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NOEMI ANDRADE| P5 INTM| MOD14 1 EXPLANAR SOBRE INVESTIGAÇÃO PARA A COINFECÇÃO COM TUBERCULOSE; BEM COMO TRATAMENTOS PARA ACOMPANHAMENTO A COINFECÇÃO TB/HIV: A TB, doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb), é altamente prevalente entre a população infectada pelo HIV, principalmente em países com alta carga de tuberculose, como o Brasil. Em nosso país, a TB é a principal causa de óbito, por doença definida, em PVH. Isto se deve ao fato de que a defesa contra o desenvolvimento da doença TB está diretamente relacionada à imunidade celular preservada, justamente o mecanismo que é progressivamente destruído pelo HIV. Pessoas infectadas pelo Mtb podem desenvolver sinais e sintomas da doença (tuberculose doença ou TB ativa) logo após a infecção, adoecer muito tempo depois da primoinfecção, ou mesmo nunca ter tuberculose ativa. A persistência do bacilo no organismo, sob forma latente, é a chamada infecção tuberculosa latente, ou infecção latente por TB (ILTB). Neste período de latência, a pessoa infectada é assintomática e não transmite TB. Quando comparadas a pessoas com uma boa performance imunológica, o risco da infecção latente se manifestar como doença ativa é 20 a 30 vezes maior em PVH.1 E quanto mais severo o comprometimento imunológico do individuo, menor a capacidade de resposta, de modo que pacientes com linfócitos TCD4 inferior a 200 células/µL apresentam risco seis vezes maior de adoecer por TB do que aqueles com CD4 acima de 500. TRATAMENTO DA TUBERCULOSE ATIVA Em pacientes virgens de ARV, o tratamento da TB ativa sempre precede o início da TARV. Para pacientes em uso de antirretrovirais no momento do diagnóstico da TB, a TARV não deve ser interrompida, e sim apenas ajustada, quando necessário. NOEMI ANDRADE| P5 INTM| MOD14 2 O Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para o Manejo da Infecção pelo HIV estabelece o ponto de corte de 200 células T-CD4+ para introdução de TARV6. • < 200 células/mm3 ou sinais de imunodeficiência avançada, iniciar ARV na segunda semana após o início do tratamento para TB, exceto para meningite por TB, quando o início da TARV deve ser postergado para após 08 semanas de tratamento para TB, independentemente da contagem de LT-CD4+, para minimizar o risco de reconstituição imune grave e potencialmente fatal. • > 200 células/mm3 : nesta situação, a TARV pode ser postergada até a 8ª semana de tratamento para TB, particularmente quando existam dificuldades relacionadas com toxicidades, interações medicamentosas e adesão. OBS: O ideal é que a contagem de LT-CD4+ seja solicitada antes do início da TARV Contudo, não se deve aguardar seu resultado para iniciar o tratamento. Quando o resultado do LT-CD4+ não estiver disponível, o grau de imunodeficiência poderá ser estimado pelo quadro clínico e resultados laboratoriais, entre estes: perda ponderal > 10% do peso, candidíase, prurigo, diarreia crônica e contagem de linfócitos totais <1000 no hemograma. Nessas situações, deve considerar-se imunossupressão avançada e TARV deverá ser introduzida no 15º dia do tratamento da TB ativa. FLUXOGRAMA PARA PACIENTE DO CASO E SEUS FAMILIARES (TRAZER ACOMPANHAMENTO PRE-NATAL EM CASO DE HIV + MANEJO DOS ANTIVIRAIS NA GESTAÇÃO): ABORDAGEM INICIAL DA GESTANTE INFECTADA PELO HIV As gestantes que forem diagnosticadas com HIV durante o pré-natal têm indicação de tratamento com os medicamentos antirretrovirais durante toda gestação e, se orientado pelo médico, também no parto. O tratamento previne a transmissão vertical do HIV para a criança. O recém-nascido deve receber o medicamento antirretroviral (xarope) e ser acompanhado no serviço de saúde. Recomenda-se também a não amamentação, evitando a transmissão do HIV para a criança por meio do leite materno. PRIMEIRA CONSULTA DA GESTANTE PORTADORA DE HIV Vários estudos têm demonstrado que alguns fatores estão associados ao aumento do risco de transmissão do HIV da mãe para o filho. Dentre estes fatores: • Virais: carga viral elevada, genótipo e fenótipo viral (diversidade circulante e resistência viral); • Maternos: estado clínico e imunológico comprometido, presença de outras DST e outras co-infecções, estado nutricional deficiente; • Comportamentais: reinfecção, seja por reexposição sexual ou compartilhamento de seringas; • Obstétricos: trabalho de parto prolongado e tempo de ruptura das membranas amnióticas (bolsa rota por mais de quatro horas aumenta a taxa de transmissão vertical progressivamente: cerca de 