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Tema: Treinamento: Periodização INTRODUÇÃO A periodização no treinamento esportivo consiste em uma forma de planejamento e organização do processo de treino, cujo pressuposto básico consiste em uma divisão desse planejamento em determinados períodos: preparatório, competitivo e transitório. O objetivo desse planejamento é promover um ápice no desempenho em determinadas competições, bem como aperfeiçoar a recuperação do atleta frente a determinados estímulos. Sua concepção foi originalmente desenvolvida para atletas de modalidades de força e potência, mas atualmente seu conceito tem sido expandido para todas as demais modalidades esportivas (KRAEMER; HÄKKINEN, 2002). A periodização foi baseada nos estudos da síndrome geral de adaptação proposta pelo endocrinologista Hans Selye (SELYE, 1951). MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE PERIODIZAÇÃO Modelo de Bloco O sistema de treinamento em blocos foi proposto pelo professor Yuri Verkhoshansky (VERKHOSHANSKY; ARAÑÓ, 1990) após o autor citar severas críticas ao modelo clássico proposto por Matveev. Verkhoshansky usou o argumento de que o treinamento esportivo deveria seguir leis biológicas e não pedagógicas. Para Verkhoshansky (VERKHOSHANSKY; ARAÑÓ, 1990), o processo de treinamento se alicerça em um sistema em que se definem os conceitos de programação, organização e controle. A programação consiste em uma primeira determinação da estratégia do conteúdo e da forma de construção do processo de treinamento. A organização é a realização prática do programa, tendo em conta as condições concretas e as possibilidades reais do atleta, e o controle, um seguimento do processo de treinamento, com base nos critérios estabelecidos previamente (MANSO et al., 1996). Segundo Monteiro e Lopes (MONTEIRO; LOPES, 2009), pode-se definir este modelo contemporâneo em quatro etapas. Individualização das cargas de trabalho justificada pelas diferenças fisiológicas individuais de adaptações do indivíduo. A concentração de cargas de trabalho de uma mesma orientação em períodos de curta duração, levando a uma possível redução das capacidades e dos objetivos que se deve treinar dentro de uma estrutura média (mesociclo) e o conhecimento das adaptações de cada carga de trabalho realizada no desenvolvimento deste mesociclo. O desenvolvimento das capacidades é consecutivo – utilizando o efeito residual de cargas já trabalhadas pensa-se no efeito somatório e acumulativo das cargas de treino. Característica marcante deste modelo é a especificidade do treinamento, buscando as adaptações determinantes para o esporte moderno. Macrociclo de preparação do atleta Bloco A: Concentram-se as cargas de treinamento, constituídas predominantemente pelos meios de preparação de força especial. Maior volume da temporada. Desestabilizar os níveis de performance da temporada anterior. Criar as condições necessárias para aumento da performance posterior. Tem duração média de 12 semanas. Exemplos: exercícios de saltos, potência e treinamento de cargas mistas no treinamento de força (altos volumes). Bloco B: Concentrações das cargas voltadas para a velocidade esportiva. Tem duração entre dois meses e meio e três meses. Diminuição do volume (caracteriza-se por um período de taper). Aperfeiçoamento de capacidades competitivas. Exemplos: treinamento da velocidade e potência para esportes de força e velocidade em situações específicas de jogo ou combate. Bloco C: Competição. A duração do treinamento dependerá do modelo adotado de competição. O volume de treinamento é baixo, priorizando mecanismos que permitam recuperação das reservas energéticas e psicológicas do atleta. Manutenção da performance. Exemplos: treinamento tático intercalado com grandes períodos de recuperação; a preparação física deve ser inserida em treinos com caráter técnico-tático. Ordem de treinamento das capacidades biomotoras ou meios de treinamento no modelo de bloco Provas de Potência - Força geral; - Resistência de força; - Potência saltabilidade (submáximo sobre distâncias longas); - Potência específica e técnica. Devemos ter em mente que neste modelo de treinamento não se admitem concorrências entre as ênfases adaptativas das capacidades motoras, então se sugere que as cargas de força sejam treinadas em momentos distintos das cargas de caráter aeróbio (resistência). Modelo em blocos adaptado por Oliveira (OLIVEIRA, 1988) A organização do treinamento em blocos deve ser dividida em períodos de etapas distintas: 1ª etapa - concentra um grande volume de preparação específica. 2ª etapa - caracteriza-se pelo baixo volume de cargas específicas, porém, de alta intensidade. As 1ª e 2ª etapas são caracterizadas por um alto volume de cargas concentradas, em que a proposta tradicional de volume e intensidade se modifica. Não se utilizam trocas conflitantes entre as cargas de treino e as de competição, na verdade, elas são combinadas de maneira concreta – adaptação funcional para depois cargas intensas. 3ª etapa - as cargas são de caráter competitivo. Análise crítica ao modelo Principais vantagens Permite maior controle das cargas de treinamento. Caracteriza-se por treinos específicos, os quais são fundamentais para a realidade do esporte competitivo atual. Permite melhor individualização das cargas de treino. Evita a concorrência das ênfases adaptativas entre as capacidades motoras, principalmente força e resistência. Permite uma recuperação do atleta durante o bloco B, pois nesse momento o volume de trabalho se reduz e a intensidade continua alta, caracterizando assim um efeito taper. Possíveis desvantagens Pode provocar o destreinamento das capacidades treinadas inicialmente. O modelo é problemático em modalidades esportivas complexas – na realidade, as cargas concentradas não são específicas dessas modalidades, como exemplo nas modalidades tênis, basquete, voleibol, basquetebol, handebol, entre outras. Pode estressar repetidamente o mesmo sistema, podendo inviabilizar a recuperação de cargas sucessivas, porém se aplicado um taper entre os blocos a recuperação poderá se manifestar. O fenômeno de concorrência das adaptações não está completamente estabelecido na literatura, porém Hickson (1980) demonstrou não haver concorrência entre adaptações na força até a 7ª semana de treino concorrente, devido as adaptações neurais proporcionadas nas primeiras semanas de treinamento. O estudo de Hickson, porém, foi realizado com sedentários; em atletas, o comportamento da força pode ser diferente dos resultados apresentados no estudo citado. O modelo original proposto por Verkhoshansky é muito longo, de forma que na realidade do esporte de competição na atualidade não haveria tempo hábil para aplicação de etapas de treinamento tão longas. Sugerimos adaptar o modelo para a realidade do dia a dia dos treinadores, reduzindo o tempo das etapas e priorizando as capacidades motoras mais determinantes para o sucesso das ações motoras. Diferenças entre a concepção clássica e a contemporânea de periodização do treinamento Concepção clássica Matveev (MATVEEV; GOMES, 1997) Concepção moderna Verkhoshansky (VERKHOSHANSKY; ARAÑÓ, 