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ENTRE LETRAS 1 Lucas Limbert, Murilo de Almeida Gonçalves, Pércio Luis Pereira e Rodrigo Martins 1EN TR E LETR A S LiN G U A G EN S, C Ó D iG O S E SU A S TEC N O LO G iA S Gramática e Literatura LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias VIVENCIANDO APLICAÇÃO DO CONTEÚDO INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS ÁREAS DE CONHECiMENTO DO ENEM TEORIA MULTiMÍDiA CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS DiAGRAMA DE iDEiAS HERLAN FELLiNi Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans- versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado- sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper- tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen- são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen- são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol- vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol- vê-las com tranquilidade. Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi- pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate- mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila- dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co- mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí- cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021 Todos os direitos reservados. Autores Lucas Limberti Murilo Almeida Gonçalves Pércio Luis Ferreira Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-23-5 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis- lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2021 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br ENTRE LETRAS GRAMÁTICA Aulas 1 e 2: Formação de palavras 6 Aulas 3 e 4: Artigos, substantivos e adjetivos 14 Aulas 5 e 6: Verbos: noções preliminares e modos indicativo e subjuntivo 22 Aulas 7 e 8: Verbos: modo imperativo e vozes verbais 29 Aulas 1 e 2: Fundamentos para o estudo literário: arte e técnica 44 Aulas 3 e 4: Trovadorismo e Humanismo 53 Aulas 5 e 6: Renascimento: Classicismo e Luís Vaz de Camões 62 Aulas 7 e 8: Literatura em terras tupiniquins: formação e informação 69 LITERATURA ENTRE TEXTOS: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Aula 1: Funções da linguagem I 34 Aula 2: Funções da linguagem II 37 Aula 3: Variação linguística I 39 Aula 4: Variação linguística II 41 SUMÁRIO UFMG Bastante objetivo, o vestibular da Unesp exige domínio acerca dos sentidos denotativos e conotativos que uma palavra pode ter em determinadocontexto, além da compreensão de classes gramaticais. Tempos verbais e suas aplicações também são frequentes. Vê-se maior incidência de temas que se orientam sobre os processos de formação de palavras e a utilização das vozes verbais. No mais, assuntos como a aplicação de classes de palavras em determinados contextos surgem com frequência. Como uma prova transversal, a exigência de conhecimentos tende a se alargar a outros assuntos. Dessa maneira, é compreensível que se veja os significados textuais que a mudan- ça de classes de palavras, a pontuação ou mesmo aspectos coesivos podem provocar no texto. Nesse vestibular, aspectos semânticos de um termo dentro de seu contexto são o ponto de partida para a resolução das questões. Também, poderá ser exigido do candidato compreender as possibilidades de variação linguística. Os temas de maior incidência são a compre- ensão conotativa e denotativa de termos no âmbito de determinado texto e o uso das pontuações para a construção de sentido. Além disso, temas que atravessam conhe- cimentos a respeito das classes gramaticais. Concordâncias verbal e nominal, regência e aspectos sintáticos na dinâmica de um texto aparecem com frequência nas provas. De igual modo, as diferentes situações que conduzem a pontuação também aparecem com frequência. Bastante direto e objetivo, o vestibular da Santa Casa faz exigências de compreensão sobre vozes verbais e classes gramaticais. É seguro, então, entender os procedimentos textuais que configuram as especificidades destes temas. Também, a atenção à pontuação é uma constante. Dentre os temas abordados neste caderno, o de maior incidência no ENEM é o uso de tempos verbais. Os demais temas são de aplicação bastante esporádica. As maiores ocorrências no vestibular da Fuvest são regência verbal e normas padrão e coloquial. É comum que a prova exija do candidato conhecimentos sobre aspectos morfossintáticos. Convém atentar-se sobre advérbios, tempos e vozes verbais. O uso de vozes verbais e os processos de formação de palavras. Igualmente, o sentido de determinado tempo verbal na dinâmica textual, bem como os prejuízos que a mudan- ça de um modo verbal a outro pode provocar a um texto. Os temas de maior incidência são classes de palavras e pontuação. Por isso, compreender aspectos morfológicos e recursos coesivos é essencial para a resolução de suas questões. Essa prova é bastante flexível no que diz respeito aos temas que aborda. Faz exigências sobre tempos e modos verbais, elementos coesivos e funções sintáticas. Apesar disso, de modo geral, suas questões são bastante objetivas. Questões que exigem conhecimentos sobre elementos coesivos e figuras de linguagem, bem como aspectos semânticos que podem aparecer em um texto, seja por expressões denotativa ou conotativa. A Semântica é trabalhada em contexto, sempre em comparação e por relações de equivalência. Além disso, questões objetivas que abordem a Morfologia do português podem, também, aparecer com uma grande incidência. A prova da UEL cobra conhecimentos gramaticais apenas na segunda fase. Questões que associam a semântica à interpretação de textos literários são comuns, além de um trabalho mais direcionado à formação de palavras e às classes gramaticais (substantivo, adjetivo e verbo). INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS 5 GRAMÁTICA 6 1. Morfologia: formação de palavras Neste tópico, estudaremos os processos de estruturação e formação de uma palavra em língua portuguesa. Palavra: unidade linguística de som e significado que entra na composição dos enunciados da língua. Embora representem uma totalidade, as palavras podem ser decompostas de modo que reconheçamos as unida- des menores que as compõem. Esses elementos menores são todos dotados de significação e recebem o nome de morfemas. Morfema: unidades mínimas de uma palavra, que pos- suem significação. 1.1. Morfemas § Radical (morfema lexical): é a parte da palavra que contém o seu significado básico e também é comum às palavras chamadas de cognatas (que pertencem à mesma família etimológica). Exemplos: terra; terreiro; terrestre; enterrar. § Afixos (morfemas gramaticais): são elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras. Podem aparecer antes do radical (prefixos) ou depois do radical (sufixos). Exemplos: desfazer (radical com encaixe de um prefixo) recentemente (radical com encaixe de um sufixo) § Desinências: são os morfemas que indicam flexões de palavras variáveis. São subdivididas em desinência- -nominal (em que ocorrem flexões de gênero e de nú- mero) e desinência-verbal (com flexão modo-tempo e número pessoa). Exemplos: a) desinência-nominal: garota / garotas / exaus- ta / exaustas b) desinência-verbal: derrubar / derrubamos / derrubassem / derrubaria § Vogal temática: é um morfema vocálico que se acrescenta aos radicais antes das desinências. Temos dois tipos: a) Vogal temática nominal Em radicais nominais (paroxítonos ou proparoxítonos) são acrescentadas as vogais átonas “-a”, “-e” ou “-o” que in- dicarão classe gramatical. Exemplo: revista / inteligente b) Vogal temática verbal Indicam a conjugação dos verbos. Funcionam da seguinte maneira: Vogal “-a” = (1ª conjugação) / Vogal “-e” = (2ª conjugação) / Vogal “-i” = (3ª conjugação) Exemplo: convida / escreve / sorri Palavras primitivas e derivadas O conceito de palavras primitivas e derivadas é bastan- te complexo e maleável, dependendo de uma observa- ção cuidadosa de determinadas palavras. No geral, palavras primitivas são aquelas que não de- rivam de outras; já as palavras derivadas, originam-se de palavras primitivas. Em geral, são consideradas pala- vras primitivas substantivos que designam objetos, es- paços, materiais ou circunstâncias (Exemplos: flor, pedra, banana, avião, tempo, ano, dia, mar, ferro, chuva, entre FORMAÇÃO DE PALAVRAS HABILIDADES: 1, 2, 3, 4, 26 e 27 COMPETÊNCIAS: 1 e 8 AULAS 1 E 2 7 outras palavras). São dessas palavras anteriormente citadas que surgem as palavras derivadas (Exemplos: florista, pedreiro, bananeiro, temporal, diário, marítimo, chuvoso, entre outras). Também temos tempos verbais primitivos. Em geral, são verbos no infinitivo onde não seja possível pres- supor a existência de um substantivo que se refira a algum objeto (Exemplo: falar, dançar, cair, correr, seriam verbos primitivos. Já um verbo como “ancorar” nos per- mite recuperar um substantivo primitivo que designa um objeto: “âncora”). § Vogal e consoante de ligação As vogais e consoantes de ligação são elementos que unem determinados radicais a certos sufixos que facilitam ou, ainda, possibilitam a leitura de uma palavra. Não são considerados morfemas, uma vez que não possuem se- mântica / sentido. Exemplo 1: trico – t – ar (a letra “t” é a consoante que liga o radical “tricô” ao sufixo formador de verbos no infinitivo “-ar”. Exemplo 2: gas – ô – metro (a letra “o” é a vogal que liga o radical “gás” ao sufixo formador de substantivos “-metro”. 