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DIREITO EMPRESARIAL II

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Unidade I - Teoria Geral dos Títulos de Crédito 
1.1. Evolução histórica: 
• Idade média: embriões das movimentações bancárias (https://www.bbc.com/portuguese/geral-38804987) 
• Idade Moderna: Navegações – embriões de cheques e letras de câmbio 
Necessidade de dinamismo e praticidade 
1.2. Conceito e Função do Crédito e dos Títulos de Crédito 
Conceito unânime: “título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e 
autônomo, nele mencionado”. 
 
CC: 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, 
somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. 
 
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não 
implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. 
1.3. Princípios do Direito Cambiário 
- Art. 887 do CC - 
a) Cartularidade: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e 
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Cárrtula = papel - 
Obrigatoriedade do original; 
b) Literalidade: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e 
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Valem só as 
disposições literais no bojo do título. 
- Formas adequadas de quitação: devolução do título ou quitação no seu bojo. - Não aplicação do 
artigo 320 do Código Civil - 
c) Autonomia: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo 
nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Obrigações autônomas entre 
os coobrigados (endosso). Uma invalidade não vicia a cadeia. 
- Abstração: o título não possui vínculo com a obrigação originária 
- Inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé: Possibilidade de exceções objetivas; 
Ciência do vício pelo terceiro. 
1.4. Características dos Títulos de Crédito 
a) Formalismo: 
- Modelos formais, prescritos em lei; 
- Vedação à previsão de créditos não especificados 
Ex.: artigo 1º da Lei do cheque (Lei 7.357/85): 
Art . 1º O cheque contêm: 
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. 
https://www.bbc.com/portuguese/geral-38804987
https://www.bbc.com/portuguese/geral-38804987
b) Negociabilidade: 
- Regime Jurídico cambial (mais simples/objetivo) - Ex: Endosso no cheque: artigo 18 da Lei 7.357/85 e 
artigos 910 do CC 
- Não utilizam o Regime Civil - Ex: Cessão de crédito (Código Civil): artigos 286 e s/s do CC 
Art. 290: A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas 
por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. 
c) Executoriedade: 
- Se reveste dos requisitos do título executivo extrajudicial (artigo 784, I do CPC); 
- Diferenças entre execução, monitória e ação de cobrança: 
Artigos 784 e 700 do CPC: 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; 
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem 
eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: 
I - o pagamento de quantia em dinheiro; 
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; 
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
1.5. Classificação dos Títulos de Crédito 
a) Quanto ao modelo: 
- Livres (Letra de Câmbio e Nota Promissória) 
 A forma exata – formal – não é prescrita em norma jurídica. 
OBS: Os requisitos gerais não simbolizam forma vinculada: exemplo artigo 75º da LUG; 
Ex.: Art. 75. A nota promissória contém: 
1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a 
redação desse título; 
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
3. a época do pagamento; 
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
- Vinculados (Cheque e Duplicata). 
Deve obedecer à estrutura formal exata estipulada em lei: artigo 3º da Lei do Cheque (7.357) - normas do 
Banco Central – e artigo 27 da lei de duplicatas (5.474). 
b) Quanto à estrutura; 
- Ordem de pagamento (LC, Duplicata e cheque) 
Sacador/emitente – quem dá a ordem; 
Sacado – quem paga; 
Tomador – quem recebe. 
- Promessa de pagamento (nota promissória) 
c) Quanto à hipótese de emissão: 
- Causais (Duplicata) - A emissão e circulação devem ser em hipóteses previstas em lei – artigo 1º da 
Lei de duplicatas: 
Art . 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, 
com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o 
vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. 
- Não Causais (cheque, nota Promissória e a Letra de Câmbio) 
d) Quanto à forma de circulação; 
- ao portador: Não ostentam o nome do credor, transferem-se pela simples tradição. 
- Nominativos: Ostentam o nome do credor, podem ser de dois tipos: 
I. à ordem (circulam através do endosso) 
II. Não à Ordem (circulam através da Cessão Civil de Crédito) 
(STJ) PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. COMISSÃO DE CORRETAGEM. NEGÓCIO 
IMOBILIÁRIO. CELEBRAÇÃO DE CONTRATO DE CESSÃO E TRANSFERÊNCIA DE IMÓVEL. 
PAGAMENTO DE SINAL. POSTERIOR ARREPENDIMENTO DO COMPRADOR. RESCISÃO DO 
CONTRATO. AUSÊNCIA DE CULPA DA CORRETORA. COMISSÃO DEVIDA. RECURSO NÃO 
PROVIDO. 1. A execução movida por ora recorrida em face de ora recorrente está amparada em cheque 
emitido por este em favor daquela, a título de pagamento de comissão de corretagem, no valor de R$ 
8.000,00. Nos embargos à execução, o executado, ora recorrente, refutou a exigibilidade do 
referido título de crédito, sob o fundamento de que o negócio jurídico, ao qual está vinculado, não se 
concluiu. 2. O cheque ostenta a natureza de título de crédito, portanto, é não causal, ou seja, em 
decorrência de sua autonomia e abstração, não comporta discussão sobre o negócio jurídico originário. 
Entretanto, se o cheque não houver circulado, estando, pois, ainda atrelado à relação jurídica originária 
estabelecida entre seu emitente (sacador) e seu beneficiário (tomador), é possível que se discuta a causa 
debendi. 3. Na hipótese em exame, conforme consta do v. aresto hostilizado, não houve circulação do 
cheque emitido e, a seguir, sustado. É, portanto, devida a oposição de exceções pessoais ao cumprimento 
da ordem de pagamento contida no referido título de crédito. 4. Embora o serviço de corretagem somente 
se aperfeiçoe quando o negócio é concretizado, dado o risco inerente à atividade, não se pode perder de 
vista que, nos negócios imobiliários - os quais dependem de registro do ato negocial no Cartório de Registro 
de Imóveis para fins de transferência e aquisição da propriedade e de outros direitos reais, a intermediação 
da corretora pode encerra-se antes da conclusão da fase de registro imobiliário. Por certo, quando as partes 
firmam, de algum modo, atos, com mediação da corretora, que geram obrigatoriedade legal de proceder-se 
ao registro imobiliário, tal como ocorre no caso de celebração de promessade compra e venda ou de 
pagamento de sinal, torna-se devida a percepção de comissão de corretagem, mormente quando eventual 
desfazimento do negócio não decorrer de ato praticado pela corretora. 5. No caso em exame, conforme 
salientado pelas instâncias ordinárias, houve uma fase preliminar de negociações, seguida de uma fase 
intermediária de celebração do contrato de cessão e transferência dos direitos e obrigações constantes de 
promessa de compra e venda, com o pagamento do valor de R$ 62.000,00 a título de sinal, sendo certo que 
essas duas etapas foram intermediadas pela corretora de imóveis. Com a celebração desse contrato 
encerrou-se o ofício da corretora, a qual deu por concretizada a venda, recebendo, naquela data, o cheque 
pós-datado referente à comissão de corretagem. A partir daí, o ora recorrente munido do contrato, 
providenciou, como lhe competia, o financiamento do restante do valor do imóvel junto a uma instituição 
financeira. Contudo, durante o trâmite do processo de financiamento imobiliário, o contratante discordou do 
valor das prestações a serem pagas, rescindindo o contrato e sustando o cheque em apreço. 6. Se havia 
documento válido a corroborar o negócio jurídico - suficiente para a exigência do registro imobiliário -, não 
obstante seu posterior desfazimento, é salutar reconhecer que a corretora alcançou o "resultado útil" da 
avença. Destarte, formalizado o contrato particular de cessão e transferência de imóvel entre as partes 
interessadas, o direito à percepção de comissão de corretagem é incontestável, ainda que, por posterior 
rescisão contratual, mas não por culpa da corretora, o negócio jurídico não alcance a fase de registro 
imobiliário. 7. As instâncias ordinárias, soberanas na análise e interpretação do acervo fático-probatório dos 
autos, concluíram que não há cogitar na responsabilidade da corretora pela rescisão contratual, sobretudo 
porque ela apresentou as devidas informações quanto aos valores das parcelas do financiamento 
imobiliário, não podendo ser a ela imputada a culpa pela não concretização do negócio jurídico. Tem-se, nos 
termos das conclusões da c. Corte local, que a rescisão contratual decorreu de vontade externada pelo 
próprio contratante e sua esposa - provavelmente por insatisfação com o valor das prestações mensais do 
financiamento bancário. 8. Recurso especial a que se nega provimento. (Recurso Especial nº 1228180/RS 
(2011/0002135-3), 4ª Turma do STJ, Rel. Raul Araújo. j. 17.03.2011, DJe 28.03.2011) 
UNIDADES II III e IV - Atos Cambiais, protestos, ações cambiais e títulos em espécie 
1. A Letra de Câmbio e a Lei Uniforme de Genebra (LUG) 
Particularidades da Letra de Câmbio, bem como as regras gerais de: saque, emissão, apresentação, 
endosso, aceite, aval, protesto e ações cambiais. 
2. Cheque:

