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RESUMO – FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA SEMINÁRIO 1: RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PARA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES RESPIRATÓRIAS DE PACIENTES COM COVID-19 Os pacientes infectados pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2) que necessitam de cuidados intensivos, apresentam pneumonia viral podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda (IRpA) hipoxêmica, e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) na sua apresentação mais grave. Em alguns casos onde a reversão do quadro clinico não ocorre, a ventilação mecânica invasiva tem sido indicada. Neste contexto a demanda por capacitação, tecnologia se faz constantemente necessária, devendo toda a equipe buscar as atualizações mais recentes. O fisioterapeuta exerce papel fundamental durante ao longo da internação do paciente com COVID-19. Atuando desde o auxílio a intubação, programação de parâmetros ventilatórios, ajustes na VM, monitorização, desmame, prevenção e no tratamento de complicações respiratórias decorrentes da retenção de secreção e de atelectasias, bem como na manutenção da força muscular e funcionalidade durante a hospitalização. São objetivos do profissional fisioterapeuta, quando em atenção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Redução da ocorrência de intubação orotraqueal; Redução do tempo de VM e da estadia na UTI; Redução da incidência de infecções respiratórias; e, Redução da mortalidade hospitalar e após a alta. Nas constantes avaliações do paciente internado, o profissional dispõe de alguns recursos, como: Radiografia de Tórax; Tomografia Computadorizada de Tórax; Ultrassonografia para a avaliação do parênquima pulmonar e da musculatura diafragmática; Tomografia por Impedância Elétrica (TIE); Avaliação da Pressão do Balonete (cuff); Gasometria arterial; Capnografia; Monitorização da Mecânica Respiratória; e, Análise Gráfica da VM. Quando em tratamento de indivíduos em ventilação espontânea, alguns recursos utilizados são: Ventilação não invasiva (VNI): não recomendada devido a possibilidade de geração de aerossóis, favorecendo a disseminação do vírus. Para pacientes com saturação periférica de oxigênio (SpO2) menor que 93%, com cateter nasal de oxigênio (CNO2) a 5L/min, pode ser indicada VNI por no máximo 30 minutos, desde que atendidas condições como a adoção de uma unidade de isolamento com pressão negativa, utilização de máscara sem válvula exalatória com circuito de ramo duplo, e correta utilização dos filtros. Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF): comumente não recomendada em uso rotineiro, mas quando indicada deve ser utilizada apenas em pacientes selecionados com insuficiência hipoxêmica associada à COVID-19. Sua utilização permite a oferta elevada de fluxo com alta percentagem de oxigênio. Dispositivos de insuflação/exsuflação mecânica (máquina da tosse): pode ser indicada apenas em pacientes sobre respiração espontânea, visando a prevenção de intubação orotraqueal (IOT) por motivos reversíveis, e havendo equipamentos necessários para evitar a disseminação do vírus. Devido ao alto risco de disseminação do vírus alguns procedimento não devem ser realizados durante a fase aguda da COVID-19, bem como: dispositivos de insuflação/exsuflação mecânica; dispositivos de respiração com pressão positiva (máscara de EPAP); dispositivos de oscilação oral de alta frequência; e dispositivos de Hiperinsuflação manual. Faz-se necessário lembrar que, não podemos induzir a sobrecarga ao sistema respiratório, sendo necessário reduzir o esforço inspiratório e maximizar a eficiência mecânica da respiração devido a disfunção respiratória ligada a COVID-19, portanto técnicas de remoção de secreção e o treinamento muscular respiratório devem ser avaliados com cautela antes de aplicados. O comprometimento pulmonar ocasionado pela COVID-19 frequentemente apresenta dois perfis evolutivos: em uma fase inicial cursaria com o tipo I (“L” -low) 10 e, em seguida, uma fase mais tardia não determinada por critério de tempo, poderá evoluir para o tipo II (“H” - high), similar a um padrão de SDRA tradicional. Portanto a depender da fase, pode ser necessário promover níveis mais elevados de PEEP e, eventualmente, poderá ser utilizada a tabela PEEP alta ou optar pela manobra de recrutamento alveolar. Estratégia ventilatória: Modo ventilatório controlado a volume (VCV) ou a pressão (PCV); Volume corrente de 4-8 