1990) Distribuída Concentrada Uniformes ao longo do ciclo anual Diferenciadas em etapas definidas Volume moderado e contínuo da aplicação de estímulos Grande volume concentrado de estímulos de preparação especial Heterogeneidade de estímulos Homogeneidade de estímulos Preparação global do atleta Cargas na direção unilateral Disposição ondulatóriadas cargas e períodos de treinamento Etapas de estímulos específicos segmentados em blocos definidos Concorrências de adaptações entre capacidades Não há concorrências pelas adaptações entre capacidades distintas Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..1: Diferenças entre a concepção clássica e a contemporânea de periodização do treinamento. FUNDAMENTAÇÃO BIOLÓGICA DA PERIODIZAÇÃO A periodização frequentemente pode ser referida também como uma forma de progressão das cargas de treinamento, sendo que podemos entender como carga de treinamento a somatória de todas as variáveis que podem ser manipuladas na composição de uma sessão de treino (intensidade, volume, pausas, velocidade de execução e ações musculares), juntamente com as que podem ser manipuladas ao longo do planejamento como um todo (intervalo entre as sessões e número de sessões na unidade de treino) – ver figura 6.1. Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..1: Componentes da carga de treinamento. COMPONENTES DA CARGA DE TREINAMENTO INTENSIDAD E VOLUME PAUSAS VELOCIDADE DE EXECUÇÃO AÇÕES MUSCULARES INTERVALO ENTRE AS SESSÕES NÚMERO DE SESSÕES EM CADA UNIDADE DE TREINAMENTO EXERCÍCIOS SÉRIES REPETIÇÕE S A progressão das cargas de treinamento é um processo que se torna necessário devido à enorme plasticidade do nosso organismo para adaptar-se aos estímulos de treinamento, sendo esses eventos adaptativos observados tanto ao nível estrutural das fibras (miofibrilas, mitocôndrias, enzimas etc.), como também em estruturas adjacentes (motoneurônios e capilares) (FLUCK; HOPPELER, 2003; ZIERATH; HAWLEY, 2004). Essa plasticidade é refletida no desenvolvimento da força, da resistência e da velocidade de contração, como resultado de alterações nas demandas funcionais para essas capacidades ao longo do processo de treinamento. As adaptações funcionais envolvendo os incrementos na força, na potência e na resistência parecem envolver alterações nos mecanismos regulatórios com os neuronais, endócrinos e as vias de sinalização intracelular, alterando dessa forma as propriedades contráteis e os estados metabólicos do tecido muscular. Atualmente, com apropriadas técnicas de biologia molecular, tem sido demonstrado que o exercício é responsável por rápidas mudanças na expressão do RNA mitocondrial (RNAm) do músculo esquelético, e recentemente, a análise da expressão gênica nos mostra que as adaptações transcripcionais do músculo às alterações nas cargas de treinamento envolvem uma variedade de genes. As mudanças no RNAm (ver figura 6.2) frequentemente ocorrem em paralelo para os genes na mesma categoria funcional, sendo que, por fim, essas mudanças podem ser correlacionadas às adaptações estruturais e funcionais decorrentes dos estímulos aplicados (FLUCK; HOPPELER, 2003). Em termos práticos, isso nos remete a concluir que as adaptações crônicas ao treinamento resultam em um incremento na atividade transcripcional, e na subsequente magnitude do processo de síntese proteica, sendo que essas adaptações levam a mudanças no nível de estado estável de específicas proteínas, e a um novo limiar de funcionalidade do tecido como um todo (BOOTH; BALDWIN, 1996; MAHONEY et al., 2005). Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..2: Micro adaptações da expressão gênica ao treinamento. Modelo do incremento do RNAm e o desempenho de resistência frente a repetidas sessões de exercício. Cada sessão de exercício levaria a um incremento dos níveis transcripcionais na fase de recuperação do treinamento, promovendo micro adaptações das proteínas codificadas. Esse revezamento de acúmulos graduais de volume e densidade mitocondrial e o incremento da capacidade oxidativa ocorreriam com a repetição das sessões de treinamento. As linhas sólidas indicam a evolução dos níveis de RNAm e a performance respectivamente durante o treinamento. Adaptado de Fluck (2003). Ou seja, esse novo limiar de funcionalidade do tecido automaticamente requer que os estímulos sejam sempre progressivos em relação à aplicação das cargas de treinamento, para que estes continuem sinalizando a síntese proteica de forma significativa e gerando adaptações em relação ao incremento das capacidades biomotoras. Por isso veremos agora como organizar esses períodos de treinamento, e a progressão das cargas destes. Organização da periodização do treinamento A periodização do treinamento possui certos níveis de organização. O planejamento como um todo é denominado de macrociclo, sendo este composto de unidades chamadas mesociclos. Os mesociclos, por sua vez, são compostos de vários microciclos, e os microciclos, compostos por diversas sessões de treinamento. A figura 6.3 representa hierarquicamente os níveis de organização da periodização do treinamento. PERFORMANCE EXERCÍCIO RN A TEMPO RNA RECUPERAÇÃO Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..3: Representação hierárquica dos níveis de organização da periodização do treinamento. Um macrociclo é composto de vários mesociclos. Os mesociclos são MACRO CICLO MESO CICLO MESO CICLO MESO CICLO MESO CICLO MESO CICLO MICRO CICLO MICRO CICLO MICRO CICLO MICRO CICLO MICRO CICLO SES SÃO SES SÃO SES SÃO SES SÃO SES SÃO compostos de vários microciclos, que, por sua vez, são compostos de diversas sessões de treinamento. Períodos de preparação do atleta O período preparatório deve assegurar o desenvolvimento das capacidades predominantes e determinantes do atleta e pressupõe a solução das tarefas de aperfeiçoamento de vários aspectos específicos do estado de preparação, podendo-se destacar, nesse período, as etapas de preparação geral e as de preparação especial. O Período Preparatório Geral (MONTEIRO; LOPES, 2009) Objetivos: Alta ênfase adaptativa nas capacidades biomotoras predominantes ou gerais. Neste período damos ênfase à preparação física, de forma a desenvolver as capacidades gerais (predominantes ou auxiliares), sendo que as capacidades motoras servirão de alicerce para que o atleta consiga suportar altos volumes e intensidade de treinamento durante os períodos com maior volume de trabalho. A preparação técnico-tática fica em segundo plano, o que não significa que não será dada ênfase a ela, mas sim que, neste momento, serão enfatizadas a destreza e as habilidades motoras. Devido ao pequeno tempo de período de preparação, técnicos e preparadores físicos podem compor treinos com características físico-técnicas, em que serão enfatizados na mesma sessão de treino alguns gestos técnicos e capacidades motoras adequadas para o momento de preparação. Por exemplo: realizar quatro séries de cinco minutos de jogo com pausa de dois minutos entre cada série, em que cada atleta terá que dominar e passar a bola imediatamente. Outro exemplo: no basquetebol, jogar durante um minuto, um contra um, ou seja, um atleta ataca e outro defende, com