3. Nota Promissória

4. Duplicata mercantil e de Serviços: 
5. Outros tipos de títulos de crédito 
 
Principais Normas Aplicáveis à Matéria 
Leis especiais: 
Letra de Câmbio Cheque

Nota Promissória Duplicatas 
Decreto 57.663/66 (LUG) Lei 7.357/85

Decreto 57.663/66 (LUG) Lei 5.474/68 
Código Civil (artigos 887/926) – aplicação supletiva: 
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste 
Código. 
1. A Letra de câmbio e a Lei Uniforme de Genebra (LUG) Decreto 57.663/66 
No Brasil: 
Decreto 2.044/08 (estatuto de lei ordinária); 
Decreto 57.663/1966 – promulga (ratifica) a LUG (estatuto de decreto, mas eficácia de lei ordinária). 
Artigos não ratificados pelo Brasil: 
• Artigo 10;

• Artigo 41, alínea 3ª;

• Artigo 43, números 2 e 3;

• Artigo 44, alíneas 5ª e 6ª;

• Artigos 48 e 49 quanto aos juros moratórios. 
Permanecem em vigor do Decreto no 2.044/08: 
• Artigos 3º, 10, 14, 19, II, 20, 36, 48 e 54, I. 
1.1. Origem, Finalidade e Natureza Jurídica 
Título de modelo livre, estrutura de ordem de pagamento, não causal, nominativo à ordem. 
Origem – transações comerciais entre feudos na Itália (sistema dos bancos rudimentares). 
Diante de sua importância internacional no início do século XX, vários países realizaram a Convenção de 
Genebra em 1930 e aprovaram a LUG. 
1.2. Regras de Forma, Saque/Emissão 
a) Saque: toda ordem de pagamento segue a 
Lógica do saque: 
SACADOR – quem emite 
SACADO – quem paga 
TOMADOR/BENEFICIÁRIO – quem recebe 
Artigo 3º da LUG: a relação pode envolver só duas pessoas 
b) Regras formais específicas da Letra de Câmbio: 
Art. 1º. A letra contém: 
1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a 
redação desse título; 
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 
4. a época do pagamento; 
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). 
Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito 
como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: 
A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. 
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como 
sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado. 
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, 
ao lado do nome do sacador. 
Art. 6º. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e 
houver divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso. 
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, 
quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações, prevalecerá a que se achar 
feita pela quantia inferior. 
1.3. Aceite, Endosso e Aval 
1.3.1. Aceite - Artigos 21 a 29 da LUG 
Conceito: É o ato formal do sacado, escrito no bojo do título, indicando que aceita o dever de pagar a 
quantia, na data fixada, ao tomador. 
• Formas de aceite – artigo 25 da LUG: 
Art. 25. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra 
palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do 
sacado aposta na parte anterior da letra. 
• Na face: simples assinatura; 
• No verso: assinatura + “aceito” 
Recusa do aceite pelo sacado: 
a) É um direito do sacado; 
b) Acarreta no vencimento antecipado se a LC é à prazo; 
c) Acarreta na responsabilidade solidária do sacador (art. 9º): 
Art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador pode 
exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia 
do pagamento considera-se como não escrita. 
Aceite parcial:

Tem que ser expresso e pode ser: 
a) limitativo (reduz o valor); 
b) modificativo (altera as outras condições da letra) 
Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. 
Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de 
aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. 
Efeitos do aceite parcial: 
a) Vencimento antecipado em relação ao sacador na LC à prazo (opção do tomador); 
b) Vinculação do sacado apenas ao que foi aceito; 
c) Responsabilização solidária do sacador (art. 9º) 
Cláusula “não aceitável” (artigo 22 da LUG): 
Por essa cláusula o sacador pode: 
a) Proibir a apresentação para o aceite antes do vencimento; 
b) Proibir a apresentação para o aceite antes de um prazo que ele estipular. 
1.3.2 Endosso - Artigos 11 a 20 da LUG 
Conceito: É o ato cambial pelo qual o credor (endossante) de um título de crédito à ordem transmite esse 
título a outra pessoa (endossatário), tornando-se codevedor do título. 
Art. 11. Todaletra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é 
transmissível por via de endosso. 
Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não à ordem", ou uma expressão equivalente, 
a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. 
O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer 
outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. 
Tipos e efeitos do endosso: 
a) Endosso em preto: 
• Identifica o endossatário; 
• Se o endossatário transmite o título a outra pessoa, torna-se endossante codevedor (artigo 15 da LUG); 
Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do 
pagamento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o 
pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. 
b) Endosso em branco: 
• não identifica o endossatário; 
• o título passa a ser ao portador, não mais nominal; 
• o endossatário não se torna codevedor do título se o transmitir por tradição (mas será se o transmitir por 
endosso); 
• feita por simples assinatura no verso do título (artigo 13 da LUG); 
Art. 13. O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve ser assinado 
pelo endossante. 
O endosso pode não designar o benefício, ou consistir simplesmente na assinatura do endossante 
(endosso em branco). Neste último caso, o endosso para ser válido deve ser escrito no verso da 
letra ou na folha anexa. 
Cláusula não à ordem emitida por endossante: É possível ao endossante incluir cláusula não à ordem 
em seu endosso, juntamente com sua assinatura no verso do título. 
Consequências: 
a) Entendem-se válidos os endossos passados; 
b) A partir daquele último endosso, o título só poderá ser transferido por cessão civil de crédito. 
Endosso impróprio: É o ato pelo qual um credor transfere a via original do título a outrem sem transferir-
lhe o crédito. 
Atenção: nos endossos impróprios, o endossatário não pode celebrar novo endosso. 
Tipos de endosso impróprio: 
• Endosso-mandato (art. 18 da LUG); 
- Equivale a uma procuração; 
- O endossante transfere ao endossatário - apenas o direito de cobrança; 
- “Pague-se, por procuração”; 
- O valor deve ser dado ao endossante; 
• Endosso-caução (art. 19 da LUG). 
- O endossante dá o título em garantia (penhor); 
- “Pague-se, em garantia”; 
- O endossatário apenas receberá se o endossante não lhe pagar; 
Endosso x Cessão Civil de Crédito 
Endosso Cessão de Crédito Civil
Só é permitido nos títulos à ordem; É permitida em qualquer documento civil que não o 
proíba expressamente;
Só existe assinatura do endossante no verso do 
título;
Depende de solenidades formais do artigo 288 do 
CC;
Não exige notificação o devedor originário; Exige notificação do devedor originário e da cadeia 
de codevedores (art. 290 do CC);
O endossante responde pela solvência do título; O cedente só responde em caso de inexistência do 
crédito (art. 295 e 296 do CC);
O devedor não pode alegar excessões pessoais 
contra endossante de boa-fé;
O devedor pode alegar qualquer exceções contra 
cessionários de boa-fé.
1.3.3 Aval 
Conceito: O aval é o ato cambiário de garantia pessoal de pagamento, ou seja, uma pessoa (avalista) se 
compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado), seja 
ele o devedor originário ou endossante. É, via de regra, total, mas pode ser parcial se expressamente 
exposto. 
 
