poder. Como consequência, burocracias tornadas maiores, consumiram em crescente proporção o Produto Interno Bruto e, ao mesmo tempo, tornaram-se, progressivamente, menos controláveis ou responsivas. A escola de relações humanas defende que a especialização funcional e a diferenciação dos papéis causam prejuízo à eficiência e eficácia das instituições públicas, pois dificultam a obtenção dos resultados almejados pelo setor público. Em contrapartida, a administração pública empreendedora caracteriza um governo que pertence à comunidade, que em vez de ser um governo de prestação de serviços, dá responsabilidade ao cidadão, oferecendo-lhe a possibilidade de participação no governo. As novas teorias do setor público têm-se guiado por um tipo de concepção da administração pública totalmente diferente da concepção Weberiana, uma vez que têm por finalidade alcançar modelos administrativos que são radicalmente distintos da administração tradicional ou clássica. O governo empreendedor não pretende controlar a economia, mas sim, estimular a ação, a integração e a parceria da sociedade. Governo, este, denominado por Osborne & Gaebler (1995, p. 26-30) de "governo catalisador". Portanto, o poder de ação do governo empreendedor nasce de seu posicionamento de controle dirigido por metas e objetivos, o que o torna marcadamente maior que o governo burocrático, que se volta, preferentemente, para o controle do cumprimento dos custos orçados; concentrando-se, dessa forma, no detalhe em face de tarefas de grande amplitude, perdendo tanto o poder de decisão quanto a eficácia das políticas governamentais. Osborne & Gaebler (1995, p. 50), citando Drucker, destacam essas diferenças de posturas entre esses dois modelos de gestão pública: (...) não estamos frente a um ‘desaparecimento do estado’. Ao contrário, precisamos de um governo forte, vigoroso e muito ativo. Mas, enfrentamos a eleição entre o governo extenso e impotente e o governo que é forte Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.brTelefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 21 porque se limita a decidir e a dirigir, deixando o ‘fazer’ para outrem. Portanto, necessitamos de um governo que pode e deve governar. Ou seja, não um governo que ‘administra’, mas sim um governo que governa. 5.2 - Diferenças De Gestão Os paradigmas que até pouco tempo serviram para fazer negócios e concretizar vantagens estratégicas deixaram de ser úteis. O auge da economia global, a necessidade de aperfeiçoar o uso dos recursos escassos, o grande desenvolvimento da tecnologia de informação, e os novos instrumentos e metodologias impulsionados pelas escolas de negócios e empresas de ponta, tornam mister marcar uma clara linha de separação entre o antes e o depois na gestão das organizações. Com o fim de compreender com clareza essas diferenças, destacam-se alguns importantes aspectos, comparando suas diferenças, a fim de tornar clara a consciência de como é realizada administração da empresa. Será utilizada, para agilizar, as seguintes abreviações: Administração Tradicional (AT) e Administração Moderna (AM). Qualidade. Enquanto a AT privilegia a inspeção e a posterior correção dos produtos finais, a nova administração competitiva dá preponderância à prevenção; Enquanto a AT está centrada nos resultados em curto prazo, a AM focaliza seus esforços em melhorar continuamente seus processos; Quanto à capacitação de pessoal, a AT a considera como um gasto, enquanto a nova concepção a vê como um investimento, que incrementará o fluxo positivo de fundos no futuro; Enquanto a AT está organizada relativa a funções, a nova gestão competitiva está organizada relativa a processos. Por isso, a AT baseia-se na especialização dos empregados, enquanto a AM dá importância à polivalência; A AT baseia seu funcionamento na soma de trabalhadores individuais, enquanto a Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 22 AM coloca esforço no trabalho em equipe; A AT obstrui, sistematicamente, a criatividade, enquanto a AM tende a fomentá-la, derrubando barreiras e motivando o pessoal a colocar ideias e inovações, seja através dos círculos de controle de qualidade ou de sistemas de sugestões; No modelo tradicional os empregados tendem a satisfazer a seus chefes, já no novo modelo de gestão existe a busca em satisfazer os desejos e necessidades dos clientes internos e externos. Dessa forma, os chefes são os que tendem a servir aos empregados, o que vai gerar recursos necessários à satisfação dos clientes; A AT deixa totalmente de lado a cultura organizacional, enquanto que a AM tem um forte fundamento na gestão e desenvolvimento; O modelo tradicional