Buscar

DIÁLOGO ENTRE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E CÓDIGO CIVIL DE 2002

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

DIÁLOGO ENTRE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E CÓDIGO CIVIL DE 2002
Apesar de algumas opiniões contrárias acredita-se que, entre o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002 poderá haver um diálogo, desde que exista uma observância constitucional no amparo do consumidor. 
Nesse sentido, a primeira tentativa de aplicação da teoria foi incorporando ao mesmo tempo o Direito de Defesa do Consumidor e o Direito Civil em determinadas relações obrigatórias. Esta atividade é realizada de acordo com os princípios e métodos entre os sistemas relevantes, e é consolidada pelos princípios sociais do contrato (principalmente a sinceridade objetiva) e a função social do contrato. De uma vez por todas, o CDC se tornará independente do sistema Micro Código Civil (TATURCE, p. 59). 
Em relação à coexistência de CDC e CC e o modelo brasileiro de aplicação simultânea, propõe três tipos de diálogo: 1) Na aplicação simultânea de duas leis, uma lei pode ser usada como base conceitual da outra lei, então o então sistema denominado diálogo de continuidade sexual, especialmente se uma lei é uma lei geral e a outra é uma lei especial, então esta é a lei central do sistema, enquanto a outra lei é completada por meio de um microssistema específico, e que O conteúdo de o microssistema não é completo, e somente quando complementar pode haver tutela por grupos sociais; 2) Na aplicação coordenada dessas duas leis, pode acontecer que a lei complementar dependa da outra lei em determinadas circunstâncias, e assim a manifestação ocorre o chamado diálogo sistemático complementar e secundário no conceito ou contradição real, que indica a aplicação complementar necessária ou subsidiária de suas regras e princípios; 3) Pode haver também diálogos sobre coordenação e adaptação do sistema, ou seja, um diálogo sobre a influência mútua dos sistemas. No diálogo, podem ser redefinidos os campos da lei aplicáveis ​​e a influência dos sistemas especiais. Em circunstâncias normais, a influência de sistemas especiais significa que quando certos conceitos estruturais da lei são afetados por outra lei (MARQUES, p. 128).
Isto é, na primeira forma de diálogo, quando duas leis são aplicadas, uma lei se tornará a base conceitual da outra lei. Sobre o diálogo sistemático de coerência pode-se afirmar, de acordo com o renomeado autor que: 
É aquele em que há a possibilidade dos conceitos e das regras básicas relativas aos contratos em espécie, de serem retirados do Código Civil mesmo sendo o contrato de consumo. Isso ocorre para a compra e venda, para a prestação de serviços, empreitada, transporte, seguro, dentre outros (TATURCE, 2012, p. 209).
A julgar pela ação da Justiça do Rio de Janeiro, a jurisprudência já proferiu julgamento neste sentido:
Agravo de instrumento. Execução individual em ação civil pública. Decisão do juízo singular declarando sua incompetência. Norma de envio contida no art. 21 da Lei nº 7.347/85. É aplicável à hipótese o microssistema ou minissistema de proteção dos interesses ou direitos coletivos lato sensu, possibilitando, com isso, a incidência do Código de Defesa do Consumidor. Via de regra, em se tratando de interesses coletivos transindividuais, a competência, embora territorial, se dá de forma absoluta, consoante previsão do art. 2º da Lei de ação civil pública. Excepcionalmente, o dano extrapola os limites de uma determinada Comarca, alçando as raias do denominado “dano nacional ou regional”, tal como ocorre no caso em tela, já que a ANASPS – Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social, atuando em nome de seus associados, atuou na ação coletiva como representante judicial dos interesses de seus associados servidores previdenciários. Teoria do diálogo das fontes. Diálogo sistemático de coerência, objetivando harmonizar e integrar o sistema jurídico, da aplicação simultânea de duas Leis, busca-se que uma venha a servir de base conceitual para a outra. Microssistema de tutela coletiva. Efeitos da coisa julgada em ação que envolve direitos individuais homogêneos. Ainda que assim não fosse, o resultado prático das ações coletivas seria drasticamente reduzido, tendo em vista que sua restrita aplicabilidade se desvirtuaria da mens legis perpetrada quando da elaboração da Lei de ação civil pública, uma vez que não poderiam ser executados os julgados decorrentes dela nas hipóteses acima comentadas. Provimento ao recurso para declarar competente o juízo da 22ª Vara Cível da Comarca da capital para julgar a execução individual de sentença coletiva, determinando, portanto, a baixa dos autos para que se dê prosseguimento ao regular trâmite.