pausa de dois minutos entre cada série. Nesse tipo de treino os atletas trabalham fundamentos de defesa e de ataque e, ao mesmo tempo, a resistência anaeróbia lática e o metabolismo aeróbio entre as ações. Cabe ressaltar que a forma de trabalho físico- -técnico já no período preparatório geral cabe para equipes com pouco tempo para trabalhar os fundamentos técnicos e a partefísica de seus atletas. Neste período de treinamento a ênfase ao volume é primordial: enquanto a intensidade vai sendo incrementada ao longo dos microciclos de preparação, o número de sessões, séries e repetições serão as variáveis mais ajustadas ao longo do período. O Período Preparatório Especial Objetivos: Alta ênfase adaptativa nas capacidades determinantes. As capacidades físicas são desenvolvidas de acordo com as exigências específicas da modalidade. Devemos, neste momento, ter total conhecimento das capacidades biomotoras que são determinantes nas ações motoras da modalidade escolhida, pois no período preparatório geral as capacidades motoras gerais, predominantes e secundárias já foram priorizadas (MONTEIRO; LOPES, 2009). Por exemplo, na modalidade voleibol, durante o período preparatório especial deve-se enfatizar o treino de velocidade de reação, de potência e de resistência de força. As outras capacidades motoras também podem ser treinadas, porém, com diferentes graus de importância, e a preparação técnica tem por objetivo a mais completa assimilação da técnica de ações competitivas. Neste momento da preparação será priorizada a intensidade, e não o volume, pois a recuperação entre repetições, séries e sessões de treino deverá receber especial atenção para garantir alto nível de concentração, motivação e intensidade por parte dos atletas (MONTEIRO; LOPES, 2009). O Período Competitivo Durante o período competitivo devem ser criadas condições para o aperfeiçoamento de diversos fatores da preparação esportiva. A preparação deve ser integral e ocorrer numa sequência lógica de conteúdos distribuídos nas etapas pré- - competitiva e competitiva propriamente dita (MONTEIRO; LOPES, 2009). Objetivos: Manutenção das adaptações ocorridas no período de preparação. Manter a condição física, técnica e tática obtida durante a fase de preparação. Redução do volume da carga de treinamento, mas com manutenção alta da intensidade. Destacar a intensidade do treinamento, pois este parece ser o fator mais importante para a manutenção do rendimento durante o período competitivo, em qualquer tipo de competição. A preparação física está inserida no trabalho técnico-tático e apresenta-se com caráter de manutenção do nível de treino geral adquirido. Os microciclos deste período apresentam volume reduzido de cargas, principalmente às vésperas da competição. Mesmo com redução no volume de treinamento, é possível manter níveis ótimos de performance por algumas semanas. Foi demonstrado por Lopes (2005) não haver queda significativa na potência de membros inferiores em jogadores de futebol da categoria sub-20 (ver tabela 6.2), por exemplo. Testes Pré-Competição Pós-Competição SH (m) 2,60 ± 0,27 2,55 ± 0,22 Tabela Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..1: Resultados após dez semanas de treinamento em jogadores de futebol. A preparação técnica-tática assegura a forma escolhida de atividade motora até o mais alto grau possível. Deve-se levar em consideração os períodos de recuperação entre os treinos e provas competitivas neste período. O Período Transitório O período transitório contribui para a recuperação completa do potencial de adaptação do organismo e serve como elo entre os macrociclos. Devemos destacar neste momento da periodização a recuperação completa do potencial de adaptação em níveis físico, técnico, tático e psicológico. Os microciclos adquirem o caráter de descanso ativo e/ou passivo. Vale ressaltar que o que confere a recuperação ativa não é a sessão de treinamento, mas sim a característica do microciclo que propicia baixa incidência de microtraumas promovendo regeneração tecidual e aumento de síntese proteica como resultado deste microciclo executado. Torna-se importante avaliar as capacidades físicas para o conhecimento da condição física do atleta e, a partir dos resultados destas, traçar um plano de treinamento individualizado em função das necessidades fisiológicas de cada atleta. Normalmente são utilizadas de duas a quatro semanas em geral a fim de proporcionar recuperação das reservas energéticas, porém este período não é fixo, pois a duração do período transitório depende da estrutura escolhida no ciclo anual e do grau de tensão dos períodos transcorridos do macrociclo. Existem muitas controvérsias a respeito do tempo do período transitório. Alguns treinadores sugerem um mês de descanso passivo, outros sugerem o mesmo tempo porém de forma passiva, em nosso ponto de vista cremos que tal decisão deve ser feita em conjunto com a comissão técnica e o atleta em questão, levando em conta principalmente como citado acima os resultados das avaliações médicas e físicas. Macrociclo de treinamento Os macrociclos são constituídos pelos denominados períodos de treinamento (preparação, competição e transição). Têm uma duração habitual de 12 a 20 semanas, ou seja, no período de um ano de treino podemos ter de um a três macrociclos (ver quadro 6.2). O número de macrociclos que surgem num ano de treino ou época desportiva dá lugar a uma classificação do tipo de periodização que se utiliza: Periodização Simples – um macrociclo por ano. Periodização Dupla – dois macrociclos por ano. Periodização Tripla – três macrociclos por ano. Periodização Múltipla (com vários picos) – mais de 3 macrociclos por ano. MESES JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO PERÍODO PREPARAÇÃO COMPETIÇÃO TRANSIÇÃO Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..2: Macrociclo de treinamento com seus períodos de preparação, competição e transição. Cada macrociclo comporta, no maior parte dos casos, de quatro a dez mesociclos, cada um focando aspectos diferenciados do treino, promovendo uma relação diferente entre esforço e recuperação, entre trabalho geral e trabalho especial/específico, entre os vários fatores de treino considerados, o que faz com que surjam também, muito frequentemente, com durações variadas. Mesociclo de treinamento O mesociclo constitui geralmente um período de duas a sete semanas (microciclos) em que se processa a organização e a sucessão ótimas de microciclos de características diferenciadas. Uma das funções fundamentais do mesociclo é a de fornecer um caráter contínuo de progressão de cargas (ver quadro 6.3). Segundo Rowbottom (2000), os mesociclos são projetados para ser blocos discretos de treinamento, cada um incorporando um período intensivo e, igualmente, um período reduzido de recuperação e regeneração, por isso seria indicada a realização de avaliações após cada mesociclo de forma a controlar as respostas crônicas promovidas pelo treinamento (MONTEIRO; LOPES, 2009). Recomenda-se também que um atleta comece um novo mesociclo totalmente ou parcialmente recuperado para que possa suportar as novas cargas do próximo mesociclo. Para isso é