não realiza um trabalho de melhora contínua, apresentando uma permanente perda de competitividade frente à concorrência. Já, o modelo moderno de gestão aplica o aperfeiçoamento contínuo como um objetivo estratégico, o que lhe permite obter importantes vantagens competitivas; A AT adota, claramente, uma atitude reativa, enquanto a AM adota uma atitude pró- ativa, com a qual não só preveem as mudanças, como também tratam de criá-las a fim de colocar-se no centro da cena; As AT privilegiam o pensamento mecanicista, lógico-racional, enquanto as AM dão lugar também ao pensamento lateral, organicista e sistêmico; A AT não está centrada na lealdade, enquanto que a AM dá à lealdade de empregados, clientes e parceiros uma importância relevante; Desenho e desenvolvimento de produtos e processos, com base na engenharia conjunta, é o que se exercita na AM, em contraposição a um trabalho segmentado na AT. De tal forma, empresas como a Toyota conseguem em menos de dois anos desenvolver um desenho que a maioria das empresas automobilísticas ocidentais só conseguem em pelo menos 3 anos. Atualmente, e para o futuro, os fatores ecológicos constituirão uma questão fundamental, tanto na hora de conceber os produtos e serviços, como na hora de desenhar e desenvolver os respectivos processos produtivos. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 23 Para finalizar este item, podemos afirmar que a administração tradicional, de acordo com estudos e investigações, têm improdutividades que representam de 25% a 35% de seu faturamento. Como média, utiliza o dobro da mão-de-obra necessária, quatro vezes mais espaço físico do que as empresas competitivas e têm prazos bem superiores aos da moderna administração. Uma outra forma de diferenciar uma administração da outra é analisando-as através dos modelos e parâmetros de Alvin Tofler, que cataloga a administração tradicional como representante da Segunda Onda, enquanto a administração moderna representaria a Terceira Onda. 5.3 - A Dimensão Do Setor Público Lane (1993) considera que a questão da delimitação do tamanho proporcional do público frente ao privado é, essencialmente, uma opção entre duas formas diferentes de interação social. Uma é o gerenciamento burocrático, a outra é o gerenciamento voltado para o lucro. A dimensão do setor público está relacionada à seguinte questão: a sociedade deve se organizar levando em consideração a propriedade privada e a propriedade dos meios de produção, ou levando em consideração o controle público sobre os meios de produção? O capitalismo segue o conceito de empresa livre, com controle dos consumidores sobre os assuntos econômicos; o socialismo, por sua vez, considera o controle do governo sobre as diversas áreas da vida individual e o controle irrestrito do governo sobre sua capacidade, como sendo a chave-mestra do gerenciamento econômico. O quadro a seguir ilustra os conceitos relativos ao problema da demarcação entre público e privado. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 24 PÚBLICO PRIVADO Autoridade Hierarquia Planejamento Economia de comando Capitalismo Troca/liberdade Competição Laissez-faire Economia de mercado Socialismo Quadro 1: Características públicas e privadas Fonte: Lane (1993). Estabelece-se, comumente, que há apenas dois mecanismos para a partição proporcional de recursos: o mercado e o orçamento público. Contudo, sob um lógico ponto de vista, a competição é possível, também, em um sistema nos quais os meios de produção sejam públicos. É o pensamento de Lane (1993), que afirma que o mercado e o orçamento público são passíveis de serem combinados no mesmo nível de atividade econômica. Contudo, a diferenciação entre o setor público e o setor privado não é a mesma que ocorre entre as propriedades pública e privada, nem, tampouco a mesma que ocorre entre uma economia de planejamento e o sistema laissez-faire. Então, a questão de se criar um limite entre o público e o privado não coincide totalmente com a questão de como combinar competição com hierarquia. Um setor público amplo é capaz de trabalhar com elementos de escolha e de competição, utilizando encargos em relação à demanda e licitando em relação ao suprimento dos negócios públicos. Além do mais, um setor privado amplo é capaz de incluir uma considerável hierarquia. A dimensão do setor público, encarado do ponto de vista do orçamento, é uma função de quantificação da partilha governamental ou da redistribuição; nenhuma das duas refere-se a uma economia, compreensivelmente, planejada ou à propriedadepública dos meios de produção. O setor público pode interagir com o mercado, antes de ser mutuamente