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Sexialidade Tema 3

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AULA 3 
SEXUALIDADE HUMANA 
Prof.ª Evelyse Iwai dos Reis Teluski 
 
 
2 
TEMA 1 – O INCONSCIENTE 
A contribuição dos estudos de Sigmund Freud foi decisiva para que hoje 
fosse reconhecida a existência da sexualidade infantil. Formado em neurologia, 
Freud dedicou-se a estudar a neurose e organizou uma teoria chamada 
psicanálise. Até a época de Freud, os tratados de sexologia do século XIX 
apontavam para os perigos da sexualidade, sendo a causadora de doenças 
nervosas, fazendo da sexualidade algo a ser combatido e difícil de ser inserida na 
vida como natural. 
A edição de 1905 dos Três ensaios sobre a sexualidade afirma com maior 
ênfase que a sexualidade nasce paralela a uma atividade vital. Souza (1997) 
retrata que a sexualidade nasce apoiada numa função biológica, e a característica 
dessa análise traz a noção fundamental de sexualidade para a psicanálise. 
Freud, que desmonta alguns conceitos e evoluciona o entendimento sobre 
a concepção biológica separada da subjetividade, distinguiu a normalidade de 
anormalidade, elucidando que tinha influências de ordem biológica, estatística, 
moral e social. 
As superfícies do corpo são encarregadas de uma função vital, das quais 
surge a sexualidade. 
Freud criou a teoria do funcionamento mental. Durante muito tempo, os 
problemas mentais eram tratados como doenças exclusivamente físicas. Alguns 
médicos, como o francês Jean Martin Charcot, usavam a hipnose para curar suas 
pacientes. Ocupando-se dos estudos sobre a paralisia surgidas depois dos 
traumas, Charcot descobriu que essas paralisias eram consequências de 
representações do psiquismo. 
Freud, não satisfeito com o método da hipnose, se dedicou ao estudo do 
inconsciente, por meio do método da livre associação. Fundou a psicanálise e 
defendeu a ideia de que os desequilíbrios emocionais eram consequência de um 
complexo aparelho psíquico, dinâmico de forças antagônicas. 
 As reflexões de Freud sobre o inconsciente em 1915 tiveram destaque 
dentro de sua teoria psicanalítica, juntamente com os temas sexualidade, 
psicoses, histeria, sonhos etc. Com efeito, possibilitou muitas curas método 
fundado por Freud. 
A psicanálise deu início ao entendimento das neuroses e formulou ideias 
revolucionárias sobre a mente e o inconsciente. Freud, considerado o pai da 
 
 
3 
psicanálise, revolucionou a medicina com seus conceitos sobre o significado dos 
sintomas. A descoberta predominante de Freud é a de que o sintoma nos 
possibilita compreender a doença. 
Criou o termo instâncias psíquicas, cujas funções estão interligadas entre 
si, representando estruturas na mente e chamou-as de aparelho para mostrar 
essa organização psíquica dividida em sistemas, cujas funções estão interligadas 
entre si, representando estruturas na mente. 
Volpi e Volpi (2003) mostram que a teoria de Freud passou por fases: 
inicialmente formulou a primeira tópica, conhecida como teoria topográfica, e 
posteriormente trouxe a segunda tópica, conhecida como teoria estrutural ou 
dinâmica. Propôs que o aparelho psíquico é constituído por investimentos 
energéticos em três sistemas: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. 
Segundo Sigmund Freud (1976), o pré-consciente está localizado entre o 
inconsciente e o consciente, as informações transitam do inconsciente para o 
consciente e vice-versa, e tem a possibilidade de tornar-se consciente de forma 
fácil. Volpi e Volpi (2003) destacam que as características do pré-consciente são: 
• Elabora sucessão cronológica das representações; 
• Preenchimento de lacunas entre ideias isoladas. 
O sistema inconsciente é a parte mais antiga do aparelho psíquico. Volpi e 
Volpi (2003) afirmam que o inconsciente, conhecido por meio de sua expressão 
do consciente, é considerado a matéria viva da vida psíquica, onde estariam os 
elementos instintivos não acessíveis à consciência. O material que foi excluído da 
consciência pelos processos psíquicos atua por meio do chamado processo 
primário englobando um conjunto de mecanismos de censura e repressão. Essa 
energia censurada não permite ser lembrada, mas não se perde, permanecendo 
no inconsciente. Segundo a teoria freudiana, a maior parte do aparelho psíquico 
é inconsciente. 
Volpi e Volpi (2003) retratam as regras de funcionamento do inconsciente: 
• Ausência de cronologia; 
• Ausência de contradição; 
• Predomínio do princípio do prazer; 
• Igualdade de valores para o mundo interno e externo. 
 
