Buscar

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DE UMA EMPRESA METALÚRGICA UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA

Prévia do material em texto

Relatório de Estágio Supervisionado (2018/2)
Curso de Engenharia de Produção
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DE UMA EMPRESA METALÚRGICA: UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA
Ana Elise Chuch[footnoteRef:2] [2: Ana Elise Chuch. E-mail: anaelisechuch@hotmail.com.] 
Resumo: A ergonomia é um tema que vem sendo amplamente discutido, e este fato está relacionado com a crescente cobrança por parte dos órgãos fiscalizadores. As empresas precisam adotar ações mínimas que garantam a saúde e segurança de seus empregados, entre essas estão às adequações dos postos de trabalho. No primeiro momento o artigo vai apresentar uma revisão bibliográfica, estabelecendo-se itens específicos como ergonomia, acidentes de trabalho, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), e análise ergonômica. Em seguida, serão mostrados os resultados de uma avaliação qualitativa das condições de trabalho em uma linha de produção de carrinhos de mão. As fontes pesquisadas foram livros e artigos científicos, e a empresa objeto de estudo é do setor metalúrgico. O resultado da análise mostrou os principais aspectos que precisam ser melhorados na linha, bem como propostas para adequação dos mesmos.
Palavras-chave: Ergonomia.Saúde. Segurança. Riscos ergonômicos.
ANALYSIS OF THE WORKING CONDITIONS OF A METALLURGICAL COMPANY: AN ERGONOMIC APPROACH
Abstract: Ergonomics is a topic that has been discussed, and this is a fact that is being reported with a growing survey by the supervisory bodies. Companies need to take action to ensure the health and safety of their jobs, including the adequacy of jobs. In the first moment it is an article that shows the bibliographical revisions, establishing specific items such as concern, work accidents, RSI and DORT, and ergonomic analysis. Next, the results of a qualitative assessment of working conditions in a handcart production line will be shown. As researched sources were books and scientific articles, and a study company is from the metallurgical sector. The result of the analysis showed the main aspects that need to be improved in the line, as well as the proposal for their adaptation.
Keywords: Ergonomics Health. Safety. Ergonomic risks.
Introdução
É fundamental que as empresas busquem adequar as suas condições de trabalho, para que estas não comprometam a saúde e segurança do empregado. Uma das ferramentas que possibilita aos gestores uma visão dos agentes causadores de acidentes e doenças ocupacionais é a análise ergonômica do trabalho. 
Um ambiente de trabalho ergonomicamente adequado aliado a práticas conscientes, além de garantir a saúde do trabalhador, proporciona ao empregador uma redução dos custos diretos e indiretos. Esta redução de custos está relacionada com a diminuição de afastamentos, entre eles, aqueles provocados por distúrbios osteomusculares, decorrentes da má adequação dos postos de trabalho. 
A empresa objeto de estudo é do ramo metalúrgico, estando no mercado com a fabricação de fogões à lenha desde o ano de 1956. No ano de 1992, a empresa passa por uma expansão, e com isto dois novos produtos são incluídos em seu portfólio: escadas domésticas e carrinhos de mão. Contando hoje com uma área física de 15 mil m² construídos, a empresa possui 290 funcionários.
É mantido na empresa um SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), composto por Engenheiro de Segurança do Trabalho e Médico do Trabalho terceirizado, mais dois Técnicos em Segurança do Trabalho em período integral.
Através de uma revisão bibliográfica sobre o tema, será possível definir parâmetros da análise ergonômica do trabalho, que servirão para realizar um estudo do ambiente de trabalho da empresa. Essa dinâmica possibilita aliar teoria e prática, o que contribui significativamente para o conhecimento do acadêmico.
O presente relatório tem como objetivo geral realizar uma análise das condições de trabalho da linha de carrinhos de mão, através de uma abordagem ergonômica, onde serão evidenciadas as oportunidades de melhorias, não conformidades encontradas e soluções para as mesmas.
