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CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Semiologia Reumatológica O que é reumatologia? É o ramo da medicina que se dedica ao estudo e tratamento das doenças do aparelho locomotor – tecido conjuntivo. Tecido Conjuntivo Denso Tecido Conjuntivo Sanguíneo (Reticular) Tecido Conjuntivo Adiposo Tecido Conjuntivo Cartilaginoso Tecido Conjuntivo Ósseo Anamnese Idade, Sexo, Ocupação, HDA. HDA: duração, modo de início, articulações acometidas. Dor Aumento de volume Calor Deformidade Crepitação Limitação de movimentos Sinais e sintomas articulares Artralgias são, via de regra, inespecíficas, ganhando significado se presentes na mesma articulação por um período prolongado. Podem sugerir uma osteoartrite, distúrbios mecânicos (neuropatias, instabilidade) e mesmo doenças difusas do tecido conjuntivo nas fases iniciais. Artrites são mais específicas, permitindo o diagnóstico de doenças como a artrite reumatoide, artropatias soronegativas, microcristalinas e infecciosas. Número de articulações envolvidas Monoarticular: 1 (gota, infecciosas, algumas osteoartrites) Oligoarticular: 2-4 (espondilite, lupus, osteoartrite, febre reumática) Poliarticular > 4 (doenças difusas do tecido conjuntivo, osteoartrites) Simetria A simetria pode ser observada na artrite reumatoide e doenças difusas do tecido conjuntivo, enquanto que a assimetria pode ocorrer na espondilite, lúpus e microcristalinas. Sintomas Dor: – Localização – Intensidade: forte, média, fraca e surda – Início: súbito, agudo, gradual – Duração: contínua, intermitente – Ritmo: mecânico / inflamatório Duração – Aguda: os quadros agudos sugerem artropatias relacionadas a trauma, artrites microcristalinas, artrites infecciosas e transinfecciosas, reumatismo de partes moles. – Crônica (em geral > 6 semanas): os crônicos sugerem artropatias inflamatórias crônicas, ou seja, artrite reumatoide, artrites soronegativas e doenças difusas de tecidos conjuntivo. Topografia – Axial – coluna, inter-apofisárias, intervertebrais, costo-vertebrais, esterno- clavicular, esterno-costais e sacroilíacas. O acometimento axial sugere espondiloatropatia, osteoartrite e eventualmente casos de artrite reumatoide com envolvimento cervical. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 – Periférica – as demais articulações. Rigidez Matinal – É a sensação de lentificação da articulação. – É característica quando atinge as pequenas articulações das mãos. Observada nas doenças inflamatórias articulares crônicas. – É medida em tempo: acima de 30 minutos passa a ter importância clínica mais significativa, e se superior a 60 minutos, integra os critérios diagnósticos da artrite reumatoide. Tipo de dor: – Inflamatória: tende a ser mais contínua, e pode acontecer no repouso noturno. São característica das artropatias inflamatórias crônicas. – Mecânica: relacionada ao movimento. Ocorre no início do movimento ou quando ele é executado de modo mais prolongado. Tende a ser mais frequente após longos períodos de permanência na mesma posição. Ocorre principalmente nas articulações de carga (joelhos, quadris e coluna). Neste caso, o paciente queixa-se de dor e rigidez ao levantar-se após longo período sentado. Sinais Inflamação – Calor – Rubor – Edema – Dor – Perda de função Aumento de volume Rubor Calor Deformidade: espessamento e retração de cápsulas e tendões que provocam deformidades em flexão. Frequentes em joelhos devido AR, distensão capsular leva a subluxação na AR, acometimento de bainhas. sinoviais de tendões, erosões ósseas. Crepitação: ruído audível. Limitação do movimento Fotosensibilidade: é o desenvolvimento de exantema após exposição solar em pacientes com LES (asa de borboleta). Fenômeno de Raynaud: vasoespasmo caracterizado por episódios de alteração da cor, parestesia e dor nos dedos quando expostos ao frio. Palidez, cianose e rubor Reações sistêmicas: febre, anorexia e cansaço. Comprometimento extra-articular: – Oculares – Cardíacas – Pulmonares – Renais – Digestivas – Neuropsiquiátricas – Vasculares – Pele – Ginecológicas – Hematológicas Evolução Tratamentos realizados (ex.: uso de AINE/corticoide) Antecedentes pessoais (ex.: infecção) Antecedentes familiares (ex.: HLA) CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Exame Físico Face Pele espessada Pele eritematosa Cianose das mãos Distúrbio das unhas Queda de cabelo Linfonodomegalia Exame articular: inspeção, palpação e movimentação. Coluna CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Cervical: – Inspeção: curvaturas fisiológicas (lordose cervical, cifose dorsal, lordose lombar), presença de escoliose, elevações das omoplatas, elevação do quadril. – Palpação: localizar apófise proeminente (7ª vértebra) para iniciar a digitopressão até a 1ª. – Mobilização: flexão, extensão, lateralidade, rotação da cabeça. – Sinal da Seta/Flecha: mede a distância occipito-parede, com o indivíduo em pé e os calcanhares encostados na parede. – Descompressão da coluna – Lasègue de MS – Manobra de Spurling: é realizado com o paciente sentado, inclinando-se sua cabeça para o lado que se quer avaliar. Em seguida o examinador exerce uma compressão vertical sobre a cabeça para testar se os sintomas são provocados. A presença de dor irradiando pelo membro superior do lado testado sugere compressão da raiz do nervo. Torácica – Inspeção: cifose fisiológica, inter-relação – coluna lombar, ombro e quadril. – Movimentos: expansibilidade torácica Homens: até 7cm Mulheres: até 5cm Lombar – Inspeção: lordose lombar fisiológica, suco inter-glúteo. – Palpação: localizar S1 (cristas ilíacas) – Manobra de Schober: aferir o grau de restrição da flexão anterior da coluna. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Sacroilíaca – Palpação: terço superior – Manobra de Lewis: testa a disfunção do ilíaco – Manobra de Menel: avaliação sacroilíaca – Manobra de Volkmann: avaliação sacroilíaca Articulação temporo mandibular Quadril Pontos dolorosos articulação coxo femoral Região trocantérica Coxopatias – Manobra de Fabere: F – flexão, AB – abdução, Re – rotação externa Pontos dolorosos – Isquiático: Joelhos – Observação de marcha – antálgicas – Inspeção – Palpação superficial dos joelhos: o normal é estar frio – Doença de Hoffa: inflamação aguda da gordura supra e infra patelar – Bursite pré patelar: face anterior da patela, dor para ajoelhar-se – Bursite anserina: face anterior da tibia, mulheres obesas, dor ao subir escadas – Sinal da tecla: manobra para pesquisa de derrame articular pequeno no joelho – sinovite. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 – Teste de McMurray: lesão de menisco. – Teste da gaveta anterior e da gaveta posterior: avalia ligamento cruzado. – Teste de Lachman: ligamento cruzado anterior – Joelho Valgo/Varo – Bursite pré-patelar Pés – Inspeção Ombros – Inspeção: tumefações, atrofias, deformidades, desalinhamentos. – Pontosdolorosos: escapulo umeral, esternoclavicular, acromioclavicular, escápulodorsal. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 – Teste de Gerber: avaliação subescapular Síndrome do Tunel do Carpo: sinal de Tinel e sinal de Phalen Importantes – prova Sinal de Babinski Refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo do pé). A presença do reflexo (extensão do hálux) é uma reação normal em crianças até 2 anos de idade. Em adultos indica lesão neurológica. Sua assimetria, isto é, o fato de ser observado em apenas um dos membros, indica qual hemisfério cerebral foi lesionado. Pode indicar lesão superior no neurônio motor da medula espinhal na região torácica ou lombar, ou pode indicar doença cerebral - constituindo lesão no trato corticoespinhal Sinal de Ortolani É um teste realizado no exame físico para investigação de displasia de quadril em recém- nascidos. Sinal clínico precoce de detecção da afecção. Consiste na flexão dos membros inferiores seguida da abdução da coxa para pesquisa de luxação congénita da anca/displasia de quadril. Na existência de uma displasia de quadril, ocorre um estalo (o sinal de Ortolani). Características de uma doença reumatológica inflamatória Rigidez matinal Fadiga intensa Envolvimento sistêmico Resposta à terapia de corticoide CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Exames Laboratoriais Objetivo O diagnóstico das doenças reumáticas autoimunes baseia-se em critérios que incluem manifestações clínicas e alterações laboratoriais. Os exames laboratoriais auxiliam não só no diagnóstico como também no prognóstico e no seguimento de pacientes. Excluir ou firmar DX ou DX diferenciais Monitorar eficácia do tratamento Monitorar segurança do tratamento (efeitos adversos ou complicações infecciosas) Predizer prognóstico Proteínas de Fase Aguda Elas aumentam na presença de inflamação. Logo, auxiliam no diagnóstico e na monitoração de doenças inflamatórias. Aumentam na Artrite Reumatóide e Artrite Séptica. Importantes para fazer o dx diferencial de artralgia inflamatória X mecânica. Normalmente, se aumentar > 6 semanas indica