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Aula 1: Princípios da física do laser e interação com os tecidos biológicos Laser: é um tipo de luz/radiação com características diferentes, que causam efeitos diferentes nos tecidos. Como funciona? Fóton: é a partícula da luz, um pacote de energia, que percorrem o espaço na forma de ondas, que se diferenciam pelo seu comprimento de onda (lâmbda) e a amplitude. Emissão espontânea: Um elétron em seu estado fundamental orbitando o núcleo recebe uma energia externa (fóton), ele absorve esse fóton, fica mais energético e passa por uma camada externa de maior energia (estado excitado). Como esse estado excitado não é natural para o elétron, ele tende a voltar para a camada menos energética, nessa volta é emitido um fóton, esse é o processo de emissão espontânea, que acontece o tempo todo na natureza. Emissão estimulada: é o que acontece no laser. Elétron já está no seu estado estimulado e antes que ele volte naturalmente para seu estado de menor energia, recebe um segundo fóton, que não é absorvido, mas faz com que ele volte para seu estado natural. A energia que já estava no elétron é emitida e a segunda energia continua sendo propagada, porque não foi absorvida. Ou seja, um elétron acaba gerando 2 outros fótons, que ao estimular outros dois elétrons, acabam gerando 4 fótons, assim numa progressão. Convenção de uso: - Lâmbda (comprimento de onda): quanto maior o lambda, menor a energia associada. - Frequência (Hz) e elétron-volts (eV): medidas que usamos para medir ondas. Espectro eletromagnético: O espectro visível da luz é uma faixa bem pequena e possui as cores do arco-íris. Os comprimentos do espectro visível vai de 400nm a 700nm. A maioria dos lasers da odontologia ficam na faixa do espectro visível e do infravermelho próximo e distante. Portanto os lasers não possuem energia suficiente para causar mutações ou ações deletérias. Dentro de cada laser possui um elemento químico, ex: Hélio, Neônio, Argônio, Neodímio, Érbio, Arsênio, Alumínio,... Cada elemento químico vai produzir uma onda específica com diferentes utilidades. LASER: significa Light Amplification by stimulated emission of radiation, ou seja, tem uma amplificação do processo de emissão estimulada. O meio ativo (elemento químico) é energizado (ligando o laser na tomada), muitos elétrons ficam no estado excitado, com a fonte de bombeamento é, então, dada a segunda fonte de energia (quando clico no pedal ou no botão do laser) e acontece o processo de emissão estimulada. Essa cavidade com dois espelhos permite que a energia estimulada seja refletida e propagada para mais elétrons e a maior porção do meio ativo é assim atingida. O espelho semi-refletor permite que parte da energia atravesse o espelho em forma de feixe, que é o que utilizamos. Inversão da população: quando a maioria dos elétrons estão no estado excitado. Características da luz laser: - Monocromaticidade: cada laser vai emitir apenas um comprimento de onda. - Direcionalidade: todos os fótons emitidos estão indo na mesma direção. - Coerência espacial e temporal: estão todos os fótons na mesma fase, se tirássemos uma foto, todos os fótons estariam ou no pico ou no vale do comprimento de onda. Diferente do que acontece com a luz, que produz diferentes comprimentos de onda, emite em diferentes direções e cada um numa fase diferente. LED possui monocromaticidade, mas não possui direcionalidade e nem coerência. Laser é ionizante? Não! Para ser ionizante a energia precisa ser de, pelo menos, 10 eV. Na imagem estão os valores de energia de alguns lasers utilizados na clínica odontológica. Princípios básicos: ● Reflexão: não há nenhuma interação com o tecido, energia bate e volta. Pode até chegar a penetrar, mas acaba sendo revertida. Para evitar reflexão do laser: sempre coloque-o em contato, realizando uma leve pressão no tecido, e colocando, sempre que possível a 90º a radiação. ● Transmissão: energia passa pelo tecido e sai da estrutura. ● Espalhamento: energia penetra e se divide em diferentes direções. ● Absorção:quando o tecido consegue receber e estabelecer a energia, ocorrendo alterações biológicas no tecido. É o que queremos na irradiação com laser. Essa absorção ocorre através da interação do laser com os cromóforos (moléculas do tecido alvo responsáveis pela interação com a radiação LASER, que irão desencadear diversas reações celulares e teciduais) ex: hemoglobina, mioglobina, porfirinas, flavinas e citocromos mitocondriais. Laser vermelho: 400-660nm de comprimento de onda e são principalmente absorvidas por hemoglobina e melanina. Profundidade ação pequena