exclusivo, baseado em um sistema de meios de produção manipulados predominantemente de maneira privada. Além disso, a Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 25 regulamentação do governo pode beneficiar os trabalhos do mecanismo de mercado, antes do que se opor. Pimenta (1998a) chama a atenção para o fato de que ao definir a dimensão do Estado como sendo a parcela do gasto público em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, esta vem crescendo, consideravelmente, durante o último século. Esse ambiente pode ser observado melhor no quadro, que apresenta um estudo realizado pelo Fundo Monetário Internacional – FMI, em 17 países desenvolvidos. ANO PARTICIPAÇÃO – PIB 1870 1920 1960 1980 1996 8% 15% 28% 43% 46% Quadro 2 – Gasto público em relação ao PIB Fonte: Pimenta (1998a). Contudo, o Estado não deve, obrigatoriamente, reduzir de forma drástica sua participação na produção econômica, porque o passivo social, existente nos países do bloco sul, ainda é grande, assim como os desafios que surgem a nível mundial, tais como o desemprego e o aumento da idade média da população. Na delimitação da dimensão do Estado, também, há que se considerar que existe um conjunto de bens ou serviços que estão articulados, portanto não excludentes, que têm de ser fornecidos por meio do Estado, enquanto o mercado, por sua vez, seria responsável por outros tipos de bens. Conforme a tradição de finanças públicas, o poder público tem um lugar adequado na sociedade, que pode ser definido tanto através de uma investigação das propriedades técnicas quanto das propriedades econômicas dos bens. Se uma sociedade conhece essas propriedades, por conseguinte, conhece a dimensão do Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 26 orçamento público. A dimensão do setor público não está em função apenas da propriedade dos bens, ou em função apenas das preferências dos cidadãos, mas é relativa aos valores ou culturas predominantes numa sociedade que sabe identificar o que agrega e o que desagrega. Percebe-se, portanto, que não existe método simples para se encontrar a diferença entre a dimensão pública e a dimensão privada. Para se delimitar o tamanho do Estado, deve-se, também, considerar como são definidas as decisões coletivas, ou seja, considerar a lógica de interesses que se agrupam ao redor do setor público – o critério político. 5.4 - A Reforma Do Estado Como já abordado, o Estado, atualmente, encontra-se sob questionamentos, assim como sua capacidade de interação com a sociedade, de onde se espera que emane seu poder. Portanto, as questões atuais, preponderantes, são sobre as áreas de atuação do Estado, e em quais níveis de regulação coletiva devem atuar, bem como sua capacidade de gerir-se. A opção do Brasil, em face das diversas alternativas, passa, necessariamente, pela redefinição do sistema de seus serviços públicos; pela repercussão dessa redefinição; assim como pelo sucesso que conquistar no desenvolvimento da economia de mercado. Trata-se, portanto, de montar um Estado forte, estruturado, além de desempenhar de forma adequada suas funções tradicionais: administração da oferta de serviços prestados, direta ou indiretamente, e gestão dos direitos sociais básicos. A integração da estabilidade com políticas públicas que assegurem, simultaneamente, maior competitividade, igualdade social, crescimento e desenvolvimento, indica a relevância de se aperfeiçoar o Estado a partir de uma estratégia abrangente, seletiva e progressiva, dadas as variedades e os graus de resistência a serem enfrentados. Segundo Gaetani (1998), somente uma Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 27 administração pública, construída em bases mais profissionais e fundada no mérito, possui capacidade de executar esta tarefa. No entender de Kaufman (1998), a estrutura da reforma do Estado foi intensamente influenciada por, no mínimo, quatro grandes temas, desenvolvidos pelo Banco Mundial e outras instituições de financiamento internacional, os quais estão presentes, também, na pauta do governo. Vejamos esses temas: • A centralização do controle sobre a política macroeconômica, em especial das decisões e despesas monetárias. • A descentralização e/ou privatização da burocracia que está a cargo da gerência dos serviços sociais. • A delegação de ações reguladoras a agências responsáveis por gerenciar os prestadores de serviços e por manejar ações externas associadas à liberalização do mercado, privatização e outras reformas especificamente voltadas ao mercado. • A criação de quadros mais capacitados de servidores públicos. Eles seriam recrutados de acordo com critérios de avaliação de capacidades, teriam autoridade considerável sobre os procedimentos operacionais, e seriam avaliados em termos de padrões de desempenho. 