REUMATISMO. Na AR, quanto mais alto estiver o VSG e o PCR, mais inflamado está. a) VSG / VHS – velocidade de sedimentação globular ou velocidade de hemossedimentação Seu limite aumenta com a idade Varia com o sexo e idade Altera-se em pacientes com anemia b) PCR – proteína C reativa Positividade conforme cada laboratório – normalmente até 5,0mg/dL. Mais específico para a inflamação Fator Reumatoide (FR) Solicitação na suspeita de AR, Síndrome de Sjogren, Crioglobulinemia mista. FR – acima de 70% Artrite Reumatoide – soropositiva ou soronegativa Síndrome de Sjogren Crioglobulenemia mista Portanto, FR positivo não é sinônimo de AR! Quanto mais alto o título, mais específico. Pessoas saudáveis podem positivar – 5 a 15% (principalmente idosos). Pode positivar em outras doenças auto- imunes, infecções crônicas e neoplasias. Se FR negativo ou FR positivo e dúvida diagnóstica pra AR, solicitar Anti-CCP (Anticorpos Antipeptídeo Citrulinado Cíclico). Ele é altamente específico para AR (98%). Positivo em mais de 70% dos casos. Função Renal a) Creatinina b) DCE de 24h (Depuração Creatinina Endógena) ou as fórmulas de Cockroft-Gault e MDRD c) EQU (Exame Qualitativo de Urina) Avaliar presença de hematúria, leucocitúria, proteinúria e cilindrúria. Bom para nefrite lúpica (LES) – o que mais tem valor é a proteinúria. Hematúria ocorre mais na Nefrolitíase e Cistite. d) Urocultura e) Proteinúria de 24h ou IPC (índice Proteína/Creatinina) Normalmente se pede apenas se vier proteinúria no EQU. Fórmula de acordo com a idade Homens = idade/2 Mulheres = (idade + 10)/2 CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Hemograma com plaquetas Solicitar sempre com plaquetas HEMOGRAMA a) Hemoglobina Avalia anemia. b) VCM (volume corpuscular médio) Anemia microcítica, normocítica ou macrocítica. LEUCOGRAMA a) Leucócitos Aumentados em vasculites ou se em tratamento com corticoide. Leucocitose ↑ 11.000 Leucopenia ↓ 4.000 b) Linfócitos Linfopenia ↓ 1.000 - indica LES. PLAQUETAS a) Plaquetopenia ↓ 150.000 Fator Antinuclear (FAN) É um exame de screening e deve ser solicitado na suspeita de alguma das doenças abaixo. Fator Antinuclear é o nome dado ao teste de imunofluorescência indireta (IFI) de células HEp-2 (linhagem contínua de células tumorais de origem humana) para pesquisa de autoanticorpos. Sobretudo, em muitas condições de inflamação crônica é comum se observar o aumento do FAN, sem correlação com doenças reumáticas. O exame avalia autoanticorpos que reagem a componentes nucleares, detecta reações com estruturas das membranas celulares, nucléolo, organelas e aparelho mitótico. Presença ou ausência de autoanticorpos Quantidade de autoanticorpos (concentração no soro) – titulação (positiva a partir de 1:640) Padrão de fluorescência FAN – acima de 90% Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) Esclerose sistêmica (ES) Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC) FAN – acima de 60% Síndrome de Sjogren (SS) Dermatomiosite Quanto mais alto o título, mais específico (mas não necessariamente mais grave)! Pessoas saudáveis podem positivar – 5 a 15% (principalmente idosos). Pode positivar em outras doenças auto- imunes, infecções crônicas e neoplasias. O título é confirmado acima de 1/640. Padrões de FAN Nuclear homogêneo – LES Nuclear pontilhado fino - Síndrome de Sjogren Nuclear pontilhado grosso – LES/DMTC Nuclear pontilhado centromérico – Esclerose sistêmica Se o FAN vier positivo, solicitar Auto Anticorpos Específicos. LES – Anti–dsDNA (homogêneo) e Anti-SM (pontilhado grosso). DMTC – Anti – RNP Síndrome de Sjogren – Anti-SSA e Anti RO Esclerose sistêmica – Anti-centrômero Frações do Complemento – C3 e C4 O estudo clínico do sistema do complemento tem aplicação nos estados de imunodeficiência em que se suspeita de deficiência congênita ou adquirida de algum componente do complemento e nas enfermidades associadas à deposição de imunocomplexos. Critério para LES Monitora atividade lúpica Coombs direto É usado para detectar anticorpos ou proteínas do complemento ligadas à superfície dos glóbulos vermelhos. Critério para LES Investigação de causa de anemia (anemia hemolítica autoimune – sistema imunológico quebra os glóbulos vermelhos) FAN positivo não necessariamente é LES! CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Anemia hemolítica = LDH/DHL, bilirrubina indireta, reticulócitos, RDW e VCM aumentam. Haptoglobina – diminui. É uma proteína de fase aguda produzida no fígado que se liga irreversivelmente à hemoglobina após a hemólise. Anticorpos Antifosfolipídeos Esse anticorpo normalmente interage com fosfolipídeos da membrana de células que sofreram apoptose ou das células trofoblásticas na placenta. Quando se expõe esses fosfolipídeos internos (principalmente fosfatidilserina) no meio extracelular, rapidamente a proteína ß2- glicoproteína 1 se liga a eles e isso atrai os anticorpos antifosfolípides, ativando o sistema complemento e desencadeando a cascata de coagulação. É esse evento que gera tromboembolismo nos pacientes com a síndrome doanticorpo antifosfolípide (SAAF), principalmente gestantes. Critério para LES Critério obrigatório para Síndrome Antifosfolípide (SAF) Ácido Úrico Diagnóstico e monitoramento da eficácia do tratamento da Gota. Obesos, psoríase... também aumenta. Solicitar principalmente para homens e mulheres pós-menopausa com dores articulares. HLA – B27 (antígeno leucocitário humano B27) Critérios para as Espondiloartrites Ideal para Espondilite Anquilosante (90%) – lombalgia inflamatória crônica em pacientes abaixo dos 45 anos. 5% das pessoas saudáveis tem HLA-B27 positivo! Metabolismo Muscular a) CPK / CK (creatinofosfoquinase) Diagnóstico e acompanhamento de miosites. Pacientes com fraqueza muscular – cintura escapular e pélvica. b) TGO/AST Se estiver elevado e TGP (específica do fígado) normal, deve-se pensar em alteração muscular. c) LDH/DHL (Lactato Desidrogenase) ANCA (Anticorpos Anticitoplasma de Neutrófilos) Diagnostico diferencial entre as Vasculites Sistêmicas. a) Poliangeíte com Granulomatose = granulomatose de Wegener b) Poliangeíte com Granulomatose Eosinofílica = Síndrome de Churg-Strauss c) Poliangeíte microscópica Os seus antígenos reconhecidos são encontrados nos grânulos do citoplasma dos neutrófilos. Há dois padrões: c-ANCA (altamente associado a granulomatose de Wegener) e p-ANCA (poliangeíte microscópica e poliangeíte com granulomatose eosinofílica). Indicações clínicas de solicitação: Ac. Úrico elevado não é sinônimo de Gota! Mas, quanto maior o valor, mais provável o dx. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 ASLO (Anticorpo Antiestreptolisina O) Exame pouco solicitado pelo reumatologista, mas comumente solicitado sem indicação por outros médicos. Indicações (são principalmente pediátricas): – Febre Reumática – Escarlatina – Artrite reativa pós-estreptocócica – Glomerulonefrite difusa aguda – Amigdalite por estreptococo (geralmente em adultos). Se elevado, significa que o paciente teve contato prévio com o Estreptococo. Eletroforese de Proteínas Séricas Doenças inflamatórias crônicas Aumento policlonal das imunoglobulinas Doenças reumáticas ativas – aumento policlonal de IGG Ajuda a ´´descartar´´ doenças hematológicas malignas – pico monoclonal das imunoglobulinas. Mieloma Múltiplo – aumento monoclonal de IGM Metabolismo Ósseo a) Cálcio b) Albumina c) Vitamina D (25-hidroxi) d) PTH (hormônio da paratireoide) Função tireoidiana a) TSH b) T4 Função Hepática a) ALT/TGP b) AST/TGO c) Fosfatase alcalina (FA) Monitorar efeitos adversos das medicações! Ex.: Metotrexato da AR. Dosar exames basais antes de iniciar o tratamento e depois fazer exames seriados para acompanhamento. Sorologias a) Anti-HCV Infecção por hepatite C. b) HBsAg Infecção por hepatite B Anti HBc total (triagem para Hepatite B) e Anti HBs (imunidade) c) Anti HIV SIDA, AIDS d) VDRL Sífilis Identificar doenças associadas. Dicas práticas para o ambulatório Monitorar efeitos adversos das medicações – hemograma, plaquetas, TGO, TGP e creatinina. Monitorar atividade das doenças – VSG e PCR Monitorar atividade da doença lúpica - hemograma, plaquetas, TGO, TGP, ASLO elevado NÃO é sinônimo de Febre Reumática! Solicitar se paciente acima de 65 anos de idade e em uso de corticoide! O hipotireoidismo pode simular a fibromialgia! CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 creatinina, VSG, PCR, EQU (nefrite lúpica é assintomática), C3 e C4 e anti dsDNA. Osteoartrite e Osteoartrose Definição A Osteoartose (OA) também chamada de Osteoartrite (mais utilizada quando a sinovite está avançada) ou Doença Articular Degenerativa é uma doença degenerativa das articulações sinoviais (diartroses). Não é uma causa normal do envelhecimento humano, e sim doença que depende da interação de fatores genéticos, biomecânicos e metabólicos. O conceito de que OA é invariavelmente progressiva é incorreto, pois em vários pacientes ocorre estabilização da doença. Doença única Desordem articular = estresse articular e degradação da matriz