importante um microciclo de recuperação ou manutenção ao final de um mesociclo do período de preparação (ROWBOTTOM, 2000). MESES JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO PERÍODO PREPARAÇÃO COMPETIÇÃO TRANSIÇÃO MESOCICLO 1 2 3 4 5 Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..3: Macrociclo de treinamento com seus períodos de preparação, competição e transição e os mesociclos inseridos. Os mesociclos são assim duplamente demarcados no seu aparecimento ao longo do macrociclo: por meio da existência de competições com suficiente relevância, e pela definição de objetivos de cada etapa, sejam estes de preparaçãoou de competição (MONTEIRO; LOPES, 2009). Microciclos de treinamento O microciclo é a estrutura que organiza e assegura a coerência das cargas ao longo de uma sequência determinada de sessões de treino. Possui geralmente de três a 14 sessões, podendo ter duração de cinco a 14 dias, embora normalmente corresponda a uma semana de preparação. No microciclo, devem estar bem identificados os objetivos da preparação num determinado momento. Por isso deve-se estabelecer o grau de importância da cada capacidade biomotora dentro do microciclo, em que deve constar a ênfase adaptativa a ser atribuída para cada capacidade. Sugerimos que essas ênfases podem ser divididas na seguinte maneira: Alta ênfase adaptativa para a capacidade: +++ Média ênfase adaptativa para a capacidade: ++ Manutenção ou baixa ênfase adaptativa para a capacidade: + O grau de importância da capacidade se dará por meio do número de vezes que esta será treinada no microciclo. Por exemplo, se eu realizo o treinamento de resistência de força hipertrófica somente uma vez na semana, isto significa que o grau de importância para esta manifestação naquele momento é baixo. Porém, quando realizo um treinamento de força máxima três a quatro vezes na semana, isso automaticamente implica em um alto grau de importância para essa capacidade (ver quadro 6.4). MESES OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO PERÍODO PREPARAÇÃO COMPETIÇÃO MESOCICLO INICIAL DESENVOLV. DESENVOLV. MICROCICLOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 CAPACIDADES ÊNFASE ADAPTATIVA RESISTÊNCIA AERÓBIA +++ +++ +++ ++ ++ ++ ++ + + + + + RESISTÊNCIA ANAERÓBIA + + + ++ ++ ++ ++ +++ +++ +++ +++ +++ FORÇA MÁXIMA + + + + ++ ++ ++ ++ +++ +++ +++ +++ RESISTÊNCIA DE FORÇA + + + ++ ++ ++ ++ +++ +++ +++ +++ +++ FLEXIBILIDADE +++ +++ +++ ++ ++ ++ ++ + + + + + Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..4: Exemplo de macrociclo de treinamento com seus períodos de preparação, competição e transição; mesociclos e microciclos com suas respectivas ênfases adaptativas a cada capacidade biomotora. Pouca importância adaptativa (+); média importância adaptativa (++); muita importância adaptativa (+++). Microciclos lineares O modelo linear de treinamento é caracterizado por um alto volume e uma baixa intensidade de treinamento na fase inicial de preparação, mas com a progressão das cargas de treinamento, o volume gradualmente diminui, enquanto que a intensidade aumenta de forma a caminhar para uma ênfase em adaptações para a força máxima, potência, ou ambas as manifestações. Tipicamente, cada fase de treinamento é designada a enfatizar uma adaptação em particular. Veremos a seguir exemplos de progressão de cargas segundo esse modelo, para os treinamentos de força, de potência, de velocidade e de resistência. Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..4: Ilustração de uma progressão de cargas no treinamento de força com o objetivo de incremento gradativo no recrutamento de unidades motoras (UMs), transição de predomínio glicolítico para fosfagênio e diminuição na incidência e magnitude de MTA, caminhado para uma progressão de cargas para o desenvolvimento da força máxima ou potência, com uma maior ênfase neural. Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento ao longo de 10 microciclos (ver quadro 6.5). A progressão tem como objetivo um incremento gradativo no recrutamento de UMs, transição de predomínio glicolítico para fosfagênio e diminuição na incidência e magnitude de MTA, caminhado para uma progressão de cargas para o desenvolvimento da força máxima ou potência, com uma maior ênfase neural. CE: concêntrica e excêntrica. C: somente ação concêntrica. ER: ação excêntrica realizada com velocidade rápida. EM: ação excêntrica realizada com velocidade moderada. EL: ação excêntrica realizada com velocidade lenta. 4° e 8° microciclos com caráter regenerativo. MICROCICLOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 NÚMERO DE SÉRIES 3 a 4 3 a 4 3 a 4 - 3 a 4 3 a 4 3 a 4 - 3 a 4 3 a 4 ÊNFASE ADAPTATIVA: MUSCULAR NEURAL INTENSIDADE (RUM) MÉDIO A ALTO ALTÍSSIMO INCIDÊNCIA DE MTA: MÉDIO A ALTO BAIXO PREDOMÍNIO METABÓLICO: GLICOLÍTICO FOSFAGÊNIO DENSIDADE (PAUSAS) CURTAS LONGAS VOLUME (TRABALHO MECÂNICO) MÉDIO A ALTO BAIXO VELOCIDADE DE EXECUÇÃO NA AÇÃO EXCÊNTRICA MÉDIA A ALTA BAIXA ZONAS DE RM 10 a 12 10 a 12 8 a 10 - 6 a 8 6 a 8 4 a 6 - 2 a 4 2 a 4 PAUSAS (MINUTOS) 1´ 1´ 1’ - 1’ 30’’ 1’ 30’’ 2’ - 2´30’’ 2´30’’ AÇÕES MUSCULARES CE CE CE - CE CE CE - C C VELOCIDADE DE EXECUÇÃO ER ER ER - ER EM EL - Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..5: Manipulação das variáveis do treinamento ao longo de 10 microciclos. Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de resistência ao longo de 10 microciclos (ver quadros 6.6 e 6.7). A progressão tem como objetivo um incremento gradativo no recrutamento de UMs e uma transição do predomínio oxidativo durante os treinamentos para o glicolítico. Primeiros cinco microciclos utilizando o método contínuo e os últimos cinco utilizando o método intervalado. 4° e 8° microciclos com caráter regenerativo. MICROCICLO S 1 2 3 4 5 INTENSIDAD E 90% da Velocidade do LV Idem Micro 1 Na velocidade do LV - 10% acima da Velocidade do LV VOLUME (minutos) 30 35 35 - 40 Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..6: Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de resistência ao longo de 10 microciclos. MICROCICLOS 6 7 8 9 10 NÚMERO DE TIROS 15 15 - 20 20 INTENSIDADE DOS TIROS Na Velocidade do PCR Idem Micro 6 - Idem Micro 8 20% acima da Velocidade do PCR VOLUME (tempo do tiro em minutos) 2 3 - 3 3 TIPO DE PAUSA Ativa Ativa - Ativa Passiva TEMPO DE PAUSA (minutos) 1 1 - 2 2 INTENSIDADE DA PAUSA ATIVA 80% da Velocidade do LV Idem Micro 6 - Idem Micro 8 - VOLUME TOTAL DO TREINO (tempo dos tiros + pausas) 44 59 - 99 99 Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..7: Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de resistência ao longo de 10 microciclos. Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de velocidade ao longo de 10 microciclos (ver quadros 6.8 e 6.9). A progressão tem como objetivo um incremento gradativo no recrutamento de UMs e uma maior ênfase na velocidade e frequência de propagação dos potencias de ação. 4° e 8° microciclos com caráter regenerativo. MICROCICLOS 1 2 3 4 5 NÚMERO DE TIROS PROGRAMADOS 10 a 12 tiros ou até perda da performance* 12 a 14 tiros ou até perda da performanc e* 12 a 14 tiros ou até perda da performance* - 14 a 16 tiros ou até perda da performance* INTENSIDADE DOS TIROS 95% da velocidade máxima Idem Micro 6 Velocidade máxima - Velocidade máxima DISTÂNCIA DOS TIROS (metros) 30 30 30 50 TEMPO DE PAUSA (minutos) 3 a 5 minutos 3 a 5 minutos 3 a 5 minutos - 3 a 5 minutos Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..8: Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de velocidade ao longo de 10 microciclos. MICROCICLOS 6 7 8 9 10 NÚMERO DE TIROS PROGRAMADOS 14 a 16 tiros ou até perda da performance* 16 a 18tiros ou até perda da performanc e* - 16 a 18 tiros ou até perda da performance* 18 a 12 tiros ou até perda da performance INTENSIDADE DOS TIROS Velocidade máxima Idem Micro 6 - Velocidade máxima Velocidade máxima DISTÂNCIA DOS TIROS (metros) 50 50 - 70 70 TEMPO DE PAUSA (minutos) 3 a 5 minutos 3 a 5 minutos - 5 a 10 minutos 5 10 minutos Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..9: Exemplo de manipulação das variáveis do treinamento de velocidade ao longo de 10 microciclos. Periodização ondulatória (não linear) Em 1988, Poliquin teorizou que alterações mais frequentes nas variáveis do treinamento, dentro dos próprios microciclos, ajudariam nos ganhos de força. Este programa promoveu ganhos similares aos obtidos em programas tradicionais de força, sendo chamado de treinamento ondulatório. Há pouco tempo, o conceito de programas ondulatórios, ou não lineares, tem sido aplicado para manter a variação no estímulo do treinamento sem contê-lo em uma fase restrita do treinamento (KRAEMER et al., 2002; KRAEMER et al., 2004; KRAEMER; RATAMESS, 2004). Este tipo de treinamento se mostra bem eficaz em situações em que o calendário ou a demanda da competição ao longo de um período são limitantes da capacidade de variar o programa de forma linear e sequencial (KRAEMER et al., 2002; KRAEMER et al., 2004; KRAEMER; RATAMESS, 2004). O modelo não linear de força baseia-se na variação de intensidade e de volume no mesmo microciclo, ou seja, o atleta treina as diferentes manifestações de força em um microciclo de sete, 10 ou até 14 dias. Podemos sugerir que um mesociclo de treino será completado quando atingido um determinado número de sessões de treinamento, ao invés da utilização de um número fixo de semanas de treinamento. O quadro 6.10 abaixo apresenta um exemplo de distribuição de treinamentos ao longo de um microciclo com característica de cargas ondulatórias comparado a um de cargas lineares utilizados no estudo de Rhea (RHEA et al., 2002). Microciclos 1 a 4 Microciclos 5 a 8 Microciclos 9 a 12 Grupo linear 3 séries de 8RM 3 séries de 6RM 3 séries de 4RM Dia 1 Dia 2 Dia 3 Grupo ondulatório 3 séries de 8RM 3 séries de 6RM 3 séries de 4RM Quadro Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..10: Exemplo de distribuição de treinamentos ao longo de um microciclo com característica de cargas ondulatórias adaptado de Rhea (RHEA et al., 2002). Treinamento concorrente: Força X Resistência Em muitos esportes com característica de esforços intermitentes (esforços de alta intensidade intercalados por pausas de baixa intensidade), combinações de força e de resistência são frequentemente requisitadas no desempenho, mas em algumas situações quando os dois treinamentos são realizados de forma simultânea, uma potencial interferência no desenvolvimento da força toma lugar, fazendo com que tal combinação torne-se muitas vezes incompatível quando as ações motoras determinantes na modalidade requerem adaptações relacionadas aos estímulos de força. Tal fenômeno é atualmente muito estudado e é denominado pela literatura de treinamento concorrente. O fenômeno do treinamento concorrente foi descrito pela primeira vez em 1980, no trabalho conduzido pelo pesquisador Robert C. Hickson (HICKSON, 1980). Como consequência, o treinamento para essas modalidades irá obviamente encontrar alguns problemas logísticos e provavelmente algumas possíveis limitações durante o curso de desenvolvimento dessas capacidades biomotoras, em vista das adaptações divergentes induzidas pelos treinamentos de força e de resistência, e as limitações observadas quando ambas as formas de exercício são realizadas simultaneamente. Um modelo hipotético de um continnum força-resistência pode ser ilustrado para observarmos melhor essa combinação na participação da força e da resistência nas mais diversas modalidades (ver figura 6.5). O continnum força-resistência é uma ilustração-modelo dentro de um contexto da performance esportiva em relação ao volume, à intensidade, ao metabolismo energético, e consequentemente, às capacidades biomotoras exigidas em diferentes modalidades esportivas. Observamos com a ilustração que o treinamento nas modalidades que se encontram nos extremos, tanto de intensidade como de volume (como o levantamento olímpico e a maratona), parecem ser relativamente simples de serem caracterizados, entretanto um cenário muito mais complexo emerge nas modalidades que requerem combinações tanto de força como de resistência e uma mistura de substratos energéticos e, consequentemente, de metabolismos envolvidos na ressíntese de ATP. Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..5: O continnum força-resistência: uma ilustração-modelo dentro do contexto da performance esportiva caracterizando as modalidades em relação ao volume, à intensidade e ao metabolismo energético requisitado para ressíntese de ATP. Mecanismos responsáveis pela interferência na força durante o treinamento concorrente Diversos mecanismos têm sido identificados e propostos como principais responsáveis ou colaboradores pelas limitações nas adaptações do músculo esquelético no desenvolvimento da força durante o treinamento concorrente. ST RE NG TH EN DU RA NC E 10” 5´ >2H MARATONA LEVANTAMENTO DE PESO ANAERÓBIO ALÁTICO ANAERÓBIO LÁTICO AERÓBIO BASQUETEBOL ?? ? ? FUTEBOL ?? ? ? Esses incluem componentes de ordem neural, disponibilidade de substratos energéticos, interconversão entre as isoformas de miosina de cadeia pesada (MHC), e alterações na síntese proteica (LEVERITT et al., 2003). Fatores neurais Dudley e Djamil (DUDLEY; DJAMIL, 1985) discutiram a possibilidade de que fatores neurais e o recrutamento de UMs poderiam ter uma participação significante na restrição do desenvolvimento da força com o treinamento concorrente, entretanto, nenhum fator específico foi isolado para suportar esse mecanismo. Hakkinen (HAKKINEN et al., 2003) postulou em seu estudo que o treinamento concorrente pode causar efeitos nos componentes neurais devido ao fato de que esse modo de estímulo pode atenuar o desenvolvimento da potência por meio de uma limitação na ativação neural voluntária. Baixo conteúdo de glicogênio Sucessivas sessões de estímulos de força ou de resistência podem induzir cronicamente a níveis relativamente baixos de glicogênio muscular, prejudicando o desempenho subsequente. Treinamentos de resistência e de força, realizados por dias consecutivos, podem reduzir os níveis basais de glicogênio muscular. Uma possível implicação para os níveis baixos desse substrato energético nas adaptações musculares no treinamento concorrente é elucidada pelos achados de Creer (CREER et al., 2005), que recentemente reportaram que essa situação acabaria