1.2. Processos de formação Basicamente, as palavras da língua portuguesa são for madas pelos processos de derivação e composição. Além des- ses, também temos outros processos que contribuem para a criação de novas palavras, como a onomatopeia, o neolo- gismo e o hibridismo. 1.2.1. Formação por derivação Em geral, no processo de formação por derivação, a pala- vra primiti va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. Há também outros processos que não envolvem encaixe de prefixo ou sufixo. Vejamos: § Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Exemplo: in-capaz. § Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Exemplo: papel-aria. § Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um prefi- xo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequencial, ou seja, os afixos não são encaixados ao mesmo tempo. Percebe-se facilmente, ao remover um dos afixos,a pre- sença de uma palavra com sentido completo. Exemplo: in-feliz-mente. § Derivação parassintética: acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra primitiva. Em geral, as formações parassintéticas originam- -se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos. Exemplo: en-triste-cer. § Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri- mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstra- tos por derivação regressiva de formas verbais. Exemplo: ajudar >>> (a) ajuda. § Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe gramatical da palavra primitiva. Exemplo: olhar (verbo) >>> (o) olhar (substantivo). 1.2.2. Formação por composição Nos processos de formação de palavras por composição, ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com significados distintos formam uma nova palavra com um novo significado. São dois os processos de formação por composição: § Composição por justaposição: quando não ocorre a alteração fonética das palavras. A justaposição tam- bém pode ocorrer por hifenização. Exemplos: girassol (gira + sol); guarda-chuva (guarda + chuva). § Composição por aglutinação: quando ocorre alte- ração fonética, em decorrência da perda de elementos das palavras. 8 Exemplos: aguardente (água + ardente); embora (em + boa + hora). 1.3. Outros processos 1.3.1. Hibridismo No processo de formação por hibridismo, as palavras compostas ou derivadas são constituídas por elementos originários de línguas diferentes: § grego + latim: automóvel e monóculo § latim + grego: sociologia, bicicleta § árabe + grego: alcaloide, alcoômetro § tupi + grego: caiporismo § africano + latim: bananal § africano + grego: sambódromo § francês + grego: burocracia 1.3.2. Neologismo Neologismo é o nome dado ao processo de criação de novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já existe no dicionário, mas adquire um novo significado); Le- xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente seguir regras formais); Sintático (construção sintática que passa a ter um significado específico). Exemplos: Originalmente, a palavra bonde significava certo veículo utilizado como meio de transporte. Hoje, na variedade linguística utilizada por falantes inse- ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo significado para a palavra bonde: turma, galera. É comum formar verbos a partir de palavras do meio da informática, como googlar (procurar no Google), twittar (escrever no Twitter) ou resetar (de reset). Neste poema, o autor joga com os diferentes sentidos produzidos por morfemas iguais ou semelhantes. Diversonagens suspersas (Paulo Leminski) Meu verso, temo, vem do berço. Não versejo porque eu quero, versejo quando converso e converso por conversar. Pra que sirvo senão pra isto, pra ser vinte e pra ser visto, pra ser versa e pra ser vice, pra ser a super-superfície onde o verbo vem ser mais? Não sirvo pra observar. Verso, persevero e conservo um susto de quem se perde no exato lugar onde está. Onde estará meu verso? Em algum lugar de um lugar, onde o avesso do inverso começa a ver e ficar. Por mais prosas que eu perverta, não permita Deus que eu perca meu jeito de versejar. (Paulo leminski, in: Toda Poesia) multimídia: poema • poesia 9 VIVENCIANDO A tabela abaixo traz significados de prefixos e radicais, alguns frequentemente usados no dia a dia. Prefixos latinos Significados Exemplos a–, ab–, abs– afastamento, separação abstenção, abdicar a–, ad–, ar–, as– aproximação, direção adjunto, advogado, arribar, assentir ambi– ambiguidade, duplicidade ambivalente, ambíguo ante– anterioridade anteontem, antepassado aquém– do lado de cá aquém-mar bene–, bem– excelência, bem beneficente, benfeitor bis–, bi– dois, duas vezes, repetição bípede, binário, bienal com– (con–), co– (cor–) companhia, contiguidade compor, conter, cooperar contra– oposição controvérsia, contraveneno cis– posição, aquém de cisandino, cisalpino de–, des– separação, privação, negação, movimento de cima para baixo deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir dis– separação, negação dissidência, disforme e– ,en– ,em– introdução, superposição engarrafar, empilhar e–, es–, ex– movimento para fora, privação emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir extra– posição exterior, excesso extraconjugal, extravagância intra–, posição interior intrapulmonar, intravenoso i–, im–, in– negação, mudança ilegal, imberbe, incinerar infra– abaixo, na parte inferior infravermelho, infraestrutura justa– posição ao lado justalinear, justapor o–, ob– posição em frente, oposição obstáculo, obsceno, opor, ocorrer per– movimento através de perpassar, pernoite pos– ação posterior, em seguida pós-datar, póstumo pre– anterioridade, superioridade pré-natal, predomínio pro– antes, em frente, intensidade projetar, progresso, prolongar preter–, pro– além de, mais para frente prosseguir re– repetição, para trás recomeço, regredir retro– movimento mais para trás retrospectivo Radicais latinos Significados Exemplos aristo– melhor, nobre aristocracia arqueo– antigo arqueologia, arqueólogo anthos– flor antologia, crisântemo, perianto atmo– ar atmosfera auto– mesmo, próprio autoajuda, autômato baro– peso, pressão barômetro, barítono biblio– livro bibliófilo, biblioteca 10 VIVENCIANDO Radicais latinos Significados Exemplos bio– vida biologia, anfíbio caco– mau cacofonia, cacoete cali– belo caligrafia, calígrafo carpo– fruto pericarpo céfalo– cabeça cefalópodes, cefaleia, acéfalo cito– célula citoplasma, citologia copro– fezes coprologia, coprófagas cosmo– mundo microcosmo, cosmonauta crono– tempo cronômetro, diacrônico dico– em duas partes dicotomia, dicogamia eno– vinho enologia, enólogo entero– intestino enterite, disenteria etno– povo étnico, etnia, etnografia filo–, filia– amigo, amizade filósofo, filantropia fono– som, voz fonética, disfônica gastro– estômago gastrite, gastronomia hemo– sangue hemorragia, hemodiálise hidro– água hidravião, hidratação higro– úmido higrófito, higrômetro hipo– cavalo hipódromo, hipopótamo –ambulo que anda noctâmbulo, sonâmbulo –cida que mata fraticida, inseticida –cola que habita arborícola, silvícola –cultura que cultiva triticultura, vinicultura –evo idade longeva, longevidade –fero que contém ou produz mamífero, aurífero –fico que faz ou produz benéfico, maléfico –forme que tem a forma cordiforme, uniforme –fugo que foge vermífugo, centrífugo –grado grau, passo centígrado –luquo que fala ventríloquo –paro que produz ovíparo –pede pé velocípede, bípede –sono que soa uníssono –vago que vaga noctívago –voro que come carnívoro, herbívoro, onívoro 11 VIVENCIANDO Prefixos gregos Significados Exemplos acro– alto acrobata, acrópole aero– ar aerodinâmica agro– campo agrônomo, agricultura antropo– homem antropofagia, filantropo homo– igual homônimo, homógrafo idio– próprio idioma, idioblasto macro–, megalo– grande, longo macronúcleo, megalópole metra– mãe, útero endométrio, metrópole meso– meio mesóclise, mesoderma micro– pequeno micróbio, microscópio mono– um monarquia, monarca necro– morto necrópole, necrofilia, necropsia nefro– rim nefrite, nefrologia odonto– dente odontalgia, odontologia oftalmo– olho oftalmologia, oftalmoscópio onto– ser, indivíduo ontologia orto– correto ortópteros, ortodoxo, ortodontia pneumo– pulmão pneumonia, dispneia Radicais gregos Significados Exemplos –agogo o que conduz demagogo, pedagogo –alg, –algia sofrimento, dor