Alinhados ao objetivo geral, os objetivos específicos são:
· Fundamentar conceitos como ergonomia, acidentes de trabalho, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), e análise ergonômica;
· Identificar os principais aspectos das condições de trabalho da linha de produção, através de um estudo in loco na mesma;
· Apresentar propostas de melhorias para as não conformidades encontradas nos setores, bem como para melhorias no processo.
Explorar as condições de trabalho, e adequar os sistemas de produção de modo que os funcionários não prejudiquem sua integridade física e psicológica, garante também à organização uma maior produtividade em decorrência do menor número de afastamentos e funcionários mais motivados.
1 DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA 
O estudo das adequações do trabalho ao homem e suas características individuais, é chamado de ergonomia, que de acordo com Dul e Weerdmeester (2012, p.13), “é uma ciência aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho”.
A ergonomia pode ainda ser compreendida como o estudo do relacionamento entre o homem e o trabalho, equipamento e ambiente, e, além disso, trata particularmente a aplicação dos conceitos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento (LIDA, 2003).
Dul e Weerdmeester (2012) complementam que, a ergonomia considera ainda a postura e os movimentos corporais durante a execução das tarefas (sentado e/ou em pé e manuseio de cargas), as condições do ambiente de trabalho, e o relacionamento e comunicação da equipe.
1.1 RISCOS ERGONÔMICOS 
Marziale e Rodrigues (2002) definiram riscos ergonômicos como sendo aqueles resultantes da relação e adaptação entre o trabalho e o trabalhador. Os fatores principais são: as condições que se encontram as máquinas e equipamentos, layout do posto de trabalho, métodos com que o trabalho é realizado, comunicação entre a equipe e o meio ambiente.
Os riscos ergonômicos muitas vezes são associados somente aos fatores biomecânicos presentes no ambiente de trabalho, mas estão interligados também a agentes físicos (ruído, temperatura, umidade, etc) dos quais não se podem separar, pois estes interferem diretamente nas condições de trabalho. Os agentes ergonômicos mais comuns são: posturas adotadas, esforços físicos, manipulação de sobrecargas, movimentos repetitivos e atividades monótonas (Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, 2008).
2 ACIDENTES DE TRABALHO 
Os acidentes de trabalho são rotineiros, e eles acontecem em distintas atividades profissionais. De acordo com Apóstolo (2008, p.17, apud Azevedo e Cruz, 2006), “a probabilidade de ocorrer um dano físico ou psíquico para o trabalhador, está presente em qualquer situação de trabalho, em diferentes graus e níveis, de acordo com a empresa e a natureza da atividade realizada”.
Segundo Tortorello (2014, p.11), “o acidente de trabalho poder ser conceituado como um fato ou acontecimento, o qual esteja relacionado ao trabalho do acidentado e que determine a morte, perda ou redução da capacidade para o trabalho”, podendo essas perdas e reduções serem temporárias ou permanentes. 
De acordo com a Legislação Trabalhista Brasileira (Lei nº 8.213 de julho de 1991), existem três tipos de acidente de trabalho. São eles:
· Acidentes típicos: são aqueles que ocorrem durante a jornada de trabalho e provocam lesões imediatamente, como cortes queimaduras, esmagamentos, fraturas, etc.
· Acidentes de trajeto: São aqueles sofridos fora do local e horário de trabalho, no trajeto entre a residência do trabalhador e o local de trabalho e vice-versa; 
· Doenças profissionais ou ocupacionais: Provocadas pela exposição contínua a algum agente agressor no ambiente de trabalho e inerentes a determinado ramo de atividade. 
Muitos autores apresentam ainda as doenças dotrabalho, que são freqüentemente confundidas com doenças profissionais. Para Pretto (2017), doenças do trabalho são aquelas inerentes ao ambiente de trabalho, mas que não estão ligadas diretamente a uma profissão ou local especifico, como por exemplo, a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) desencadeada por movimentos repetitivos ou posturas forçadas.