prejudicando as respostas de sinalização intracelulares frente a uma sessão aguda de treinamento de força. Dessa forma, o desenrolar de programas de treinamento caracterizados por mais de uma sessão de treinamento por dia podem prejudicar ainda mais essas vias de sinalização, a recuperação tecidual e o desempenho durante a execução das sessões subsequentes e reduzir ainda mais as adaptações ao treinamento de força caso os estoques de glicogênio não sejam repostos. Interconversão entre as isoformas de miosina de cadeia pesada (MHC) Interconversões entre as isoformas MHC também têm sido consideradas como possível mecanismo do treinamentoassociado à inibição do desenvolvimento da força. A hipertrofia muscular ocorre com magnitudes maiores nas fibras de contração rápida do que nas de contração lenta (STARON et al., 1990), e devido a isso, estímulos de treinamento de resistência têm sido creditados como estímulos responsáveis pela redução da velocidade máxima de encurtamento das fibras do tipo II, sugerindo que uma relativa redução na área das fibras do tipo II poderia ser um dos principais fatores limitantes do desenvolvimento da força durante o treinamento concorrente. Sinalizações intracelulares durante os treinamentos de força e de resistência Uma simples sessão de treinamento de força resulta em um incremento na atividade de enzimas citosólicas como a PI3k, PKB, mTOR, e a proteína ribossomal S6 quinase 1 (S6K1). A ativação de tais vias de sinalização modula a síntese proteica tanto em animais como em humanos. A ativação da PI3k leva a um incremento nas atividades da PKB e mTOR e subsequente inibição (fosforilação) da proteína 4E-BP1, o que em suma também leva a uma inibição da translação do RNAm cap-dependent, e subsequentemente, da síntese proteica via sequestro do fator de iniciação eucariótico 4E (eIF4E), sendo que um incremento da atividade do eIF4E resultará em aumento da razão de síntese proteica (ver figura 6.6). Por outro lado, o treinamento de resistência está associado com mecanismos sinalizadores relacionados a adaptações metabólicas, tais como a ativação da via de sinalização da proteína AMPquinase (AMPK). Uma das principais funções da AMPK parece estar relacionada à manutenção da homeostase energética, pois sua atividade é modulada principalmente pelas mudanças nos níveis de fosfatos energéticos e pelo decréscimo da carga energética na célula muscular, dada pelo incremento da razão ADP/ATP, AMP, depleção de PCR e queda do glicogênio muscular. Tais flutuações na regulação metabólica que ocorrem durante o exercício podem também mudar a expressão gênica e o conteúdo de substratos via sinalizações promovidas pela AMPK (ver figura 6.7). Interessantemente, recentes estudos têm mostrado atividades antagonistas entre as sinalizações anabólicas induzidas pela via PI3k/mTOR/PKB/S6kl/4E-BPI e a modulação energética sinalizada pela AMPK. Mais precisamente, a ativação da via de sinalizações da AMPK reduz a síntese proteica por meio da inibição da sinalização da mTOR, via ativação do complexo TSC, associada também com uma reduzida inibição das proteínas ligantes ao eIF4E (4EBP1) e uma redução no eIF4E associado ao eIF4G. Como mencionado previamente, um estímulo potente no incremento da atividade da AMPK é a razão ATP/ADP. Esse mecanismo pode nos ajudar a explicar observações prévias que demonstraram que os estímulos que resultavam em decréscimos na razão ATP/ADP eram correlacionados com uma queda nas razões de síntese proteica. Esses achados indicaram que o decréscimo na síntese proteica comumente visto durante exercícios de resistência poderia ser em parte mediado pelo incremento da atividade da AMPK e por concomitantes decréscimos nas respostas anabólicas reguladas pelas sinalizações da mTOR (ver figura 6.6). Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..6: Resumo das vias de sinalização de síntese de proteínas relacionadas às adaptações ao treinamento de força. Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..7: Resumo das vias de sinalização de síntese de proteínas relacionadas às adaptações ao treinamento de resistência. mTOR PI3K PKB IGF-1; INSULINA SÍNTESE PROTÉICA IRS p70S6K 4E-BP1 DNA MGF LEUCINA ? AMPK ENDURANCE DNA Ca++ATP/ADP AMP RESUMO E FUTURAS DIREÇÕES DAS PESQUISAS Embora hipotético, é razoável assumir que a ativação da AMPK e a inibição do Eef2 pelos exercícios de resistência irão interferir nas respostas aos exercícios de força por afetar a síntese de proteínas estruturais. As consequências óbvias de tal antagonismo serão um impacto negativo nas adaptações crônicas ao treinamento de força. Entretanto, esse pode ser apenas um dos mecanismos responsáveis pelo efeito observado no treinamento concorrente no desenvolvimento da força (Figura 6.8). Resumidamente, quando treinamentos de força e de resistência são realizados simultaneamente, uma potencial interferência na força pode ser observada. Tal interferência pode ser ocasionada por alterações na síntese de proteínas induzidas pelo treinamento de resistência ou por outros fatores que ainda permanecem desconhecidos. Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..8: Modelo de vias de sinalização intracelular que mediam as adaptações do músculo esquelético ao exercício. Adaptado de Nader (NADER, 2006). COMBINAÇÕES DE DIFERENTES CAPACIDADES BIOMOTORAS NUMA MESMA SESSÃO DE TREINAMENTO Quando nos encontramos no processo de elaboração de uma sessão de treinamento, um dos primeiros aspectos a que sempre devemos no ater seria: Quais capacidades motoras deverão ser enfatizadas nessa sessão? Enxergamos que essa prioridade por determinadas capacidades deve ocorrer, pois a formatação da maioria dos calendários esportivos atuais não possibilita aos técnicos e mTOR AMPK FORÇA ENDURANCE PI3-K PKB DNA Ca++ATP/ADP X X AMP preparadores físicos tempo hábil e adequado para se trabalhar cada capacidade em dias distintos, ocasionando o fato de diversas capacidades terem que ser desenvolvidas numa mesma sessão. Neste momento, grandes dúvidas surgem na elaboração da sessão de treino em questão. Entre elas podemos destacar: Qual seria a melhor forma de ordenar os estímulos de treinamento na sessão? Existiria alguma interferência no desenvolvimento de uma capacidade quando estimulada em conjunto com outra? Alguma adaptação seria atenuada? A partir dessas questões extremamente polêmicas sugerimos alternativas para melhor elaborarmos essas sessões “concorrentes” (concorrentes pelas adaptações), com a finalidade de tentarmos anular, ou então atenuar as concorrências entre sinalizações adaptativas promovidas pelo treinamento de diversas capacidades na mesma sessão. Treinamento de força máxima, velocidade ou potência + resistência Muitos esportes com característica de esforços intermitentes (esforços de alta intensidade intercalados por pausas de baixa intensidade) exigem combinações de força e resistência frequentemente requisitadas no desempenho, entretanto, quando os dois treinamentos são realizados de forma simultânea, uma potencial interferência no desenvolvimento da força toma lugar, fazendo com que tal combinação torne-se muitas vezes incompatível. Uma explicação plausível