 
4 
O consciente é responsável pela percepção do mundo psíquico, inclui tudo 
de que estamos cientes e é um amortecedor das sensações, trazendo consciência 
atualizada e impressões do mundo interno e externo. 
No desenvolvimento do seu trabalho, a teoria do inconsciente permitiu o 
entendimento da formação de trauma do indivíduo. Na investigação da origem dos 
traumas, ele apresentou que o início dos conflitos está na repressão sexual sofrida 
pelos indivíduos na fase infantil. 
Característica do inconsciente: 
• Nunca foram conscientes; 
• Informações excluídas que não podem ser lembradas; 
• Lembranças traumáticas. 
TEMA 2 – CONCEITOS SOBRE A SEXUALIDADE 
Na teoria sexual de Freud, a organização da sexualidade de forma mais 
ampla tem a força da estruturação do próprio psiquismo. Com isso, Freud 
abandona o polo da biologia para aproximar-se de uma percepção cada vez mais 
psíquica da sexualidade. A obra Três ensaios sobre a sexualidade foi motivada 
pelas observações clínicas da importância de fatores sexuais na neurose de 
angústia e na neurastenia (Volpi; Volpi, 2003). 
Volpi e Volpi (2003) mostram que Sigmund Freud definiu alguns conceitos: 
• Pulsão: impulso energético interno que direciona o comportamento do 
indivíduo; 
• Objeto sexual: ação para qual a pulsão impele; 
• Zona erógena: partes do corpo que produz sensação prazerosa. 
2.1 Pulsão 
Freud, em 1916, trouxe o conceito de pulsão como energia situada na 
fronteira entre o mental e o somático, uma representação psíquica dos estímulos 
que se originam no corpo alcançando a mente, estimulando a busca pela 
satisfação. 
 
 
 
 
5 
2.2 Objeto sexual 
O objeto real ou imaginário pode servir de alvo de uma pulsão. Ex.: a 
energia libidinal pode ser dirigida para uma ação, pensamento ou sentimento. 
2.3 Zonas erógenas 
Volpi e Volpi (2003) ressaltam que estimulações de uma parte da pele ou 
da mucosa podem provocar sensações prazerosas de determinada qualidade. 
Todo corpo tem a potencialidade de ser erógeno; a zona erógena desloca-se de 
uma parte para outra do corpo ou espalha-se por todo ele, como no caso da 
histeria, em que o prazer derivado da região genital propriamente dita está 
recalcado. 
O alvo sexual da pulsão infantil consiste em provocar a satisfação mediante 
a estimulação apropriada da zona erógena: que de algum modo foi escolhida. Ex.: 
na zona labial, a ação adequada é o sugar, e na sequência do desenvolvimento 
das outras zonas, as ações musculares serão substituídas 
2.4 Libido 
Libido é um vocábulo latino que significa desejo, inclinação, vontade, 
apetite ou paixão. Volpi e Volpi (2003) mostram que, no enfoque psicanalítico, a 
libido equivale à intensidade da energia dinâmica dos instintos sexuais. A libido, 
nas primeiras fases da vida do indivíduo, apresenta-se como instinto de 
sobrevivência, como no ato da amamentação. Cada fase do desenvolvimento oral, 
anal, fálica genital tem uma relação com a intensidade da libido no corpo. Com o 
tempo, a libido separa-se das funções fisiológicas até chegar à descoberta do 
objeto. 
O termo sexual, em psicanálise, é entendido como tudo que tenha o prazer 
como meta, e não apenas o aspecto genital. Volpi e Volpi (2003) ainda trazem o 
entendimento de que tudo que é genital é sexual, mas nem tudo que é sexual é 
genital. 
A libido é a energia responsável pela energia motriz dos instintos vitais, ou 
seja, toda conduta ativa e criadora do homem. Essa força movimentao ser 
humano e está presente no nosso desenvolvimento psíquico desde o primeiro 
contato com o mundo. 
 