2% a cada hora, até 24 horas), via de parto, presença de hemorragia intraparto e parto instrumentalizado; NOEMI ANDRADE| P5 INTM| MOD14 3 • Inerentes ao recém-nascido: prematuridade, baixo peso ao nascer e tempo de aleitamento materno. TRIAGEM SOROLÓGICA E ACONSELHAMENTO A gestante deve ser orientada sobre a importância da testagem no pré-natal e os benefícios do diagnóstico precoce, tanto para o controle da infecção materna quanto para a prevenção da transmissão vertical. A testagem para HIV deve ser realizada no primeiro trimestre, idealmente na primeira consulta do pré- natal, e no início do terceiro trimestre de gestação, podendo ainda ser feita em qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual. Está recomendada a realização de testagem rápida também na admissão da mulher na maternidade, hospital ou casa de parto, devendo ser ofertada, nessa ocasião, a testagem combinada para HIV, sífilis e hepatite B (caso a gestante não tenha esquema vacinal completo). Na primeira consulta da gestante portadora de HIV solicitam-se os seguintes exames: • Exames do perfil obstétrico: • Tipagem sangüínea; • Coombs indireto, se necessário; • Urina tipo I e urocultura; • Sorologia para sífilis; • Sorologia para toxoplasmose; • Sorologias para hepatites B e C; •Glicemia de jejum e teste de sobrecarga à glicose, se necessário. • CD4 e Carga Viral; • Perfil lipídico (colesterol e triglicérides); • Provas de função renal (uréia e creatinina); • Hemograma e enzimas hepáticas; • PPD; • Bacterioscopia de secreção vaginal; • Pesquisa de Clamídia e Gonococo em secreção cervical. MANEJO EM GESTANTES DIAGNOSTICADAS COM HIV As gestantes diagnosticadas com HIV, a partir de qualquer metodologia de testagem, devem ser encaminhadas para o seguimento pré-natal de alto risco ou SAE, de acordo a situação clínica, devendo manter o vínculo com a Atenção Básica. Durante o pré-natal poderão ocorrer situações de sorologias indeterminadas no diagnóstico da infecção pelo HIV. Nesses casos, torna-se muito importante a avaliação da história e do risco de exposição e a triagem sorológica do parceiro. Essa é uma situação na qual a realização de exames como a carga viral deve ser considerada para auxiliar na definição da necessidade de uso de terapia anti-retroviral para redução da transmissão vertical. Nessa situação, a gestante deverá ser encaminhada para serviço de referência que possa utilizar estratégias adequadas para a confirmação do seu estado sorológico. USO DE ANTI-RETROVIRAIS EM GESTANTES Primeiramente, é preciso ficar clara a diferença entre a instituição de anti-retrovirais na gestante com o objetivo de prevenir a transmissão vertical – profilaxia com TARV – e a instituição dessa terapia por haver indicação pelo estado clínico e/ou imunológico comprometido da mulher – TARV-tratamento. As mulheres em uso de antiretrovirais na condição de profilaxia com TARV poderão ter essa terapia suspensa NOEMI ANDRADE| P5 INTM| MOD14 4 ao final da gestação. Essa avaliação deverá ser realizada, de preferência, nas primeiras duas semanas pós- parto, em um serviço especializado. TRABALHO DE PARTO E PARTO Cerca de 65% dos casos de transmissão vertical do HIV ocorrem durante o trabalho de parto ou no parto propriamente dito. Os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmentenas últimas semanas de gestação. O aleitamento materno representa risco adicional que se renova a cada exposição da criança ao leite materno. Na entrada da parturiente na maternidade deve ser oferecido o teste rápido para o HIV para todas as gestantes que não tenham realizado investigação para HIV no pré-natal ou cujo resultado não esteja disponível, após o consentimento verbal da gestante ou familiar responsável quando a parturiente não tiver condições de fazê-lo (distúrbios psiquiátricos, por exemplo). Quando a via de parto for a cesariana eletiva, o AZT intravenoso deve ser iniciado no mínimo três horas antes do procedimento e mantido até a ligadura do cordão umbilical. Já no parto vaginal, a infusão deverá ser instituída desde o início do trabalho de parto e mantida até o clampeamento do cordão umbilical. Esquema posológico da zidovudina na parturiente (AZT injetável – frasco ampola de 200mg com 20ml – 10mg/ml): • Dose de ataque de 2 mg/kg na 1ª hora, diluído em soro glicosado a 5%, gotejado conforme o Quadro 3, infundido em acesso venoso exclusivo; • Dose de manutenção de 1 mg/kg/hora, em infusão contínua até o clampeamento do cordão umbilical.
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