Artigo 30 da LUG: 
Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é 
dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra. 
Forma do Aval - artigo 31 da LUG 
• Mera assinatura na frente (anverso) do título; ou 
• Assinatura no verso, acompanhada de texto que indique o aval. 
Artigo 31 da LUG: 
Art. 31. O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. Exprime-se pelas palavras "bom para 
aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval. 
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, 
salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador. 
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador. 
Tipos de Aval: 
• Aval em preto – identifica o avalizado; 
• Aval em branco – não identifica o avalizado (na LC presume-se que é o sacador) 
• Avais simultâneos – os avalistas tornam-se devedores solidários. 
• Avais superpostos – equivalem aos simultâneos; 
Súmula 189 do STF "Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos." 
• Avais sucessivos – seguem a lógica da cadeia de coobrigados, em responsabilidade subsidiária. 
Principais características do Aval: 
• Autonomia 
A obrigação do avalista subsiste sob qualquer vício na obrigação avalizada, e mantêm-se mesmo diante de 
benefícios obtidos pelo devedor originário. 
Ex.: assinatura falsificada do sacado; sacado incapaz; postergação da dívida em caso de recuperação 
judicial. 
Súmula 26 do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas 
obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. 
 
• Equivalência (art. 32 da LUG) 
O avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. A “maneira” relaciona-se 
apenas à cadeia de coobrigados. 
• Sub-rogação (art. 32 da LUG) 
Se o avalista paga o título, pode cobrá-la regressivamente do sacado ou dos coobrigados da cadeia “acima” 
dele. 
Art. 32. O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. 
A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer 
razão que não seja um vício de forma. 
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a 
favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra. 
Aval Fiança (art. 818 e s/s do CC): 
É autônomo em relação à obrigação principal. É obrigação acessória, portanto adere ao principal. 
O avalista não pode opor, contra o credor, as 
exceções que aproveitariam o avalizado. 
O fiador pode opor as exceções que aproveitam o 
afiançado. 
Não pode invocar benefício de ordem em ralação 
ao avalizado. 
Pode invocar benefício de ordem em relação ao 
afiançado, salvo se renunciou o benefício no 
estabelecimento da fiança. 
1.4 Vencimento 
Conceito: É o fato jurídico que torna exigível o crédito cambiário nela mencionado. 
Tipos: 
• Vencimento ordinário: o título será exigível, e deverá ser pago, com o decurso do tempo, até que atinja a 
data estipulada. 
• Vencimento extraordinário: é a antecipação do vencimento em relação à data fixada no título. Pode 
ocorrer em duas hipóteses: 
Hipóteses do vencimento extraordinário: 
• Em caso de recusa do sacado em aceitar o pagamento (art. 43 da LUG); 
• Em caso de falência do sacado (Lei de falências, artigo 77); 
Nesse caso, o tomador poderá: cobrar antecipadamente de qualquer coobrigado ou entrar na fila de 
credores do falido. 
1.4 Pagamento 
O pagamento da letra de câmbio pode extinguir uma, algumas ou todas as obrigações cambiais nela 
mencionadas, dependendo de quem paga. 
Cadeia de “anterioridade-posteridade” dos codevedores: 
• O primeiro devedor ou devedor principal é o sacado (LC, CH e D) ou promitente pagador (NP); 
• O sacador (se garantir o pagamento) e os endossantes seguem a ordem cronológica; 
• O avalista é o devedor imediatamente posterior ao seu avalizado. 
Prazo para apresentação 
Art. 38 (LUG) - O tomador deve apresentar o título, para pagamento, na data de vencimento, em dia útil 
comercial. 
Art. 40 (LUG) - As partes não são obrigadas a pagar ou receber pelo título em data anterior ao vencimento. 
Da Mora 
a) Mora do credor (mora accipiendi) 
Art. 42 (LUG) - Se a letra não for apresentada a pagamento dentro do prazo fixado no artigo38, qualquer 
devedor tem a faculdade de depositar a sua importância junto da autoridade competente, a custa do 
portador e sob a responsabilidade deste. 
É do credor a obrigação de se dirigir ao devedor para que o pagamento lhe seja efetuado. 
Conduta: ação de consignação – art. 539 e s/s do CPC 
b) Mora do devedor 
• Regra de conduta: encaminhamento do título a protesto e, se mantida a mora, ação de execução; 
• A cláusula “sem despesas”: o credor dispensa o protesto e pode ajuizar execução diretamente. 
• Mas, se perder o prazo de apresentação a pagamento: 
- Se há aceite, a perda do direito de ação aproveita a todos os coobrigados, exceto o sacado; 
- Se não há aceite, perde-se totalmente o direito de execução (mantêm-se o de ação monitória ou 
ordinária): 
Art. 53 da LUG – perda do prazo para cobrança pelo credor quando há cláusula “sem despesas”: 
1.5 Protesto - Lei 9.492/97 e leis especiais de cada título 
Conceito: 
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de 
obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. 
 
Conceito da doutrina: é o ato praticado pelo credor, perante o Cartório de Protestos, para fins de incorporar 
ao título de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais, como, por exemplo, falta de aceite 
ou falta de pagamento do título. 
Hipóteses de protesto: 
• Por falta de pagamento; 
• Por falta de aceite; 
• Por falta de devolução; 
Tipos de protesto: 
• Facultativo – dirigido contra o devedor principal (e seu avalista); 
• Obrigatório – dirigido contra os coobrigados. 
 