extracelular iniciado por micro e macroinjúrias, que DEFLAGRAM RESPOSTA DE REPARO DESFIGURADA, incluindo vias pró-inflamatórias de imunidade inata. Degradação cartilaginosa, remodelação óssea, formação osteofitária, inflamação articular e presença ou não de disfunção articular. Epidemiologia É a mais comum das doenças articulares em termos de frequência na população e a mais prevalente das reumatopatias. A epidemiologia difere, pois há estudos que se baseiam em apenas definições radiológicas, enquanto outros utilizam a radiologia + sintomatologia. Prevalência no BR: 16,19% Consultas reumatológicas: 30 a 40% Quarta patologia a determinar aposentadoria Aspectos clínicos: 3,5% a 10% na população acima de 60 anos Aspectos radiológicos: >65 anos – 70% Idade: maioria após os 50 anos Sexo feminino > masculino. (após 60 anos, 25% das mulheres e 15% dos homens apresentam algum sintoma) Risco 2 a 3 vezes maior de desenvolvimento da doença em parentes de primeiro grau, bem como a associação entre osteoartrite em diferentes topografias e determinados antígenos leucocitários humanos. Fatores de Risco Idade > 45 anos (principal) Sexo feminino História família positiva/ Predisposição genética Obesidade Estresse mecânico Trauma articular (rotura de menisco ou meniscectomia, rotura da ligamento cruzado, fraturas) Doenças congênitas no desenvolvimento de osso ou articulação/Patologias ortopédicas (doença de Legg-Perthes, displasia acetabular, genu valgo ou varo) Doenças endócrino-metabólicas/Patologias clínicas (acromegalia, ocronose, hemocromatose, doença de Wilson, hipotireoidismo) Atividades esportivas (ciclismo, futebol, ginástica olímpica, velocistas) Atividades profissionais (trabalhadores de algodão, moedores, mineiros, perfuradores – uso de britadeira) Afecção articular inflamatória precedente Fatores hormonais (mulheres pós- menopausa), nutricionais (deficiência de vitamina C e D), bem como a etnia (afrodescentes/negros), também contribuem, mas não são FR. Fatores protetores: osteoporose e tagabismo – mecanismo fisiológico dessa associação ´´benéfica´´ ainda não foi esclarecido. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Patologia Ocorre o envolvimento multifatorial (genético, biomecânico e metabólico), no qual culmina para a degeneração da matriz cartilaginosa ser maior que a síntese. Idade: perda de água Trauma: morte celular e apoptose dos condrócitos – Gatilho na via inflamatória – IL-1 e TNF-alfa – IL-1 degrada a proteína inibidora do fator nuclear capa beta - transcrição de óxido nítrico, IL-1, TGF e metaloproteinases – Indução de NO, metaloproteinases (condrócitos) Deformidade articular Alterações da cartilagem: perda progressiva de cartilagem articular. Nas fases iniciais ocorre uma irregularidade da superfície cartilaginosa, chamada de fibrilação. Com o avanço do processo, surgem fendas e erosões na cartilagem articular, tipicamente com distribuição focal (áreas com sobrecarga de peso); elas evoluem para o desnudamento do osso subcondral, que aparece como uma superfície branca e polida, semelhante ao marfim (eburnação). Há redução da espessura da camada cartilaginosa, que pode desaparecer por completo em certos locais. A cartilagem fica mais hidratada e com menor quantidadede proteoglicanos (condromalácia). Obs.: na zona superficial há perda de condrócitos e na zona profunda – perto do osso – existem focos de regeneração celular. Alterações do Osso Subcondral: a injúria microtraumática permanente ao osso subcondral estimula os osteoblastos a sintetizarem matriz óssea, justificando o achado da esclerose óssea (> densidade óssea). Algumas regiões do osso desnudo, por absorverem as altas pressões espaço articular, sofrem necrose provocando a formação de cistos subcondrais. Os osteófitos já podem ser formados desde as fases inicias da AO, pelo processo de regeneração cartilaginosa, que se encontram acentuado na doença, porém, predominando em regiões não expostas a altas pressões (bordas das cartilagens). Com a invasão da cartilagem neoformada por vasos sanguíneos, ocorre ossificação secundária. Assim, os osteófitos são prolongamentos osteocartilaginosos encontrados nas margens das articulações acometida.. Sinovite: a inflamação da sinóvia na AO não é tão acentuada como nas artrites inflamatórias. Mas quando há, acredita-se que seja pela liberação de múltiplos fragmentos ósseos e cartilaginosos que se desprendem de uma superfície articular altamente degenerada. Casos avançados de AO, formam cristais microscópicos de fosfato CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 e pirofosfato de cálcio dentro do líquido sinovial. Esses processos, por induzirem a liberação de enzimas proteolíticas e citocinas, participam do processo inflamatório crônico que acompanha a OA ´´terminal´´. Desequilíbrio entre o anabolismo e o catabolismo extracelular, pois ocorre perda progressiva de cartilagem articular – apesar da atividade aumentada de condrócitos. Balanço é NEGATIVO: degradação é maior que a síntese, pois uma série de citocinas produzidas nas células da sinóvia contribui para esse desequilíbrio, especialmente Interleucinas-1 e TNF-alfa (mediadores pró- inflamatórios), capazes de inibir a síntese de proteoglicanos e estimular a ação das metaloproteinases. Além disso, na tentativa de reparar o dano, os condrócitos sintetizam macromoléculas diferentes (ex.: colágeno tipo X), inadequadas para a composição do tecido cartilaginoso normal. Resumo: indicativo de progressão: destruição focal da cartilagem, formação de osteófitos (proliferação marginal da cartilagem/osso) e aumento da espessura do osso subcondral (aumento do estresse interno da cartilagem e aumento da rigidez dos movimentos) ciclo visioso. Classificação É classificada como primária e secundária. Primária ou idiopática: forma padrões articulares clássicos (achados radiológicos e dx) e é o grupo mais frequente. Acomete articulações IFD, IFP Carpometacarpianas Quadril Joelhos Metatarsofalangianas Coluna cervical e lombar Secundária: relacionada à desorganização da estrutura cartilaginosa, à desorganização da estrutura óssea ou alteração do alinhamento articular e a artrite de baixo grau de inflamação. São causadas por trauma, malformações anatômicas , doenças congênitas (Legg-Perthes), osteonecrose, endocrinopatias (hipotireoidismo, acromegalia) e distúrbios metabólicos (ex.: hemocromatose, doença de Wilson, ocronose). Resulta de danos articulares ou extra- articulares Aguda: Fratura Crônica: Artrite reumatóide, gota Doenças ocupacionais Doenças metabólicas: Hiperparatireoidismo, hemocromatose Trauma; meniscectomia Manifestações clínicas A maioria dos pacientes com sinais radiológicos de OA não apresenta sintomas, pois as fases inicias da doença são caracterizadas por lesão restrita à cartilagem articular, um tecido insensível a dor. A intensidade dos sintomas NÃO possui relação direta com o grau da OA na radiografia. PRINCIPAIS SINTOMAS ARTICULARES Dor articular associada ao uso Dor articular em repouso ou noturna Rigidez articular após repouso (<30min) Sensação de insegurança/instabilidade articular Limitação do arco do movimento (ativa e passiva) Incapacidade física Paciente típico: feminino, meia idade/idoso, sobrepeso, dor e rigidez nas articulações acometidas, progressiva limitação de função. A dor articular é o principal sintoma, sendo precipitada ou piorada com o uso da articulação. Começa segundos ou minutos após o início do movimento. Melhora apenas com o repouso. Caráter do tipo ´´aperto´´ ou ´´constrição´´´. A artrose em si não dói, o que dói são os movimentos. A rigidez articular é causada pelo repouso, não durando mais do que 30 minutos. PRINCIPAIS SINAIS ARTICULARES Aumento do volume, com consistência firme Dor ao movimento passivo Crepitação audível ou palpável CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Limitação real da amplitudade articular Instabilidade articular Sinais de sinovite (leve ou moderada) Nódulos de Heberden ou Bouchard A articulação acometida tipicamente apresenta aumento de volume, de consistência firme, com pontos dolorosos periarticulares. Nos casos mais avançados pode ocorrer deformidade articular. Eventualmente, pode apresentar sinais de sinovite leve a moderada: muita dor a movimentação, edema, aumento da temperatura e discreto derrame articular. Nódulos de Heberden: expansão firme de osso recoberto por cartilagem, que se torna proeminente sobre o dorso das articulações interfalangeanas distais. Nódulos de Bouchard: são aumentos semelhantes aos de Heberden, porém localizados sobre as articulações interfalangeanas proximais. Esses nódulos (osteófitos palpáveis) são quase patognomônicos de OA (especialmente o de Heberden). Achados radiológicos Osteófitos – proeminências ósseas nas bordas articulares Redução (algumas vezes perda) do espaço articular Esclerose do osso subcondral – acentuação da hipotransparência na região subcondral Cistos subcondrais – imagens radioluscentes arredondas na região subcondral Colapso do osso subcondral (fase