2.1 LER E DORT
As terminologias usadas para definir Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados com o Trabalho (LER/DORT), apesar de não serem reconhecidas como um diagnóstico no Código Internacional das Doenças (CID), são bastante utilizadas (MORAES; BASTOS, 2017).
Segundo Reis e Moro (2014) apud Brasil (2003), LER vem sendo usada para aquelas doenças já instaladas, ou seja, que já tenham provocado alguma lesão para o trabalhador, ao mesmo tempo em que DORT é usado para descrever sintomas iniciais e desconfortos, sofridos por profissionais em potencial de desenvolver problemas osteomusculares.
3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
A Norma Regulamentadora - NR 17 (Portaria GM n.° 3.214, de 08 de junho 1978), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que trata dos assuntos relacionados à ergonomia, informa que “cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho”, sendo esta uma intervenção no ambiente de trabalho, para estudo das consequências físicas e psicofisiológicas, resultantes das interações entre o homem e o trabalho. Ela busca conhecer melhor a situação do trabalhador, comparar com suas aptidões e limitações, identificar não conformidades de acordo com a legislação vigente, propor melhorias para o processo, produto e layout do ambiente e posto de trabalho (FERREIRA e RIGHI, 2009).
A análise ergonômica do trabalho utiliza de métodos para identificar situações que possam interferir nas condições de trabalho, e com base nas informações geradas, preconizar medidas para eliminar ou minimizar tais riscos. De acordo com Rojas (2015), são duas as possibilidades de abordagem no momento de se realizar uma análise ergonômica:
· Abordagem tradicional: Tem como regra a “economia de movimento”, onde são estudados os movimentos corporais do trabalhador, e o tempo gasto para executar uma determinada tarefa. Os movimentos executados seqüencialmente devem ser feitos em menor tempo e com menor número de movimentos. Esse método requer o auxílio de analistas de processos para adequar a posição de ferramentas e tempos.
· Abordagem ergonômica: Vai analisar o trabalho realizado por um indivíduo, e a sua integração com as máquinas e equipamentos. Para se analisar o posto de trabalho, é necessário que antes se conheça o trabalhador e seus comportamentos durante a execução das atividades. 
Rojas (2015) ainda destaca que são três os passos para a elaboração de uma análise ergonômica dos postos de trabalhos. São elas:
· Análise da demanda: Usada para definir o problema a ser analisado com base no ponto de vista dos empregados, empregador e outros envolvidos. As informações serão utilizadas para a elaboração de uma intervenção ergonômica.
· Análise da tarefa: Nesta etapa são identificadas as condições do ambiente, organizacionais e técnicas do trabalho, e ainda as interações homem-máquina e/ou homem-tarefa. Serão usadas juntamente com a análise de demanda para o diagnóstico ergonômico.
· Diagnóstico Ergonômico: é a conclusão dos estudos e o parecer com base nas análises realizadas. Deve-se ter uma visão global dos fatos para que seja possível realizar adequações no processo. É importante que apareça nesta etapa as conseqüências que as não conformidades encontradas, podem gerar ao trabalhador, como exemplo os acidentes de trabalho.
3.1 ASPECTOS DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
Para que uma análise ergonômica do trabalho alcance seu objetivo de garantir conforto, segurança e desempenho eficiente, ela deve considerar como objeto de estudo no mínimo os itens mencionados da Norma Regulamentadora- NR 17(MTE, 1978), que são eles: 
· Levantamento, transporte e descarga individual de materiais; 
· Mobiliário dos postos de trabalho; 
· Equipamentos dos postos de trabalho; 
· Condições ambientais de trabalho;
· Organização do trabalho.
Os aspectos característicos dos trabalhadores, e as exigências das tarefas devem ser observados, para que em conjunto com os itens mencionados acima, consiga-se projetar um posto de trabalho adequado às necessidades.
Atividades de Estágio Propostas
Plano de atividade de Estágio – PAE
Nº 2716/2018
Área: Engenharia do Trabalho.
Subárea: Ergonomia.