analgésico, cefalalgia, lombalgia –arca o que comanda monarca, heresiarca –arquia comando, governo anarquia, autarquia, monarquia –cracia autoridade, poder aristocracia, plutocracia, gerontocracia –doxo que opina paradoxo, heterodoxo –dromo corrida, pista hipódromo –fagia ato de comer antropofagia, necrofagia –fago que come antropófago, necrófago –filo, –filia amigo, amizade bibliófilo, xenófilo, lusofilia –fobia inimizade,ódio, temor xenofobia –fobo aquele que odeia xenófobo, hidrófobo –gamia casamento monogamia, poligamia –gene que gera, origem heterogêneo, alienígena –gênese geração esquizogênese, metagênese –gine mulher andrógino, ginecóforo –grafia descrição, escrita caligrafia, geografia 12 VIVENCIANDO Radicais gregos Significados Exemplos –gono ângulo pentágono, eneágono –latria que cultiva idolatria –log, –logia que trata, estudo psicólogo, andrologia –mancia adivinhação cartomante, quiromancia –mani loucura, tendência megalomaníaco –mania loucura, tendência cleptomania –metro que mede barômetro, termômetro –morfo forma, que tem a forma amorfa, zoomórfico –onimo nome sinônimo, topônimo –polis, –pole cidade metrópole –potamo rio mesopotâmia, hipopótamo –ptero asa helicóptero –scopia o que faz ver endoscopia, telescópio –sofia sabedoria, saber filosofia, teosofia –soma corpo cromossomo –stico verso monóstico, dístico –teca lugar, coleção biblioteca, hemeroteca –terapia cura, tratamento hidroterapia –tomia corte, divisão vasectomia, anatomia –topo lugar topografia, topônimo –tono tom barítono, monótono 13 DIAGRAMA DE IDEIAS GRAMÁTICA NORMATIVA MORFOLOGIA FORMAÇÃO DE PALAVRAS COMPOSIÇÃO ARTIGO SUBSTANTIVO ADJETIVO VERBO ADVÉRBIO PRONOME NUMERAL PREPOSIÇÃO CONJUNÇÃO INTERJEIÇÃO DERIVAÇÃO • SUFIXAL • PREFIXAL • IMPRÓPRIA • REGRESSIVA • PARASSINTÉTICA FORMAÇÃO DE PALAVRAS A PARTIR DE UM ÚNICO RADICAL FORMAÇÃO DE PALAVRAS COM MAIS DE UM RADICAL CLASSES DE PALAVRAS ESTUDO DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS • JUSTAPOSIÇÃO • AGLUTINAÇÃO 14 1. Artigo Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um marcador pré-nominal), com a função inicial de determiná- -lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini- dos e indefinidos. § Artigos definidos: determinam o substantivo de ma- neira precisa. São eles: o(s), a(s). Exemplo: Preciso que você me traga a cadeira branca. (O artigo definido marca a necessidade de se pegar uma cadeira determinada.) § Artigos indefinidos: dão ao substantivo um caráter vago / impreciso. São eles: um(uns), uma(s). Exemplo: Preciso que você me traga uma cadeira branca. (O artigo indefinido marca a possibilidade de se pegar uma cadeira qualquer, indeterminada.) 1.1. Artigo combinado com preposições A contração de artigos com preposições é um movimento essencial para a demarcação de sentido em construções textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do artigo com a preposição pode alterar significativamente o entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex- tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra- ção do artigo com a preposição. Preposições Artigos o, os a, as * um, uns uma, umas a ao, aos à, às * — — de do, dos da, das dum, duns duma, dumas em no, nos na, nas num, nuns numa, numas por pelo, pelos pela, pelas — — * a junção de “a” (PrePosição) + “a” (arTigo) é o que dá origem ao fenômeno da crase, que será discuTido em momenTo oPorTuno. 1.2. Artigo aplicado ao texto O artigo talvez seja uma das classes gramaticais mais su- bestimadas da língua portuguesa, e isso ocorre, principal- mente, pelo fato de, em âmbito escolar, ser apresentado apenas em suas características estruturais mais básicas, sem o devido aprofundamento semântico ou textual que os vestibulares costumam abordar. Por esse motivo, apre- sentaremos a seguir as aplicações textuais do artigo. 1.2.1. Artigo como marcador de quantidade A presença ou ausência do artigo pode servir como quan- tificador de elementos. Exemplos: Casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assalta- da. (A ausência de artigo indica que há mais de uma casa de câmbio na rua). A casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assal- tada. (A presença de artigo indica que há apenas uma casa de câmbio na rua). 1.2.2. Artigo como marcador de convívio/intimidade A presença ou ausência do artigo pode servir como algo que marca certos afetos em relação aos indivíduos. Exemplos: A gerência será assumida por Gerson Soares, do almoxarifado. (A ausência de artigo indica distanciamento de Gerson, marcando o fato de que, possivelmente, nem todos o conheçam.) A gerência será assumida pelo Gerson Soares, do almoxarifado. (A presença de artigo indica intimida- de com Gerson, podendo demarcar a ideia de que muitas pessoas da empresa conhecem o Gerson.) ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS HABILIDADES: 1, 2, 3, 4, 26 e 27 COMPETÊNCIAS: 1 e 8 AULAS 3 E 4 15 1.2.3. Artigo marcando conhecimento ou desconhecimento de substantivos Os artigos definido e indefinido podem marcar o conheci- mento ou o desconhecimento de certos assuntos conduzi- dos por substantivos. Exemplos: Foi localizado, ontem, o jovem serial-killer que havia fugido da cadeia. (O artigo definido nos transmite a ideia de que a notícia da fuga do jo- vem era de conhecimento dos leitores, ou seja, o substantivo era conhecido.) Foi localizado, ontem, um jovem serial-killer que havia fugido da cadeia. (O artigo indefinido nos transmite a ideia de que a fuga do jovem era no- vidade para os leitores, ou seja, o substantivo era desconhecido.) 1.2.4. Artigo como particularizador ou generalizador Exemplos: Garfield é um gato. (O artigo indefinido marca a ideia de que Garfield é mais um entre os vários ga- tos no mundo, ou seja, generaliza o substantivo.) Garfield é o gato. (O artigo definido marca a ideia de que Garfield é um gato especial em relação a outros gatos, ou seja, particulariza e destaca o substantivo.) 1.2.5. Artigo como marcador de coerência textual Para marcarmos coerência textual, muitas vezes nos vale- mos das capacidades de determinação e indeterminação dos artigos. Exemplos: Uma feira de livros usados terá início nesse fim de semana, em Sorocaba. A feira contará com a participação de sebos e livrarias da região... No exemplo apresentado, constatamos que, quando pre- cisamos introduzir uma informação que nosso interlocu- tor desconhece, utilizamos primeiro um artigo indefinido e, depois de apresentado o substantivo, (no caso, “feira”) começamos a demarcá-lo a partir do artigo definido. Há também outra possibilidade de organização: Exemplos: — Então, como é o sítio? — Bem, é um sítio antigo, retiramos a água do poço, mas é bastante tranquilo... Nesse segundo exemplo, a coerência textual é definida quando é apresentado um substantivo definido que nosso interlocutor conhece. Para satisfazer a demanda de expli- cação, o interlocutor abre sua explicação marcando o subs- tantivo com artigo indefinido. fonTe: YouTube A canção, em seu refrão, recorre às propriedades semân- ticas do emprego dos artigos: “Ele é o homem /Eu sou apenas uma mulher”. Esse cara (Caetano Veloso) Ah! Que esse cara tem me consumido A mim e a tudo que eu quis Com seus olhinhos infantis Como os olhos de um bandido Ele está na minha vida porque quer Eu estou pra o que der e vier Ele chega ao anoitecer Quando vem a madrugada ele some Ele é quem quer Ele é o homem Eu sou apenas uma mulher multimídia: letra e música 2. Substantivo Classe de palavras variável que dá nome a seres reais ou imaginários (pessoas, animais ou objetos), lugares, quali- dades, ações ou sentimentos. Em suma, que pode ter exis- tência concreta ou abstrata. É importante, pensando em provas de vestibular, que consigamos entender que os conhecimentos a respeito de elementos mais básicos de classificação de substanti- vos (ligados à morfologia) não são efetivamente exi- gidos em provas de vestibulares. Hoje em dia, as pro- vas esperam que os alunos saibam localizar substantivos com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver exercícios de compreensão textual (por exemplo, enten- der as funções textuais de um substantivo) ou mesmo de sintaxe. Em suma, dividiremos o conteúdo a seguir en- tre os conteúdos de baixa incidência em provas de vestibular e os conteúdos de maior incidência em provasde vestibular. Vejamos então: 16 I. Conteúdos de baixa incidência em provas de vestibular. 2.1. Classificação de substantivos § Próprio: nomeia determinados indivíduos de uma es- pécie (designação específica), como um homem, um país ou uma cidade específicos. Exemplos: Paulo; Pedro; Roma; Folha de S.Paulo. § Comum: nomeia, sem distinção, todos os seres de uma espécie (designação genérica). Exemplos: cadeira; porta; sala; cidade; homem. § Concreto: nomeia os seres de existência concreta, real, palpável “a pedra” ou “a porta”, por exemplo e também seres dos quais já se constituiu uma imagem histórica “a bruxa” ou “a fada”, por exemplo. § Abstrato: nomeia elementos não palpáveis, como sen- timentos, sensações, qualidades, estados, noções e ações. Exemplos: maldade; compaixão; beijo; largura. 