ml/Kg, podendo ser ajustado inicialmente em 6 ml/Kg, ou inferior se possível; Manter pressão de distensão alveolar (driving pressure) menor que 15 cmH20 e pressão platô menor ou igual a 30 cmH20; Realizar ajuste individualizado dos níveis de pressão positiva expiratória final (PEEP), de forma decremental, objetivando a menor driving pressure. RELATÓRIO – PERGUNTAS 1. O que é recrutamento alveolar? R: A manobra do recrutamento alveolar (MRA) é uma estratégia que vem sendo utilizada na VM para pacientes com SDRA; há várias formas de aplicação da MRA, mas basicamente consiste na aplicação de altos níveis de pressão inspiratória com o objetivo de expandir os alvéolos colapsados para aumentar a pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2), e na utilização de altos níveis de PEEP, necessários para a manutenção do ganho atingido. 2. Indicações para manobras de recrutamento alveolar: R: De acordo com o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, a MRA apresenta grau de recomendação B para a aplicação em pacientes com LPA/SDRA. 3. Benefícios da manobra de recrutamento alveolar: R: melhorar as trocas gasosas através do recrutamento máximo de unidades alveolares, proporcionando uma ventilação mais homogênea do parênquima pulmonar. 4. O que é peep? R: O uso de altos níveis de pressão expiratória final positiva (PEEP) faz parte da estratégia, que objetiva reduzir a lesão induzida pelo ventilador mecânico. A PEEP é uma manobra mecânica que exerce uma pressão positiva no pulmão e é usada principalmente para corrigir a hipoxemia causada por hipoventilação alveolar. 5. O que é pronação? R: A posição prona é uma manobra utilizada para minimizar a hipoxemia nos pacientes com SDRA através da melhora da oxigenação, onde o paciente é posicionado em prono no leito. Também é descrita por diversos autores como estratégia para evitar o desrecrutamento e sustentar os efeitos da MRA, se realizada sob as devidas condições e indicações. 6. Indicações para pronação: R: a posição prona apresenta grau de recomendação A, devendo ser considerada em pacientes que necessitam de elevados valores de PEEP e FiO2 para manter adequada saturação, ou pacientes com lesão pulmonar aguda ou SDRA grave. Caso o objetivo principal seja o de diminuir a lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica, a posição prona deve ser utilizada o mais rápido possível, imediatamente após o diagnóstico de SDRA/LPA. 7. Benefícios para pronação: R: Com a posição prona observa-se uma distribuição mais homogênea da ventilação regional levando ao recrutamento das regiões dorsais. Este efeito ocorre em função de vários fatores, a começar pela descompressão e reexpansão alveolar dos segmentos dorsais, que são as áreas de maior atelectasia e edema durante tratamento convencional em posição supina. Na posição prona ocorre deslocamento da região cardíaca para a posição ventral (força de compressão direcionada ao esterno), resultando em um aumento de volume disponível para a ventilação. 8. Como é feito a aspiração? R: É um procedimento invasivo que consiste na retirada de secreções de vias aéreas inferiores com o objetivo de manter a permeabilidade, facilitar oxigenação e prevenção da broncoaspiração em pacientes com uso de TOT e TQT, ou em pacientes que não conseguem expectorar voluntariamente. A aspiração de secreções é classicamente realizada com a desconexão do paciente do ventilador e com a introduçãodo cateter de sucção dentro do tubo endotraqueal (sistema aberto). Alternadamente esse procedimento pode ser realizado com a utilização de um sistema acoplado ao circuito do ventilador, que permite a introdução do cateter de aspiração sem a desconexão do paciente da ventilação mecânica (sistema fechado). 9. Complicações da aspiração: R: As complicações da aspiração podem ser diversas, sendo elas: Hipoxemia; Estimulação vagal; Atelectasias; Broncoespasmo; Aumento da PIC; Trauma das Vas; e, infecções. 10. Cuidados com as complicações provenientes da aspiração: R: Alguns cuidados a serem tomados são: Cada aspiração deve durar, no máximo 15 segundos, o paciente não deve permanecer um período maior desconectado do ventilador mecânico. Evitar pressão negativa excessiva e consequente trauma da mucosa traqueal. Interromper o procedimento caso o paciente apresente variação significativa da PA, arritmia cardíaca ou queda significativa da saturação de oxigênio. Apoiar o circuito em superfície estéril durante a desconexão, evitando contaminações.
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