Período: 13 de agosto de 2018 a 24 de setembro de 2018, somando 20 horas semanais.
Atividades de Estágio Desenvolvidas
Ao longo do estágio supervisionado, foi possível acompanhar as atividades da linha de produção de carrinhos de mão de uma empresa metalúrgica, com foco na avaliação das posturas e movimentos dos funcionários, movimentação de cargas, organização e layout dos postos de trabalho, com a supervisão de Elisangela Bernardino Velho, supervisora de segurança do trabalho, e Sônia Mara Andrade, supervisora do setor de carrinhos de mão.
A linha de produção de carrinhos está dividida em três setores: o setor de carrinho estamparia, onde são estampados todos os componentes dos produtos; o setor de carrinho pintura, onde é realizada a pintura por imersão dos componentes; e o setor de carrinho acabamento, onde os componentes dos produtos são revisados e embalados. 
Sendo a maior parte dos trabalhos da linha de produção semi-manuais, faz-se necessário um número considerável de trabalhadores. Atualmente a linha opera com 62 trabalhadores, sendo 30 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, divididos nos três setores como mostra a Tabela 1
Tabela 1: Quantidade de funcionários em cada setor
	Setor
	Quant. Setor
	Feminino
	Masculino
	Carrinho Estamparia
	34
	20
	14
	Carrinho Pintura
	2
	0
	2
	Carrinho Acabamento
	26
	12
	14
	Total
	62
	32
	30
Fonte: Autor (2018).
A produção de carrinhos de mão está situada em dois pavilhões, um ao lado do outro. No primeiro as caçambas são estampadas (através de prensas hidráulicas), é feito a embalagem dos kits e a montagem de pneus. Já no segundo pavilhão estão concentradas a maior parte das presas, a linha de pintura e a montagem dos kits. Após finalizar essas etapas os produtos seguem para a expedição, de onde serão encaminhados aos clientes.
Durante as atividades de estágio foi possível conhecer o cenário atual da linha de produção de carrinhos de mão, seguindo uma abordagem ergonômica. Para identificar as não conformidades foram adotados os seguintes passos: levantamento de problemas através de conversas com os funcionários e visitas in loco; e estudo do ambiente de trabalho, organização, e interações homem-máquina.
As informações obtidas foram agrupadas por aspectos de riscos, e não por cargos e funções, uma vez que existe uma constante mudança de postos de trabalho entre os funcionários do setor. Foram avaliados qualitativamente os espaços físicos, sistemas organizacionais, movimentos e posições dos trabalhadores.
Buscando evidenciar os aspectos identificados na linha de produção de carrinhos de mão, optou-se por apresentar na Tabela 2, uma descrição das características mais relevantes e que influenciam diretamente nas condições de trabalho, bem como algumas propostas de melhorias
Tabela 2: Aspectos gerais das condições de trabalho e melhorias propostas
	Aspectos Gerais do Setor
	Propostas de Melhorias
	Espaço Físico
Ambos os pavilhões são bem arejados, possuem iluminação insuficiente, um amplo espaço de circulação, porém sem demarcação, o piso é irregular, e o acumulo de materiais de trabalho próximo as máquinas muitas vezes atrapalham a circulação no entorno.
	Realizar uma manutenção nos pisos do setor, e demarcar áreas de circulação de pessoas e empilhadeiras, bem como demarcar locais de armazenamento de matérias. Rever a iluminação do setor, problema que poderia ser solucionado com a utilização de luzes já instaladas, mas que ficam apagadas na maior parte do tempo.
	Organização do Trabalho
Manutenção
No setor as manutenções acontecemapenas de forma corretiva, ou seja, só é realizada manutenção quando acontece algum problema com as máquinas. Está condição de certa forma sobrecarrega o funcionário, pois quando uma máquina quebra após voltar às atividades os funcionários precisão aumentar o ritmo de trabalho para compensar o tempo de máquina parada. 