2.2. Flexão dos substantivos 2.2.1. Número Os substantivos podem se flexionar em número, indi- cando quantidades de certos termos/elementos. Existe, a princípio, uma regra geral, e também algumas variantes que são apresentadas a seguir: § Regra geral: o plural dos substantivos terminados em vogal ou ditongo exige o acréscimo do sufixo marcador de plural “–s”. Exemplos: cadeira – cadeiras; mãe – mães; perna – pernas. Substantivos terminados em ”–ão” § Fazem o plural em “–ãos”. Exemplos: cidadão – cidadãos; irmão – irmãos; órgão – órgãos. § Fazem o plural em “–ães”. Exemplos: escrivão – escrivães; cão – cães; alemão – alemães. § Fazem o plural em “–ões”. Exemplos: canção – canções; gavião – gaviões; botão – botões. fonTe: YouTube A canção é composta por substantivos de diferentes naturezas. Nome das coisas (Karnak) Nomes se dão às coisas / Nomes se dão Nomes se dão às pessoas / Nomes se dão Nomes se dão aos deuses / na imensidão do céu Nomes se dão aos barquinhos / na imensidão do mar Nomes se dão às doenças / na imensidão da dor Nomes se dão às crianças / na imensidão do amor You and me Salame / Batata / Barata / Bigorna / Casa / Comida / Bicho / Paçoca /Tampinha de caneta / Bolinha de sabão / Rabo de galo /Circo / Pão / Conchinha de galinha / Coxinha do mar / Linha / Palito / Terra / Água / Ar / Seriema / Tatu / Mertiolate / Saci / Rocambole de laranja / Revista / Gibi / Pipoca / Margari- na / Lentilha / Leitão / Carrinho de feira / Terremoto / Furacão / Centopeia / Isqueiro / Cefaleia / Blefarite / Cimento / Colar / Rissole / Rinite / Armário / Geladeira / Furadeira / Cobertor / Ladeira / Pedreira / Fogueira / Extintor / Jetom / Bazuca / Suporte / Argamassa / Fio de nylon / Lamparina / Chocolate / Queratina / Juliana / Cadarço / Picareta / Beija-flor / Convida- dos / Esfiha / Chupeta / Fruta-cor /Trompete / Arame / Hepa- tite / Fac-símile / Chocalho / Geleia / Biga / Mocreia / Apolo / Nostradamus / Filarmônica / Marisa / Biriba / Pelé / Afrodite / José / Filho / Veleiro / Alá / Deus / Salomão / Peixe / Pão multimídia: letra e música Substantivos terminados em consoantes § “r“, “z“ e “n“ fazem o plural em “–es“. Exemplos: mar – mares; rapaz – rapazes. § Substantivos oxítonos terminados em “–s“ e “–z“ fa- zem o plural em “–es“. 17 Exemplos: país – países; raiz – raízes. § Substantivos paroxítonos terminados em “–s“ são invariáveis. Exemplos: atlas – atlas; lápis – lápis. § Substantivos terminados em “–al“, “–el“, “–ol“ e “–ul“ substituem no plural o “–l“ por “–is“. Exemplo: animal – animais. § Substantivos oxítonos terminados em “–il“ fazem o plural em “–s“. Exemplos: ardil – ardis; funil – funis. § Substantivos paroxítonos terminados em “–il“ fazem o plural em “–eis“. Exemplos: fóssil – fósseis. 2.2.2. Gênero Há dois gêneros na língua portuguesa: o masculino e o feminino. Também existe uma regra geral e algumas va- riantes a serem observadas: § Regra geral: são masculinos os substantivos que po- dem ser precedidos pelo artigo “–o” e femininos os que podem ser precedidos pelo artigo “–a”. Exemplos: o poema; o pão (masculinos); a mão; a fruta (femininos). Substantivos biformes Possuem duas formas diferentes para designação de gê- nero e geralmente são formados pela substituição da desi- nência “–o” pela desinência “-a”. Exemplos: menino – menina; garoto – garota. Há também substantivos biformes formados por radicais diferentes. Exemplos: homem – mulher; cavalheiro – dama. Substantivos uniformes São aqueles que apresentam uma única forma para mar- cação de gênero: § Epicenos: usados para nomes de animais de um só gênero que designam ambos os sexos. Exemplos: a águia; a mosca; o condor; o gavião. § Comuns de dois: a marcação de gênero é feita ex- clusivamente pelos artigos. O substantivo se mantém. Exemplos: o agente – a agente; o gerente – a gerente. § Sobrecomuns: apresentam um só termo para os gê- neros masculino e feminino. Exemplos: a criança; a testemunha; o cônjuge. Observação Caso haja necessidade de especificar o sexo do ani- mal, juntam-se aos substantivos os adjetivos macho ou fêmea: Exemplos: gavião macho – gavião fêmea; tatu macho – tatu fêmea. 2.2.3. Grau Os substantivos se flexionam em grau, que marca aumento ou diminuição: § Grau normal: homem; boca. § Grau aumentativo: homenzarrão; bocarra. § Grau diminutivo: homenzinho; boquinha. § Grau diminutivo / aumentativo sintético (subs- tantivo acrescido de um sufixo que indica aumento ou diminuição): chapeuzinho, chapelão; homúnculo, ho- menzarrão; boquinha, bocarra. § Grau diminutivo / aumentativo analítico (subs- tantivo acompanhado de um adjetivo que indica au- mento ou diminuição): boca grande; homem pequeno. 18 II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular a) Lembrar que o substantivo é chamado também de “nome” Nos estudos gramaticais, em geral, alguns elementos que não fazem parte da categoria “verbos” são denominados como elementos nominais. No entanto, vale ressaltar que o elemento nominal “por excelência” é o substanti- vo, pois ele é o elemento “nomeador” da língua. Embora seja uma informação simples (lembrar que o substantivo é chamado de “nome”), tal informação será essencial para a melhor organização dos estudos em sintaxe. Por exemplo, a categoria conhecida como adjunto adnominal é com- posta por itens que “acompanham”, que “estão juntos”, que “estão ao lado” de um elemento nominal (em ter- mos mais práticos, um “adjunto adnominal” é um item que fica “junto” do “nome”, ou “junto” do “substantivo”). Ter essa noção, ajuda a diluir a confusão que comumente ocorre quando precisamos, mais adiante, nomear determi- nadas categorias sintáticas. b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que pode vir também precedido ou acompanhado de outras categorias gramaticais) O método mais prático para confirmarmos se uma palavra é, ou não, um substantivo consiste em inserirmos diante dela um artigo (o, a, um, uma ou as formas plurais desses itens). Por exemplo, desejo saber se “floresta” é um subs- tantivo. Pronuncio, então: “a floresta”. Funcionando, te- nho a confirmação de que “floresta” é um substantivo. Tal procedimento não funcionaria, por exemplo, diante de um “verbo” (por exemplo, a construção “a dormir”, não existe em português). Outro ponto relevante é que, embora seja comum utilizar- mos artigos com elementos que precedem substantivos, também podemos ter outras categorias que “acompanham” substantivos, como pronomes (“essa floresta”), numerais (“duas florestas”) e adjetivos (“florestas imensas”). c) Saber que o substantivo será o núcleo diversas funções sintáticas que serão estudadas em tópicos futuros Muitas vezes saímos da escola “abarrotados” de nomen- claturas sintáticas na cabeça, que muitas vezes temos di- ficuldade em organizar e dominar. Algo que ajudará nes- se processo é entender que, uma vez que você se torne um bom “localizador” de substantivos, você está a meio caminho de se tornar um bom “localizador” de determi- nadas categorias sintáticas. Isso porque o substantivo é núcleo (parteessencial de uma categoria sintática, que comporta maior carga de sentido) de categorias que es- tudaremos mais adiante como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, entre ou- tras. Vejamos alguns exemplos: Exemplos: O agricultor cuida do solo Substantivo é núcleo do sujeito O agricultor cuida do solo Substantivo também é núcleo do objeto indireto d) O substantivo possui funções de organização textual A construção de um texto depende essencialmente dos substantivos, pois é deles que parte o processo de refe- rencialidade. Entende-se por referencialidade a capacidade que os subs- tantivos têm de apontar para os elementos do mundo que compõem sentido, e também de fazer com que esses sen- tidos sejam construídos à medida que novos substantivos apareçam no texto. O movimento de referencialidade parte de três pressupostos importantes: § Introdução/construção: apresenta um ou mais substantivos no texto que servirão não apenas de intro- dução, mas também como elementos que constituem / fundamentam uma ideia. É a partir desse(s) substanti- vo(s) que o texto e seu sentido são construídos. § Retomada/manutenção: usam-se outros substan¬- tivos muito similares ao(s) primeiro(s) apresentados no início do texto, que permitirão reto¬mar a ideia inicial- mente apresentada (o que contribui para a manuten- ção de sentido). § Desfocalização: é o momento do texto em que en- tram em cena novos substantivos que tomam o foco para si e ampliam os sentidos do texto. 