de: 0,5 a 2,5mm de tecido, por isso são principalmente utilizados para pele e mucosa. Indicado para irradiação de afta, por exemplo. Laser infravermelho: 660-1500nm, tem uma profundidade de ação em tecidos, por volta de 8 a 10mm, e são principalmente absorvidos por água e hidroxiapatita. Ex: para irradiar nervo alveolar inferior, esse laser é mais recomendado, porque tem que atravessar osso, é mais profundo. Interação laser-tecido: vai depender de características do laser e do tecido. Laser: vai depender do comprimento de onda e protocolo de irradiação: potência, tempo de exposição, energia, exposição radiante, duração,... Tecido: vai depender do tipo de cromóforo presente, profundidade da estrutura, percentual de gordura, integridade tecidual, quantidade de melanina, coeficiente de espalhamento, coeficiente de absorção, condução térmica,... Melanina: laser vermelho tem grande afinidade por melanina, vai ser muito mais absorvido em uma pele com mais melanina. Ajustar o protocolo de acordo com o paciente. Queratina: pele com menos queratina possui menos barreiras físicas para o laser atravessar. Qualidade do tecido: mucosa com epitélio rompido é uma barreira mais fácil para o laser atravessar. Reações: Algumas reações que acontecem quando há irradiação: aumento de ATP, aumento de potencial de membrana, produção de enzimas, calor, reações adversas, aumento de nível de cálcio intracelular. Isso tudo vai estimular a proliferação celular, diferenciação celular, quimiotaxia e diversas reações que, em geral, vão gerar os efeitos que queremos. Laser de baixa potência x laser de alta potência: Os lasers de alta potência agem principalmente pelo aumento da temperatura. Em geral, os lasers de baixa potência são menores em tamanho. Isso não é regra, hoje existem lasers de alta potência no tamanho de uma caneta. Laser de baixa potência: o que mais utilizamos é o de diodo (formado por GaAlAs, GaAs ou GaInAs) e possui tanto no infravermelho, quanto no vermelho. Laser de alta potência: de neodímio, dióxido de carbono, diodo, argônio, érbio. A hemoglobina e melanina interagem com o laser de neodímio, já a hidroxiapatita tem uma baixa interação com o neodímio, mas possui picos de interação com laser de Érbio e CO2. Então se o objetivo é cortar tecido gengival, por exemplo, temos que pensar o que esse tecido é composto. A gengiva é ricamente composta por sangue (hemoglobina) e é pigmentado (melanina). Assim sabemos que devemos usar o laser de neodímio, porque possui mais cromóforos com interação com esse laser no tecido. Indicações de uso clínico: sempre associado a outro tratamento convencional (é um coadjuvante). Baixa potência: afta, desordens musculares de cabeça e pescoço, dor e DTM, Herpes ou herpes zoster, hipersensibilidade dentinária, trismo, mucosite oral, nevralgia do trigêmio, paralisia facial, parestesia, pericoronarite, PO, queilite angular. Pode ser usado em muitas áreas da odontologia, quando queremos ações de analgesia, biomodulatório (recrutar células, fechar uma ferida, diferenciar célula) e antiinflamatório. Em casos de parestesia: deve ser irradiar todo o trajeto do nervo pontualmente, para causar estimulação (bioestimular o nervo) a voltar sua ação. Alta potência: mais utilizado em cirurgias: incisão, redução microbiana (pelo calor), coagulação (cirurgia com menos sangue); mas também para remoção de tecido cariado, preparo cavitário, hipersensibilidade (consegue derreter a camadasuperficial e selar os túbulos dentinários), prevenção de cárie (derretimento dos prismas, diminuindo espaços interprismáticos, aumentando a ácido-resistência dos tecidos), aumento de coroa clínica, despigmentação melânica, tratamento de hemangioma. Para remoção de tecido cariado: laser em pulsos que remove o tecido cariado em camadas e deixa o tecido com aspecto de condicionamento ácido, favorecendo a adesão (em esmalte não é nem necessário o condicionamento ácido). Quando utiliza a broca, deixa uma camada de esfregaço (smear layer), no laser essa camada não existe. Parâmetros do laser: - Potência: está ligada ao número de fótons que está sendo emitido pela fonte. Em Watts. - Densidade da potência ou Intensidade: quantidade de potência por unidade de área que a fonte está emitindo (W / cm3). - Densidade de energia: É a energia (J) entregue no tecido por unidade de área (cm2). - Frequência: pulsos por segundo (Hz). - Área: em cm2. Não existem protocolos fechados e protocolos que funcionem para todos os pacientes. Tem que identificar características do tecido e dosar com as características do laser.
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