 
6 
Na teoria psicanalítica, Freud retrata a libido como uma energia originada 
nas pulsões, direcionando o comportamento humano. Sua teoria mostra que a 
libido se faz presente em todas as experiências sensoriais da infância, refletindo-
se nas sensações de prazer e desprazer. 
• Libido do ego: também chamada libido narcísica, é a libido que é trazida de 
volta ao interior do ego, após ter sido retirada dos objetos; 
• Libido do objeto: é a libido psiquicamente empregada para investir os 
objetos sexuais (Volpi; Volpi, 2003). 
Características da atividade sexual infantil: 
• Nasce apoiando-se numa das funções somáticas vitais; 
• É auto erótica, não conhecendo nenhum objeto sexual; 
• Seu alvo sexual acha-se sob o domínio de uma zona erógena. 
A vida sexual infantil é especialmente autoerótica, encontrando-se seu 
objeto no próprio corpo e sendo suas pulsões parciais e independentes entre si, 
sendo pré-genital na medida em que a zona genital ainda não assumiu o seu papel 
TEMA 3 – DINÂMICA MENTAL 
Na segunda tópica de Freud, foi estabelecida a concepção do aparelho 
psíquico, conhecido como modelo dinâmico. Dentro das instâncias inconsciente, 
pré-consciente, inconsciente podem ser localizadas outras três instâncias: o id, o 
ego e o superego. 
O id se encontra mergulhado no inconsciente também caracterizado como 
componente biológico, o ego definido como componente psicológico, e o superego 
podendo ser definido como componente social (Hall; Lindzey, 1973). 
3.1 O Id 
O id se integra pela totalidade dos impulsos instintivos. Volpi e Volpi (2003) 
retratam que o id, como a tendência de unificar o somático e o psíquico, tem a 
conexão com o biológico existente em cada sujeito, é um reservatório, fonte de 
energia psíquica. Sendo regido pelo princípio de prazer, o id busca 
constantemente (é uma necessidade ou desejo do id) tornar-se uma fonte de 
tensão geradora do impulso, e só é aliviada quando essa necessidade encontra 
satisfação. A função é redução de tensão. 
 