3. Adjetivo Classe de palavras variável que acompanha e modifica o substantivo, podendo caracterizá-lo ou qualificá-lo. Assim como alertamos mais acima, pensando em pro- vas de vestibular, é importante que consigamos enten- der que os conhecimentos a respeito de elementos mais básicos de classificação de adjetivos (ligados à morfolo- gia) não são efetivamente exigidos em provas de vestibulares. Hoje em dia, as provas esperam que os 19 alunos saibam localizar adjetivos e locuções adjetivas com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver exercícios de compreensão textual (por exemplo, en- tender as funções textuais de um adjetivo) ou mesmo de sintaxe. Desse modo, aqui no tópico de “Adjetivos”, também dividiremos o conteúdo a seguir entre os con- teúdos de baixa incidência em provas de vestibu- lar e os conteúdos de maior incidência em provas de vestibular. Vejamos então: I. Conteúdos de baixa incidência em provas de ves- tibular. 3.1. Nomes substantivos e nomes adjetivos No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam em nomes (substantivos) desde que precedidas de um artigo. Exemplos: o jovem desempregado; um desempregado jovem. § Adjetivos Pátrios e Gentílicos Derivados de substantivos, os adjetivos que in- dicam a nacionalidade de pessoas e coisas são chamados pátrios. Exemplos: brasileiro; mineiro; paranaense; paulista; português. Os que indicam etnias e povos são os adjetivos gentílicos. Exemplos: israelita; semita; europeu; africano; curdo. § Adjetivos pátrios e gentílicos compostos Exemplos: luso-brasileiro; euro-asiático; teuto-brasileiro; afro- -americano; franco-suíço; hispano-americano; aus- tro-húngaro; indo-europeu, anglo-americano. 3.1.1. Flexão do adjetivo § Número: o adjetivo toma a forma singular ou plural do substantivo que ele determina. Exemplos: aluno estudioso – alunos estudiosos; aluna apli- cada – alunas aplicadas; perfume francês – per- fumes franceses. § Plural dos adjetivos compostos: apenas o último elemento vai para o plural. Exemplos: clínicas médico-dentárias; institutos ítalo-brasileiros. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) No primeiro capítulo, o autor trabalha com os sentidos das palavras “autor” e “defunto” em diferentes classes gramaticais. Capítulo I - ÓBITO DO AUTOR [...] Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente mé- todo: a primeira é que eu não sou propriamente um au- tor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. [...] multimídia: livro 3.1.2. Grau dos adjetivos § Comparativo: indica determinada qualidade em grau igual, superior ou inferior a outra (Comparativo de Igualdade, de Superioridade e de Inferioridade). Exemplos: Pedro é tão estudioso como (ou quanto) Rodrigo. Pedro é mais estudioso do que Rodrigo. Pedro é menos estudioso do que Rodrigo. § Superlativo: expressa determinada qualidade em grau elevado. Pode ser Superlativo Absoluto ou Relativo. O Superlativo Absoluto se apresenta como Sinté- tico (com o acréscimo de sufixos) e Analítico (com o auxílio de advérbios que dão ideia de intensidade). Exemplos: Pedro é inteligentíssimo. (Superlativo Absolu- to Sintético). Rodrigo é muito inteligente. (Superlativo Ab- soluto Analítico). O Superlativo Relativo indica qualidade em grau mais ou menos elevado em comparação à 20 totalidade dos seres. Pode ser: Relativo de Superioridade e de Inferioridade. Exemplos: João é o aluno mais estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Superioridade). João é o aluno menos estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Inferioridade). Observação 1 Há uma exceção: surdo-mudo / surdos-mudos. Observação 2 São invariáveis os adjetivos referentes a cores se o último elemento ou ambos forem substantivos: blusas vermelho-sangue; vestidos cor de rosa; blusas verde-limão. II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular a) Lembrar que a posição de um adjetivo em relação a um substantivo “pode” modificar as relações de sentido. Exemplos Ele é um atleta pobre (sem recursos financeiros / sem dinheiro) Ele é um pobre atleta (um atleta medíocre / sem grandes habilidades) Embora a posição mais tradicional de inserção do adjetivo seja posterior ao substantivo, a gramática normativa autoriza a inversão de posições; desde que, é claro, estejamos atentos sobre possíveis mudanças de sentido. Nos exemplos apresen- tados acima, a mudança de posição entre as palavras “atleta” e “pobre” criou nuances variadas de sentido. É importante ressaltar que isso não ocorrerá sempre. Por exemplo, dizer que “o Brasil precisa de um jornalismo novo” e dizer que “o Brasil precisa de um novo jornalismo” (em que modificamos as posições do adjetivo “novo” em relação ao substantivo “jornalismo”) não muda efetivamente nada do ponto de vista do sentido. b) O adjetivo possui funções de organização textual Os adjetivos exercem o importante papel de auxiliar nos processos descritivos de um texto. Em termos mais claros, os adjeti- vos são responsáveis por compor sentenças que, por exemplo, caracterizem os personagens de uma narrativa (suas roupas, atitudes, etc.) ou que apresentem detalhes a respeito de uma localização (detalhes de uma cidade, ou ambiente florestal), entre outras caracterizações. Em textos literários brasileiros do período romântico, por exemplo, havia a necessidade de se evidenciar características que valorizassem a nação. Por esse motivo, encontramos obras em que há grandes processos de adjetivação caracterizando o ambiente brasileiro (o livro Iracema, de José de Alencar, é um grande exemplo). c) A locução adjetiva A locução adjetiva é uma categoria morfológica em que utilizamos duas estruturas (em geral, uma preposição + um substan- tivo) que, no final, funcionam como um único adjetivo (caracterizando um substantivo). Um detalhe importante é que a es- trutura que funciona locução adjetiva nos permite, em alguns casos, “enxergar” um adjetivo por trás dela. Vejamos exemplos: Exemplos Preciso imprimir a fatura do mês substantivo locução adjetiva (equivale ao adjetivo “mensal”) Eu levantei uma parede de concreto substantivolocução adjetiva (não há adjetivo equivalente) 21 DIAGRAMA DE IDEIAS ESTUDO DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS SUBSTANTIVO ADJETIVO CLASSE DAS PALAVRAS ARTIGO PALAVRA VARIÁVEL QUE DÁ NOME A SERES REAIS, IMAGINÁRIOS OU IDEIAS PALAVRA VARIÁVEL QUE SE ANTEPÕE AO SUBSTANTIVO, DETERMINANDO-O PALAVRA VARIÁVEL QUE ESPECIFICA O SUBSTANTIVO, CARACTERIZANDO-O MORFOLOGIA GRAMÁTICA NORMATIVA 22 1. Verbo Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista se- mântico e morfológico, contém as noções de ação, proces- so, estado, mudança de estado e manifestação de fenôme- nos da natureza. É variável e suas flexões marcam: § pessoa: indica o emissor, o destinatário ou o ser do qual se fala. Os pronomes pessoais do caso reto in- dicam as pessoas do verbo – eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as); § número: indica se o sujeito gramatical está no singu- lar ou no plural; § tempo: localiza a ação, o processo ou o estado em relação ao momento do enunciado. Os tempos verbais são seis: presente, pretérito perfeito, pretérito imper- feito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito; § modo: indica a atitude do emissor quanto ao fato por ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, temor, desejo, ordem, etc. Os modos verbais são: indicativo, subjuntivo e imperativo; § voz: indica o comportamento do sujeito em rela- ção ao verbo (agente, paciente ou ambos, simulta- neamente). 1.1. Conjugações verbais Conjugar um verbo compreende adicionar ao seu radical a vogal temática da conjugação ou classe a que pertence somada aos sufixos modo-temporal e número-pessoal que lhe são permitidos. Existem três conjugações verbais na lín- gua portuguesa: § 1.a conjugação: indicada pela vogal temática –a– amar, brincar, falar § 2.a conjugação: indicada pela vogal temática –e– nascer, crescer, morrer § 3.a conjugação: indicada pela vogal temática –i– dormir, sorrir, partir O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2.ª conjugação por conta de um processo fonológico ao longo da história que suprimiu a vogal temática –e–. Em um estágio anterior da língua portuguesa, a sua forma original era poer. 1.2. Classificação dos verbos 1.2.1. Verbos regulares Os verbos regulares não sofrem alteração do radical e das desinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. O radical do verbo é obtido pela supressão das terminações do infinitivo (–r): eu mand(o) / tu mand(as) / ele mand(a) / nós mand(amos) 1.2.2. Verbos irregulares Os verbos irregulares sofrem alteração do radical e das de- sinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. § fazer: faço, faria, fazia; § estar: estou, estive, estarei; § saber: sei, soubera, saiba. 