terminal) Osteófitos (ossificações ´´ectópicas´´ na periferia da articulação) Redução do espaço articular (geralmente assimétrico ou focal) Esclerose do osso subcondral (marfim) (traduz o aumento da densidade óssea do osso subjacente à cartilagem articular e resulta da redução da capacidade de amortecimento da carga pela cartilagem articular permitindo A intensidade dos sintomas NÃO tem relação direta com o grau de OA radiográfico! CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 contatos mais violentos entre os topos ósseos articulares) Cistos subcondrais Colapso do osso subcondral Achados laboratoriais São inespecíficos Provas inflamatórias inalteradas Auto anticorpos negativos Líquido sinovial: NORMAL: alta viscosidade, sendo amarelo claro, com poucos leucócitos, ausência de cristais e cultura negativa. Diagnóstico É feito através da história, exame clínico e exame radiológico. Exames laboratoriais não tem muito significado. O PCR e o VHS são geralmente normais ou pouco elevados (sinovite). Clínico-radiológico SEMPRE solicitar RX de membros dos dois lados para comparação. Lembrar: osteoartrite radiológica é pelo menos 2x mais comum que osteoartrite sintomática – alterações radiológicas não provam que a osteoartrite é a causa da dor musculo-esquelética do paciente! RX + clínica = dá o diagnóstico de AO RX + sem clínica = não dá o dx de AO Articulações mais acometidas - COLUNA CERVICAL – 1º Dentre todas as articulações, é a mais acometida! Geralmente pessoas entre 41 e 60 anos.. A dor pode ser localizada (ligamentos, cápsulase músculos) ou irradiada (compressão radicular). Piora com os movimentos e melhora com o repouso. É muito heterogênea, tendo preferência pela coluna cervical, geralmente em torno de C5 e pela coluna lombar, geralmente em torno de L3, L4 e L5. Espondilose é o termo utilizado para definir a doença degenerativa da coluna vertebral. Ocorre redução do espaço discal, osteófitos nas bordas do corpo vertebral e os sinais clássicos da AO nas articulações apofisárias (redução ou perda do espaço articular, esclerose subcondral e osteofitose). - JOELHOS – 2º Conhecida como gonartrose. É a localização periférica mais comum, possui instabilidade ao descer escadas, crepitação a mobilização passiva da articulação e espessamento sinovial e/ou irregularidade das superfícies articular. Pode ser uni ou bilateral e é mais comum no sexo feminino, 5º década, são simétricos. É a forma mais relacionada a obesidade, sendo relacionada também aos desalinhamentos congênitos (genu varo, genu valgo) e atitude no trabalho. - QUADRIL/COXOFEMURAL – 3º Conhecida como coxartrose. Aqui a dor geralmente é irradiada para face posterior da coxa ou anterior até o joelho, insidiosa. com piora gradativa. Dor a deambulação, subir e descer escadas e com a rotação interna da coxa. Poderá se tornar constante, noturna, com incapacidade funcional. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Mais prevalentes em homens e classificação primária. - MÃO - 4º As articulações tipicamente atingidas são as interfalângicas proximais e distais, quadro que clinicamente se traduz por nódulos de Bouchard e Heberdeen, respectivamente. Por esta razão é designada por artrose nodal.. O acometimento é simétrico (EXCEÇÃO) – 2º e 5º dedo são mais precocemente acometidos e geralmente são mulheres na 5º década Outra localização frequente é a da 1º carpometacarpofalângica. Conhecida como rizartrose – dor ao movimento de pinçar e pode desenvolver uma deformidade quadrangular na base do polegar. Rizartrose Tratamento É basicamente sintomático, pois ainda não há nenhum tratamento que impeça a degeneração ou aumente a síntese de cartilagem. - MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS Ideais para OA leve à moderada. Diminuição de peso (se acima do peso) Uso de bengalas, andadores Utilização de calçados acolchoados ou palmilhas especializadas Exercício físico para melhorar o condicionamento físico Aplicação de frio ou calor local Períodos de repouso programado Estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS). - MEDIDAS FARMACOLÓGICAS Ideais para sintomatologia grave ou nos casos refratários a terapia não farmacológica. Analgésicos simples Paracetamol (acetaminofeno) é a 1º escolha, exceto se paciente hepatopata. Aliviam a dor, mas não atuam na inflamação. Inibidores específicos da COX-2 ou AINES: Geralmente em associação com IBP, indicados em quadros inflamatórios evidentes ou que refratários ao uso do Paracetamol.. Aliviam a dor e combatem a inflamação Ibuprofeno, Naproxeno, Diclofenaco. Opioides Alto risco de dependência, com efeitos colaterais que vão da náusea, sonolência até a constipação Morfina e Codeína Agentes modificadores da estrutura do tecido conectivo e drogas potencialmente modificadoras da doença osteoartrósica Glicosamina com Condroitina – são agentes condroprotetores. Seguros e bem tolerados. - CIRURGIA CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Para OA grau II ou III com comprometimento progressivo das atividades diárias e falha no tto conservador. Desbridamento artrocópico Osteotomias Artroplastias. Diferenças da Artrite Reumatoide Osteoartrose vs Artrite Reumatóide Padrão da dor Mecânica Inflamatória Manifestaçõ es sistêmicas Ausentes Presentes Alterações laboratoriais Ausentes Pode alterar Fator Reumatoide (FR), PCR e VHS Sinais inflamatório s Geralmente ausentes Presentes Alterações radiográficas Inespecíficas, (RX + clínica = dx) Inespecíficas Rigidez matinal Protocinética – máximo 30 minutos Mais de 1 hora Dor Não melhora com o exercício Melhora com o exercício Padrão da artrite Assimétrica (exceto mãos) Simétrica Padrão de acometimen to articular Grandes articulações – coluna vertebral, quadril, joelho, mãos (metacarpofal angeanas distais) Pequenas articulações – pés, punhos, mão (interfalangenas proximais e metacarpofalang eanas) Lembrar 1. A Artrose só adiciona osso: a) Osteófitos b) Esclerose subcondral c) Calcificação de tecidos moles 2. A Artrite Reumatóide só retira osso: a) Erosões b) Osteopenia periarticular 3. A Artrite Psoriática faz as duas coisas: a) Erosões proximais b) Exostoses distais c) Ausência de osteopenia periarticular Todas estas artropatias induzem perda de espaço articular, este elemento não ajuda no diagnóstico diferencial, a não ser pela distribuição das articulações afetadas CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Adicional dos slides Osteoartrose de Mãos Dados obtidos do Framingham Heart Study, nos quais Haugen et al evidenciaram aumento da incidência de doença arterial coronariana (infarto agudo do miocárdio/síndrome de insuficiência coronariana) ASSOCIADO À OSTEOARTRITE DE MÃO SINTOMÁTICA. Sugerem que a dor possa ser um marcador de atividade inflamatória. Muitos fatores de risco concomitantes na osteoartrite e nas doenças cardiovasculares: imobilização, síndrome metabólica, uso de drogas como anti-inflamatórios não esteroidais e/ou inflamação relacionada à osteoartrite Associação entre obesidade e osteoartrite de mãos, sugerindo o papel de fatores metabólicos (adipocitocinas) envolvidos na fisiopatogênese da osteoartrite Adipocitocinas, lipídios e glicose podem acarretar efeitos negativos diretos na cartilagem articular Osteoartrose de Joelhos População de pacientes com osteoartrite de joelhos é heterogênea, caracterizada por variações fisiopatológicas, progressão da doença, mecanismos subjacentes da dor, gravidade da dor, limitação funcional e resposta terapêutica. Knoop et al, em 2011, identificaram, em relação à osteoartrite de joelhos, subgrupos baseados em características clínicas similares, e compararam a evolução clínica desses fenótipos. Na ocasião, foram apontados cinco fenótipos: “fenótipo de doença articular mínima” ´´fenótipo músculo forte” “fenótipo não obeso e músculo fraco”; “fenótipo obeso e músculo fraco”; maiores níveis de dor e maior limitação funcional “fenótipo depressivo” - maiores níveis de dor e maior limitação funcional Fibromialgia Definição Caracteriza-se pela queixa de dor muscoloesquelética crônica (superior a 3 meses), generalizada, que em geral se acompanha de alterações neuropsicológicas típicas como fadiga, distúrbios do sono, cefaleia, paresestesias, SII e alterações de humor (depressão e ansiedade). Dor difusa crônica, sem causa definida – desordem de dor centralizada – sensibilização central. Dor em queimação, agulhada, lancinante, choque, formigado, ao mínimo toque – ≠ da dor somática. (localizada, sinais flogísticos, febre, como a LES) Fibrimialgia NÃO é um dx de exclusão. É comum que pacientes apresentem ela e CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 outras comorbidades associadas (LES, AR, OA). Piora demanhã e a noite. Epidemiologia Na população geral, 2-3%. 20-30% das consultas reumatológicas Mulheres > Homens (10 pra 1). Mas, levando em conta outros domínios, diminui para 2 pra 1 (não considerar esse último, apenas um adendo da aula). Mais comum dos 20 aos 55 anos. Não varia com a classe socioeconômica. Pacientes com dor crônico são mais propensos a desenvolver fibromialgia. Diagnóstico De acordo com o novo critério de 2010 da American College of Rheumatology (ACR), é necessário ter 3 condições abaixo. 