Art. 44 c/c 53 da LUG: O credor deve apresentar o título a protesto em até dois dias após o vencimento, sob 
pena de perder o direito de execução em face dos coobrigados. 
Fases do protesto: Lei 9.492/97 
1º Apresentação do título a protesto: 
Art. 9º Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus 
caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto 
investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. 
Parágrafo único. Qualquer irregularidade formal observada pelo Tabelião obstará o registro do 
protesto. 
2º Intimação: 
• Pessoal: 
Art. 14. Protocolizado o título ou documento de dívida, o Tabelião de Protesto expedirá a intimação 
ao devedor, no endereço fornecido pelo apresentante do título ou documento, considerando-se 
cumprida quando comprovada a sua entrega no mesmo endereço. 
• Correspondência: 
§ 1º A remessa da intimação poderá ser feita por portador do próprio tabelião, ou por qualquer outro 
meio, desde que o recebimento fique assegurado e comprovado através de protocolo, aviso de 
recepção (AR) ou documento equivalente. 
• Edital: 
Art. 15. A intimação será feita por edital se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for 
desconhecida, sua localização incerta ou ignorada, for residente ou domiciliada fora da competência 
territorial do Tabelionato, ou, ainda, ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço 
fornecido pelo apresentante. 
3º Prazo 
Art. 12. O protesto será registrado dentro de três dias úteis contados da protocolização do título ou 
documento de dívida. 
§ 1º Na contagem do prazo a que se refere o caput exclui-se o dia da protocolização e inclui-se o do 
vencimento. 
§ 2º Considera-se não útil o dia em que não houver expediente bancário para o público ou aquele 
em que este não obedecer ao horário normal. 
Art. 13. Quando a intimação for efetivada excepcionalmente no último dia do prazo ou além dele, por 
motivo de força maior, o protesto será tirado no primeiro dia útil subseqüente. 
4º Pagamento ou registro do protesto 
• Se o devedor pagar: 
Art. 19. O pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito 
diretamente no Tabelionato competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante, acrescido 
dos emolumentos e demais despesas (juros e correção) 
• Se o devedor não pagar: 
Art. 20. Esgotado o prazo previsto no art. 12, sem que tenham ocorrido as hipóteses dos Capítulos 
VII e VIII, o Tabelião lavrará e registrará o protesto, sendo o respectivo instrumento entregue ao 
apresentante. 
Desistência, sustação e cancelamento do protesto: 
• Desistência – é ato do credor/apresentante: 
Art. 16. Antes da lavratura do protesto, poderá o apresentante retirar o título ou documento de dívida, 
pagos os emolumentos e demais despesas. 
• Sustação – é a ordem judicial de retirada do título (“baixa”) antes do fim do prazo do artigo 12. 
Art. 17. Permanecerão no Tabelionato, à disposição do Juízo respectivo, os títulos ou documentos de 
dívida cujo protesto for judicialmente sustado. 
• Cancelamento – pode ocorrer por: 
a) pagamento do devedor após o prazo do artigo 12, quando já lavrado o protesto (portando a via original 
do título ou uma “carta de anuência”); ou 
b) ordem judicial de retirada do título após do fim do prazo do artigo 12. 
Efeitos do protesto por falta de pagamento: 
• Direto: Comprova a falta de pagamento do título; 
• Indiretos: 
- Equivale a uma “negativação” do nome do devedor na praça do pagamento; 
- Órgãos de restrição ao crédito (SERASA) divulgam os nomes dos protestados em todo território 
nacional; 
- O protestado não pode participar de licitações; 
- Tem dificuldades de obtenção de crédito; 
 
Protesto por falta de aceite e de devolução - Art. 21 da Lei 9.492/97 
 
Por falta de aceite: 
Art. 21. O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou de devolução. 
§ 1º O protesto por falta de aceite somente poderá ser efetuado antes do vencimento da obrigação e após o 
decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução. 
§ 2º Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento, vedada a recusa da 
lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial. 
§ 5o Não se poderá tirar protesto por falta de pagamento de letra de câmbio contra o sacado não aceitante. 
Protesto por falta de aceite e de devolução - Art. 21 da Lei 9.492/97 
 
Por falta de devolução: 
 Art. 21. (...) 
 §3º Quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite e não proceder à 
devolução dentro do prazo legal, o protesto poderá ser baseado na segunda via da letra de câmbio ou nas 
indicações da duplicata, que se limitarão a conter os mesmos requisitos lançados pelo sacador ao tempo da 
emissão da duplicata, vedada a exigência de qualquer formalidade não prevista na Lei que regula a 
emissão e circulação das duplicatas. 
1.6 Ação Cambial 
Pode ser direta ou regressiva: 
• A Direta é a execução de título extrajudicial (art. 784, I do CPC); 
• A regressiva é exercida pelo codevedor que paga o título em face do devedor principal 
1.7 Prescrição na Letra de Câmbio - Art. 70 da LUG - 
a) Prescrição da execução: 
- Devedor principal e seu avalista– 3 anos desde o vencimento; 
- Codevedores – 1 ano desde o protesto (ou vencimento se há cláusula “sem despesas”) 
- Para ação regressiva – 6 meses a partir do pagamento ou do ajuizamento da execução. 
b) Prescrição da ação monitória ou ordinária: 
- Prescrição de 5 anos contados do vencimento; 
- A ação deve vir acompanhada dos fatos e provas que deram origem ao título. 
 
1.8 Títulos de Crédito Usados como Garantia de Outras Dívidas: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATOS BANCÁRIOS. INSTRUMENTO PARTICULAR 
DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. NOTA PROMISSÓRIA QUE GARANTE O CONTRATO. 
RESPONSABILIDADE DO AVALISTA. PRINCÍPIO DA ABSTRAÇÃO. NECESSIDADE DE CIRCULAÇÃO 
DO TÍTULO DE CRÉDITO. SÚMULA 280 DO STF. 
1. É entendimento desta Corte Superior que o credor possuidor de título executivo extrajudicial pode utilizar-
se tanto da ação monitória como da ação executiva para a cobrança do crédito respectivo. 
2. A literalidade, a autonomia e a abstração são princípios norteadores dos títulos de crédito que visam 
conferir segurança jurídica ao tráfego comercial e tornar célere a circulação do crédito, transferindo-o a 
terceiros de boa-fé livre de todas asquestões fundadas em direito pessoal. 
3. Segundo o princípio da abstração, o título de crédito, quando posto em circulação, desvincula-se da 
relação fundamental que lhe deu origem. A circulação do título de crédito é pressuposto da abstração. 
4. Nas situações em que a circulação do título de crédito não acontece e sua emissão ocorre como forma 
de garantia de dívida, não há desvinculação do negócio de origem, mantendo-se intacta a obrigação 
daqueles que se responsabilizaram pela dívida garantida pelo título. 
(REsp 1175238/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 07/05/2015, DJe 
23/06/2015) 
2. Nota Promissória 
É promessa de pagamento, e tem como partes: 
- Promitente (sacador, subscritor, emitente) 
- Beneficiário (tomador, credor). 
2.1. Regras Específicas da Nota Promissória: 
- Regras do aceite não se aplicam; 
- O promitente é o devedor principal da NP; 
- Por presunção, o promitente sempre é o avalizado nos avais em branco; 
2.2 Requisitos formais da nota promissória (artigos 75 e 76 da LUG): 
Art. 75 - A nota promissória contém: 
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título; 
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
3 - A época do pagamento; 
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
Art. 76 - O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito 
como nota promissória, salvo nos casos determinados das alíneas seguintes. 
A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será considerada pagável 
à vista. 
Na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi passado considera-se como sendo o 
lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da nota 
promissória. 
A nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se como 
tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor. 
2.3 Prescrição na Nota Promissória - Art. 70 da LUG - 
a) Prescrição da execução: 
- Devedor principal e seu avalista – 3 anos desde o vencimento; 
- Codevedores – 1 ano desde o protesto (ou vencimento se há cláusula “sem despesas”) 
- Para ação regressiva – 6 meses a partir do pagamento ou do ajuizamento da execução. 
b) Prescrição da ação monitória ou ordinária: 
- A ação deve vir acompanhada dos fatos e provas que deram origem ao título; 
- Prescrição de 5 anos contados do vencimento. 
3. Cheque - Lei 7.357/85 – 
3.1 Conceito: 
Cheque é ordem de pagamento à vista, de modelo vinculado, emitida contra um banco, em razão de 
provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de 
abertura de crédito. 
 