	Realizar um cronograma de manutenção preventiva, ou seja, vistoriar as máquinas e realizar ajustes a fim de evitar problemas futuros.
	Repetitividade
Os operadores de prensa se enquadram no conceito de atividades repetitivas, onde mantém os mesmos padrões de movimentos na maior parte de sua jornada de trabalho, em ciclos menores que 30 segundos. Nas demais funções já acontecem um rodízio de atividades.
	Realizar um cronograma de alternância de atividade, a fim de garantir que o funcionário faça movimentos diferentes.
	Transporte manual de Cargas
Para movimentar cargas no setor, os funcionários utilizam paleteiras manuais, e eventualmente todos os funcionários acabam realizando esse transporte. São os próprios funcionários que determinam a quantidade de carga a ser transportada, e muitas vezes colocam cargas excedentes, sendo necessário fazer o transporte em duas pessoas, onde uma faz força de impulsão, e o outro de tração. Esses movimentos exigem muito esforço físico, estando associado também ao piso irregular.
	O transporte de cargas maiores deverá ser realizado com o auxílio de uma paleteira elétrica ou empilhadeiras, e as cargas menores poderão ser transportadas manualmente, uma vez que os funcionários sejam treinados da maneira correta de realizar o transporte.
	Trabalho sentado
No setor existem funcionários que permanecem sentados durante toda a sua jornada de trabalho, e outros que em alguns períodos realizam atividades em pé. Os assentos desses funcionários são de material metálico e com bases rígidas, sem encosto, sem regulagem e não possui apoio para os pés. Essa situação pode provocar acidentes e dores musculares com possibilidade de agravamentos.
	Criar um sistema de alternância de atividades, afim do funcionário alternar entre atividades sentadas e em pé. Substituir os assentos por assentos ergonômicos com regulagem de altura, estofados, com encosto, e apoio para os pés onde aplicável.
	Trabalho em pé
Existem no setor funcionários que realizam trabalhos em pé durante toda a jornada de trabalho, com poucos deslocamentos, e outros que realizam pequenos deslocamentos frequentes. O trabalho em pé sobrecarrega as articulações dos membros inferiores, podendo prejudicar a saúde do trabalhador.
	Criar um sistema de rodízio de funções, ginástica laboral e utilização de tapetes anti-fadiga.
Fonte: Autor (2018).
Optou-se por propor soluções acessíveis e que possam ser aplicadas em um curto período de tempo, até que um estudo mais detalhado apresente medidas específicas para cada função.
Resultados e Discussão
As informações apresentadas evidenciam que existem muitas não conformidades nos setores avaliados, desde irregularidades no espaço físico até falta de orientação e treinamentos dos funcionários. Essas circunstâncias colaboram para que haja sobrecarga sobre as posturas dos trabalhadores, e podem provocar acidentes de trabalho, entre eles LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho).
Com o intuito de prevenir lesões futuras aos trabalhadores, e garantir a qualidade de vida dos mesmos, é indicado que a empresa siga as medidas de adequações propostas para os setores analisados. Essas ações são apenas o início de um amplo conjunto de medidas a serem adotadas, como a elaboração de uma análise ergonômica do trabalho, e um programa educativo de correções e conscientização postural a todos os trabalhadores.
A análise ergonômica possibilitará identificar todas as particularidades dos postos de trabalho e características do trabalhador, permitindo assim uma melhor adequação das máquinas e equipamentos do setor. O documento citado deverá ser estendido para todos os setores da empresa, e elaborado por profissional qualificado.
A empresa possuía um programa de ginástica laboral acompanhado por fisioterapeuta, onde diariamente os funcionários realizavam exercícios orientados por aproximadamente 10 minutos. Este programa apresentou ótimos resultados, e é importante que o mesmo seja restaurado.
Considerações Finais 
O presente artigo apresentou as atividades do estágio supervisionado do curso de Engenharia de Produção, e explanou as condições de trabalho de uma linha de produção de carrinhos de mão, em uma empresa do setor metalúrgico. 