5.5 – A Gestão Pública Por Resultados Segundo Reese & Ohren (1999), a eficácia da gestão empreendedora, ou gestão moderna, fundamenta-se na transparência de um governo competitivo, que insere a competição na prestação de serviços e, acima de tudo, prioriza a obtenção dos melhores resultados que os recursos disponíveis possam proporcionar. De acordo com Rivenbark & Carter (2000); Ammons (2000), como exemplo dessa atitude, podemos citar que na Carolina do Norte foi implementado um sistema de aferição de desempenho dos governos locais relacionados ao benchmarking das Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 28 melhores práticas na criação de serviços em comparação aos respectivos custos. Esse novo comportamento de governo, ou seja, foco no resultado e no desempenho, direcionado ao cidadão, encarado como cliente, surgiu de práticas pioneiras, como a de Ted Kolderie, que terceirizou serviços na cidade de Saint Paul, em Minneapolis, durante a década de 70, que conforme Drucker (1991, p. 51) irradiou-se pelo mundo, assim como das iniciativas liberalizantes e empreendedoras de Margareth Thatcher na Inglaterra, durante a mesma época. Segundo Osborne (1994, pp.319ss), nos E.U.A. o governo empreendedor é visto, hoje, como um paradigma político emergente, preconizado por Bill Clinton para outros países do mundo. Quanto ao Brasil, conforme Johnson et al. (1996, pp. 127ss), o comportamento do governo empreendedor vem sendo desenvolvido durante a última década, e constitui, hoje, uma das bases da política do governo federal, assim como de alguns estados da Federação. Tal política é direcionada a reformas baseadas na entrega à sociedade de funções antes da alçada do governo burocrático tradicional, através de privatizações, terceirizações e contratos de gestão com agências e entidades públicas. A gestão pública empreendedora assume princípios de gestão de negócios, como iniciativa e autonomia gerencial; pró-atividade; atendimento ao cidadão como cliente; controle por objetivos e metas. Contudo, isso não quer dizer governar como quem dirige uma empresa, mas sim, gerenciar, eficientemente, os recursos coletados da sociedade, com o fim de suprir,eficazmente, o bem comum. Ao objetivar resultados que respondam de melhor forma às necessidades dos cidadãos como clientes, a moderna gestão púbica é fundamentada em avaliações contínuas da sociedade para afinar suas estratégias, planos e metas, assim como sua capacidade implementadora. O julgamento de desempenho, nos E.U.A., nos seus vários níveis de governo, é cada vez mais abrangente. Critérios de desempenho orientam, inclusive, o financiamento de obras públicas. De acordo com Freitas (1999); Bresser-Pereira (1999); Campos et al. (2000), Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 29 em relação ao Brasil, a experiência internacional de julgamento da gestão pública gerou grande interesse por ser vista como uma das prerrogativas de execução da reforma administrativa do estado, nas suas várias esferas de governo. Entretanto, os sistemas de avaliação de desempenho devem ser priorizados na gestão pública. E como orienta Teixeira & Santana (1994, pp. 18ss): Deveria ser dada prioridade à avaliação de desempenho em um novo modelo de gestão pública, mediante iniciativas como: Redirecionar o sistema de avaliação dentro da administração governamental para uma ação focalizada na avaliação do desempenho do serviço prestado, qualitativa e quantitativamente, pelo vários setores e unidades; Elaborar e divulgar sistemas de indicadores de desempenho do serviço público; Garantir uma ampla divulgação e monitoramento dos indicadores e seus valores; Dirigir as políticas de recursos humanos pelos parâmetros de avaliação de desempenho. 5.6 – A Reforma Da Gestão Pública Brasileira Após a II Guerra Mundial, os conceitos de descentralização e de flexibilização administrativa foram motivos de discussão em todos os governos, e ganharam impulso a partir dos anos 70, com a crise do Estado. Nos anos 80, surge a nova administração pública, fundamentada nos avanços realizados pela administração de empresas. Essa nova administração pública, que no Brasil é conhecida como administração pública gerencial, seguindo influência do Banco Mundial, fundamenta- se em alguns importantes pilares, quais sejam: • Transferência de recursos e atribuições para as camadas políticas locais, caracterizando o que se chamou de descentralização, nesse caso, de cunho político; • Descentralização administrativa, que delega autoridade aos administradores