Partes: 
- Sacador/Emitente 
- Sacado: necessariamente um banco 
- Tomador/Portador 
Requisitos formais (arts. 1º a 4º da LC) 
Art. 1º O cheque contêm: 
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é 
redigido; 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento (praça de pagamento); 
V - a indicação da data e do lugar de emissão (praça de emissão); 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. 
Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como 
cheque, salvo nos casos determinados a seguir: 
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto 
ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; 
não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão; 
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto 
ao nome do emitente. 
Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, sob pena 
de não valer como cheque. 
Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles 
emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a 
validade do título como cheque. 
3.2. Atos Cambiais - Particularidades do Cheque 
• Aceite: Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com esse 
sentido. 
• Saque: Art. 15 O emitente garante o pagamento, considerando-se não escrita a declaração pela qual se 
exima dessa garantia. 
• Endosso: Artigos 17 a 28 – mesmas regras da LUG; 
• Aval: Artigos 29 a 31 – mesmas regras da LUG; 
3.3. Modalidades de Cheque 
a) visado: 
- Art. 7º: o banco sacado lança e assina (“visto”) no verso do cheque, garantido que o emitente possui 
fundos; 
- É por prazo determinado; 
- Não pode ser dado após endosso; 
b) administrativo: 
- É o cheque emitido por um banco para que ele mesmo efetue o pagamento (sacador e sacado são a 
mesma pessoa) 
Art . 9º O cheque pode ser emitido: 
(…) 
III - contra o próprio banco sacador, desde que não ao portador (necessariamente nominal) 
c) cruzado: 
- O cheque cruzado obriga o tomador a depositar o valor em conta (proíbe o uso para saque “na boca do 
caixa”); 
- Espécies: 
- Geral (em branco): não indica qualquer banco entre as linhas; 
- Especial (em preto): indica o banco depositário entre as linhas; 
3.4. Prazo de Apresentação 
Art. 33: 
- Mesma “praça” (emissão e pagamento): 30 dias; 
- “Praças” diferentes: 60 dias; 
Em Caso de Perda do Prazo: 
a) O tomador perde o direito de executar endossantes e seus avalistas: 
Art . 47 Pode o portador promover a execução do cheque: 
(...) 
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa 
de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o 
cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por 
câmara de compensação. 
b) O tomador ainda poderá executar o emitente, se este não tinha fundos: 
Súmula 600 (STF): Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o 
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. 
c) O tomador perde o direito de executar o emitente se, no prazo de apresentação, ele tinha fundos: 
§ 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento 
pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos 
disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja 
imputável. 
3.5. Cheque Pós-datado 
- Inicialmente vedado pela lei: Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer 
menção em contrário. 
- Entendimento pacificado pela jurisprudência: Súmula 370 (STJ): Caracteriza dano moral a apresentação 
antecipada de cheque pré-datado. 
-
3.6. Sustação do Cheque 
Art. 35 e 36: A sustação é o meio pelo qual o emitente manifesta, junto ao sacado, antes do pagamento do 
título, oposição ao pagamento do cheque. 
Art. 36, §2º: 
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. 
Sustação Indevida: 
- O que é justo motivo de sustação? 
- Pode o emitente sustar cheque por descumprimento comercial do tomador? 
Código Penal: art. 171, §2º, VI: 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
3.7. Cheques Sem Fundos e Ação Cambial 
a) Os motivos da devolução sem fundos: “motivo 11” e “motivo 12” 
b) Ausência de fundos para quitar mais de um cheque: 
Art . 40 O pagamento se fará à medida em que forem apresentados os cheques e se 2 (dois) ou 
mais forem apresentadossimultaneamente, sem que os fundos disponíveis bastem para o 
pagamento de todos, terão preferência os de emissão mais antiga e, se da mesma data, os de 
número inferior. 
c) Hipótese de dispensa do protesto para ação cambial: 
Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: 
I - contra o emitente e seu avalista; 
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de 
pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o 
cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por 
câmara de compensação. 
§1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste 
(…) 
§3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de 
pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este 
tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que 
não lhe seja imputável. 
d) Prescrição do cheque: 
- Para ação cambial (execução): 
Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação 
que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 
Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro 
prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que 
foi demandado. 
- Para ação monitória/ação de cobrança: 
Art. 206, §5º, I do CC: 5 anos 
Súmula 503 (STJ): O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem 
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. 
3.8. Depósito Eletrônico de Cheque 
- Depende de relação contratual entre cliente e banco; 
- O cliente/depositante torna-se fiel depositário do cheque; 
- O cliente é obrigado a destruir o cheque após alguns dias; 
Questão: o que ocorre caso o cliente, de má-fé, endossa o cheque depositado eletronicamente? 
4. Duplicata Mercantil e de Serviços - Lei 5.474/68 
4.1. Conceito: 
É título de crédito do tipo ordem de pagamento, causal, emitido em duas vias, nascido da prática comercial 
brasileira, exclusivamente para materializar dívida oriunda de compra e venda mercantil à prazo, mas hoje 
admitida também à vista, e cujo aceite do sacado é obrigatório. Por compra e venda mercantil entende-se 
os contratos firmados entre empresários. 
As duplicatas virtuais 
• Partes: 
- Sacador: vendedor na compra e venda mercantil; 
- Sacado: via de regra é o comprador na compra e venda mercantil; 
- Tomador: via de regra é o próprio sacador. 
ATENÇÃO: 
Obrigação especial em caso de emissão de duplicatas: 
Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art. 2º desta Lei obriga o vendedor a ter e a 
escriturar o Livro de Registro de Duplicatas. 
4.2. Requisitos Formais: 
Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território 
brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das 
mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. 
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como 
efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o 
saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. 
§ 1º A duplicata conterá: 
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; 
II - o número da fatura; 
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
IV - o nome e domicílio do ven dedor e do comprador; 
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
VI - a praça de pagamento; 
VII - a cláusula à ordem; 
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada 
pelo comprador, como aceite, cambial; 
IX - a assinatura do emitente. 
§ 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. 
§ 3º Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em que 
se discriminarão tôdas as prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada 
prestação distinguindo-se a numeração a que se refere o item I do § 1º dêste artigo, pelo acréscimo 
de letra do alfabeto, em seqüência. 
Art . 3º A duplicata indicará sempre o valor total da fatura, ainda que o comprador tenha direito a 
qualquer rebate, mencionando o vendedor o valor líquido que o comprador deverá reconhecer como 
obrigação de pagar. 
4.3. Atos Cambiais na Duplicata: 
• Endosso e aval: Seguem a regra geral da LUG; 
• Saque: Pela natureza da duplicata, o saque se dá concomitantemente ao envio da mercadoria adquirida 
pelo sacado. 
• Aceite na duplicata: 
Art. 7º A duplicata, quando não fôr à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do 
prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de 
declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite. 
• Hipóteses de recusa válida do aceite: 
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: 
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua 
conta e risco; 
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente 
comprovados; 
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
• Tipos de aceite: 
- Ordinário: assinado pelo sacado na duplicata impressa; 
- Presumido: decorre da prova do recebimento da mercadoria pelo sacado. 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DUPLICATA SEM ACEITE. TÍTULO 
EXECUTIVO. CONFIGURAÇÃO. MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA Nº 7/STJ. 
1. A duplicata sem aceite devidamente protestada e acompanhada dos documentos suficientes para 
comprovar a entrega das mercadorias é título hábil a aparelhar processo de execução. 
(AgInt no AREsp 921.529/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 27/09/2016, DJe 30/09/2016) 
4.4. Protesto na Duplicada: 
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. 
§ 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante 
apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução 
do título. 
§ 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, 
não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento. 
§ 3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. 
§ 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, 
contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos 
avalistas. 
Art. 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo 
aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando 
se tratar: 
I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; 
II- de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente: 
a) haja sido protestada; 
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e 
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos 
previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. 
4.5. Prescrição na Duplicata: 
a) Art. 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve: 
I - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3(três) anos, contados da data do vencimento do 
título; 
II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto; 
III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que haja 
sido efetuado o pagamento do título. 
§ 1º - A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todosos coobrigados, sem 
observância da ordem em que figurem no título. 
§ 2º - Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento. 
b) Ação Monitória/Cobrança: 5 anos a partir do vencimento. 
5 Outros Tipos de Títulos de Crédito 
UNIDADE V – Contratos Empresariais 
5.1. Introdução à disciplina dos contratos: 
Regimes jurídicos dos contratos no Brasil: 
a) Contratos administrativos; 
b) Contratos de trabalho; 
c) Contratos de consumo; 
d) Contratos civis; 
e) Contratos comerciais. 
• Regimes de direito: privado ou público; 
• Nível de intervenção estatal; 
• Diferença entre contratos civis e comerciais desde 2002. 
Conceito de contratos empresariais: 
São acordos profissionais firmados entre empresários, típicos ou atípicos, formais ou informais, bilaterais 
ou unilaterais, comutativos ou aleatórios, segundo as normas jurídicas do direito empresarial, 
subsidiariamente às normas do direito civil (artigos 421 e s/s do CC) e excepcionalmente às do direito do 
consumidor. 
Princípios (segundo Fábio Ulhoa): 
a) Autonomia da vontade; 
b) Vinculação dos contratantes (pacta sunt servanda); 
 Relativização da teoria da imprevisão; 
c) Proteção do dependente 
 “Dependente” é a empresa vinculada a outra, a qual dita os rumos do negócio da primeira (Ex. 
contratos de franquia) 
d) Eficácia dos usos e costumes; 
e) Respeito à livre concorrência; 
5.2. Contratos em espécie 
5.2.1. A Compra e Venda Mercantil: 
É a aquisição de bens ou direitos mediante pagamento em dinheiro. 
 
