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As doenças inflamatórias intestinais (DII) são crônicas e acometem o trato digestório. As duas principais formas de DII são: Doença de Crohn; Colite ulcerativa; Ambas são doenças raras, mas que resultam em uso frequente de recursos de saúde. O início da DII ocorre mais frequentemente em pacientes entre 15-30 anos, mas em alguns casos ocorre mais tarde, na vida adulta. A doença de Crohn pode envolver qualquer parte doo TGI, mas aproximadamente 50- 60% dos casos envolvem tanto o íleo distal quanto o cólon. A atividade da doença na colite ulcerativa é limitada ao intestino grosso e reto. Na doença de Crohn, os segmentos do intestino inflamado podem ser separados por segmentos saudáveis, enquanto na colite ulcerativa o processo de doença é contínuo. Diarreia; Febre; Perda de peso; Anemia; Intolerâncias alimentares; Desnutrição Déficit de crescimento Manifestações extraintestinais (artríticas, dermatológicas e hepáticas). Megacólon tóxico; Câncer; Estenoses e fístulas. Eritema nodoso; Poliartrite migratória; Cálculos biliares; Má absorção; Câncer; Estenoses ou fistulas; Doença perianal. Predisposição genética; Fatores ambientais; Desconhecido viral ou bacteriano; Ativação anormal da resposta imune da mucosa; Resposta sistêmica secundária. Na colite ulcerativa, a inflamação se concentra na mucosa, envolve o reto e se estende continuamente em relação ao cólon. A mucosa intestinal é uma barreira de defesa imunológica contra os microrganismos maléficos do intestino, e na colite ulcerativa há uma diminuição dessa barreira, fazendo com que fique mais susceptível a infecção. Os colonócitos (células epiteliais do cólon) também estão relacionados a doença. A expressão de receptores, como o receptor gama ativado por proliferador de peroxissomos, um regulador negativo da inflamação, é diminuído nas células epiteliais do colón em pacientes com colite. A defesa de que a disfunção da barreira imunológica como um dos principais motivos da causa da doença é apoiada pelo fato dos portadores de colite ulcerativa ativa apresentarem células colônicas decaídas e uma barreira permeável ao muco. A patogenia das DII são complexas e complicadas, porém alguns estudos evidenciaram demasiada produção de interleucinas do tipo 17, estando ela envolvida no processo da doença. A doença começa com inflamação das criptas e dos abscessos, que progridem para pequenas ulceras aftoides. Essas lesões da mucosa podem evoluir para úlceras profundas transversais e longitudinais com edema mucoso entre as úlceras, criando no intestino, aspecto característico de pedra de calçamento. A disseminação transmural da inflamação causa linfedema e espessamento da parede intestinal e do mesentério. A gordura mesentérica se estende a superfície serosa do intestino. Linfonodos mesentéricos com frequência aumentam de tamanho. A inflamação extensa pode resultar em hipertrofia muscular, fibrose e estenose, que podem causar obstrução intestinal. Na DII, os mecanismos regulatórios são defeituosos ou os fatores que perpetuam a reposta imune e de fase aguda são exacerbados, levando a fibrose e a destruição tecidual. Acredita-se que a fisiopatologia se dá, devido a uma resposta inflamatória deficiente, provocando danos as células do intestino delgado e grosso, provocando má absorção, ulceração ou estenose. A dieta é um fator ambiental que pode desencadear surtos de DII. Os alimentos, microrganismos, nutrientes isolados e contaminantes incidentais, fornecem um grande número de potenciais antígenos, considerando a complexidade e a diversidade da dieta moderna. A desnutrição pode afetar a função e a eficácia das barreiras da mucosa, celular e imunológica. As alergias alimentares e outras reações imunológicas a alimentos específicos tem sido relacionados com a patogênese da DII e seus sintomas. O tratamento clinico médico consiste em uso de corticoesteróides, agentes anti- inflamatórios, imunossupressores e antibióticos. Existe também o tratamento cirúrgico que consiste em ressecção do intestino, podendo resultar em síndrome do intestino curto. É importante verificar a ocorrência de perda de peso (que pode estar mascarada pelo uso de corticoesteróides que levam a retenção hídrica), anemia, falta de vitaminas e minerais (em especial, ferro, ácido fólico, B12 e cálcio) e deficiência no crescimento em crianças. A hiperalbuminemia é frequente, mas deve ser interpretada considerando o processo inflamatório, pois por ser uma proteína de fase aguda negativa, a albumina nesse momento estará sob a influência da inflamação vigente. Existem alguns fatores relacionados a deficiência nutricional nas doenças inflamatórias intestinais, como: Diminuição na ingestão alimentar; Anorexia, náuseas e vômitos; Má absorção; Aumento das perdas intestinais; Interações droga-nutrientes. O objetivo da terapia nutricional para as DII é, aplicar as recomendações nutricionais adequadas de acordo com o tipo de doença e o grau de atividade; recuperar ou manter o estado nutricional; fornecer o aporte adequado de nutrientes e contribuir para diminuir a atividade e para aumentar o tempo de remissão da doença. É recomendada uma dieta hipercalórica (25- 30Kcal/Kg/dia) para recuperar ou manter um peso corporal saudável. Uma dieta normo a hiperproteica a depender do estado nutricional. Dieta hipolipídica, já que a gordura pode piorar o quadro de diarreia. Na fase aguda, o ideal é retirar a lactose, pois a lactase é uma enzima de frágil inserção na mucosa intestinal e seus níveis podem estar diminuídos na diarreia. Deve-se ter um controle de carboidratos mono e dissacarídeos, para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarreia. A dieta deve ser rica em fibras solúveis e pobre em fibras insolúveis para auxiliar no controle da diarreia. O ideal é evitar alimentos relacionados com a formação de gases (como, brócolis, couve- flor, repolho, nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino e batata-doce); grãos e leguminosas; frutos do mar; melão, abacate e melancia; ovo cozido e frito; sementes oleaginosas; bebidas gasosas e, excesso de açúcar. Na fase aguda da doença, o suporte enteral e parenteral tem sido empregado com o objetivo de melhorar o estado nutricional. Na literatura, existe uma tendência favorável a utilização de formulas enterais nas DII.
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