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@isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA Interações químicas entre os dentes e fluidos orais Como já sabemos, na cavidade bucal vai acontecer perda e ganho mineral. As transformações que os dentes sofrem estão relacionadas com a composição química dos tecidos mineralizados que compõe a estrutura dental, que são: esmalte, dentina e cemento. O majoritário componente dos tecidos é principalmente a HIDROXIAPATITA, é ela que vai garantir as nossas trocas iônicas com nossos fluidos bucais. (vai dizer se vai ganhar, perder ou permanecer em equilíbrio, sem ter alterações importantes em termos de sua concentração mineral). Todos os tecidos dentais vão apresentar uma composição única em relação aos demais tecidos mineralizados do corpo. ESMALTE: é o tecido mais mineralizado (inorgânico) do corpo humano. Possui 95% de minerais que são estruturados em cristais de hidroxiapatita. DENTINA E CEMENTO: são mineralizados, mas não quanto o esmalte. Os cristais de hidroxiapatita vão estar juntos de uma rede de fibras colágeno. A estrutura histológica da dentina contem túbulos dentinários, quando acontece as lesões cariosas, as bactérias conseguem chegar até esses túbulos. Estrutura dos cristais – eles vão estar aglomerados em primas e vai ter uma forma hexagonal. Distinção entre Hidroxiapatita – fluoropatita - hidroxiapatita biológica: Hidroxiapatita pura: Vai possuir em sua estrutura o cálcio, fosfato e hidroxila; Forma cristais hexagonais, sua estrutura é bem complexa pois a organização do cálcio envolve duas posições diferentes (dentro e fora) e a hidroxila se localiza no centro. Formula química: Ca18; (PO)4; (OH)1 @isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA Fluoropatita: Similar a hidroxiapatita; A hidroxila do centro vai ser substituída por flúor; É mais resistente que a HA. É raramente encontrado na natureza. Hidroxiapatita biológica: Presente na cavidade bucal; Não é pura, pois é formada em condições teciduais. Recebe alguns constituintes químicos que alteram significativamente suas propriedades: carbonato (ruim, perde mineral mais fácil) e fluoreto (bom). Carbonato CO2: vai ocupar o lugar da hidroxila na estrutura química da HA. Ele desestabiliza o mineral, tornando o local contendo carbonato mais instável e solúvel. Ex: por isso os dentes decíduos tem mais facilidade de cariar. Na dentina radicular possui uma alta concentração de carbonato, que modifica as propriedades desse mineral, ou seja, desmineraliza mais rápido. Fluoreto: pode se incorporar naturalmente no mineral dental, devido a sua presença frequente na natureza e ajuda na remineralização. Tecidos: ESMALTE: Vai ser o primeiro tecido a interagir com a cavidade bucal após a erupção dos dentes, pois é ele que recobre a coroa dental. A hidroxiapatita biologia vai ser bem mais solúvel do que a hidroxiapatita pura, pois os íons contaminantes (carbonato) criam imperfeições nos cristais de HA, alterando sua capacidade de se manter integro em condições de maior solubilidade. DENTINA: contato com a cavidade bucal em duas situações: Exposição radicular (quando o cemento acaba se desgastando pelo atrito da escovação) e lesões de carie cavitadas atingindo a dentina. Com a exposição da dentina representa a interação de um tecido mais solúvel com fluidos bucais. Os cristais de HA biologicamente são menores e com uma estrutura cristalina menos perfeita do que os cristais de esmalte. Esses cristais vão ser formados em meio a uma matriz de colágeno. Possui maior conteúdo de carbonato, o que explica sua maior solubilidade em relação ao esmalte. @isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA Essa maior solubilidade tem relevância clínica, porque quando chega na dentina vai ser muito mais rápido, por isso tem q evitar ao máximo. Ph critico – é o limite até onde o tecido dentário pode chegar para que não desmineralize, isso pode acontecer quando o ph baixo se torna subsaturado em relação a solubilidade dos minerais dentais, ocorrendo a desmineralização do esmalte – dentina. Ph do esmalte: 5,5 ou 4,5. Porem na presença de flúor o esmalte aguenta um pouco mais antes de perder mineral. Ph da dentina: menor queda de ph por conta que é mais solúvel. Na faixa de 6,2 – 6,3 já é capaz de solubilizar o mineral da dentina. Essa diferença de ph crítico do esmalte e dentina resulta, em acréscimo, em um tempo muito maior de desmineralização da dentina, em relação ao esmalte. Obs: A frequência de consumo de açúcar é bem mais prejudicial do que a quantidade. Uma vez que o mineral da dentina tenha se dissolvido, ele deixa exposto a rede de fibras colágenas, que será degradada. Mas o que degrada essas fibras de colágenas na dentina? Colagenases presentes no biofilme bacteriano. Por enzimas que estavam adormecidas na dentina e que são ativadas em condições de baixo ph. Fluidos bucais importantes SALIVA: possui capacidade tampão que faz com que realmente tenha equilíbrio do ph. A saliva é uma mistura da secreção das glândulas salivares maiores e menores que banha os dentes. Ela possui uma composição compatível com a integridade do mineral dos dentes. Sua concentração de íons minerais, cálcio, fosfato e seu ph tornam a saliva supersaturada para equilibrar. Se manter supersaturada porque tem presença de proteínas ligadoras do cálcio e fosfato que vão manter os íons na saliva estáveis. A saliva nunca é produzida com ph baixo capaz de causar sua dissolução. PORÇÃO LIQUIDA DO BIOFILME DENTAL: permite as trocas minerais com o dente. @isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA A principal alteração que ocorre na cavidade bucal e perturba o equilíbrio entre o mineral e os fluidos bucais é a REDUÇÃO DO PH. Porque o mineral da estrutura dental dissolve em baixo ph? Por possuir íons que reagem com H+ e que influencia na solubilidade da hidroxiapatita. Uma simples alteração de ph (seja ela qual for, pequena ou grande) pode causar um imenso aumento na solubilidade da hidroxiapatita. O desenvolvimento de lesões de carie e sua remineralização Temos que considerar que o mineral dental vai sofrer várias alterações decorrentes da nossa dieta, seja pela ingestão de bebidas, por balas ou doces e etc. Isso acontece por conta da fermentação acida de açucares no biofilme dental. A estrutura mineral pode gradativamente se solubilizar para o meio, levando ao aparecimento de lesões de cárie. Inicialmente as lesões de cárie vão ser superficiais, vai haver uma maior desmineralização no interior do esmalte que na superfície. Iniciam por uma desmineralização dos cristais de HA biológica que está localizada na superfície do esmalte, resultando clinicamente em aspecto poroso e com perda de brilho. Diagnostico: apenas após a formação da lesão de mancha branca que o diagnostico dessas lesões iniciais se torna mais fácil. Na dentina não se forma uma lesão branca, mas devido a presença de colágeno ocorre um amolecimento superficial, resultando em uma lesão que apresenta uma consistência de couro. A HA biológica não vai ser homogênea, assim, as regiões do cristal que possuem mais carbonato são as mais instáveis, portanto são as primeiras que vão se dissolver, ou seja, o mineral dental perde primeiro suas porções mais solúveis. Em contrapartida, na presença de fluoreto, o mesmo vai se incorporar nos cristais de porções menos solúveis. Assim, as lesões incipientes (pequenas) de cárie se tornam revestíveis e ricas em fluoreto, sendo mais resistentes a cárie. Quando se tem lesões incipientes em esmalte e dentina podem sofrer cavitação, resultado de atritos mecânicos nessa superfície amolecida. Como consequênciatem uma aceleração no processo de perda mineral. Quanto a lesão for mais cavitada, maior probabilidade de ter um biofilme. Por outro lado, essas lesões podem também sofrer remineralização. Uma vez que o processo de carie seja controlado ocorre a remineralização dessa camada (pela @isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA ação da saliva e terapia com fluoreto), como também a abrasão dessa superfície pela escovação, resultando em um aspecto brilhante e endurecido. Os cristais que estavam dissolvidos não conseguem se formar novamente, mas se remineralizam, essa remineralização não resulta em cristais tão perfeitos como aqueles inicialmente, mas reverte o processo. Ex: Na lesão mancha branca vai ter uma redução dessa mancha, porem se for muito grande fica uma cicatriz (não tem problema porque já vai estar controlada). Já na dentina o processo de remineralização resulta em endurecimento da lesão ativa e pigmentação escura. Fluorapatita e fluoreto de cálcio: reação do flúor com mineral dental O mineral da estrutura dental, quando exposto pela primeira vez a cavidade bucal, irá gradativamente reagir com os fluidos bucais, ganhando ou perdendo minerais. Mesmo que não tenha lesão, essas trocas diárias fazem com que o dente fique mais resistente, é o que chamamos de maturação pós-eruptiva. Além dessas trocas com os fluidos bucais, o mineral da estrutura dental também reage com produtos que contem fluoreto, resultando a formação de dois produtos: fluoreto firmemente ligado (fluorapatita) e fluoreto fracamente ligado (fluoreto de cálcio). Fluoreto firmemente ligado (fluorapatita): é a reação do fluoreto com o mineral dental a nível estrutural, incorporando-se no mineral na forma de fluorapatita. fluoreto fracamente ligado (fluoreto de cálcio): é a reação do fluoreto com o cálcio, formando precipitações sobre a superfície dental e no interior de lesões de carie de um mineral tipo de fluoreto de cálcio. Diferenças: O fluoreto de cálcio vai formar reservatório que vão se dissolver por semanas ou meses, fornecendo sempre flúor para ajudar no processo de perda e ganho mineral. A fluorapatita vai permanecer incorporada ao dente, vai ter pouca repercussão clinica positiva. A reatividade do mineral dental com o fluoreto vai variar de acordo com o substrato. - é maior formação em dentina (mais reativa) do que em esmalte. - Também é maior a formação no esmalte com lesão de carie (mais poroso) do que hígido. Resumão Esmalte e dentina perdem ou ganham minerais da estrutura dental de acordo com as condições de saturação dos fluidos do meio bucal. @isanogueira 23/04/2021 CARIOLOGIA O pH dos fluidos bucais é fator determinante na perda ou ganho de minerais pelos dentes, já que a solubilidade do mineral da estrutura dental é função do pH. As lesões iniciais de cárie apresentam uma região subsuperficial mais desmineralizada, gerando lesões brancas no esmalte e amolecimento da dentina. A remineralização de lesões iniciais de cárie em esmalte e dentina é possível mediante a remoção dos fatores causais da cárie, potencializada pelo uso de fluoreto… Entretanto, a reversão total da perda mineral raramente é observada. Os subprodutos de reação do fluoreto com a estrutura dental são o flúor firmemente e o fracamente ligados ao mineral, sendo que o segundo, também chamado de mineral tipo fluoreto de cálcio, é o mais relevante, pois funciona como um reservatório de fluoreto na superfície dental para interferir com o processo de cárie.
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