Características: 
• Comprador e vendedor devem ser empresários; 
• Aplicam-se os artigos 481/532 do CC (Da compra e venda); 
• Objeto: 
 Bens que serão destinados à revenda; 
 Insumos e matérias primas; 
É possível aplicar regras do regime consumerista em compra e venda mercantil de insumos? 
 - A relação jurídica qualificada por ser "de consumo" não se caracteriza pela presença de pessoa 
física ou jurídica em seus pólos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um lado (consumidor), e de 
um fornecedor, de outro. 
 - Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável 
vulnerabilidade entre a pessoa-jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do 
equilíbrio entre as partes. Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a 
jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor 
do critério subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre 
fornecedores e consumidores-empresários em que fique evidenciada a relação de consumo. 
 - São equiparáveis a consumidor todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas 
comerciais abusivas. 
 Recurso especial não conhecido. 
 (REsp 476.428/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/04/2005, 
DJ 09/05/2005, p. 390) 
5.2.2. Representação Comercial ou Agência ou Distribuição: 
 
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de 
dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos 
negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a 
coisa a ser negociada. 
Partes: 
• Agente – empresa responsável pela distribuição dos produtos do proponente; 
• Proponente – fabricante dos produtos negociados pelo agente; 
 
Objeto: venda, pelo agente, dos bens produzidos pelo proponente, em zona territorial previamente definida 
pelo contrato. O agente sempre age em nome do proponente, ou seja, realizada a venda, será do 
proponente o dever de cumprir o acordo. 
 
Tipos: 
• Agência: ocorre quando o agente não leva, na venda, o produto da venda; 
• Distribuição: o agente leva consigo o produto, ou amostras do produto a ser vendido; 
Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na 
mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de 
negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes. 
 
Art. 716. A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar de ser realizado por fato 
imputável ao proponente. 
Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso 
prévio de noventa dias, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do 
investimento exigido do agente. 
 
Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regras concernentes ao 
mandato (art. 653/692 do CC) e à comissão (art. 693/709 do CC) e as constantes de lei especial. 
Pergunta: venda de produtos “natura” se enquadram no conceito de agência ou distribuição? Caso positivo, 
é contrato civil ou empresarial? 
5.2.3.Comissão Mercantil (“corretagem” mercantil) 
 
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu 
próprio nome, à conta do comitente. 
 
Partes: 
• Comissário: é quem adquire ou vende bem, em nome e responsabilidade própria, por ordem do 
comitente. 
• Comitente: é o proprietário do bem a ser vendido, ou do bem que será adquirido, e dá a ordem ao 
comissário. 
Objeto: Compra e venda de bem, por ordem de um comitente, pela qual o comissário assume 
responsabilidades e riscos do negócio. 
Art. 696. No desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, 
não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que 
razoavelmente se podia esperar do negócio. 
Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por 
ação ou omissão, ocasionar ao comitente. 
Art. 697. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de 
culpa e no do artigo seguinte. 
Art. 706. O comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um ao outro; o primeiro pelo que o 
comissário houver adiantado para cumprimento de suas ordens; e o segundo pela mora na entrega dos 
fundos que pertencerem ao comitente. 
Art. 708. Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o 
comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão. 
 
Art. 709. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato. 
5.2.4. Franquia: 
 