1. Índice de Dor Generalizada ≥ 7 E Escala de Severidade dos Sintomas ≥ 5 ≥ 12 PONTOS Ou Índice de Dor Generalizada ≥ 5 E Escala de Severidade dos Sintomas ≥ 9 ≥ 14 PONTOS + 2. Mínimo 3 meses de sintomas 3. Ausência de outra doença que poderia explicar o quadro Máximo 19 pontos Máximo 12 pontos Exames laboratoriais e radiográficos apenas para identificar comorbidades associadas! Até o momento, nenhum exame complementar confirma fibromialgia! Fisiopatologia Origem multifatorial, mas largamente desconhecidos. Alguns pacientes abrem o quadro após um nítido fator precipitante, como infecção viral, trauma físico ou forte estresse emocional, outros não relatam qualquer evento desencadeante em seu histórico. Em tese a fisiopatologia é um distúrbio de neurotransmissores, ou seja, hipersensibilização a nível do SNC (amplificação). O estímulo doloroso que chega ao córtex é interpretado de maneira aumentada/exacerbada há uma sensibilização do SNC. A dor acomete cintura pélvica para cima e para baixo, os dois hemicorpos e envolve um ou mais segmentos da coluna. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Dor neropática e NÃO nociceptiva Alterações histopatológicas musculares na microcirculação, que levam a isquemia e microtraumas. Logo, os músculos são mais sensíveis a dor e isquemia durante uma atividade física. Outro mecanismo é a influência direta da má qualidade do sono na ´´performance´´ muscular e disposição física. Hipofluxo sanguíneo no tálamo e outras estruturas implicadas na modulação central da dor. Alterações de neurotransmissores: 1. Glutamato = neurotransmissor que facilita o reconhecimento do estímulo doloroso está aumentado em pacientes com fibromialgia.. 2. Norepinefrina e Serotonina = neurotransmissores que inibem a via de dor estão diminuídos nos pacientes com fibromialgia. 3. Substância P =: neurotransmissor relacionado à sensibilização dolorosa está aumentada nos pacientes com fibromialgia. Predisposição genética + Níveis aumentados de glutamato e substância P + Níveis diminuídos de serotonina e norepinefrina + Fator desencadeante/gatilho inicial (condições como estresse/trauma/ansiedade/preocupação/cx/ferida por arma/baixa escolaridade/baixa mobilidade ocupacional/tto não acessivo) = Hipersensibilização do SNC aumento do reconhecimento do estímulo doloroso desencadeia ciclo vicioso (“dor modula a sensação de mais dor”) A dor da fibromialgia é neuropática, com origem no SNC dor em queimação/lancinante + parestesia + localização imprecisa + hipersensibilidade, alodínea (sensação dolorosa a estímulo não- doloroso)., hiperalgesia (sentir mais dor, amplificação da dor, mais que o normal). Manifestações clínicas Pacientes apresentam dor crônica de difícil localização (porque é difusa), associados a cefaleia, fadiga, distúrbios do sono, rigidez, parestesia, cefaleia, SII, sintomas de Raynaud- símiles, depressão e ansiedade. 70% dos pacientes apresentam diagnóstico psiquiátrico associado – depressão ´´major´´, síndrome do pânico, stress traumático, ansiedade, psicoses, fobia social. Aumenta a chance de depressão pós-parto, dismenorreia, síndrome de pernas inquietas, síndrome da fadiga crônica, endometriose. Podem apresentar também dificuldades cognitivas (concentração, fala). A qualidade de vida é reduzida, semelhante ao AR, porém não diminuem expectativa de vida. Fatores como infecção, stress, ansiedade, frio, mudança de temperatura, exercícios, traumas, doenças que cursam com dor crônica, abusos podem predispor a fibromialgia. Alteração do sono é muito comum – indivíduos não dormem, o sono não é reparador. Problemas de ajustes na vida, como relacionamentos, ir e vir, baixo nível socioeconômico, mau humor, pensamentos suicidadas e diminuição dos cuidados pessoais. Exame físico Possui dois objetivos básicos: afastar outras doenças reumáticas e revelar a presença de ´´tender points´´. Na fibromialgia NÃO há sinais de sinovite, tenossivite ou tendinite no exame, exceto se associada à AR CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 A força muscular está normal e o exame de sensibilidade e reflexos NÃO revela alterações sugestivas de neuropatia periférica ou radiculopatia. Sinais vitais normais, obesidade (normalmente), ansiedade, dor à palpação muscular, ausência de sinais inflamatórios.. A única alteração no EF é a presença do TP. Os Tender Points são pontos bastante sensíveis à digitopressão, quando comparados com outros pontos do corpo. A palpação deve ser feita com a polpa do polegar, com força suficiente para alterar a coloração da unha de rosa para branca. A positividade do ponto doloroso caracteriza-se pelo desencadeamento de dor intensa de origem muscular e/ou aponeurótica. Região suboccipital (1), região cervical lateral (2), ponto médio da borda superior do trapézio (3), região supraescapuçar (4), junção condra.l da 2ª costela (5), epicôndilo lateral (6), região glútea laterossuperior (7), região do trocânter maior (8), região medial acima do joelho (9) – sempre bilateral = 18 pontos. Positividade do exame – 11 pontos dos 18. Outro achado no EF são nódulos musculares, que são pontos de consistência aumentados nos músculos pelo espasmo muscular, geralmente coincidentes com os TP. Pode haver hipersensibilidade cutânea, dermografismo e hiperemia reativa ao estímulo cutâneo. Diagnóstico diferencial Algumas doenças podem manifestar quadros semelhantes a fibromialgia. As principais Artrite Reumatóide, LES, Polimialgia Traumática e o Hipotireoideismo, vez que podem manifestar, inicialmente, dor musculoesquelética generalizada. Doença reumática = sinais flogísticos, anemia de doença crônica e ↑VHS (hemograma e VHS). Artrite Reumatóide = ↑ Fator Reumatoide e alterações radiológicas nas mãos – nódulos de Heberden e Bourchad (FR e RX). LES = ↑ Fator Antinuclear, alterações cutâneas e/ou sistêmicas (FAN e EF). Polimialgia Reumática = idosos, dor e rigidez na cintura escapular e pélvica, ↑ VHS (grande aumento), anemia (discreta), pronta resposta a corticosteroide (clínica, VHS, hemograma). Hipotireoidismo = mialgia difusa (TSH e T4) Tratamento O tto é multidisciplinar. O médico deve ter uma abordagem educativa e acolhedora, fazendo o paciente compreender que o mesmo não representa um distúrbio meramente ´´psicológico´´, que a doença não ameaça a vida e que os sintomas são de difícil controle. A fibromialgia pode ir de quadros leves até situações verdadeiramente incapacitantes (alguns tem que se afastar do trabalho). MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS Atividades físicas aeróbicas de baixo impacto, de preferência diárias (convencer o paciente a fazê-los, explicar que a dor piora no início, mas a longo prazo alivam e melhoram o quadro) Terapia cognitiva comportamental (TCC) – diminuir sentimento de vitimização. Acupumturas – sem muita evidência benéfica MEDIDAS FARMACOLÓGICAS Diminuir a transmissão da dor com modulares centrais de dor AntidepressivosAmitriptilina – 1º escolha Duloxetina (Velija) Podem ser associados a anticonvulsivantes O sedentarismo é sempre prejudicial! CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Gabapentina Pregabalina AINES Indicados se a fibromialgia estiver associada à AR ou Bursite Analgésicos Podem auxiliar no tto, sendo empregados conforme a necessidade individual Paracetamol Dipirona Clobenzaprina (relaxante muscular) Em tese: Dor + insônia = analgésico e facilitador do sono – Amitriptilina ou Gabapentina/Pregabalina Dor + depressão ou ansiedade = analgésico e antidepressivos/ansiolíticos – Duloxetina ou Milnacipram Lembrar A fibromialgia é incurável, mas o tto pode melhorar a qualidade de vida. A dor é PIOR que LES, AR ou AO. Maioria se sente incapacitado, como se estivesse gripado ou todo machucado. Grande impacto socioeconômico. Indicação de mau prognóstico = litígios e baixo nível socioeconômico. Lombalgia Definição É a queixa musculoesquelética mais comum e uma das principais causas de incapacidade laboral. Afeta a região entre o arcabouço costal inferior e as pregas glúteas, e frequentemente irradia para as coxas, sendo a maioria benigna e autolimitada. Visão do reumatologista: Pouquíssimas evidências derivadas de estudos de alta qualidade mostrando benefício importante/duradouro Paciente reumatológico: resistente a vários tratamentos prévios Estudos clínicos não refletem situação de vida real: comorbidades múltiplas Lombalgia altamente prevalente Dificuldade de estabelecer a causa física da dor (coluna, articular, vascular, neurológica, depressão...) Aguda – menos de 4 semanas Recorrências são frequentes. Normalmente autolimitadas. Subaguda – entre 4 e 12 semanas Crônica – mais de 12 semanas 5 a 10% das lombalgias agudas se tornam crônicas Epidemiologia 84% das pessoas apresentaram em algum momento da sua vida. Prevalência: 45-60 anos. 85% - Lombalgia Mecânica Comum Anomalias congênitas. 