públicos convertidos em uma espécie de gerentes com cada vez maior autonomia; • Diminuição do nível de hierarquia nas organizações; Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 30 • Confiança limitada ao invés de desconfiança total; • Controle por resultados em substituição ao controle rígido dos processos administrativos; • Administração direcionada ao atendimento do cidadão, saindo de cena a administração focalizada em sim mesma; • Valorização do conceito de flexibilidade nas organizações, contrapondo-se ao imobilismo, surgindo lugar para as ideias de multiplicidade; É com base nesses pilares, aliado ao fato do Banco Mundial considerar que o Estado é fundamental no processo de desenvolvimento, funcionando agora como elemento catalisador e impulsionador deste processo, que Bresser Pereira (1996), descreve os três objetivos principais para a reforma gerencial brasileira: 1) Aumentar a eficácia e efetividade dos organismos do Estado por meio da descentralização; diferenciação entre formulação e execução; implementação de novos controles; separação das atividades exclusivas de estado das atividades de mercado; transferência das atividades competitivas para o setor público não-estatal; terceirização dos serviços de apoio. 2) Incrementar a capacidade do Estado em proporcionar o crescimento econômico e social, assegurando a garantia dos contratos; da estabilidade econômica; da eficácia do poder judiciário; e da promoção dos serviços essenciais, tais como, educação, saúde, desenvolvimento do conhecimento e comércio exterior. 3) Proporcionar o caráter democrático na administração pública, através de um serviço dirigido ao cidadão-cliente e tornar o servidor público responsável pelos seus resultados. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 31 UNIDADE 6 - TRIBUNAL DE CONTA DA UNIÃO 6.1 - Breve Histórico “citação das constituições anteriores” A história do controle no Brasil remonta ao período colonial. Em 1680, foram criadas as Juntas das Fazendas das Capitanias e a Junta da Fazenda do Rio de Janeiro, jurisdicionadas a Portugal. Em 1808, na administração de D. João VI, foi instalado o Erário Régio e criado o Conselho da Fazenda, que tinha como atribuição acompanhar a execução da despesa pública. Com a proclamação da independência do Brasil, em 1822, o Erário Régio foi transformado no Tesouro pela Constituição monárquica de 1824, prevendo-se, então, os primeiros orçamentos e balanços gerais. A ideia de criação de um Tribunal de Contas surgiu, pela primeira vez no Brasil, em 23 de junho de 1826, com a iniciativa de Felisberto Caldeira Brandt, Visconde de Barbacena, e de José Inácio Borges, que apresentaram projeto de lei nesse sentido ao Senado do Império. Somente a queda do Império e as reformas político-administrativas da jovem República tornaram realidade, finalmente, o Tribunal de Contas da União. Em 7 de novembro de 1890, por iniciativa do então Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, o Decreto nº 966-A criou o Tribunal de Contas da União, norteado pelos princípios da autonomia, fiscalização, julgamento, vigilância e energia. A Constituição de 1891, a primeira republicana, ainda por influência de Rui Barbosa, institucionalizou definitivamente o Tribunal de Contas da União, inscrevendo-o no seu art. 89. A instalação do Tribunal, entretanto, só ocorreu em 17 de janeiro de 1893, graças ao empenho do Ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto, Serzedello Corrêa. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 32 Originariamente, o Tribunal teve competência para exame, revisão e julgamento de todas as operações relacionadas com a receita e a despesa da União. A fiscalização se fazia pelo sistema de registro prévio. A Constituição de 1891, institucionalizou o Tribunal e conferiu-lhe competências para liquidar as contas da receita e da despesa, e verificar a sua legalidade antes de serem prestadas ao Congresso Nacional. Logo após sua instalação, porém, o Tribunal de Contas considerou ilegal a nomeação, feita pelo Presidente Floriano Peixoto, de um parente do ex-Presidente Deodoro da Fonseca. Inconformado com a decisão do Tribunal, Floriano Peixoto mandou redigir decretos que retiravam do TCU a competência para impugnar despesas consideradas ilegais. O Ministro da Fazenda Serzedello Correa, não concordando com a posição do Presidente demitiu-se do cargo, expressando-lhe sua posição em carta de 27 de abril de 1893, cujo trecho básico é o seguinte: Pela Constituição de 1934, o Tribunal de Contas recebeu, entre outras, as seguintes atribuições: proceder ao acompanhamento da execução orçamentária, registrar previamente