para a interferência na força vem dos estudos das vias de sinalização intracelular que se mostram antagonistas em seus respectivos mecanismos de síntese proteica. Quando treinamos a força máxima, a potência, a resistência de força hipertrófica ou a resistência de força, e logo em seguida damos estímulos de resistência (resistência aeróbia), a ativação da mTOR (cuja atividade é estimulada pelo treinamento de força) será inibida ou atenuada pela ativação da AMPK (cuja atividade é estimulada pelo treinamento de resistência), pois a ativação da AMPK pelo exercício de resistência pode inibir a via de sinalização de síntese de proteínas relacionadas ao desenvolvimento da força (NADER, 2006). Treinamento de força máxima + velocidade, ou potência. Ao treinarmos na mesma sessão força máxima e velocidade (ou) potência, não teremos concorrência entreestas capacidades, pois as adaptações metabólicas e estruturais seguem o mesmo caminho – o treinamento de força máxima e velocidade ativa a mTOR, contribuindo para uma maior síntese de proteínas estruturais, ou seja, ambos os treinos caracterizam-se por alta intensidade, baixa incidência de microtraumas, predomínio metabólico anaeróbio alático e baixa depleção de fosfocreatina, que é o principal substrato energético em ambos os treinamentos. Deve-se apenas tomar cuidado com o volume e as pausas no treinamento da força máxima para não gerarmos fadiga neural e metabólica antes dos estímulos de velocidade. Treinamento de força máxima + resistência de força (com ênfase hipertrófica) Quando for realizado o treino de força máxima e resistência de força com ênfase na hipertrofia na mesma sessão, a força máxima será prejudicada, pois neste treino prioriza-se a baixa incidência de microtraumas, a recuperação de substratos energéticos e o trabalho mecânico baixo. Já no treino de resistência de força hipertrófica, os efeitos metabólicos são distintos, pois o estímulo prioriza uma alta incidência de microtraumas, baixa ressíntese de substrato energético (PCR), e trabalho mecânico alto. Ainda não devemos esquecer que a principal adaptação ao treino de força máxima é neural, sendo que ao treinamento com ênfase em resistência e hipertrofia é tanto neural como também muscular, ou seja, neuromuscular. Treinamento de força máxima + resistência de força O treinamento de resistência de força atenua o potencial de utilização da força máxima, pois como no treino de resistência de força hipertrófica o trabalho mecânico é alto, há uma grande incidência de microtraumas, e ressíntese incompleta de substratos energéticos (PCR). Já no treino de força máxima, a ênfase adaptativa é neural e para tanto exige baixa incidência de microtraumas. Treinamento de resistência de força hipertrófica + resistência de força No treinamento simultâneo de resistência de força e resistência de força hipertrófica não há concorrência, pois ambos possuem características metabólicas semelhantes, tais como: alta incidência de microtraumas, trabalho mecânico alto e baixa ressíntese de substratos energéticos durante a sessão de treino. No quadro abaixo (quadro 6.11) podemos verificar exemplos de diversas combinações de treinamento de capacidades motoras numa mesma sessão, e quais delas sairiam prejudicadas na concorrência entre as sinalizações adaptativas. Capacidades conjugadas Capacidades prejudicadas Força máxima + resistência Força máxima Resistência de força (hipertrófica) + Resistência Resistência de força hipertrófica Resistência de força + resistência Resistência de força Potência + resistência Potência Velocidade + resistência Velocidade Força máxima + velocidade Se o volume e a pausa forem adequados, não haverá prejuízo Força máxima + Resistência de força hipertrófica Se o objetivo for força máxima, esta capacidade será prejudicada Resistência de força + Força máxima Se o objetivo for força máxima, esta capacidade será prejudicada Força máxima + Potência Não há concorrência Resistência de força hipertrófica + Potência Se o objetivo for potência, esta capacidade será prejudicada Resistência de força hipertrófica + Velocidade Se o objetivo for velocidade, esta capacidade será prejudicada Resistência de força hipertrófica + Resistência de Força Não há concorrência Resistência de força + Potência Se o objetivo for potência, esta capacidade será prejudicada Quadro 6.11: Combinações de diferentes capacidades motoras na mesma sessão de treinamento. A REDUÇÃO DAS CARGAS DE TREINAMENTO NO PERÍODO PRÉ-COMPETITIVO A redução progressiva das cargas de treino durante a fase pré-competitiva da periodização é uma estratégia de treinamento frequentemente utilizada por técnicos, preparadores físicos e atletas de diversas modalidades esportivas. Pesquisadores de ciências do esporte e do exercício estão totalmente cientes do potencial incremento no desempenho proporcionado por um período regenerativo bem elaborado. Essa consciência provém tanto de experimentações empíricas, adotadas por atletas de alto rendimento, como também de experimentos mais bem elaborados e controlados, realizados por diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo (MUJIKA, et al., 2004). Tal redução das cargas de treinamento (especificamente do volume de treino e não da intensidade deste) é chamada na literatura do treinamento esportivo de taper. O termo refere-se a treinamento reduzido, período regenerativo, ou como é particularmente chamado na natação: polimento (MUJIKA et al., 1995; MUJIKA et al., 1996; MUJIKA et al., 1996; MUJIKA et al., 1996; MUJIKA et al., 1996; MUJIKA, 1998; MUJIKA et al., 1998; MUJIKA et al., 2000; MUJIKA; PADILHA, 2000; MUJIKA; PADILHA, 2001; MUJIKA et al., 2002; MUJIKA et al., 2002; MUJIKA; PADILHA, 2003; MUJIKA et al., 2004). A fundamentação biológica do taper é a recuperação fisiológica e psicológica, frente ao acúmulo do stress proporcionado pela somatória de sessões de treinamento de alta intensidade, sendo o objetivo deste maximizar o desempenho durante as competições, por meio do incremento das capacidades biomotoras determinantes da modalidade em questão. Analisando esse quadro, verificamos que a regeneração tecidual seria um evento fundamental no período pré-competitivo e, portanto, a principal fundamentação da adoção do taper na elaboração da periodização. Todavia, mesmo com toda essa fundamentação, ainda nos deparamos com diversas dúvidas que com certeza são maiores entre técnicos, atletas e preparadores físicos em relação ao taper: Qual o tempo ideal para o período regenerativo? Cinco dias? Sete dias? Uma semana? Duas semanas? Quanto se deve reduzir do volume de treinamento para se observar um incremento no desempenho? Obviamente não conhecemos uma verdade absoluta para essas questões, pois todo período regenerativo será dependente dos estímulos de treinamento que o precederam. A literatura nos traz informações de que cada protocolo de treinamento leva a distintas magnitudes de MTA e que isso obviamente irá influenciar diretamente na duração do período pré-competitivo, bem como na redução do volume deste. Para podermos fundamentar o tempo do período regenerativo, temos que estudar melhor quais os fatores responsáveis pelo mecanismo