10% - Doença Específica Não Grave Fratura, Radiculopatia, Estenose do Canal Vertebral, Espondiloartrite. 1% - Doença Sistêmica Grave Infecção, Neoplasia, Síndrome da Cauda Equina. Fatores de Risco Tabagismo Obesidade Sexo feminino CORTICOIDE NÃO AJUDA EM NADA! Opioides não são recomendados pois causam dependência CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Idade Trabalho sedentário Trabalho fisicamente ou psicologicamente extenuante Baixo nível educacional Insatisfação com o trabalho Benefício de auxílio doença no INSS Fatores psicológicos: Transtorno da Somatização, Ansiedade, Depressão. Diagnóstico Diferencial Contratura/estiramento lombar Hérnia de disco Estenose do canal vertebral Fraturas Neoplasia Infeccção Espondiloartrites: espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite reativa e associadas a retrocolite ulcerativa Hérnia de Disco Ocorre compressão de raíz nervosa por extravazamento do núcleo puposo interno do disco intervertebral em sentido posterolateral. Mais comum em L4-L5 ou L5-S1. O diagnóstico é clínico: 20-60 anos, dor irradiada para a perna (ultrapassa a fossa cubital) é maior que a dor lombar, de acometimento agudo e com sinal de Laségue positivo. Síndrome da Dor Miofascial Caracteriza-se por dor muscular irradiada de um ponto de gatilho (trigger point). É comum as dores nas costas irradiarem para MMII, mas o sinal de Laségue é negativo. Os Trigger Points podem resultar de um trauma agudo, microtraumas repetitivos diários ou de uma tensão crônica de sedentarismo devido aos hábitos de vida. Ao estimular o trigger point há o desencadear de uma dor que se irradia em toda extensão do músculo. A SDM pode incluir outros distúrbios dolorosos como dores de cabeça tensionais, distúrbios idiopáticos da coluna lombar e de tensão cervical, síndromes repetitivas de tensão, síndrome do uso excessivo ocupacional, distúrbio cumulativo de trauma, distúrbio músculo-esquelético relacionado ao trabalho e síndrome da articulação temporomandibular – A intensidade da dor não ajuda a diagnosticar a causa da dor. – Pode simular uma lombociatalgia. Cuidar para erroneamente dizer que a dor que irradia para um membro deve ser causada pelo aprisionamento da raiz nervosa, mesmo quando não há sinais neurológicos objetivos para dar esse diagnóstico (não tem lasegue, não ser agudo, não ter a idade, não ser insidioso – avaliar melhor os Trigger Points lombar e glútea). Por exemplo, não é incomum achar Trigger Point lombares e glúteos em pacientes que tem uma dor irradiada para a perna. – Atentar: se a dor irradia para a baixo do joelho, pensar em ciática. Se acima do joelho, é pseudo-ciática. Síndrome da Cauda Equina Compressão da cauda equina por hérnia de disco maciça de linha média, em geral L4-L5. É uma emergência cirúrgica – única da lombalgia. Os resultados neurológicos são afetados pelo tempo decorrido para a descompressão. Manifestações: alteração/redução da sensação urinária, disfunção sexual, déficits motores em MIs, perda sensorial no períneo (anestesia em sela), incontinência urinária e fecal, diminuição do tônus retal ou ausência da contratura anal. – RMN de emergência – Cirurgia de emergência CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Estenose da Cauda Vertebral Hérnia de disco, osteoartrite, hipertrofia do ligamento amarelo – tudo isso junto diminui o espaço do canal vertebral, levando a sintomas. Ou seja, estreitamento do canal vertebral, recessos laterais e forames neurais, que pode resultar na compressão das nervosas lombossacras. Ocorre por degeneração do disco vertebral. Pode ocorrer em um ou mais níveis e pode ser assimétrica. Características: > 50 anos, início insidioso, dor referida na perna > dor lombar, sinal de Laségue negativo. Contratura Muscular – Maioria das dores lombares – É aguda – Entre 20-60 anos – Dor nas costas > dor nas pernas – Sinal de Laségue negativo Sinais de Alerta – Red Flags Serve para IDENTIFICAR uma causa de lombalgia grave, que já tenha que haver a investigação. Tumor ou infecção – Idade acima de 50 anos ou abaixo de 20 anos – História de câncer – Febre, calafrios, perda de peso – Infecção bacteriana recente – Imunossuprimido (usuário de corticoide, hemodialítico) – Usuário de drogas injetáveis – Dor com piora noturna – História de intervenção local (ex.: punção lombar) Acometimento neurológico – Anestesia em sela – Disfunção esfincteriana – Déficit neurológico bilateral, progressivo ou grave de MMII – Instabilidade de marcha e quedas Fratura – História de trauma maior – História de trauma menor em idoso ou osteoporótico (2/3 dos casos de fratura osteoporótica é assintomática) – Usuário de corticoide (dá osteoporose) – Presença de contusão/abrasão Maior risco de fratura – Idade avançada – Fratura prévia – Usuários de corticoide – Hist. familiar de fratura de quadril – IMC baixo – Tabagistas e Etilistas – Portadores de AR ou osteoporose secundária (hipogonadismo ou menopausa prematura, má absorção como cx bariátrica, cirrose, DII) Espondiloartrite: anquilosante, artrite reativa, artrite psoriásica enteroartropatias, espondilite indiferenciada. Lombalgia inflamatória e não mecânica. – Rigidez matinal prolongada – Dor que melhora com exercício – Dor que piora com o repouso – Dor que inicia durante a madrugada – Dor nas nádegas alternante – Início antes de 45 anos CADERNO DE REUMATOLOGIABruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Yellow Flags Risco de cronificar a lombalgia Exame Físico Inspeção: escoliose (sinal de Adams – paciente se inclina para baixo tentando encostar as mãos nos pés com os joelhos estendidos), cifose, lordose. Palpação: processos espinhosos, musculatura paravertebral, glúteos, dor difusa (tende a ser uma doença benigna) ou localizada (tende a mtx), tender points, fabere. Neurológico: Laségue (pode fazer sentada), força, sensibilidade, reflexos. Atentar: dor pseudociática: irradia até o joelho, não ultrapassa fossa cubital.. Claudicação neurogênica: demora pra cessar a dor após o repouso + flexão da coluna melhora a dor. Claudicação arterial: dor cessa logo após o repouso + ausência ou redução dos pulsos. Exames laboratoriais Apenas na suspeita de infecção ou neoplasia. Hemograma com plaquetas VSG PCR Exames de Imagem Sem vantagem em pedir precocemente Apenas 5% das lombalgias agudas necessitam de imagem precocemente Considerar se não melhora após 12 semanas de tratamento conservador Muitos falso positivos Baixa correlação Clínica-Radiológica Pedir quando Red Flags mais contundentes (geralmente RNM) Rx – Solicitar quando baixa suspeita clínica TC – Melhor para avaliar osso RNM – Mais sensível, melhor para avaliar partes moles (hérnia de disco, canal vertebral) Hérnia de disco – RNM - 45% dos adultos assintomáticos apresentam – Indicação - Sem melhora com tratamento conservador Estenose do canal vertebral – RNM - 20% dos idosos assintomáticos apresentam Osteoartrite facetária – TC - 65% (2/3) dos adultos assintomáticos – Muito difícil dizer que a dor é dessa patologia, pois acomete geralmente o que vem anteriormente – muito mais coisas para atingir do que só, exclusivamente, o osso. Tratamento Lombalgia Mecânica Comum AGUDA Não farmacológico Educação do paciente Melhora espontânea em 4 semanas na maioria dos casos Sem indicação de repouso ou coletes – atrofia a musculatura central do corpo, podendo cronificar a doença Fazer as atividades diárias o quanto tolerar Calor superficial / local: bolsa de água quente –relaxa musculatura Diminuir peso (se necessário) Yoga, acupuntura - agulha seca (desativa TP). Massagem não ajuda e nem piora. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Farmacológico Antiinflamatório – 1º escolha Naproxeno 500mg – 1cp 12/12h Ibuprofeno 600mg – 1cp 6/6h Meloxican 15mg – 1cp 24/24h ou 7,5mg – 1cp 12/12h Paracetamol 500mg – 1cp 6/6h Dipirona 500mg – 1cp 6/6h Ciclobenzaprina 5mg – 1cp ou 2cp 24/24h a noite Tramadol 50mg – 1cp 6/6h Codeína 30mg – 1cp 6/6h Duloxetina – tricíclicos – para dor crônica Combinar medicações Não usar opióides fortes – deixar para pacientes com mtx Não usar corticoides sistêmicos Injeção epidural de corticoide – apenas para ciatalgia. Sem indicação para lombalgia mecânica comum. Síndrome de Sjögren Denifinição Doença inflamatória crônica autoimune, de evolução lenta e progressiva, caracterizada por um infiltrado linfocitário que acomete o epitélio de glândulas exócrinas, principalmente as salivares e lacrimais. O achado mais característico da doença é a “síndrome seca” – SIICA, que resulta da destruição glandular progressiva e menor produção de saliva e lágrimas. Faz parte das colagenoses Exocrinopatia autoimune – ataca as glândulas exócrinas com a presença de infiltrado linfocítico – Glândula salivar – Glândula lacrimal – Glândula sudorípara (prurido) Outras com menor frequência: – Glândula submucosa do nariz (obstrução), laringe (rouquidão) e faringe/traquéia (tosse seca) – Glândula submucosa da vagina (dispareunia) Pode simular um quadro de: – Artrite Reumatóide: artralgia, artrite, VSG