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ARTRITE REUMATOIDE marco clínico: poliartrite simétrica erosiva de mãos e punhos. DEFINIÇÃO: Doença autoimune crônica, sistêmica e inflamatória que acomete preferencialmente a membrana sinovial (articulações). - Se a inflamação atinge outros órgãos, chamamos de artrite reumatoide grave. - Pode não ter rubor, calor, dor, mas se tiver edema/aumento da região já podemos pensar em Artrite. Inicialmente acomete interfalangeanas proximais, metacarpofalangeanas e punhos com simetria. Ou seja, é uma doença inflamatória crônica, onde envolve articulações em um processo insidioso que resulta em deformidades. Seu curso é intermitente, com lesão tecidual progressiva, é uma patologia que afeta a membrana sinovial e a cartilagem que reveste as articulações. - GRANDE POTENCIAL DE DESTRUIÇÃO CARTILAGINOSA E EROSÃO ÓSSEA (reabsorção óssea pelo osteoclasto, induzida pelo IL-6. EPIDEMIOLOGIA: Mulher meia-idade No Brasil estima-se que existam cerca de 1% dos portadores. A faixa etária de acometimento é de 25-55 anos, com predileção pelo sexo feminino, após os 65 anos a diferença entre os sexos diminui. Doença auto-imune, fatores genéticos, fatores ambientais (tabagismo, patógenos, estresse emocional). De modo geral, história de AR em paciente de primeiro grau aumenta em 2-10x a chance de desenvolver a doença. O antígeno leucocitário humano (HLA) é fator de risco genético mais importante para AR, responsável por 30% a 50% da suscetibilidade genética para AR. A associação mais forte conhecida é com os alelos do gene HLA DRB1 que codificam uma sequência de aminoácido chamada de epítopo compartilhado (EC). O EC é relacionado à apresentação de peptídeos cirtulinados, seleção de linfócitos T autorreativos e consequente exacerbação da resposta imune adaptativa, liberação de citocinas inflamatórias ( ex: TNF, IL-6,IL-1) e ativação de linfócitos B (produção de fator reumatoide) TABAGISMO – fator modificável QUEM FUMA E É DIAGNOSTICADO COM AR, TEM QUE PARAR DE FUMAR. Proteínas citulinados é produzido no pulmão e quem tem AR tem o estímulo aumentado da produção de anti- CCP no pulmão, quem fuma tem isso exacerbado, então perdurar o tabagismo aumenta a superprodução de anticorpos e assim a doença se torna mais grave (deformidades, etc). o que é a citrulinização? É a conversão da arginina em citrulina ( proteína citrulinada), processo que ocorre na inflamção. O que é HLA DR? O HLA DR é um receptor da família de moléculas de MCH de classe II, presente nas células apresentadoras de antígenos e respon´savel por apresentar epítopos antigênicos ás células T (via receptor TCR) Atacam a membrana sinovial (sinovite), ocorre a produção desordenada de citocinas (TNF-alfa) com o passar do tempo o líquido tem invasão de células inflamatórias (B e T ativadas – grande dependência pela TCD4+), que liberam fatores angiogênicos (mais vasos, mais sangue, mais nutriente e consequentemente proliferação) e ocorre o aumento da espessura da membrana sinovial (Pannus) - proliferação. Se assemelha a uma neoplasia invasiva, pois a sinovial cresce, envolve a cartilagem e ataca o osso. O pannus é um “manto” que recobre as estruturas intraarticulares, que por estar inflamado cronicamente lesa por contiguidade os tecidos vizinho, no caso a cartilagem e o tecido ósseo subjacente. Poli- mais de 4 articulações Artrite- tem um caráter inflamatório de dor, calor, rubor e edema. Oligo- até 4 Mono -1 Artralgia- evidencia dor na articulação. OBS: - Reconhecimento das poliartrites agudas e crônicas. Doença musculoesquelética ou outro sistema? (hipotireoidismo descompensado) Dor articular ou periarticular? Mecânica (dor com o movimento) ou inflamatória (dor no repouso)? Apendicular? Axial? Ambos? - Anamnese e exame físico (75%), exame