Outra forma de diálogo é que a partir da aplicação coordenada das duas leis, uma norma pode ser direta ou indireta (diálogo complementar), e se for indireta (diálogo auxiliar), pode complementar a outra. arte. O artigo 7 da Lei de Defesa do Consumidor adverte que os direitos previstos no CDC não excluem tratados ou convenções internacionais assinadas por signatários do Brasil, legislação doméstica ordinária (direito civil), outros direitos em regulamentos emitidos pela autoridade administrativa competente, e Derivados dos princípios gerais de direito, analogia, costumes e justiça.
Nesse sentido, os diálogos sistemáticos de complementaridade e subsidiariedade levarão, em primeiro lugar, à conclusão de que o Código Civil de 2002 não revogou a Lei de Defesa do Consumidor de 1990 e o fato de tratar da relação de consumo. Portanto, em certas circunstâncias, a aplicação das regras do código civil é mais benéfica para os consumidores protegidos pelas leis de defesa do consumidor, podendo desviar-se das orientações mais favoráveis ​​previstas na aplicação do regime geral inicialmente previsto (MIRAGEM, 2012, p. 76).
Sobre o diálogo de complementariedade ou diálogo de subsidiariedade, Flávio Tartuce aponta que: “poderá ocorrer quando, dos contratos de consumo que também são de adesão, poder-se-á invocar às cláusulas abusivas na proteção dos consumidores constantes do art. 51 do CDC e ainda na proteção dos adeptos inseridos ao art. 424 do CC”.
No que diz respeito ao prazo prescricional, há uma interpretação que foi utilizada, em que o STJ aplicou o prazo do art. 205 do CC detrimento do prazo do art. 27 do CDC, uma vez que aquele era mais benéfico ao consumidor, observa-se: 
Direito civil e do consumidor. Recurso especial. Relação entre banco e cliente. Consumo. Celebração de contrato de empréstimo extinguindo o débito anterior. Dívida devidamente quitada pelo consumidor. Inscrição posterior no SPC, dando conta do débito que fora extinto por novação. Responsabilidade civil contratual. Inaplicabilidade do prazo prescricional previsto no artigo 206, § 3º, V, do Código Civil. 1. O defeito do serviço que resultou na negativação indevida do nome do cliente da instituição bancária não se confunde com o fato do serviço, que pressupõe um risco à segurança do consumidor, e cujo prazo prescricional é definido no art. 27 do CDC. 2. É correto o entendimento de que o termo inicial do prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória é a data em que o consumidor toma ciência do registro desabonador, pois, pelo princípio da “actio nata”, o direito de pleitear a indenização surge quando constatada a lesão e suas consequências. 3. A violação dos deveres anexos, também intitulados instrumentais, laterais, ou acessórios do contrato – tais como a cláusula geral de boa-fé objetiva, dever geral de lealdade e confiança recíproca entre as partes –, implica responsabilidade civil contratual, como leciona a abalizada doutrina com respaldo em numerosos precedentes desta Corte, reconhecendo que, no caso, a negativação caracteriza ilícito contratual. 4. O caso não se amolda a nenhum dos prazos específicos do Código Civil, incidindo o prazo prescricional de dez anos previsto no artigo 205, do mencionado Diploma. 5. Recurso especial não provido.
Da mesma forma, a Terceira Turma decidiu aplicar a teoria do "diálogo da fonte" a fumantes que enfrentam ações judiciais por danos:
Consumidor e civil.Art. 7º do CDC. Aplicação da lei mais favorável. Diálogo de fontes. Relativização do princípio da especialidade. Responsabilidade civil. Tabagismo. Relação de consumo. Ação indenizatória. Prescrição. Prazo. O mandamento constitucional de proteção do consumidor deve ser cumprido por todo o sistema jurídico, em diálogo de fontes, e não somente por intermédio do CDC. – Assim, e nos termos do art. 7º do CDC, sempre que uma Lei garantir algum direito para o consumidor, ela poderá se somar ao microssistema do CDC, incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferência no trato da relação de consumo. – Diante disso, conclui-se pela inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 27 do CDC à hipótese dos autos, devendo incidir a prescrição vintenária do art. 177 do CC/16, por ser mais favorável ao consumidor. – Recente decisão da 2ª Seção, porém, pacificou o entendimento quanto à incidência na espécie do prazo prescricional de 05 anos previsto no art. 27 do CDC, que deve prevalecer, com a ressalva do entendimento pessoal da Relatora. Recursos especiais providos.
No entanto, da mesma forma que se enxerga a aceitação e aplicação da teoria do diálogo das fontes, ainda hoje as decisões que envolvem a indústria do tabaco mais recentes de determinados tribunais, têm sido pela aplicação do prazo de cinco anos, de acordo com o art. 27 do CDC, excluindo assim, o prazo exposto pelo Código Civil.