e PCR ↑, FR positivo – Lupus Eritematoso Sistêmico: sintomas cutâneos, artralgia, artrite, FAN positivo – Fibromialgia: dor generalizada típica da fibromialgia, cansaço – Esclerodermia: fenômeno de Raynauld, alterações esofágicas, FAN positivo – Neuropatias do SNC e SNP: polineuropatia Anticorpos relacionados a essa síndrome: anti-Ro e anti-La!!! Epidemiologia 2ª doença autoimune reumatológica mais comum – Prevalência de 0,5% da população – Prevalência similar da AR – 10x mais comum que LES – ou seja, a SS é muito subdiagnosticada (simula outras doenças) 20 mulheres para cada homem Pico de incidência entre a 5ª e 6ª década de vida Classificação Primária Ocorre isoladamente Maior probabilidade de acometimento extraglandular Secundária CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Associada a outras doenças autoimunes – Artrite Reumatóide (30-50%), LES (10-25%), Esclerose Sistêmica (1%) Patogênese Há dois mecanismos de destruição tecidual na SS: 1) Infiltrado linfocitário (glândulas exócrinas com síndrome seca (SIICA) Nas glândulas exócrinas, ocorre uma grande infiltração de células mononucleares, que geralmente resulta em fibrose. Consequentemente, há comprometimento do tecido normal e obstrução ductal, que determinarão o quadro clínico principal da doença – a síndrome seca. A presença de citocinas nas glândulas inflamadas parece inibir também a produção das secreções exócrinas nas regiões das glândulas não lesionadas pelo processo infiltrativo, contribuindo na gênese da síndrome seca. 2) Deposição de imunocomplexos (vasculite/glomerulonefrite) Manifestações clínicas SINTOMAS INICIAIS: SIICA – Xeroftalmia (47%) Sensação de corpo estranho, fotofobia, fadiga ocular, queimação. Complicações: abrasão e úlcera de córnea (SIICA severa) – Xerostomia (42%) – Aumento da glândula parotídea (24%) Indolor, uni ou bilateral, difuso e firme a palpação pelo infiltrado linfocítico e com presença de cistos ao US/RNM (diferenciar de linfoma não- hodgkin que é aumento unilateral, doloroso, não difuso). – Dispareunia (5%) MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS – Artralgias/artrites (28%) – Fenômeno de Raynaud (21%) – Febre/Fadiga (10%) – Envolvimento pulmonar (2%) – Envolvimento renal (1%) MANIFESTAÇÕES EXTRAGLANDULARES – Fadiga (60 a 70%) – quanto maior, maior a atividade da doença – Artralgia/Artrite (45 a 60%) – não erosiva (diferente da AR) – Fenômeno de Raynaud (13 a 33%) – precede os sintomas de SIICA por anos – Disfunção esofágica (30 a 35%) – disfagia e pirose – Tireoidites autoimunes (14 a 33%) – Linfonodopatia (15 a 20%) – Vasculites (5 a 10%) – de pequenos vasos, associada a Crioglobulenimia – Lesões cutâneas anulares (LES cutâneo subagudo) (5 a 10%) – Envolvimento pulmonar (10 a 20%) – pneumonite intersticial (lesões císticas) – Envolvimento renal (10 a 15%) – Envolvimento hepático (5 a 10%) – Neuropatia periférica (2 a 5%) – principalmente sensitivo – Doença do SNC (1 a 2%) – Miosites (1 a 2%) – Linfoma (cell B) (4 a 8%) – não Hodgkin, principalmente de glândula salivar – os pacientes com SS tem 17x mais chance de ter esse linfoma! Anualmente se pede uma eletroforese de proteínas (monoclonal é fator de risco), C3 e C4 (consumidos é fator de risco) (PROVA) O que a diminuição de saliva/boca seca (xerostomia) acarreta? Para acontecer isso, tem que diminuir pela metade o fluxo salivar (normalmente se produz 1- 1,5L de saliva/dia) – Sensação de queimação na boca (40%) – Dificuldade de engolir comida seca (17%) – geralmente, engole com o auxílio de água – Alteração do paladar (metálico, salgado, amargo) (33%) – Aumento da incidência de cárie – Não consegue falar por muito tempo – Não consegue usar dentadura – Aumento dos sintomas de refluxo (a saliva tamponao suco gástrico) – Dificuldade para dormir 25% dos pacientes terão sintomas sistêmicos moderados a graves CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 – Predisposição a candidíase oral de difícil dx (saliva protege a boca) Paciente com queilite angular, candidíase variante atrófica (não tem a placa branca que é característico), língua seca Cárie na região cervical do dente Diagnóstico diferencial Lembrar: sempre antes de fazer o diagnóstico definitivo de SS, excluir causas como HCV, HIV, DM, cirrose alcoolica, sarcoidose. XEROSTOMIA: Lembrar que 1/4 da população hígida têm boca seca – Medicações (antidepressivos, anti- hipertensivos, anti-histamínicos, diuréticos, ansiolíticos) – DM não-controlada – Obstrução nasal – Desidratação – Respirador bucal – Histórico de radiação de cabeça – Psicológico OLHO SECO Primariamente evaporativo Lágrima evapora demais – Disfunção da glândula meibomianas (disfunção da glândula que produz a gordura – componente da lágrima água evapora mais rapidamente sem a gordura que recobre a lágrima) – Blefarites, Rosácea ocular, Dermatite seborreica – Paciente que não fecha o olho corretamente – Paralisia facial – Pisca pouco (Parkinson ou muito tempo no computador) – Uso demasiado de colírios com conservantes – Uso de lentes de contato – Conjuntivite alérgica Primariamente aquoso Mais característico do SS Déficit de produção de lágrima pela destruição das glândulas lacrimais – Síndrome de Sjogren – Idade – Doenças sistêmicas (HIV, sarcoidose, linfoma) – DM – Uso de lente de contato cronicamente – Medicamentos AUMENTO BILATERAL DAS PARÓTIDAS – Sídrome de Sjogren – Caxumba (mais em crianças) – Hepatite C – HIV – Doença relacionada ao IgG4 – DM não controlada – Alcoolismo – Doença hepática – Sarcoidose – Linfoma CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Diagnóstico Curso variável e muitos dos sintomas são inespecíficos, devido a isso, seu diagnóstico é difícil e tardio. Aplicar Critérios ACR/EULAR 2016 somente se paciente com suspeita clínica: olho seco, uso de colírios mais que 3x/dia, boca seca, tomando água para engolir alimentos secos - ≥ 3 meses de sintomatologia/crônico. Antes de aplicar critérios 2016 ao paciente, também é necessário excluir outras possíveis etiologias, como: irradiação de cabeça/pescoço, Hepatite C, AIDS, Sarcoidose, Amiloidose, IgG 4, drogas (suspendê-las antes do exame para que percam efeito no organismo). CRITÉRIOS ACR/EULAR DE 2016 – Biópsia de glândula salivar menor demonstrando infiltrado linfocítico Retira de 5-6 glândulas salivares na lateral do lábio inferior interno – cuidar nervo – Anti-Ro/SSA positivo – Ocular Staining Score – avalia complicações na córnea e conjuntiva de olho seco (feito pelo oftalmologista – coram a córnea e examinam) – Teste de Schirmer’s ocular (escore de lágrima) Visa avaliar a produção normal das glândulas lacrimais e utiliza uma fita colocada sob uma das pálpebras inferiores. Após cinco minutos, a parte umedecida do papel é medida – um valor inferior a 5 mm de área úmida é bastante sugestiva de redução da secreção lacrimal – Teste de salivação (<1ml em 10 min significa pouca produção de saliva) Exames laboratoriais – VSG ↑ (90%) – Eletroforese de proteínas com pico policlonal (80%) – Anemia de doença crônica – Leucopenia (10%) – Trombocitopenia (rara) – Anticorpos Fator reumatoide positivo (60%) FAN padrão nuclear pontilhado fino (quer dizer que o paciente possui provavelmente um padrão Anti-SSA e Anti-SSB) Anti-SSA Obs.: Não se pede Anti-SSB porque dificilmente ele será positivo e o Anti-SSA não Exames de Imagem Cintilografia Se os 3 negativos, dificilmente é SS C3 e C4 consumidos + Crioglobulinemia/Gamopatia monoclonal = Alta suspeição de LINFOMA Solicitado apenas se o FAN, FR e Anti- SSA/Ro vierem negativos ou positivos e ainda persiste dúvida diagnóstica! CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Atualmente faz parte dos critérios para LES Em pacientes com SS, não haverá captação de substância ou demorará para captar/excretar (Primeira imagem há captação de parótidas, submandibular, excreção para boca e tireoide. Na segunda, tudo está destruído, exceto a tireoide) US de glândula parotída e submandibular – Normal: homogênea – Paciente com SS: glândula destruída com cistos Tratamento Não há terapia específica comprovadamente capaz de mudar o curso da doença, logo, o tratamento da síndrome de Sjögren deve ser dirigido para o alívio sintomático do ressecamento das mucosas. MEDIDAS GERAIS Principal fator: orientar paciente Pequenos goles de água frequentes durante o dia Mascar chiclete Valda sem açúcar a base de Xilitol (anti-cárie) Bochechos com solução a base de flúor CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Tratar (empiricamente) candidíase na xerostomia resistente Revisão odontológica de 6/6 meses TRATAMENTO SISTÊMICO - para as manifestações extraglandulares Hidroxicloroquina – Fadiga – Mialgia – Artralgia/Artrite Corticoterapia/Imunossupressores/Biológico s – Doença extraglandular GRAVE (acometimento pulmonar ou renal, artrite grave..) Artrite Reumatoide Definição A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, relativamente comum, que afeta homens e mulheres de todas as idades. Apesar de poder acometer diversos órgãos e