APS 7 SEMESTRE

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CAMPUS CHACÁRA SANTO ANTÔNIO III 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
BARBARA MARTINEZ NESTLER 
GUILHERME SILVA ROCHA OLIMPIO 
ISABELLA DUDA FERNANDES 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
“Crime contra saúde pública” 
 
 
 
São Paulo 
2020 
BARBARA MARTINEZ NESTLER – RA: D4844E-0 
GUILHERME SILVA ROCHA OLIMPIO – RA: N1405H-4 
ISABELLA DUDA FERNANDES – RA: N1487H-0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
“Crime contra saúde pública” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
PROBLEMA APRESENTADO 
Recentemente, uma cervejaria de Belo Horizonte, Minas Gerais, colocou no 
mercado de consumo um lote de produto contaminado e que supostamente 
provocou a morte de várias pessoas. Ainda não existem provas cabais de 
que as vítimas tenham morrido pela contaminação, mas, vários indícios 
apontam para isso. Caso seja comprovado que as mortes decorreram de 
contaminação do produto, pergunta-se: 
 
A. Estaria tipificado crime contra a saúde pública? 
B. Qual o entendimento dos Tribunais brasileiros sobre os elementos essenciais 
para 
tipificação desse crime? Consultar julgados recentes nos Tribunais de Justiça e 
Tribunais superiores (STJ e STF). 
O texto para resposta dos itens anteriores deverá ter no mínimo 30 linhas. O 
grupo deverá mencionar as obras e artigos que consultar como referências ao 
final do texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resolução 
 
Diante do caso apresentado, há de existir mais de uma hipótese de crime, 
e para poder concluir um, é necessário que o inquérito policial, tenha identificado 
através de provas e indícios de autoria. 
Dentre eles, há o crime contra saúde pública, tipificado no art. 272 do 
código penal. “Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou 
produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou 
reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)”. 
e de acordo com o §1º, a cerveja se enquadra no rol para que tal crime seja 
tipificado. “§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas 
neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (Redação dada 
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)”. É necessário afirmar se o crime ocorreu de 
forma dolosa ou culposa, pois as penas a serem cumpridas são diferentes uma 
da outra. 
Sendo comprovada que a contaminação da cerveja ocorreu de forma 
indireta aos serviços prestados pelos funcionários da cervejaria, onde não houve 
a intenção de cometer tal ato de envenenamento, e se não houver a 
possibilidade de determinar qual funcionário tenha sido, a cervejaria responderia 
pelo Art. 272, de forma culposa cumprindo de um a 2 anos e multa. “detenção, 
de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 
2.7.1998)”. 
Em outra situação, caso seja comprovada que a contaminação ocorreu 
por negligência, imprudência ou imperícia da própria cervejaria, se tipifica o Art. 
272 em forma dolosa, cumulado com o art. 258 do código penal. O crime contra 
saúde pública permite a forma preterdolosa. Ou seja, a cervejaria pode ter 
cometido o dolo em colocar as cervejas contaminadas a venda, mas sem a 
intenção de causar lesão corporal ou até mesmo a morte, sendo assim, em caso 
de lesão corporal, a pena seria aumentada pela metade, se houvesse morte, 
seria cominado ao homicídio culposo, aumentada a pena em 1/3. Se fosse 
comprovada uma situação de dolo + dolo, intenção de causar danos, a cervejaria 
responderia a uma pena privativa de liberdade, com aumento pela metade em 
caso de lesão corporal, e se houver morte, a pena é aumentada em dobro. “Art. 
258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza 
grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, 
é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena 
aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao 
homicídio culposo, aumentada de um terço.” 
Em uma terceira hipótese, se fosse comprovado que algum funcionário 
agiu por dolo, ou seja, com a intenção de contaminar o lote das cervejas, ele 
seria autuado no crime de homicídio qualificado, pois agiu com dolo e com 
emprego de veneno. “Art. 121, §2º, III”. Respondendo por cada pessoa que 
matou, pois se trata de um crime de concurso informal imperfeito. E ainda assim, 
a cervejaria responderia de forma culposa, pois colocou o lote das cervejas 
contaminadas a venda, segundo o art. 272, §1º-A. “§ 1º-A - Incorre nas penas 
deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para 
vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância 
alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei 
nº 9.677, de 2.7.1998)”. 
Com base dos fatos apresentados, e com o inquérito do caso, a opção 
mais viável, é o crime elencado no Art. 272, §1º-A do código penal, na hipótese 
de crime culposo, cumulado com o Art. 258 do código penal, pois a cervejaria 
não apresentou dolo no envenenamento, mas houve a culpa em fornecer aos 
mercados o produto adulterado, assim expondo as pessoas à risco de saúde e 
causando a morte das pessoas. Portanto, a cervejaria deve responder pelos 
seus atos, e cumprir a pena de um a dois anos, sendo aumentada em um terço, 
devido ao homicídio culposo, acrescida de multa estabelecida pelo crime que foi 
cometido. 
Analisando em conjunto, a jurisprudência – 005954-74.2015.8.26.0269 –, 
onde uma padaria expôs a venda produtos impróprios para consumo (pão com 
larvas, produtos com validade expirada e uma grande quantidade de sujeira na 
área onde ficavam alocados). Os donos da padaria foram autuados também no 
Art. 272, §1º-A do código penal. Podemos concluir assim, que para o crime ser 
tipificado de forma extremamente correta, o seu elemento essencial é a 
adulteração, falsificação, fabricação, exposição à venda de qualquer produto 
alimentício que seja destinado ao consumo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para a elaboração desta atividade prática supervisionada foram utilizados: 
VADE MECUM RIDEEL – ACADÊMICO DE DIREITO 2017 
CÓDIGO PENAL COMENTADO – CELSO DELMANTO, EDIÇÃO RENOVAR 
JURISPRUDÊNCIA – TJSP/STJ: 
Processo: 0005954-74.2015.8.26.0269 Extinto 
 
Classe: Ação Penal - Procedimento Ordinário 
 
 Área: Criminal 
 
Assunto: 
Falsificação / Corrupção / Adulteração / Alteração de 
Substância ou Produtos Alimentícios 
Outros assuntos: Crimes contra as Relações de Consumo 
Distribuição: 10/06/2015 às 14:48 - Livre 
 2ª Vara Criminal - Foro de Itapetininga 
Controle: 2015/001316 
Juiz: Alfredo Gehring Cardoso Falchi Fonseca 
 
ARTIGOS: 
ART. 121 DO CÓDIGO PENAL 
ART. 258 DO CÓDIGO PENAL 
ART. 272 DO CÓDIGO PENAL