 
7 
3.2 O Ego 
O ego pode ser modificado pela influência do mundo externo, curso de 
relação com o meio ambiente, adiamento da satisfação, influência do mundo 
externo, forçando o id a substituir o princípio de prazer que ali reina pelo princípio 
de realidade. 
Volpi e Volpi (2003) apresentam as principais funções do ego: 
• Coordenação de impulsos internos, garantindo a expressão do mundo 
interno sem conflitos; 
• Percepção dos estímulos e adaptação a realidade; 
• Unificação impulsos contrários do Id em sentimentos e ações aceitáveis. 
No ego, a percepção desempenha um papel que no id é o instinto, sendo 
assim o ego representa razão e senso comum. Para Freud (1976), o ego tem 
origem no inconsciente, sendo a instância psíquica de principal importância. A 
função do ego é mediar, integrar, harmonizar os desejos do id e as exigências e 
ameaças do superego e as demandas da realidade. 
3.3 O superego 
O superego representa restrições morais (os impulsos para a perfeição, 
incorporando no ego as identificações e proibições parentais) e sociais (valores 
morais, éticos, ideais preconceito, crença da cultura): “O superego é de origem 
totalmente inconsciente, ditado e composto por objetos internos. O seu efeito: 
gerador de culpas resultando angústia e medo” (Zimerman, 1999, p. 84). 
Volpi e Volpi (2003) apresentam suas principais funções: 
• Auto-observação; 
• Consciência moral; 
• Censura dos sonhos; 
• Repressão; 
• Exaltação dos ideais. 
Na vida civilizada, ocorre uma luta inerente entre o princípio do prazer e o 
princípio de realidade. A criança, quando nasce, é regida pelo princípio do prazer. 
Toda energia é direcionada para a satisfação do organismo. A energia sai do 
interior do corpo em direção à periferia em busca do prazer. Mas com o 
desenvolvimento o organismo, começa a se frustrar na busca de prazer, quando 
 
 
8 
então se instala o princípio de realidade. As experiências vão se configurando 
como boas ou ruins, prazerosas ou desprazerosas. Se o desenvolvimento ocorrer 
de forma saudável, as experiências boas e ruins vão se integrando de forma total. 
As energias de desejos, oriundas do id, devem chegar ao nível do ego para 
que este possa articular ações das necessidades então impostas. 
A meta fundamental da psique é manter um nível aceitável de equilíbrio 
dinâmico que aumenta o prazer e diminui o desprazer. A energia que é utilizada 
para movimentar todo sistema nasce no id, que é de natureza primitiva, instintiva. 
O ego, que emerge do id, existe para lidar com a realidade e as pulsões básicas 
do id e agindo ainda como mediador entre as forças que operam no id e no 
superego e as exigências da realidade externa. O superego, emergindo do ego, 
atua como um freio moral ou força contrária aos interesses práticos do ego, 
estabelecendo uma série de normas e regras que definem e limitam a flexibilidade 
deste último. 
Nesses termos, o propósito é o fortalecimento do ego. 
Nunes (1997) retrata que um indivíduo formado sob uma pressão muito 
forte do superego no campo sexual faz com que o id, seu reservatório energético, 
acumule excesso de energia e ocasiona uma tensão enorme. Biologicamente o 
físico reclama um objetivo, que, embora se descubra em processo primário 
(sonhos noturnos, conversas no sonhar), anseia por uma real satisfação de si 
próprio. Entende-se sexualidade por toda abrangência afetiva da palavra. O ego, 
encarregado pelo processo secundário de dirigir-se à realidade, é afetado por uma 
pressão muito grande do superego, pois tudo que é sexual lhe é ensinado como 
mau e reprovável, mesmo o relacionamento afetivo com outra pessoa. O processo 
secundário não responde ao ID no que ele exige; o ego não satisfaz por uma força 
muito grande do superego. O social torna-se maior que o biológico (Id) e o 
psicológico (ego). 
Assim, todo esse conflito de origem sexual é gerador de muita angústia, 
novamente vemos as forças da instância biológica e cultural trazendo maiores 
reflexões. 
TEMA 4 – MECANISMOS DE DEFESA 
Para que o ego se mantenha integrado, o indivíduo recorre aos 
mecanismos de defesas, que, segundo Freud, são universais: todas as pessoas 
fazem uso dele, em maior ou menor intensidade. 
 