complementar tem que ser direcionado – o FAN ainda assim pode sair normal, ou o alterado deve ser associado com a clínica que precede a solicitação do mesmo. - Artrite crônica: pelo menos 6 semanas de artrite). PROGNÓSTICO Pior prognóstico – FR+ e/ou Anti-CCP+ extra- articular erosões DIAGNÓSTICO Clinica Poliartrite simétrica, > semanas Laboratório PCR e VHS elevados Imagem Sinovite e/ou erosão Critérios classificatórios ACR/EULAR 2010 Pontuação maior / igual a 6 ATENÇÃO! FR e anti CCP NÃO SÃO OBRIGATÓRIOS PARA DIAGNÓSTICO O ANTI-CCP faz parte dos critérios, tem especificidade 90-96%, pode estar presente anos antes da doença clínica, é fator de mau prognóstico e pode ser um falso positivo na TB pulmonar, hanseníase, hepatite autoimune, artrite psoriática. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Mais comum o aumento de volume. Tornozelo, joelhos e joelhos. Insidioso (mais comum); Rigidez matinal > 1hora; Sintomas constitucionais (febre, perda de peso, fadiga, anorexia, fraqueza, etc); Poliartrite crônica (mais de 5 articulações por mais de 6 semanas); Pequenas e grandes articulações; Simétrica e aditiva, mas não em espelho obrigatoriamente; Poupa IFdistal e pequenas articulações dos pés; Poupa esqueleto axial (exceto cervical). MANIFESTAÇÕES ARTICULARES - Pacientes que se queixam de ter uma dor do nada em uma região - Mãos: tumefação das IFproximais de forma simétrica, cisto sinovial, eles apresentam muita sinovite e tenossinovite. Também ocorre desvio ulnar dos dedos, subluxação, dedo em botoeira (não é patognomônico) e dedo em pescoço de cisne (não é patognomônico). Na tentativa de redução da luxação não há sucesso, pois ocorreu a destruição da articulação. - Punhos: punhos em dorso de camelo. A hipertrofia sinovial pode ocasionar a compressão do nervo mediano contra o ligamento transverso do carpo, originando a síndrome do túnel do carpo, caracterizado por parestesia no polegar, segundo e terceiros quirodáctilos e a metade radial do quarto. Realizar a manobra de tinnel e phalen. - Joelhos: derrames articulares observados com a compressão da patela (sinal da tecla), há sensação de flutuação da patela e afundamento pelo excesso de líquido sinovial. O Cisto de Baker com dissecção para panturrilha, ocorre como herniação por aumento da pressão intra-articular, pode simular uma TVP, principalmente quando roto pelo edema e dor local, solicitar USG com doppler. - Pés: hálux valgus, subluxação de metatarsos (dor para caminhar e dificuldade com calçados), dedos em martelo, fasciíte plantar, síndrome do túnel do tarso (compressão do nervo fibular posterior). - Coluna Cervical: Subluxação atlantoaxial (C1 e C2) – em caso de longa data ou paciente jovem com dor cervical nova (RX de coluna cervical). O espaço entre o odontoide e o arco do atlas tem em média 3mm, quando esse valor é maior diz que há subluxação. - Compressão da medula espinhal (porção alta) – ocorre paraparesia ou quadriparesia – podendo levar a IR e insuficiência vertebrobasilar (vertigens e sincope), disfunção esfincteriana, déficit sensitivo, AVC isquêmico secundário ao comprometimento das artérias da coluna vertebral. - Artrite reumatoide de longa duração ou artrite reumatoide juvenil PODE NÃO TER SINTOMAS; MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES Geralmente observadas quando tem - Nódulos reumatoides (20-35%) na superfície extensora, em qualquer ponto de contato ou pressão, lisos e elásticos à palpação, móveis ou fixos ao periósteo, com FR positivo. AR soronegativa é quando tem FR negativo e anti-CCP negativo; - Pericardite, miocardite, distúrbio de condução cardíaca (tem um nó no meio da condução – pode ter arritmia), derrame pleural, nódulos pulmonares, fibrose pulmonar. (PACIENTE COM AR E DISPNEIA? SOLICITAR RX DE TÓRAX SEM