Partes: 
• Franqueador: concede a outro empresário o uso de sua marca e presta serviços de organização 
empresarial 
• Franqueado: adquire o direito de comercializar os produtos da marca do franqueador. 
Objeto: 
• Aquisição do direito de comercialização dos produtos da marca; 
• Aquisição do serviço de organização empresarial, que se divide em três tipos: 
- menagement (administração) 
- engineering (logística e organização de espaços) 
- marketing 
Tipos de remuneração: 
• Remuneração por prestação de serviços; 
• Royalties: 
- Taxa de franquia; 
- Garantia de capital de giro; 
- Taxa de publicidade; 
- Royalties stricto senso 
5.3 Contratos financeiros: 
5.3.1 Contrato de Depósito Bancário: 
Objeto: Contrato comumente denominado “abertura de conta corrente” pelo qual o banco fornece o serviço 
de depósito (artigos 627 e s/s do CC) de valores do cliente, podendo ser acompanhado de contratação de 
uso de cheque e cartão de crédito, ou outras vias que viabilizem a movimentação financeira. 
Questão: É lícito o desconto automático, pelo banco, de valores da conta corrente do cliente para 
pagamento de dívidas? 
Julgado 1: 
(...) 
2. A jurisprudência desta Corte entende pela "validade da cláusula autorizadora de desconto em conta-
corrente para pagamento das prestações do contrato de empréstimo, ainda que se trate de conta utilizada 
para recebimento de salário" (REsp 1584501/SP, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, 
julgado em 6/10/2016, DJe 13/10/2016). 
3. Agravo interno desprovido. 
(AgInt no AgInt noREsp 1627176/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017) 
Julgado 2 (limitação de 30% em empréstimos consignados): 
(...) 
1. O contrato de conta-corrente é contabilidade em que se registram lançamentos de créditos e débitos 
referentes às operações bancárias, conforme os recursos depositados, sacados ou transferidos, pelo 
próprio correntista ou por terceiros, de modo que é incompatível com a relação contratual/contábil vedar os 
descontos ou mesmo limitar, visto que na conta-corrente também são lançados descontos de terceiros, 
inclusive instituição financeira, que ficam à margem do que fora decidido sem isonomia, atingindo apenas 
um credor. (REsp 1.586.910/SP, de minha relatoria, Quarta Turma, DJe de 03/10/2017). 
2. A hipótese dos autos é distinta, tendo em vista tratar-se de contrato de empréstimo consignado em 
folha de pagamento, no qual deve ser considerada válida a cláusula que limita em 30% do salário bruto do 
devedor o desconto da prestação de empréstimo contratado, excluídos os valores relativos ao imposto de 
renda e fundo previdenciário. Precedentes do STJ. Incidência da Súmula 83 desta Corte. 
(...) 
(AgInt nos EDcl no AREsp 1317285/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado 
em 13/12/2018, DJe 19/12/2018) 
5.3.2. Contrato de Desconto Bancário (ou antecipação de recebíveis) 
Objeto: o banco antecipa ao cliente, à vista, o valor de títulos de crédito à prazo nos quais o cliente figure 
como tomador em sua atividade empresarial. 
Atenção: 
• O cliente deve endossar em preto o título ao banco; 
• O cliente garante o pagamento do título em caso de simples inadimplemento do sacado (aplicação plena 
da corresponsabilidade do endosso); 
5.3.3 Contrato de Factoring: 
Objeto: o faturizador compra títulos de crédito à prazo de seu cliente (faturizado), mediante desconto sobre 
o valor de face do título (fator). 
Atenção: 
• A transferência se dá via cessão de crédito (entendimento jurisprudencial). 
• o faturizador não poderá cobrar a dívida do faturizado, exceto se este agiu com culpa no inadimplemento 
(ex. falta de entrega de mercadorias, mercadorias viciadas, títulos frios). 
5.3.4. Contrato de Abertura de Crédito: 
Popularmente conhecido como “Cheque Especial”, representa o contratos pelo qual o banco coloca, à 
disposição do seu cliente, determinada quantia a seu favor, que poderá ou não ser utilizada por este. 
5.3.5 Contrato de Arrendamento Mercantil (Leasing): 
 
Objeto: contrato de natureza mista, pelo qual um arrendatário faz uma locação (com animus de 
propriedade) de bem do arrendante, por prazo determinado; ao fim do prazo, o arrendatário poderá fazer a 
opção de compra ou devolução do bem, pagando-se o valor residual (VRG). 
Questão: 
A) De quem é o dever de conservação do bem? 
STJ: 1. As despesas relativas à remoção, guarda e conservação de veículo apreendido no caso de 
arrendamento mercantil, independentemente da natureza da infração que deu origem à apreensão do 
veículo e ainda que haja posterior retomada da posse do bem pelo arrendante, são da responsabilidade do 
arrendatário, que se equipara ao proprietário enquanto em vigor o contrato de arrendamento (cf. artigo 4º da 
Resolução Contran nº 149/2003). 
2. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao procedimento do artigo 543-C do Código de Processo Civil. 
(REsp 1114406/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/04/2011, 
DJe 09/05/2011) 
B) Sobre a cobrança antecipada do VRG: 
Entendimento anterior: 
Súmula 263 (STJ): A cobrança antecipada do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de 
arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação. 
(Súmula 263, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/08/2003, DJ 24/09/2003, p. 216, DJ 20/05/2002, p. 188) 
 
Entendimento atual: 
Súmula 293 (STJ): A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato 
de arrendamento mercantil. 
(Súmula 293, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/05/2004, DJ 13/05/2004, p. 183) 
C) Em caso de venda do bem arrendado após reintegração de posse, quem fica com eventual valor 
que ultrapassar o VRG previsto? 
Súmula 564 (STJ): No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro, quando a 
soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor da venda do bem 
ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de receber a respectiva 
diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos 
pactuados. 
(Súmula 564, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016) 
UNIDADE VI – Recuperação e Falência - Lei 11.101/2005 
1. Conceitos: 
 
A)“Falido” é o empresário individual ou a sociedade empresária submetida à falência, conforme artigos 1º e 
2º da Lei. “Devedor” é o termo que abrange tanto o falido como o empresário em recuperação. 
 
 Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor; 
 Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
 I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
 II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de 
previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, 
sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
ATENÇÃO: Não confundir o “falido” com seus “sócios”: 
 Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: 
 I – assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação 
do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar 
do dito termo: 
 a) (...) 
 b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, 
diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, 
bem como suas alterações; 
 Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da 
decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1odo art. 
181 desta Lei. 
B) A recuperação é o processo, judicial ou extrajudicial, pelo qual o empresário – individual ou sociedade – 
deve se reorganizar, com interferência direta dos credores, para cumprir suas obrigações sem suspender 
suas atividades empresárias. 
C) Falência é o processo judicial que suspende a atividade empresária, afasta administradores e sócios 
para possibilitar o cumprimento das obrigações de empresário – individual ou sociedade – que esteja em 
crise financeira, e que poderá acarretar na dissolução deste empresário. 
2. Falência x Dissolução 
 A falência não importa, necessariamente, na morte (dissolução) da pessoa jurídica. 
 
CC: 
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: 
 I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a 
sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; 
 II - o consenso unânime dos sócios; 
 III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; 
 IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; 
 V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 
 
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: 
 I - anulada a sua constituição; 
 II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade. 
 
Lei de Falências: 
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da 
falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1odo art. 181 desta 
Lei. 
Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido. 
3.DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA 
 
3.1. DAS DÍVIDAS: 
 Na recuperação e na falência devem ser incluídos todas as dívidas liquidadas, ainda que não 
vencidas, exceto: 
 
 Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: 
 I – as obrigações a título gratuito; 
 II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na 
falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. 
Exceções aplicáveis apenas à recuperação judicial: 
Também não integram a recuperação: 
• A dívida dos coobrigados, fiadores e obrigados em regresso do devedor (art. 49, §1º); 
• As dívidas expressamente excluídas pelo plano de recuperação; 
• Casos do art. 49, §3º: 
 - alienações fiduciárias; 
 - arrendamentos mercantis (leasings) de imóveis com cláusulas de irretratabilidade; 
 - compras e vendas com reserva de domínio; 
• Os contratos de câmbio para exportação e importação (art. 49, §4º c/c 86, II); 
 
3.2. PRINCIPAIS EFEITOS DA DECRETAÇÃO DE RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA 
A) CRIAÇÃO DO JUÍZO UNIVERSAL: 
 O juízo universal é aquele competente em razão da matéria, territorialmente competente nos termos 
do artigo 3º da LF, para tratar dos direitos e obrigações do devedor, requeridos após a decretação da 
falência ou deferimento da Recuperação, nos limites do artigo 6º. 
 
 Competência territorial: 
 
 Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação 
judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de 
empresa que tenha sede fora do Brasil. 
 O art. 6º e as ações em curso: 
 
 Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial 
suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive 
aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
 
 § 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia 
ilíquida. 
 
 § 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de 
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as 
impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a 
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor 
determinado em sentença. 
 O art. 6º e as ações em curso (cont.): 
 
 § 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese 
nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do 
processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de 
iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. 
 
 § 5º – Aplica-se a suspensão do §4º sobre as ações trabalhistas também. Mas, após o fim da 
suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja 
inscrito no quadro-geral de credores. 
 O art. 6º e as ações em curso (cont.): 
 
 § 6º Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que 
venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da 
recuperação judicial: 
 
 I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; 
 II – pelo devedor, imediatamente após a citação. 
 
 § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação 
judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação 
ordinária específica. 
 
 § 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para 
qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. 
B) NA FALÊNCIA: CRIAÇÃO DA MASSA FALIDA, QUE SUBSTITUIRÁ PROCESSUAL E 
MATERIALMENTE AS AÇÕES E CONTRATOS DO FALIDO 
 Natureza da massa falida: sujeito de direito despersonalizado representado pelo administrador 
judicial, que se sub-roga nos polos contratuais e processuais do falido, mas não o substitui definitivamente, 
já que o falido mantém sua personalidade jurídica. 
 C) NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL 
 Aspectos essenciais do Administrador (artigos 21 a 25): 
 
a) É profissional da confiança do juiz, equivalente a um perito judicial, preferencialmente advogado, 
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada; 
 
b) Recebe honorários fixados pelo juiz e credores no máximo de 5% sobre a soma das dívidas 
submetidas à RJ ou à soma dos bens da falência (2% nos processos de ME e EPP), pagos pelo 
recuperando ou massa falida. 
 
c) Deve prestar contas sob pena de desobediência e destituição; 
 
d) Suas contas são fiscalizadas pelo Juiz, Ministério Público, Credores e pelo Recuperando ou 
Massa Falida; 
 Atribuições do administrador (art. 22): 
 
1. Na Recuperação Judicial e Falência: 
a) Enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, 
o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei (rol de credores apresentados 
na petição inicial), comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, 
a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; 
b) Fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; 
c) Dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas 
habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei (verificação e habilitação dos 
créditos); 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou 
quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando 
necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
2. Exclusivamente na Recuperação Judicial (natureza fiscalizatória): 
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do 
art. 63 desta Lei; 
3. Exclusivamente na Falência (natureza ostensivamente administrativa): 
 
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os 
livros e documentos do falido; 
b) examinar a escrituração do devedor; 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de 
interesse da massa; 
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, 
prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à 
situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o 
disposto no art. 186 desta Lei; 
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 
108 e 110 desta Lei; 
g) avaliar os bens arrecadados; 
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens 
caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; 
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; 
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bensperecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável 
desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; 
k) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a 
respectiva quitação; 
l) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou 
legalmente retidos; 
m) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão 
previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; 
n) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a 
proteção da massa ou a eficiência da administração; 
o) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta 
demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; 
p) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de 
responsabilidade; 
q) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. 
3.3 DA HABILITAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS; Artigos 7º a 20 da LF 
 
A. Verificação: 
 É ato do administrador judicial que corresponde à análise dos documentos contábeis do 
devedor para criação de um rol de credores que será publicado em edital preliminar. 
 
 Os credores incluídos no rol serão automaticamente incluídos na recuperação ou falência, e tal 
inclusão significa aceitação expressa da dívida pelo devedor. 
 
B. Habilitação: 
 É o procedimento extrajudicial ou judicial de inclusão de créditos no rol do administrador após 
publicação do edital preliminar. 
PROCEDIMENTO DE VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO: 
 
1º) análise dos livros e documentos contábeis pelo administrador judicial; 
 
2º) elaboração e publicação da lista de credores em edital preliminar; 
 
3º) Prazo de 15 dias para os credores preteridos apresentarem suas habilitações ou divergências; 
 
4º) Prazo de 45 dias para o administrador judicial publicar novo edital, contemplando ou não as 
reclamações dos credores preteridos; 
5º) Prazo de 10 dias para que qualquer credor, o Comitê de credores, o MP, o devedor ou seus sócios 
apresentem impugnação judicial ao rol do administrador, autuada em apenso à RJ ou falência. 
 A impugnação judicial pode versar sobre: 
• alguma ausência na lista de credores; 
• contra algum erro (como valor); 
• ou contra algum crédito incluído, mas não reconhecido por algum legitimado; 
 
6º) Apresentada impugnação judicial – intimação dos interessados para contestar e apresentar provas 
em 5 dias; 
 
7º) Intimação do devedor e Comitê de credores para se manifestar – 5 dias; 
 
8º) Intimação do Administrador judicial para parecer e provas – 5 dias; 
 
9º) O juiz proferirá decisão interlocutória que irá: 
 
 a) incluir os créditos habilitados e não impugnados; 
 b) julgar as impugnações ou proferir decisão saneadora, conduzindo-as pelo rito ordinário; 
 
10º) Encerradas as impugnações (por transito em julgado) o juiz homologará o quadro geral de credores. 
Atenção: Se os prazos não forem respeitados, o credor não perde o direito de habilitação, mas perde o 
direito a voto na Assembleia de Credores. 
3.4 ASSEMBLEIA E COMITÊ DE CREDORES 
 
Assembleia de credores: 
 
 Órgão obrigatório composto pelos credores com direito a voto, divididos em classes na forma da LF 
(art. 41), cujo voto de cada credor será proporcional ao valor do crédito habilitado, em maioria simples 
(art. 38) dentre os presentes na assembléia. 
 
Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: 
 
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; 
II – titulares de créditos com garantia real; 
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados. 
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. 
 
§1º Os titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a classe prevista no inciso I 
do caput deste artigo com o total de seu crédito, independentemente do valor. 
§2º Os titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista no inciso II do caput deste artigo 
até o limite do valor do bem gravado e com a classe prevista no inciso III do caput deste artigo pelo 
restante do valor de seu crédito. 
3.4 ASSEMBLEIA E COMITÊ DE CREDORES 
 Exceção à regra da maioria simples geral: deliberação para aprovação do plano de recuperação 
judicial – art. 45 da LF (maioria simples por classe): 
 
 Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores 
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. 
 § 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá 
ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à 
assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. 
 § 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada 
pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. 
 
Atribuições da Assembleia geral de credores (art. 35): 
 
A) Na recuperação judicial, deliberar sobre: 
• aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; 
• a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; 
• o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; 
• o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
• qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 
 
B) na falência, deliberar sobre: 
• a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; 
• a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei; 
• qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
B. O Comitê de Credores: 
 Órgão facultativo, composto por um representante de cada classe de credores, com atribuições 
fiscalizatórias. Na sua ausência, suas atribuições serão exercidas pelo Administrador Judicial. 
 Artigos 26 a 34 da LF. 


UNIDADE VII: RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

 É o processo extrajudicial pelo qual o devedor que preencha os requisitos da recuperação judicial 
(art. 48) e requisitos específicos, pode negociar com certos credores um plano de recuperação simplificado, 
nos termos dos artigos 161 a 167 da LF. 
REQUISITOS (art. 48): 
 
a) Requisitos gerais de qualquer Recuperação: 
 Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça 
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, 
cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as 
responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano 
especial de que trata a Seção V deste Capítulo (Recuperação de ME e EPP); 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por 
qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
b) Requisitos específicos da Recuperação Extrajudicial: 
• Não ter pedido pendente de RJ ou já tiver obtido Recuperação Judicial ou Extrajudicial há menos de 2 
anos; 
• Inicialmente, o plano de recuperação preparado pelo devedor e aprovado pelos credores é um acordo 
privado entre as partes; 
• Não acarreta na suspensão de prescrição e das ações e execuções em curso; 
• Pode abranger dívidas vincendas, mas a inclusão de um crédito será sempre opção do credor; 
• Não pode abranger dívidas tributárias nem trabalhistas; 
• Pode ser submetido à homologação judicial 
DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL SUBMETIDA

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