as despesas e os contratos, julgar as contas dos responsáveis por bens e dinheiro públicos, assim como apresentarparecer prévio sobre as contas do Presidente da República para posterior encaminhamento à Câmara dos Deputados. Com exceção do parecer prévio sobre as contas presidenciais, todas as demais atribuições do Tribunal foram mantidas pela Carta de 1937. A Constituição de 1946 acresceu um novo encargo às competências da Corte de Contas: julgar a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões. A Constituição de 1967, ratificada pela Emenda Constitucional nº 1, de 1969, retirou do Tribunal o exame e o julgamento prévio dos atos e dos contratos geradores de despesas, sem prejuízo da competência para apontar falhas e irregularidades que, se não sanadas, seriam, então, objeto de representação ao Congresso Nacional. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 33 6.2 – Retorno Da Democracia O retorno à democracia e a promulgação da nova Constituição de 1988 devolveram ao TCU antigas atribuições, além de aumentar a sua jurisdição e competência. Com isso, de acordo com o Artigo 72 ,do atual texto constitucional, cabe ao Tribunal de Contas: auxiliar o Congresso Nacional na análise da execução financeira e orçamentária, operacional e patrimonial da administração pública, tanto direta como indireta, incluindo a apreciação da legalidade de contratos, admissão de pessoal, concessão de aposentadorias, reformas e pensões; e também a atribuição de realizar auditorias em qualquer área do setor público por iniciativa própria ou a pedido do Legislativo ou do Judiciário. A forma de recrutamento dos ministros do TCU foi ampliada após a Constituição de 1988. O Presidente da República perdeu o monopólio sobre a indicação dos nove membros do plenário do órgão de controle de contas, passando a indicar apenas 1/3 dos ministros, enquanto o Congresso Nacional ficou responsável pela indicação dos outros 2/3, sendo mantida a necessidade de o indicado ser aprovado pelo Senado. Além disso, o Presidente da República não pôde mais escolher todos os ministros do Tribunal de Contas de sua cota de 1/3 conforme as suas conveniências políticas. Para cada três membros do TCU indicados pelo chefe do Executivo, dois devem ser recrutados entre os auditores de carreira do próprio Tribunal de Contas da União e os representantes do Ministério Público no órgão de controle de contas. Como requisito obrigatório, manteve-se a idade mínima de 35 anos e fixou-se em 65 anos a idade máxima, além de se exigir idoneidade moral e reputação ilibada do candidato. Passou-se a exigir pelo menos dez anos de exercício em atividade profissional que permita ao candidato a ministro ter adquirido conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou da administração pública. No caso, fala-se em conhecimento e não em formação acadêmica, fato que pode justificar a existência de conselheiros que não possuem Curso Superior. O julgamento das contas do Executivo pelo Tribunal de Contas passou a ser feito com base na análise Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 34 dos princípios da Legalidade, Legitimidade e Economicidade. 6.3 - Competência Do Tribunal De Contas Da União A Constituição Federal de 1988 conferiu ao TCU o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo. As competências constitucionais privativas do Tribunal constam dos artigos 71 a 74 e 161, conforme descritas adiante: • Apreciar as contas anuais do presidente da República; • Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos; • Apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões civis e militares; • Realizar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional; • Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais. 6.4 - Os Tribunais De Conta Nos Estados E Municípios Os tribunais de contas em estados e municípios brasileiros reproduzem o modelo do TCU tanto em atribuições como em organização interna, e sofrem apenas algumas adequações quanto ao número de membros de seu Colegiado Superior – os conselheiros. No caso dos estados, tendo como base a realidade do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP), o Colegiado é composto por sete conselheiros, sendo 1/3 indicado pelo Executivo e os outros 2/3 pela Assembléia Legislativa. Cabe aos tribunais de contas estaduais não apenas exercer o controle financeiro sobre a administração pública estadual e enviar o parecer com o mérito para a respectiva Assembléia Legislativa, como também controlar as contas de todos os prefeitos de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 35 municípios que fazem parte da unidade federativa em que está