1.2.3. Verbos anômalos Os verbos anômalos apresentam radicais diferentes ao lon- go da conjugação: § ser: sou, é, fomos; § ir: vou, fui, ia. 1.2.4. Verbos defectivos Os verbos defectivos não possuem todas as as formas para conjugação (não costumam apresentar, por exemplo pri- meira pessoa do singular): VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO HABILIDADES: 1, 2, 3, 4, 26 e 27 COMPETÊNCIAS: 1 e 8 AULAS 5 E 6 23 § reaver (composto de haver, tem apenas as formas em “v“): reavemos, reavia, reaverá; § precaver: precavemos, precavia, precavi; § latir: lates, late, latimos; § colorir: colores, colore, colorimos, coloris. OBSERVAÇÃO: Entre os verbos defectivos estão inclu- ídos os chamados verbos impessoais, usados apenas na terceira pessoa do singular: chover, trovejar, ventar, haver (existir), fazer (refere-se ao clima: faz frio; ao tem- po: faz dez anos). 1.2.5. Verbos auxiliares Os verbos auxiliares formam os tempos compostos ou lo- cuções verbais com os verbos principais: § ser (pago); § estar (curado); § ter (estudado); § haver (prometido). 1.2.6. Verbos abundantes Os verbos abundantes apresentam mais de uma forma, especificamente de particípio: § cozido e cozinhado; § morto e morrido; § imprimido e impresso. Os particípios abundantes são classificados em regula- res e irregulares. a) As formas regulares terminadas em –ado e –ido, não contraídas, acompanham os verbos auxiliares ter e haver. Ele já havia pagado a dívida. Tínhamos aceitado o convite. b) As formas irregulares, contraídas, acompanham os verbos auxiliares ser e estar. O feijão foi cozido na panela de pressão. A lâmpada foi acesa. 1.3. Formas nominais do verbo O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio são chamados formas nominais do verbo porque podem funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio. § Infinitivo O comer demais faz mal. (substantivo) O viver é bom. (substantivo) § Gerúndio Ela bebeu chá fervendo. (advérbio) Fervendo, desligue. (advérbio) § Particípio A feira foi inaugurada. (adjetivo) O parque foi inaugurado. (adjetivo) 1.4. Locução verbal Expressão formada por mais de um verbo, O primeiro verbo da sequência é chamado de auxiliar e pode apresentar flexões (de tempo, modo e pessoa); o segundo é chamado de principal e assumirá alguma das formas nominais (in- finitivo, gerúndio ou particípio). Exemplos: Eu irei estudar mais tarde. Ele está pensando que é adulto. Estamos preocupados com a situação. 1.5. Modos verbais Os modos verbais têm como objetivo indicar o “com- portamento” dos verbos em relação aos tempos (exce- to no modo imperativo, que será estudado na próxima aula). São os modos verbais que nos permitem saber se tempo utilizado em uma sentença refere-se a uma situação de certeza dos acontecimentos (modo indicati- vo) ou incerteza dos acontecimentos (modo subjuntivo). Vamos conhecê-los: 1.5.1. Tempos do modo indicativo Presente: em sua designação padrão, indica ação simul- tânea ao momento de fala. Exemplo: Só passa ônibus lotado! Por isso o ponto con- tinua cheio. Também é utilizado para exprimir outras situações além da anteriormente mencionada: a) Presente histórico ou narrativo: é articulado com informações no passado. Muito usado em narrativas para criar uma aproximação entre o fato passado e o leitor / espectador do presente. 24 Exemplo: Em 1970, O Brasil vence a Copa do México evento passado verbo no presente b) Presente com valor de futuro: é articulado com informações no futuro. Encontramos em situações variadas, desde construções literárias mais sofisticadas, até construções mais oralizadas. Exemplo: Pode deixar, amanhã eu falo com o Roberto. evento passado verbo no presente c) Presente frequentativo ou habitual: é articulado com “marcadores linguísticos de hábito” (elementos como “todo dia”, “toda hora”, “a todo o momento”, “sempre”, entre outros). Dá ao verbo no presente a sensação de ação que é realizada frequentemente, como um hábito. Exemplo: Sempre viajamos com nossos pais para Aparecida do Norte marcador verbo no presente de hábito d) Presente durativo ou universal: é articulado em fenômenos pontuais em que conseguimos perceber uma situação que seria “imutável”. É muito comum em sentenças que apontam verdades universais, provérbios e teoremas. Ocorre fre- quentemente com verbo “ser”, mas admite outras construções. Exemplo: A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Presente durativo (verdade universal / imutável) Pretérito: indica ação anterior ao momento de fala. No modo indicativo, temos três modalidades: a) Pretérito perfeito: ação passada pontual, encerrada, já concluída. Não apresenta referência a outra ação anterior ou contemporânea. Exemplo: O gerente indicou um candidato para a vaga. pretérito perfeito (ação passada concluída) Apresenta forma composta! O pretérito perfeito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um passado que continua a se repetir no presente. Exemplo:O novo filme de Almodóvar tem agradado crítica e público. 25 b) Pretérito imperfeito: em sua designação mais comum, indica ação passada não encerrada, mas também apresenta outras nuances de sentido. Vejamos: Exemplo: Ele caminhava quando o foi atingido por uma bicicleta. pretérito imperfeito (ação passada não encerrada / interrompida) Exemplo: Enquanto existiram, as Lojas Arapuã abriam as portas às 10 horas. pretérito imperfeito (ação habitual / frequente no passado) Exemplo: Pretendíamos ir à Bahia, mas os preços subiram muito. pretérito imperfeito (ação idealizada / imprecisa / vaga / não realizada) c) Pretérito mais-que-perfeito: trata-se de uma ação passada anterior a outra ação também passada. Vejamos: Exemplo: O avião já decolara quando o passageiro atrasado chegou. pretérito mais-que-perfeito (simples) outra forma de passado Apresenta forma composta! O pretérito mais-que-perfeito composto é estruturado a partir dos verbos “ter” ou “haver” + “particípio” e indica o mesmo que a forma simples, no entanto, é mais frequentemente usado na linguagem cotidiana. Exemplo: O avião já tinha / havia decolado quando o passageiro atrasado chegou. pretérito mais-que-perfeito (composto) outra forma de passado Futuro: indica ação posterior ao momento de fala. a) Futuro do presente: indica ação futura (de realização material certa ou incerta) em relação ao presente. Apresenta também alguns usos particulares que veremos a seguir: Exemplo: O medicamento estará disponível no mercado em setembro. futuro do presente (ação futura enunciada) 26 Exemplo: Conseguirá o grande varejista manter-se no topo? futuro do presente (usado estilisticamente para indicar incerteza) Exemplo: Na África, quantos não estarão mortos de fome! futuro do presente (usado para enfatizar fato futuro aproximado) Apresenta forma composta! O futuro do presente composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que estará concluído antes de outro. Exemplo: Em dois anos, você terá terminado o seu mestrado. b) Futuro do pretérito: indica ação futura que não se concretizará por conta de uma relação com fato passado. Sua estrutura apresenta também alguns outros usos particulares que veremos a seguir: Exemplo: Eu participaria da São Silvestre se não tivesse torcido o tornozelo. futuro do pretérito ação passada que compromete ação futura Exemplo: O suspeito teria sido visto próximo à residência da vítima alguns dias antes. futuro do pretérito (indicando incerteza / condição subentendida) Exemplo: Poderia me passar os talheres, por gentileza? futuro do pretérito (recurso de polidez / delicadeza) Apresenta forma composta! O futuro do pretérito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que poderia ter acontecido após outro fato passado. Exemplo: a crise teria quebrado a empresa, se não fos- se o auxílio dos investidores. fonTe: YouTube Jornalista - Veja o uso do futuro do pretérito multimídia: vídeo 27 1.5.2. Tempos do modo subjuntivo O modo subjuntivo indica, em qualquer tempo que atue, nuances de incerteza (hipóteses, suposições, fatos duvidosos, etc.). Sua adequada conjugação depende de algum elemento que, além de reafirmar a incerteza, contribua para a expressão verbal. Não há a mesma quantidade de conjugações que vimos no modo indicativo. Trabalha-se, habitualmente, com três: Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro (há formas compostas, menos usadas, mas que também serão apresentadas). Presente Exemplo: Ainda que eu compre um novo carro, não sei se seria mesma coisa elemento de suporte presente do subjuntivo Pretérito Imperfeito Exemplo: Se houvesse tempo, eu também iria ao show elemento pretérito imperfeito do subjuntivo de suporte Futuro Exemplo: Quando mudar de ideia, ligue para o seu gerente. elemento futuro do subjuntivo de suporte Formas compostas As formas compostas do subjuntivo também indicam nuances de incerteza e dependem de algum elemento de suporte para realização da conjugação. São apenas três tempos utilizados: Pretérito perfeito composto, Pretérito mais-que- -perfeito composto e Futuro composto. Vejamos: Exemplo: É essencial que tenham discutido esse problema na reunião. elemento