 
9 
Os mecanismos de defesa são meios utilizados pelo ego para dominar, 
controlar para regular a homeostase psíquica. As qualidades necessárias ao 
funcionamento resiliente pressupõem a flexibilidade dos modelos de ajustamento 
e de manejo de tais mecanismos, seguidas da criatividade nas formas de 
adaptação para vencer a adversidade (Fenichel, 2000) 
Do conflito entre prazer e desprazer surge a angústia, e para lidar com os 
conflitos, surgem defesas, que têm como finalidade aliviar a tensão interior. 
De um modo geral, a defesa incide sobre a excitação interna (pulsão) e, 
preferencialmente, sobre uma das representações (recordações, fantasias) a que 
está ligada, sobre uma situação capaz de desencadear essa excitação na medida 
em que é incompatível com este equilíbrio e, por isso, desagradável para o ego. 
Os afetos desagradáveis, motivos ou sinais da defesa, podem também ser objeto 
dela. 
Mecanismos de defesa são ações psicológicas que têm por objetivo reduzir 
manifestações que ameacem a integridade do ego. Vejamos alguns mecanismos 
de defesa de que o aparelho psíquico lança mão para lidar com a sexualidade. 
4.1 Repressão 
 Um mecanismo de repelir e manter inconsciente pensamentos, imagens e 
recordações ligadas à pulsão aversivos em áreas inacessíveis da mente 
inconsciente. Também denominado recalque, é o mais importante dos 
mecanismos de defesa, utilizado desde os anos iniciais. Afastamo-nos de 
acontecimentos e situações com os quais somos incapazes de lidar no momento. 
Mãe de todos os mecanismos de defesa, ao menor sinal de perigo paraa 
integridade psíquica, a repressão é utilizada pelo ego. A repressão é conceituada 
como o bloqueio das energias do id no nível do inconsciente, sendo o mais 
primitivo de todos os mecanismos de defesa. A repressão pode também produzir 
distorções da realidade, como quando são bloqueadas as lembranças que 
poderiam desencadear o escoamento de conflitos básicos para a consciência. 
Nunes e Silva (2006) afirmam que o instinto sexual, de todos os instintos, 
é o mais reprimido pela cultura e o que mais amplamente se manifesta, seja por 
via neurótica ou sadia 
 
 
 
10 
4.2 Negação 
O mecanismo de defesa denominado negação tem como origem a 
repressão. Bloqueia percepções do mundo real para evitar o sofrimento, ou seja, 
as imagens têm acesso à consciência de modo parcial, contudo são negadas, o 
que acaba sendo uma recusa da realidade dentro dos limites da consciência e a 
criação de falsas situações para evitar enfrentar (Volpi; Volpi, 2003). 
Nunes e Silva (2006) destacam o fenômeno da amnésia infantil que 
acontece na maioria dos indivíduos, normalmente uma falta de memória sobre os 
seis ou oito primeiros anos de vida. 
4.3 Formação reativa 
A formação reativa transforma atitudes, sentimentos e impulso em seu 
oposto. Ex.: desejos sexuais intensos podem ser transformados em 
comportamentos extremamente pudorosos. O indivíduo perderia seu controle 
caso cedesse, portanto são sentidos como perigosos; ou seja, tem um sentido de 
autopreservação em algo aceitável 
Esse mecanismo fica muito em evidência no comportamento de pais e 
educadores que lidam com a sexualidade de forma a reprimir, condenar e punir. 
4.4 Projeção 
Projeção é uma operação que o sujeito expulsa de si e localiza no outro. O 
sujeito nega em si próprio características e qualidades que geram desconforto, 
atribuindo-as ao outro (Almeida, 1996). 
De acordo com Freud (1976), o efeito do mecanismo de projeção busca 
romper a ligação entre os representantes ideativos das moções pulsionais 
perigosas e o ego, impedindo que seja percebido deslocando para o mundo 
externo. 
 Percebemos um grande incômodo numa parte da população no que diz 
respeito à sexualidade alheia. Podemos identificar o surgimento da projeção, 
como base de comportamentos e expressões de preconceito e julgamentos 
relacionados a sexualidade. 
 