sistemas, sua apresentação clínica é caracterizada pelo envolvimento das articulações, num processo insidioso que frequentemente resulta em deformidades. Seu curso é tipicamente intermitente, marcado por períodos de remissão e atividade, mas sempre seguindo um processo contínuo de lesão tecidual. A patologia afeta especialmente a membrana sinovial e a cartilagem que reveste as articulações sinoviais (unem os ossos longos e apresentam grande mobilidade). Doença inflamatória crônica de caráter sistêmico e que atinge principalmente articulações sinoviais Etiologia desconhecida Predomina em mulheres de 25-55 anos Fatores de risco Genéticos: HLA (Antígeno Leucocitário Humano) – epítopo compartilhado pré- disposição (2-10x maior) Ambientais: – tabagismo (principal) – obesidade – infecção – estado socioeconômico – exposição à sílica, arbesto e madeira – fatores hormonais (gestação, amamentação e – menopaua precoce) – peso ao nascimento Epidemiologia 25-55 anos Sexo feminino (3:1) Obs.: após os 65 anos a diferença de incidência entre os sexos diminui Patogênese O elemento fundamental é a proliferação (´´ataque´´) inflamatória da membrana sinovial (sinovite). Ela começa a ficar hipertrófica e hiperplásica. Invade osso e cartilagem, realizando derrame articular. Essa nova membrana sinovial é chamada de pannus. Ocorre erosões ósseas, osteoartrite secundária a AR e os edemas. Genes de suscetibilidade (HLA) falha de tolerância, ativação desregulada de linfócitos + fatores ambientais modificação de enzima (citrulinação de proteínas próprias) = resposta de células T e B a antígenos próprios (incluindo antígenos do tecido articular) ativação do sinoviócito produção exacerbada de citoninas de inflamação + exsudato sinovial (líquido inflamatório rico em enzimas de catabolismo) ataque à sinóvia = sinovite crônica com formação posterior de panus aumentoda espessura da sinóvia + erosão articular, da bursa e da bainha tendínea + destruição da estruturas + formação de tecido cicatricial. O potencial para destruição cartilaginosa e erosão óssea, com posterior deformidade articular, é o marco fundamental da doença! Marco da AR = Sinovite crônica levando à formação de erosões ósseas e à deformidade articular. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 AR = formação de imunocomplexos produzidos pelas células da membrana sinovial nos vasos sanguíneos inflamados células plasmáticas produzem anticorpos (fator reumatoide [FR] e anticorpos antipeptídios citrulinados cíclicos [anti-CCP]) que contribuem para esses complexos (mas a artrite destrutiva pode ocorrer na ausência deles) macrófagos e linfócitos migram para a sinóvia na fase inicial da doença liberação de mediadores inflamatórios. Articulações cronicamente afetadas = membrana sinovial se prolifera, se espessa e desenvolve pregas vilosas produz colagenase e estromelisina, as quais contribuem para a destruição ainda maior da cartilagem; IL-1 e FNT-α, estimulam a destruição da cartilagem, a absorção óssea mediada pelos osteoclastos, a inflamação sinovial e as prostaglandinas (potencializam a inflamação) depósito de fibrina, fibrose e necrose tecido sinovial hiperplásico (pannus) provoca erosão de cartilagem, osso subcondral, cápsula articular e ligamentos. OBS: Os nódulos reumáticos se desenvolvem em cerca de 30% dos pacientes com AR: são granulomas, com área central necrótica, circundados por macrófagos histiocíticos, todos envelopados por linfócitos, células plasmáticas e fibroblastos (podem se desenvolver em órgãos viscerais). Manifestações Articulares e Periartriculares Instalação insidiosa e progressiva (semanas/meses) – mais comum – Em 22% início agudo ou subagudo (dias/semanas) Acometimento simétrico e aditivo (adicionando novas articulações) Dor moderada, inflamatória, rigidez matinal > 1 hora (quanto maior a rigidez, maior atividade inflamatória) Calor, edema, derrame articular, rubor leve, limitação do movimento Obs.: quando todas articulações acometidas e apenas uma com dor intensa e vermelha – pensar em artrite séptica associada. Articulações tipicamente envolvidas precocemente: – MCF – IFPs das mãos – MTFs – IFs dos polegares – Punhos – Ombros – Joelhos Outras articulações afetadas com a evolução: – Tornozelos – Cotovelos – IFPs dos pés – coluna cervical (C1-C2) (pior pelas comorbidades) – esternoclaviculares – ATMs – Coxofemorais – Cricoaritnóides Mais a longo praza Desvio ulnar dos dedos Hipotrofia dos músculos interósseos Mãos em dorso de camelo – Tumefação (artrite) principalmente das 2º e 3º MCFs e punhos Dedos em fuso – Tumefação das IFPs Dedos em pescoço de cisne (deformidades fixas – dedo não esticam) – Hiperextensão das IFPs e flexão das IFDs Dedos em botoeira (deformidades fixas – não esticam) – Flexão das IFPs e hiperextensão das IFDs Polegares em Z – Flexão das MCFs e hiperextensão das IFs Acometimento periarticular mais comum que a população normal – Tenossinovite de De Quervain, dedo em gatilho, S. do túnel do carpo e tarso, rupturas tendinosas, bursites e cistos sinoviais Manifestações extra-articulares Sintomas constitucionais (febrícula, astenia, cansaço) Nódulo subcutâneos – De mm a cm, indolores, geralmente móveis, superfícies extensoras ou Início pela mão e pé, insidioso e pior pela manhã Interfalangianas distais não é comum. Ocorre mais na OA e Artrite Psoriática) CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 submetidas a pressão – geralmente cotovelos Vasculite – Arterite de pequeno e médio vaso – Púrpura, infarto, úlceras – Neuropatia periférica sensorial e/ou motora Cardiopatias geralmente assintomáticas – Efusão/espessamento/derrame pericárdico Derrame pleural (consume muita glicose), pneumonia intersticial, S. de Caplan (AR +Pneumoconiose) – pedir RX antes de iniciar MTX Olhos – Ceratoconjuntivite seca, S. Sjogren associada, Episclerite, Esclerite S. de Felty – Esplenomegalia + leucopenia + AR de longo prazo Manifestações laboratoriais Pedir hemograma com plaquetas, TGO, TGP, creatinina, VSG e PCR Anemia de doença crônica leve – Ferritina <50, 50–100, >100, Sat de Trans < 20 Leucocitose, trombocitose (quando muita inflamação Aumento de VSG e PCR FAN baixos títulos (35%) (sem indicação para pedir na investigação de AR) – S. Sjogren Anti-CCPs (75%) – Mais específico (94%) – Início da doença e indica a gravidade da doença – Está presente anos antes do início dos sintomas (até 8 anos antes) Fator reumatóide (75%) – Porém 40% são negativos no ínicio do quadro – Pode positivar após o início da doença – Menos específica e indica a gravidade da doença Raio X Modificações mais precoces em mãos e pés Alterações radiográficas Simetria Osteopenia periarticular / difusa Aumento de partes moles Redução do espaço articular (OA secundária) Erosões ósseas Cistos ósseos Deformidades e instabilidades Obs.: Sempre ao solicitar Raio X de membros, solicitar dos dois lados para comparações! Quando encaminhar ao reumatologista? 3 ou + articulações edemaciadas ou Squeeze teste positivo no pé ou na mão ou Rigidez matinal maior que 30min Obs.: quanto mais cedo, melhor. Se iniciar tto nos 3 primeiros meses o desfecho é melhor. O anti- inflamatório pode mascarar os sintomas, mas é melhor ele do que o corticoide. Após o dx apenas pode dar corticoide. Segundo o EULAR (sintomas e EF) Sintomas a menos de 1 ano Sintomas em metacarpofalangianas Rigidez matinal > 1h Sintomas maior de manhã Histórico familiar de AR Não consegue fechar as mãos pela manhã Squeeze teste positivo (3-4 dos 7) Diagnóstico Diferencial Lembrar: se tem uma artrite ou artralgia >6 semanas tem alta chance de ser reumatismo. <6 semanas pode ser alguma infecção viral. CADERNO DE REUMATOLOGIA Bruna Zanatta de Freitas– ATM 2023/1 Critérios ACR 1987 4 critérios Mais específico – pega paciente mais crônico (ruim) ACR/EULAR 2010 6 pontos Mais sensível – pega paciente mais aguda (melhor) AR precoce: menos de 1 ano de início dos sintomas Avaliação da atividade da doença DAS28 Palpar as 28 articulações Indica baixa, moderada ou alta atividade da doença Dolorosos + Edemaciadas + VSG ou PCR positivos EVA – Escala Visual e Analógica (0-100) (na última semana, como o senhor acha que está sua dor? 0 sem dor, 100 a pior dor que já teve) Prognóstico Redução da expectativa de vida em 3 a 10 anos Fator de risco cardiovascular independente, risco 1,5x maior, principal causa de morte (50%) Paciente morre mais de infarto Usa estatina mais precocemente Tratamento Suspender o tabagismo – Desencadeante e agravante de AR – Diminui o efeito das DMCDs sintéticas AINES Início da doença – antes de ter o dx Controle parcial da atividade da doença Reagudizações CORTICOIDES Prednisona Doses baixas < 10mg/dia – dose máxima 15mg - aumentar essa dose não ajuda na AR AINH + Corticoide = usar IBP Se você não sabe o que é = NÃO dê corticoide (atrapalha no dx) Intra-articular: – Doença ativa em poucas articulações – Não se recomenda infiltrar a mesma articulação mais que 4x ano (3/3 meses) CADERNO DE REUMATOLOGIA
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