de suporte pretérito perfeito composto do subjuntivo Exemplo: Se você tivesse comprado na semana passada, teria pago mais barato. elemento de suporte pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo Exemplo: Daremos a resposta assim que tivermos recebido o orçamento da reforma. elemento de suporte futuro composto do subjuntivo 28 DIAGRAMA DE IDEIAS VERBOS MODOS SUBJUNTIVO IMPERATIVOINDICATIVO • PRESENTE • PRETÉRITO PERFEITO IMPERFEITO MAIS-QUE-PERFEITO • FUTURO DO PRESENTE DO PRETÉRITO TEMPOS • PRESENTE • PRETÉRITO IMPERFEITO • FUTURO TEMPOS VOZES MORFOLOGIA 29 1. Modo imperativo O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou imperativo negativo. § Se beber, não dirija! § Dorme, que já está na hora! TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO presente do indicativo imperativo afirmativo imperativo negativo presente do subjuntivo eu compro x x (ainda que) eu compre tu compras compra tu* compres tu (ainda que) tu compres ele compra compre você compre você (ainda que) ele compre nós compramos compremos nós compremos nós (ainda que) compremos nós vós comprais comprai vós* compreis vós (ainda que) vós compreis eles compram comprem vocês comprem vocês (ainda que) eles comprem *as duas Passagens do PresenTe do indicaTivo Para o imPeraTivo afirmaTivo imPlicam na Perda do “s” final que comPõe a consTrução verbal. Embora a palavra “imperativo” esteja ligada à ideia de co- mando e ordem, os verbos que compõem essa modalidade também são empregados para designar pedido, convite, sugestão, conselho ou súplica. § Faça isso agora, amor! (pedido) § Faça-nos uma visita! (convite) § Meu filho, faça sempre o melhor! (conselho) § Senhor, faça-nos esse milagre! (súplica) 2. Vozes As vozes verbais indicam o comportamento do sujeito (ati- vo, passivo ou reflexivo) em relação ao verbo apresentado. Vejamos alguns exemplo iniciais: § João cortou árvores. O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). Portanto, o verbo está na voz ativa. § Árvores foram cortadas por João. O sujeito (árvores) é alvo, ou seja, sofre a ação de João. Portanto, o verbo está na voz passiva. § João cortou-se com o machado. O sujeito (João) é agente e também alvo da ação de cortar. Portanto, o verbo está na voz reflexiva. 2.1. Voz ativa Como vimos nos exemplos iniciais, na voz ativa, o sujeito da construção pratica a ação verbal. Trata-se de uma estrutura que ocorre prioritariamente com verbos transitivos diretos (VTD) ou a parte direta dos verbos bitransitivos (VTDI). Ve- jamos a estrutura: Filomena comprou mais plantas. sujeito agente VTD objeto direto 2.2. Voz passiva (analítica)Também vimos anteriormente, na voz passiva, o sujeito da construção sofre a ação verbal. Em língua portuguesa, te- mos dois modelos de voz passiva. Primeiramente, veremos a voz passiva analítica, que se trata de uma construção que, além de constatarmos um sujeito “paciente”, que sofre a ação verbal, visualizamos uma estrutura de locução verbal formada por verbo “ser” + verbo no particípio, além de uma estrutura preposicionada, chamada de agente da passiva. Edson foi incentivado pelos colegas. sujeito verbo “ser” agente paciente + da passiva verbo no particípio VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS HABILIDADES: 1, 2, 3, e 27 COMPETÊNCIAS: 1 e 8 AULAS 7 E 8 30 Atenção Em casos mais raros, podemos encontrar construções passivas analíticas com o verbo “estar” + “particípio” Exemplo: Os criminosos estavam cercados pelas autoridades. 2.3. Voz passiva (sintética) Temos um outro modelo de voz passiva em língua portuguesa, conhecido como voz passiva sintética. Esse outro modelo é originário de um fenômeno conhecido como partícula apassivadora, resultado da junção de um verbo transitivo direto (VTD) + uma partícula “se”. Dessa junção, surge um fenômeno que nos permite visualizar um sujeito “paciente” (que sofre a ação verbal). Vejamos a estrutura. Exemplo: Consertam-se televisores. VTD partícula sujeito paciente “se” 2.4. Voz reflexiva A voz reflexiva, como vimos anteriormente, é um fenômeno em que sujeito pratica e sofre a ação realizada. É estruturada a partir de um verbo pronominalizado (verbo + pronomes “me”, “te”, “se”, “nos” e “vos”). Vejamos: Exemplo: Acidentalmente, ele se feriu com o aparelho. pronome reflexivo verbo 31 VIVENCIANDO O imperativo é usualmente empregado no universo publi- citário. Procure identificar em qual pessoa gramatical os verbos presentes nas imagens abaixo estão empregados. DIAGRAMA DE IDEIAS VERBOS MODOS SUBJUNTIVO IMPERATIVOINDICATIVO VOZES NÃO ARTICULA TEMPO AFIRMATIVO NEGATIVO • ATIVA • PASSIVA • REFLEXIVA MORFOLOGIA UFMG Conduz a interpretação de texto em paralelo aos textos literários, majoritariamente. Crô- nicas, poemas e pequenos trechos canônicos podem ser cobrados pelo vestibular, exigindo, do aluno, não a leitura integral da obra, mas a capacidade de análise e avaliação do texto. Uma vez que a interpretação não ocorre isolada, é preciso que o aluno repare nos contextos e nos recursos utilizados para al- cançar os efeitos de sentido, identificando-os e validando-os Textos críticos e literários são colocados em discussão, de modo que não basta reconhecer os recursos linguísticos. Portanto, notar o contexto é essencial. Questões que demandam do aluno o conhe- cimento sobre os recursos linguísticos costu- mam aparecer, bem como uma interpretação de texto basilar ao desenvolvimento leitor. Saber ler não só as questões da frente de Português, mas também as questões gerais, ainda que em linhas bastante curtas e diretas, será um diferencial. Os recursos linguísticos ligados à produção de textos não devem ser esquecidos no momento da leitura. A interpretação de textos ocorre de maneira direcionada, focada, sobretudo, aos recursos linguísticos (como figuras de linguagem e funções linguísticas). Trabalhar de forma atenta, lembrando e aplicando os conceitos aprendidos em aula será funda- mental. As questões de interpretação se tornam bastante direcionadas. Conhecer os conceitos por trás da produção dos textos (literários ou não), será uma ferramenta interessante para que o vestibulando possa atuar. A interpretação de texto é primordial para a resolução da prova, devendo o aluno focar não apenas na interpretação dos textos literários, mas sobre os mais variados gêneros. Além disso, saber interpretar o comando das questões, que podem dar pistas sobre a resposta correta. No vestibular Fuvest a interpretação de texto acontece de forma mais prática. Muitas vezes ligada aos textos literários ou críticos, a temática aborda de figuras de linguagem à projeções sobre o senso comum. Diversos gêneros textuais podem ser pedidos, de modo que conhecer os fundamentos da produção textual (figuras de linguagem e fun- ções da linguagem) pode ser um diferencial. A prova conta ainda com textos literários, o que demanda uma interpretação de sentido conotativo. Ter em mente os conceitos de denotação e conotação renderá, ao aluno, um ponto de segurança na hora de iniciar a sua interpre- tação. Lembrar que a interpretação se liga ao contexto pode ser a chave para a aprovação. Ler atentamente, tendo em vista as caracterís- ticas dos principais recursos linguísticos e dos variados gêneros textuais, é um bom modo de mergulhar na prova. Além disso, saber inter- pretar o comando das questões se mostrará de grande ajuda. O exame CMMG é objetivo. Exige do candidato uma capacidade leitora fundamental, que demonstre aptidão em reconhecer os recursos linguísticos dentro das questões. Assim, lembrar e compreender serão as duas principais habilida- des trabalhadas por esse vestibular. Além de conhecer os recursos linguísticos, é importante lembrar que uma leitura atenta pode render ao candidato pontos em questões não apenas na área de Português, mas nas variadas áreas do conhecimento. Alinha a interpretação de texto às obras literárias que costuma exigir na sua lista obrigatória. O co- nhecimento sobre os recursos literários adquiridos no estudo das obras será fundamental. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 34 1. Funções da linguagem 1.1. Introdução O estudo das funções da linguagem está vinculado ao que os linguistas denominam teoria da comunicação. As teo- rias da comunicação têm como objetivo observar o funcio- namento de processos comunicativos tanto no campo da fala como no campo da escrita, inclusive observando os gestos de transposição entre os dois campos; por exem- plo: que elementos do sistema de fala são encontrados no sistema de escrita? O linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) foi o responsável por desenvolver a teoria das funções da lin- guagem. De acordo com o estudioso, a linguagem apre- sentaria funções mais amplas do que simplesmente as de caráter informativo. A partir desse pressuposto, Jakobson determina que os sistemas comunicativos seriam pauta- dos por seis funções da linguagem, que seriam determi- nadas a partir de um “foco” (ou uma ênfase) que recai em pontos específicos da mensagem observada. As fun- ções seriam as seguintes: § Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou enunciador (a pessoa que fala ou escreve); § Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo- cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em algumas abordagens, aquele com quem se conversa); § Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na referência de mundo (o assunto, situação ou objeto so- bre o qual se fala); § Fática ou de contato: foco no canal de comunicação ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi- co) com terceiros; § Poética: foco nos modos de elaboração da mensagem e do texto que a compõe; § Metaliguística: foco no código comunicativo (nas bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou não verbais). A partir dessas definições, Roman Jakobson propôs o se- guinte sistema organizativo: 1.2. Função emotiva ou expressiva Foco: emissor / locutor / enunciador A função emotiva, centralizada na figura daquele que fala, expressa algumas particularidades do enunciador, como emoções, sentimentos, opiniões a respeito de determinadas situações, crenças e até mesmo concordâncias e discordân- cias em relação a certos assuntos. Nela prevalece a 1.ª pes- soa do singular (eu), podendo, em alguns casos mais raros, ocorrer com a 1.ª pessoa do plural (casos em que emoções ou opiniões são mobilizadas de modo coletivo).Trata-se de uma função que é facilmente identificada nos processos comunicativos falados. Nos processos escritos, por sua vez, ela se torna evidente pela presença, no texto, de interjeições, exclamações, reticências ou outros sinais que demonstrem a subjetividade do falante. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Desencanto Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca, Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. – Eu faço versos como quem morre. Teresópolis, 1912. (manuel bandeira) 1.3. Função apelativa ou conativa Foco: receptor / ouvinte / interlocutor A função apelativa, centralizada na figura daquele que ouve, expressa a tentativa de um falante de interferir, geralmente FUNÇÕES DA LINGUAGEM I HABILIDADES: 19, 21, 23 e 24 COMPETÊNCIAS: 6 e 7 AULA 1 35 de maneira persuasiva, nos sentimentos do interlocutor. Nela prevalece a 2.ª pessoa do discurso (representada, em portu- guês, pelos pronomes tu e você). Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula formas imperativas, vocativos e, em casos menos frequentes, pronomes demonstrativos e possessivos de se- gunda pessoa. É facilmente identificada em textos publici- tários, discursos políticos, textos religiosos (sermões), além de parágrafos específicos de textos argumentativos, como artigos de opinião e editoriais. 1.4. Função referencial ou denotativa Foco: referente A função referencial, centralizada na figura daquilo que Roman Jakobson definiu como “referente”, consiste no uso objetivo da linguagem em duas instâncias: § indica/aponta elementos que estão no mundo; § indica/aponta situações ou acontecimentos no mundo. Trata-se de uma função que não envolve expressão de sentimentos (há a neutralização do emissor e do recep- tor); por isso, diz-se que ela é centrada na 3.ª pessoa do discurso e transmite uma informação objetiva e direta sobre um assunto. É identificada em muitos tipos de texto, como nos téc- nicos ou científicos (artigos acadêmicos, matérias de revistas científicas, livros didáticos), nas bulas de re- médio, nas placas informativas, e também em alguns subgêneros e gêneros jornalísticos, como a notícia e a reportagem. Exemplo: “Aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, para que ele permita uma in- vestigação independente sobre os aparentes erros dos seus serviços de inteligência no que se refere às armas de destruição em massa do Iraque. A indicação do governo americano, também ques- tionado sobre a sua avaliação da ameaça iraquia- na, de que um inquérito pode ser aberto no país, reforçou o argumento dos críticos de Blair. O Parti- do Conservador britânico deverá apresentar nesta semana uma moção pedindo a investigação.” fonTe: folha de s. Paulo - 02-02-2004 36 DIAGRAMA DE IDEIAS Função emotiva Função fática Função conativaFunção poética EMISSOR LOCUTOR Função metalinguística Função referencial CÓDIGO MENSAGEM DESTINATÁRIO INTERLOCUTOR CONTEXTO REFERENTE CANAL 37 1. Funções da linguagem (continuação) Nesta aula, as funções da linguagem de Roman Jakobson continuarão a ser estudadas. Lembrando que, das seis exis- tentes, três foram vistas na aula anterior. As três restantes serão abordadas agora. 1.1. Função fática Foco: canal de comunicação A função fática, centralizada no canal de comunicação, opera em duas instâncias: § Verifica o modo como a linguagem opera dentro de de- terminados canais de comunicação: Roman Jakobson sugere que, ao se observar pessoas conversando em determinado canal, é preciso estar atento a particulari- dades que surgem na manipulação da linguagem. Para isso, recomenda-se verificar a abertura (como a conversa começa), a manutenção (quais são as características de progressão) e seu fechamento (como os falantes encer- ram a conversa). Um exemplo claro disso é a comunica- ção por telefone, em que a abertura é feita a partir de um sinal que não é usado em interações frente a frente (alô?). Também é perceptível no telefone a emissão de sinais sonoros durante a conversa que indicam a manu- tenção/progressão da comunicação (aquele que ouve, por exemplo, costuma usar sinais como ahã! ahã! ahã!). § Verifica estratégias gerais para abertura, manutenção e encerramento de comunicação. Para abertura comunica- tiva, por exemplo, há as saudações “olá”, “boa tarde!”, “tudo certo?”; para manutenção comunicativa, existem os marcadores conversacionais, que são usados para “testar” o funcionamento do canal, como “né”, “en- tendeu?”, “viu?”, “aí”, “tipo”, etc.; e, para fechamen- to comunicativo, existem recursos de despedida, como “tchau”, “adeus”, “até logo”, etc. Trata-se de uma função que encontrada em muitos luga- res. Basta que, em determinado espaço comunicativo, seja esboçado algum gesto linguístico que dê margem para o início de uma conversa (e, posteriormente, outros gestos que mantenham sua progressão e também a encerrem). 1.2. Função poética Foco: mensagem A função poética, centralizada na mensagem, promove alterações na estrutura da referida mensagem, com o in- tuito de modificar as relações do ouvinte com o conteúdo expresso. Por exemplo, um poema feito em estrutura de so- neto caracteriza-se como função poética pelo fato de usar uma forma/estrutura comunicativa que difere do modelo direto (em prosa) habitual. Assim, entende-se que a função poética suplementa o sentido da mensagem. FUNÇÕES DA LINGUAGEM II HABILIDADES: 19, 21, 23 e 24 COMPETÊNCIAS: 6 e 7 AULA 2 38 Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressupos- to que todo o poema já é uma função poética. Não obs- tante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas (como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensa- gens de suas propagandas. (ProPaganda com Trocadilho) Sem Mim Ando Com Igo Sigo Sem Com Ando (arnaldo anTunes) 1.3. Função metalinguística Foco: código A função metalinguística, centralizada no código, ocorre quando se usa um código (algum modelo comunicativo) por meio do próprio código. É importante salientar que os referidos códigos (modelos comunicativos) podem ser de cunho verbal ou não verbal. Assim, é possível chegar às seguintes conclusões: § A pintura, por exemplo, é um tipo de arte que estabele- ce comunicação. Elas é, portanto, um código. Caso um pintor deseje registrar em seu quadro um outro pintor trabalhando, ele estará fazendo referência ao “código pintura” por meio da própria pintura, o que caracteriza um gesto metalinguístico (não verbal). § Uma crônica, por exemplo, é um gênero que comu- nica algo. É, portanto, um código. Caso um cronista, em vez de discutir um fato cotidiano, prefira falar so- bre a dificuldade de se fazer uma crônica no momento contemporâneo, ele estará usando o “código crônica” para falar sobre crônica. Trata-se de um gesto também metalinguístico (verbal). A função metalinguística é facilmente encontrada nas artes em geral; e também em alguns textos instrucionais de de- terminadas áreas, como os livros de língua portuguesa que ensinam o que é a língua portuguesa, caracterizando-se como instrumentos que operam uma metalinguagem. Razão de ser Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso Preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece. E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? (Paulo leminski) 39 1. Variação linguística A variação linguística é a diversificação dos sistemas
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