CONTRASTE, ECOCARDIOGRAMA)- Ceratoconjuntivite seca – mais comum; - Episclerite nodular ou difusa; - Esclerite; - Escleromalácia perfurante; - Lesões em pele (vasculites, necroses, dermatose neutrofílica, pioderma gangrenoso, úlceras cutâneas) FR positivo, complemento baixo, crioglobulinas positivas, plaquetose (critério de atividade na AR, se deve ao aumento da IL-6). Crioglobulinemia faz um tipo de necrose, pois pacientes com AR e esse marcador positivo pode ter vasculites. SÍNDROME DE FELTY – leucopenia + esplenomegalia. Pacientes que apresentam essa síndrome tem maior incidência de linfoma (difuso de células grandes) - Metotrexato, leflunomida e os anti-TNF pode provocar pneumopatia intersticial. - CONDIÇÕES ASSOCIADAS: a principal causa de óbito em pacientes com AR são as doenças cardiovasculares (DAC e ICC), também são frequentes outras formas de aterosclerose (a inflamação crônica induz um processo de aterosclerose acelerada) nesses pacientes. Isso porque promove um aumento do estresse oxidativo causando uma maior oxidação dos lipídios circulantes e maior propensão do deposito deles na camada intima do vaso, formando estrias gordurosas e acelerando a formação de placas de ateroma. Doenças associadas Sindrome de sjogren- é uma doença reumática autoimune comum e é caracterizada pela secura excessiva dos olhos, boca e outras membranas mucosas. Os leucócitos podem se infiltrar nas glândulas que secretam líquidos lesionando-as e, às vezes, outros órgãos podem ser lesionados. Fibromialgia- é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Junto com a dor, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. EXAMES COMPLEMENTARES - Provas inflamatórias: PCR e VHS. Um pode estar normal e outro alterado e o paciente está em atividade, por isso convém solicitar os dois; Úteis para acompanhar atividade e prognóstico da doença. - Hemograma (anemia de doença crônica, leucócito normal ou elevado, eosinofilia); - Fator Reumatóide – Látex ≥ 1/80, Waaler Rose ≥ 1/32 e Nefelometria > 20U; sua ausência não exclui o diagnóstico de AR. - Anti – CCP (anti-peptídeo citrulinado cíclico) – sensibilidade 45-75%, especificidade 90-96%, falsos positivos na TB pulmonar, hanseníase, hepatite auto- imune, artrite psoriática; é fator de mau prognóstico, pode ocorrer anos antes da doença. - Radiografia simples – com erosão óssea, esclerose, osteopenia justaarticular (mais poroso e rarefeito próximo da articulação), erosão precoce do processo estiloide ulnar. Se normal, convém no próximo passo solicitar RNM. - Ressonância Magnética com contraste - - USG com doppler articular – erosão de metatarso, sinovite em face dorsal. - Na radiografia simples podemos encontrar edema de partes moles, redução do espaço articular, afilamento e/ou erosão em determinado lado. - O mesmo é visto na RNM e USG com doppler articular. TRATAMENTO Depende do estágio, gravidade, benefícios da medicação, efeitos colaterais, custo, preferência do paciente, respostas anteriores. 1- Controle dos sintomas, limitados ou sem efeitos na redução e prevenção da lesão articular. - AINES e corticoides. 2-Agentes que reduzem e previnem a lesão articular - DMARD tradicionais – metotrexato (MTX) é o padrão ouro | leflunomida - DMARD biológicos – anti-TNFs, Abatacepte, Rituximabe, anti-IL6, Tofacitinibe. - As formas soropositivas apresentam pior prognóstico; - O mau prognóstico existe se: início da doença é precoce, presença de altos títulos de FR e anti-CCP, VHS ou PCR persistentemente elevadas, comprometimento extra-articular, presença de erosões nos dois primeiros anos da doença, grau de prejuízo funcional. - Pacientes com AR tem maior risco de DCV, infecções, linfomas e leucemias, osteoporose, níveis baixos de vitamina D.
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