 
 
 
11 
4.5 Racionalização 
Direciona o organismo para a meta a ser alcançada por meio da 
necessidade psíquica, recobrando o equilíbrio de maneira inconsciente, 
selecionando e intelectualizando as situações (Almeida, 1996) 
Almeida (1996) faz o alerta para não confundir racionalização com 
pensamento racional. O pensamento racional leva a razões, ao passo que a 
racionalização quer alcançar boas razões para explicar os comportamentos. 
Observamos que a racionalização e sexualidade ficou muito presente no 
período histórico em que a ciência tomou o controle da sexualidade e toda 
explicação era de ordem científica. Ainda observamos esse mecanismo presente 
em instituições e educadores quando criam medidas de educação sexual. 
4.6 Sublimação 
Volpi e Volpi (2003) revelam que a sublimação é a modificação de um 
impulso, de forma a ser expresso em conformidade com as demandas do meio, 
realizando as atividades humanas. A sublimação é um recalque bem sucedido, 
integra e resolve a ambivalência de forma socialmente produtiva, entre 
experiências boas e ruins, canalizando impulsos do id para uma postura 
socialmente útil e aceitável. O ego se transforma sem bloquear a descarga 
adequada. 
A sublimação pode transformar passividade em atividade, invertendo os 
objetivos no oposto (Fenichel, 2000), e acontece com ênfase na fase da latência, 
quando as tendências sexuais da criança ficam desviadas totalmente ou 
parcialmente de seu uso próprio e empregados em outros fins. Na vida adulta, a 
capacidade de sublimação da libido não expressa, dependendo da intensidade, 
pode ocasionar um afastamento da realidade. O equilíbrio está na capacidade de 
satisfação direta da sexualidade e capacidade de sublimação (Albertini, 2003). 
TEMA 5 – SEXUALIDADE E WILHELM REICH 
Reich acreditava na afirmação de Freud de que a sexualidade era o ponto 
central dos conflitos emocionais e colocava a repressão da libido como a causa 
dos distúrbios físicos e emocionais. Com base no entendimento do funcionamento 
psíquico das instâncias id, ego e superego, a teoria reichiana traz à compreensão 
que essa dinâmica ocorre também no somático. A criança muito cedo busca o 
 
 
12 
prazer e a satisfação, que são os impulsos e a força do id e vai adaptando sua 
musculatura para conter esses impulsos de acordo com as situações de 
proibições, ameaças com as quais vai entrando em contato no decorrer do seu 
desenvolvimento emocional. Esse avanço do campo somático surgiu com Wilhelm 
Reich, médico psicanalista austro-húngaro (1897-1957) que teve sua vida e obra 
marcadas pelas propostas e engajamento social. 
Nos anos de 1920, foi discípulo de Freud e participou ativamente do 
movimento psicanalítico. Albertini (2003) retrata que Reich permaneceu na 
associação psicanalítica por volta de catorze anos, onde aprendeu e desenvolveu 
suas ideias, contribuindo com a sistematização da técnica terapêutica e 
elaborando um conjunto de orientações técnicas que foi intitulado análise do 
caráter. A psicanálise na década de 20 vai assumindo direções que vão contra as 
percepções de Reich. 
Reich foi considerado o autor da revolução sexual, foi muito polêmico e 
trouxe muitas contribuições para o entendimento da importância da sexualidade 
no desenvolvimento humano. 
 Os principais pontos da teoria de Reich estão em seu livro, escrito em 
1942, A função do orgasmo, no qual ele apresenta os princípios de uma economia 
sexual. Segundo Reich (1975), a saúde psíquica depende da potência orgástica, 
isto é, da capacidade de entrega no auge da excitação sexual no ato natural. Reich 
descobriu que a libido era mais que um conceito psíquico, mas uma energia 
concreta presente no corpo. 
 Volpi e Volpi (2003) revelam que Reich desenvolveu a teoria da 
autorregulação do organismo chamada potência orgástica, que, para o senso 
comum, estava relacionada ao ato sexual, mas, para Reich, se relacionava num 
âmbito maior, em que o indivíduo teria a capacidade de se entregar, livre de 
quaisquer inibições, ao fluxo da energia biológica. 
O sistema nervoso vegetativo é formado por dois sistemas nervosos 
opostos: parassimpático e simpático. O parassimpático produz a expansão e o 
simpático responsáveis pela contração do organismo. Esse ritmo pulsatório de 
expansão e contração permeia todo universo. A doença mental e psíquica é um 
resultado de uma perturbação na capacidade natural do organismo de equilibrar 
essas funções. 
As energias vitais, em condições normais, regulam-se espontaneamente, 
sem dever compulsivo ou moralidade compulsiva. O comportamento antissocial é 
 