de regeneração do tecido muscular frente à incidência dos MTA. Parte desse potencial regenerativo é atualmente atribuído a uma população de células residentes no músculo esquelético adulto, denominadas células-satélite (CS) ou células- tronco do tecido muscular (HAWKE, 2005). Por isso, analisaremos com mais detalhes a participação dessas células no processo de regeneração tecidual, e o consequente incremento das capacidades biomotoras, durante o período regenerativo proporcionado pelo taper. Taper, regeneração tecidual e o incremento na força e potência musculares Associando a regeneração tecidual com o ciclo de vida celular das CS, vimos que podemos ter as fases de ativação, proliferação, diferenciação e como alguns estudos colocam, também a completa maturação da fibra (SHI; GARY, 2006), sendo que o tempo necessário para que cada um desses estágios seja consolidado também é muito estudado na literatura. Shi e colaboradores (SHI; GARY, 2006) propuseram um modelo, por meio do qual podemos visualizar o tempo que cada um desses estágios ocorre de forma a auxiliar no processo de reparo do aparato contrátil da fibra. Segundo o modelo, a ativação das CS ocorreria num período de cercade 2 horas pós a incidência do trauma tecidual induzido pela atividade contrátil severa do treinamento. A proliferação teria picos cerca de dois a três dias pós-trauma; a diferenciação (caracterizada pela formação de fibras com núcleo centralizado), cerca de cinco a dez dias pós; e a maturação completa, cerca de 14 dias pós (ver figura 6.9). Figura Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..9: Estágios de regeneração tecidual segundo o ciclo de vida das células satélites. Ativação – início cerca de duas horas após a ocorrência do dano muscular. Proliferação – picos ocorrendo cerca de dois a três dias após a incidência do dano muscular. Diferenciação – cerca de cinco a dez horas após a incidência do dano muscular. Adaptado de Shi (SHI; GARY, 2006). Ao analisarmos agora o tempo necessário para que esses estágios de regeneração tecidual ocorram, e comparando-os com os dados que a literatura nos traz sobre o incremento de capacidades biomotoras e a duração do taper, nos deparamos com um fato extremamente interessante. A tabela 6.3, abaixo, adaptada do estudo de Mujika et al (MUJIKA et al., 2004), nos mostra diversos estudos que analisaram por meio de mensurações da performance competitiva, o incremento da força e potência musculares em nadadores, corredores de velocidade e ciclistas, juntamente com o tempo destinado ao taper. ATIVAÇÃO 0 1 2 5 7 10 14 PROLIFERAÇÃO DIFERENCIAÇÃO MATURAÇÃO HORAS PÓS TREINO DIAS PÓS TREINO Estudo (ano) Atletas Duração do taper (dias) Força e potência Mensuração da performance Resultado na performance (%) COSTILL et al. (1985) Nadadores 14 ↑ Competição de 46– 1509m 2.2–4.6 Incr CAVANAUGH et al. (1989) Nadadores 28 ↑ Competição de 46– 1509m 2.0–3.8 Incr PRINS et al. (1991) Nadadores 28 ↔ NR NR JOHNS et al. (1992) Nadadores 10 a 14 ↑ Competição de 46– 366m 2.0–3.7 Incr SHEPLEY et al. (1992) Corredores 7 ↑ Tempo de exaustão na esteira 6–22 Incr GIBALA et al. (1994) Treinados em força 10 ↑ Força dos flexores do cotovelo ≈7 Incr HOUMARD et al. (1994) Corredores 7 ↔ Tempo do teste de 5km na esteira 2.8 Incr MARTIN et al. (1994) Ciclistas 14 ↑ Teste máximo incremental 8.0 Incr RAGLIN et al. (1996) Nadadores 28 a 35 ↑ Competição 2.0 Incr HOOPER et al. (1998) Nadadores 14 ↑ Tempo dos 100m, 400m ↔ HOOPER et al. (1999) Nadadores 14 ↔ Tempo dos 100m ↔ TRAPPE et al. (2000) Nadadores 21 ↑ Competição 3.0–4.7 Incr Incr = incremento; NR = Não reportado; ↑ Indica incremento; ↔ Indica sem alterações Tabela Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..3: Estudos que analisaram o incremento da força e potência musculares de acordo com o tempo destinado ao taper. Adaptados de Mujika ( MUJIKA et al., 2004). Analisando a tabela 6.3, podemos notar que uma grande parte dos experimentos verificaram incrementos na performance quando utilizaram um período de regeneração de 14 dias, período em que coincidentemente também ocorre a completa maturação das fibras musculares regeneradas pelas células satélites. Assim, podemos inferir que a regeneração tecidual possui sim uma grande influência sobre o incremento das capacidades biomotoras, consolidando ainda mais a importância da adoção do taper como parte integrante da estruturação de uma periodização no processo de treinamento esportivo. Entretanto, como salientamos anteriormente, sabemos também que o período destinado ao taper é ainda totalmente dependente das cargas de treinamento utilizadas nos períodos anteriores, e também do histórico esportivo do atleta, pois o número de CS residentes no tecido pode variar também de acordo com o tempo de treinamento e a idade dos indivíduos (KADI et al,. 2005), constituindo assim fatores de extrema importância no que se diz respeito à velocidade com que a regeneração tecidual irá ocorrer. Por isso a literatura ainda não nos fornece uma resposta muito bem consolidada em relação ao tempo ideal para o taper, e nem quanto devemos reduzir do volume de treinamento. Sugerimos que mais estudos sejam realizados nessa área, conjugando os conhecimentos das áreas do treinamento esportivo com a biologia molecular. REFERÊNCIAS BOOTH, F. W.; BALDWIN, K. M. Muscle plasticity: energy demand and supply processes. Handbook of Physiology. 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A) Progressão de intensidade; B) Progressão de volume; C) Progressão de caráter metabólico; D) Progressão de todas as variáveis do treinamento. 2) Entendemos como níveis de organização do sistema de preparação de atletas: A) Sessão de treino, microciclo, mesociclo e macrociclo; B) Macrociclo e microciclo; C) mesociclo e macrociclo; D) Sessão de treino e microciclo. 3) Qual das alternativas apresenta uma característica do período preparatório geral? A) A intensidade do treino parece ser o fator mais importante para a manutenção do rendimento. B) A preparação física está inserida no trabalho técnico-tático e apresenta-se com caráter de manutenção do nível de treino geral adquirido. C) Contribui para a recuperação completa do potencial de adaptação do organismo e serve como elo entre os macrociclos. D) Há grande ênfase adaptativa nas capacidades determinantes. 4) São diferenças entre a concepção clássica e a contemporânea de periodização do treinamento: A) Concepção clássica – cargas distribuídas; concepção contemporânea – cargas concentradas; B) Concepção clássica – volume moderado e contínuo da aplicação de estímulos; concepção contemporânea – grande volume concentrado de estímulos de preparação especial; C) Concepção clássica – concorrências de adaptações entre capacidades; concepção contemporânea – não há concorrências pelas adaptações entre capacidades distintas; D) Todas as anteriores. 5) São capacidades que não concorrem entre si na sinalização adaptativa: A) Força máxima e potência; B) Força máxima e resistência aeróbia; C) Velocidade e resistência de força; D) Resistência de força e potência. RESPOSTAS 1 – D 2 – A 3 – D 4 – D 5 – A
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