circunscrito, enviando o parecer relativo ao julgamento das contas para as respectivas câmaras municipais de cada, cidade. O surgimento de tribunais de contas estaduais no Brasil data do período de transição entre os séculos XIX e XX, sendo que o Piauí foi à primeira unidade federativa a criar um órgão de controle estadual no ano de 1892, seguido por Minas Gerais em 1914/20, Bahia em 1915, Pará em 1915, Rio de Janeiro em 1920, São Paulo em 1921 e Ceará também em 1921. Os tribunais estaduais estão distribuídos pelas 27 unidades federativas do país e, dependendo do Estado, fiscalizam as contas do governo estadual e de todos os prefeitos. Os tribunais dos municípios, presentes em apenas quatro estados (Bahia, Ceará, Goiás e Pará), estão encarregados de fiscalizar as contas de todos os prefeitos da unidade federativa em que atuam. Os tribunais de contas do município existem exclusivamente nos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro e fiscalizam apenas as contas dos prefeitos dessas capitais. Os Estados da Bahia, Ceará, Goiás e Pará possuem duas estruturas de controle de contas sobre a administração pública: a primeira é a de um Tribunal de Contas estadual encarregado de avaliar as contas do governador do Estado, e a segunda refere-se a um Tribunal de Contas dos municípios, responsável pelo controle financeiro das contas de todos os prefeitos dos municípios que compõem cada um desses Estados. Nos municípios, a criação de tribunais de contas é bem mais recente. Com relação às experiências que ocorreram em cidades paulistas, eles só foram possíveis com o advento da Constituição estadual de 1967. Tal Constituição, em seu artigo 106, previa que “o município de São Paulo e os que tiverem renda superior a cinco por cento da arrecadação deste, poderão ter regime administrativo especial e Tribunal de Contas próprio, na forma que a Lei Orgânica dos municípios estabelecer”. A Constituição paulista de 1967, no artigo 107, estipulava: “municípios da Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 36 mesma região, que, em conjunto, atingirem o limite de renda estabelecido no artigo anterior, poderão ter Tribunal de Contas próprio”. Dessa maneira, era possível que municípios circunvizinhos criassem um único órgão de controle de contas para eles próprios. Assim, apenas a cidade de São Paulo manteve o seu próprio Tribunal de Contas, sendo que os demais órgãos semelhantes que já existiamem outros municípios brasileiros foram extintos. Somente o município do Rio de Janeiro poderia criar seu órgão de controle de contas, por se enquadrar nos requisitos previstos na Emenda Constitucional de 1969. O órgão de controle de contas da capital fluminense veio a ser criado em outubro de 1980. A Constituição de 1988, em seu artigo 31, reafirmou a proibição de se criar Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais, permitindo que continuassem a existir apenas os Tribunais de Contas dos Municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro. 6.5 - Participação Popular Como Problema Jurídico E Político Não é simples definir, mesmo em termos operacionais, um conceito útil de participação popular na administração pública. Em sentido amplo, participar significa intervir num processo decisório qualquer. Segundo Modesto (1995), no âmbito do direito público, a questão da participação vincula-se estritamente à interferência na realização e controle das funções estatais e na própria elaboração do direito positivo. Nesta direção, embora de forma mais específica, Kelsen (1990, p.91) definia os direitos políticos como "as possibilidades abertas ao cidadão de participar do governo, da formação da ´vontade´ geral. Livre da metáfora, isso significa que o cidadão pode participar da criação da ordem jurídica". A participação administrativa, ou a participação no âmbito da administração pública, considerando esse sentido amplo, corresponde a todas as formas de interferência de terceiros na realização da função administrativa do Estado. Mas, Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 37 participação popular na administração pública é conceito necessariamente mais restrito: trata-se da interferência no processo de realização da função administrativa do Estado, implementada em favor de interesses da coletividade, por cidadão nacional ou representante de grupos sociais nacionais, estes últimos, se e enquanto legitimados a agir em nome coletivo. Para qualificar o que seja participação popular interessa distinguir, por exemplo, a participação relacionada à garantia de situações individuais da participação ocupada com garantia da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência da gestão da coisa pública. É necessário também excluir do rol das formas de participação popular a simples incorporação profissional e individual do cidadão, mediante concurso público, aos quadros funcionais do Estado. Parece necessário ainda, em termos explícitos, recusar a qualificação de participação cidadã a atividades compulsórias, distanciadas de qualquer manifestação autêntica da sociedade civil, como o serviço militar obrigatório. Não devem ser consideradas formas de participação popular a prestação de serviço público por um concessionário de serviço público, delegado do Estado, cuja motivação econômica é evidente, bem como a atuação de particulares em busca do resguardo de direitos estritamente individuais. No entanto, diversa é a situação dos agentes privados aptos a interferir, sob várias formas, no desenvolvimento de funções estatais, idealmente com vistas ao interesse geral e sem vínculo jurídico com o Poder Público (esta sim, denominada participação). A participação popular é, sobretudo, uma questão política, relacionada ao grau de desenvolvimento e efetivação da democracia. O aparato jurídico é incapaz de induzir a participação popular; mais ainda, frequentemente cumpre papel inverso, dificultando a participação, estabelecendo mecanismos de neutralização e acomodação extremamente sutis. 6.6 - Tipologia Da Participação Popular Na Administração Pública A participação popular apresenta-se sob formas diversificadas, heterogêneas, Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 38 que cabe referir a breve trecho para evitar simplificações excessivamente redutoras do tema. A participação popular quanto à eficácia de sua ação, segundo entendemos, pode ser : a) vinculante a.1.) decisória (ex.: co-gestão); a.2.) condicionadora (ex.: conselhos administrativos, que limitam discricionariedade da autoridade superior, exigindo motivação extensa em pronunciamentos divergentes). b) não vinculante (ex.: conselhos meramente consultivos); A participação popular, ainda, quanto à matéria e a estrutura de sua intervenção pode ser: a) consultiva a.1.) individual (ex.: colaboração especializada); a.2.) colegial (ex.: conselhos consultivos); a.3.) coletiva (ex.: audiências públicas). b) executiva b.1.) co-gestão (ex.: conselho de gestão); b.2.) autônoma (ex.: organizações sociais, ongs, entidades de utilidade pública). Enterria (1998), elaborou uma outra classificação das formas de participação na administração pública que convém referir: a) participação orgânica – inserção dos cidadãos, enquanto tais (não como funcionários ou políticos), em órgãos da estrutura do poder Público; ex. as corporações públicas; administração não corporativa; técnicas de representação de interesses e técnica de colaboração de especialistas; b) participação funcional – atuação cidadã fora do aparato administrativo, mas Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 39 em atividades materialmente públicas, com o auxílio ou concordância da Administração. Ex.: consultas públicas; denúncias; exercício de ações populares; petições e propostas; c) participação cooperativa – atuação do cidadão como sujeito privado, sem exercer função materialmente pública, mas em atividades de interesse geral, com apoio do Poder Público. Ex.: atividades de entidades de utilidade pública, entre outras. Di Pietro (1993), por sua vez, sugere uma classificação dicotômica, com evidentes méritos didáticos: a) participação direta – a realizada sem a presença de intermediários eleitos; exemplifica com o direito de ser ouvido e a enquête (consulta à opinião pública sobre assunto de interesse geral); b) participação indireta – a realizada através de intermediários, eleitos ou indicados; exemplifica com a participação popular em órgão de consulta, a participação popular em órgão de decisão, a participação por meio do ombudsman e a participação por via do Poder Judiciário. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 40 UNIDADE 7 - CICLO ORÇAMENTÁRIO 7.1 - Conceito O ciclo orçamentário ou processo orçamentário, pode ser definido como um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro. Logo, ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final. Convém ressaltar que o ciclo orçamentário não se confunde com o exercício financeiro. Este, na realidade, é o período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo, portanto, a uma das fases do ciclo orçamentário. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, ou seja, inicia em 01 de janeiro e encerra em 31 de dezembro de cada ano, conforme dispõe o art. 34 da Lei n° 4.320/64. Por outro lado, o ciclo orçamentário envolve um período
Compartilhar