Apesar do STJ ter editado súmula em relação a prescrição, visando a proteção do consumidor no intuito da aplicação do prazo do CC em determinadas relações de consumo, principalmente aquelas que envolvem as industrias tabagistas.
Finalmente, quando uma lei afeta outra lei, ocorre um diálogo sistemático de influência mútua, especialmente em leis gerais e leis especiais. Portanto, o diálogo de interação sistêmica significa que a lei especial afetará a lei comum, e a lei comum afetará a lei especial, são exemplos sempre mencionados “o sentido e efeitos do princípio da boa-fé no direito das obrigações, o abuso do direito e a compreensão contemporânea que lhe dá o Código de Defesa do Consumidor”.
Portanto, conclui-se que o conceito de consumidor pode ser afetado pelo Código Civil de 2002.
Referências Bibliográficas
TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2011, v. único, p. 59.
MARQUES, Cláudia Lima. Diálogo das fontes. In: BENJAMIN, Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 128.
MIRAGEM. Bruno. Eppur si muove: diálogo das fontes como método de interpretação sistemática no direito brasileiro. In: MARQUES, Cláudia Lima (coord.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 75-76.
TARTUCE, Flávio. A teoria geral dos contratos de adesão no Código Civil: Visão a partir da teoria do diálogo das fontes. In: MARQUES, Cláudia Lima (coord.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 209.
BRASIL, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. AI 0051266-41.2011.8.19.0000; 5ª Câmara Cível; Rel. Des. Antonio Saldanha Palheiro; DORJ 05.12.2011, p. 155.
MIRAGEM. Bruno. Eppur si muove: diálogo das fontes como método de interpretação sistemática no direito brasileiro. In: MARQUES, Cláudia Lima (coord.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 76.
TARTUCE, Flávio. A teoria geral dos contratos de adesão no Código Civil: Visão a partir da teoria do diálogo das fontes. In: MARQUES, Cláudia Lima (coord.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 209.
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça, REsp 1276311/RS, 4ª Turma, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 17.10.2011.
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.009.591; Proc. 2007/0278724-8; RS; 3ª Turma; Relª Minª Fátima Nancy Andrighi; j. 13.04.2010; DJE 23.08.2010.
Apelação Cível. Responsabilidade civil. Tabagismo. Pretensão indenizatória. Fumante. Prescrição. CDC, art. 27. Precedentes do STJ e deste tribunal. Sentença confirmada. Apelo desprovido. (BRASIL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, AC 434796-25.2012.8.21.7000; Cachoeira do Sul; 6ª Câmara Cível; Rel. Des. Luís Augusto Coelho Braga; j. 12.09.2013; DJERS 26.09.2013)
Apelação cível. Responsabilidade civil. Direito do consumidor. Indenização por danos morais e materiais. Tabagismo. Prescrição quinquenal. Ocorrência. Trata-se de ação de indenização por danos morais e materiais decorrentes do consumo tabagista de longa data, julgada extinta na origem em face da prescrição quinquenal havida. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos morais e materiais causados por fato do produto (art. 27, CDC), que é norma especial em relação à norma geral preconizada no art. 2º, § 2º, do LICC e contada do conhecimento do dano e da autoria, nada importando a renovação da lesão no tempo, pois ainda que lesão contínua, a fluência da prescrição já se iniciou; a prescrição, embora disciplinada e regulada pelo direito privado – CCB, no processo judicial se constitui em matéria de ordem pública de tal sorte que pode ser conhecida de ofício, independentemente de provocação da parte. Essa é a inteligência aditada pela Lei Federal nº 11.280/2006. A norma processual é imperativa e não confere faculdade ao juiz para reconhecer a prescrição de ofício, mas o obriga a pronunciá-la exofficio. Com efeito, como se trata de matéria impreclusiva, pode ser revisada pelo próprio magistrado, como também, pela corte superior, a qualquer momento, independentemente de provocação e de qual das partes será beneficiada ou prejudicada pelo reconhecimento. Prescrição confirmada. Sentença mantida e processo extinto. Apelação desprovida. (BRASIL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, AC 569592-21.2010.8.21.7000; Alvorada; 6ª Câmara Cível; Rel. Des. Niwton Carpes da Silva; j. 04.04.2013; DJERS 15.04.2013).
Súmula 412 do STJ: “A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”. (BRASIL, Súmula 412 do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/bancojuris1.asp?pagina=1&idarea=28& idmodelo=21109>. Acesso em 30 maio 2014).
MIRAGEM. Bruno. Eppur si muove: diálogo das fontes como método de interpretação sistemática no direito brasileiro. In: MARQUES, Cláudia Lima (coord.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 77.
MARQUES, Cláudia Lima. Diálogo das fontes. In: BENJAMIN, Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 114.

Continue navegando