O estudo teve como contribuição principal a apresentação de ações eficientes e acessíveis, que podem ser implantadas na linha. Foram feitas sugestões gerais de melhorias para cada um dos aspectos analisados. Contudo, a empresa deve através de uma análise ergonômica, identificar as necessidades individuais de cada atividade. 
É importante, em estudos futuros, analisar o impacto da adoção das medidas propostas na redução de afastamentos, e no aumento da produtividade. Sabe-se que atualmente a empresa enfrenta problemas com o presenteísmo, e o absenteísmo de funcionários que em grande parte é provocado por lesões osteomusculares.
Em longo prazo, a empresa poderá estudar a viabilidade da implantação de uma linha de produção automatizada, afim de reduzir as sobrecargas e movimentos repetitivos dos funcionários, garantindo a qualidade de vida dos mesmos, aumentando a produção, e melhorando a qualidade de seus produtos.
De modo geral, os objetivos foram alcançados, e pode-se perceber a importância de um ambiente de trabalho pensado no bem-estar do trabalhador. Os resultados do estudo limitaram-se a apresentar um panorama geral das condições de trabalho de uma linha produtiva. Novos estudos podem contribuir com o tema abordado, uma vez que o processo produtivo é dinâmico, e sofre alterações constantes.
Referências
APÓSTOLO, Mariana Vieira. Acidentes de trabalho: os sentidos atribuídos por gerentes varejistas do ramo supermercadista. 2008. 96p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça. 2008.
CORRÊA, Vanderlei Moraes; BOLETTI, Rosane Rosner. Ergonomia. Porto Alegre: Bookman, 2015.
DEIMLING, Moacir Francisco; PESAMOSCA, Daniela. Analise ergonômica do trabalho (AET) em uma empresa de confecções. Iberoamerican Journal of Industrial Engineering, Florianópolis, v. 6, n. 11, p. 37-58, 2014. Disponível em: <http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/IJIE/article/download/2207/pdf_27>. Acesso em: 10 set. 2018.
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2012.
FERREIRA, Mario S.; RIGHI, Carlos Antônio Ramires. Análise Ergonômica do trabalho. Rio Grande do Sul: PUCRS, 2009. Disponível em: <http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/07/analise-ergonomica-do-trabalho.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018.
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Blucher, 2001.
IWAMOTO, Helena Hemiko et al. Saúde ocupacional: controle médico e riscos ambientais.Acta Sci. Health Sci, Maringá, v. 30, n. 1, p. 27-32, 2008. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/3072/307226622005/>. Acesso em: 20 ago. 2018.
KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
MACEDO, Rui Bocchino. Segurança, saúde, higiene e medicina do trabalho. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2012.
MORAES, Paulo Wenderson Teixeira; BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt. Os sintomas de LER/DORT: um estudo comparativo entre bancários com e sem diagnóstico. Psicologia: Ciência e Profissão, [S.l], v. 37, n. 3, p. 627-637, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v37n3/1982-3703-pcp-37-3-0624.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2018.
REIS, Pedro Ferreira; MORO, Antônio Renato Pereira. Risco ergonômico do trabalho repetitivo. São Paulo: Paco Editorial, 2014. 144p.
ROJAS, Pablo. Técnico em segurança do trabalho. Porto Alegre: Bookman,2015.
SHIDA, Georgia Jully; BENTO, Paulo Eduardo Gomes. Métodos e ferramentas ergonômicas que auxiliam na análise de situações de trabalho. In: CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 8, 2012, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: FIRJAN, 2012. p. 1-13. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T12_0496_3097.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018.
SOUSA, Jerónimo. Factores de risco ergonômico. Arcozelo: CRPG, 2005. Disponível em: <http://www.crpg.pt/empresas/recursos/kitergonomia/Documents/factoresrisco_ergonomico.pdf>. Acesso em: 18 set. 2018.
TORTORELLO, Jarbas Miguel. Acidente de trabalho. São Paulo: Baraúna, 2014.
12

Continue navegando