 
13 
causado por impulsos secundários que devem sua existência à supressão da 
sexualidade natural. 
O autor ainda traz que a fonte da energia da neurose está na diferença 
entre o acúmulo e a descarga da tensão. A fórmula seria a seguinte: 
TENSÃO MECÂNICA→ CARGA BIOELÉTRICA →DESCARGA 
BIOELÉTRICA →RELAXAMENTO. 
De acordo com Nunes (1997, p. 44), 
O indivíduo educado numa atmosfera que nega a vida e o sexo adquire 
uma ansiedade-de-prazer (medo de excitação que dê prazer) que é 
representada fisiologicamente em espasmos musculares crônicos. Esta 
ansiedade-de-prazer é o solo em que o indivíduo recria as ideologias que 
negam a vida. 
A atmosfera de repressão sexual cria no indivíduo uma armadura corporal 
denominada couraça, vista como uma confrontação da atitude social negativa 
diante da vida e do sexo. Nunes (1997) ressalta que essa armadura do caráter é 
a base da solidão, do desamparo, da ânsia de autoridade, do medo da 
responsabilidade, os anseios místicos, a misériasexual, da rebeldia impotente, 
bem como da resignação de um tipo anormal e patológico. Os seres humanos 
adotaram uma atitude hostil para o que é vivo dentro deles e, assim, alienaram-
se de si próprios. A couraça impede o contato com sentimentos e emoções 
ameaçadoras, mas da mesma forma vai anestesiando para sensações de alegria, 
prazer e vivacidade. Acaba sendo um aprisionamento do fluxo da energia de 
vitalidade, pois esses bloqueios distorcem o organismo como um todo. A doença 
na visão sistêmica reichiana é um processo de interrupção a vida. 
Volpi e Volpi (2003) mostra que Reich descobriu ainda que a couraça 
possuía uma sequência no corpo, que, ao liberar a musculatura, era possível 
liberar emoções, sensações e lembranças que haviam acumulado ao longo da 
vida do indivíduo, durante repressões ocorridas nas etapas do desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ALBERTINI, P. Reich e a possibilidade do bem-estar na cultura. Psicologia USP, 
v. 14, n. 2, São Paulo, 2003. 
ALMEIDA, W. C. Defesas do ego: leitura didática de seus mecanismos. São 
Paulo: Ágora, 1996. 
FENICHEL, O. Teoria psicanalítica das neuroses. São Paulo: Atheneu, 2000. 
FREUD S. O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 
GABBARD, G. O. Psicoterapia psicodinâmica de longo prazo: texto básico. 
Porto Alegre: Artmed, 2005. 
HALL, C. S. LINDZEY, G. Teorias da personalidade. São Paulo: EPU, 1973. 
NUNES, C. A. Desvendando a sexualidade. 2. ed. Campinas SP: PAPIRUS, 
1997. 
NUNES, C. et al. A educação sexual da criança: subsídios teóricos e propostas 
práticas. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. 
REICH, W. A função do orgasmo: problemas econômico-sexuais da energia 
biológica. São Paulo: Brasiliense, 1975. 
VOLPI, J. U. H.; VOLPI, S. Da psicanálise à análise do caráter. Rio de Janeiro: 
Centro Reichiano, 2003. 
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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