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Ivina Marcella C. Santos Saúde da Mulher, Sexualidade Humana e Planejamento Familiar PROBLEMA-2 “UM MOMENTO MUITO ESPERADO” Janete, 28 anos fez apenas um exame de glicemia em jejum no primeiro trimestre, e está no final da gestação. O médico da USF orientou a paciente para procurar o hospital caso ocorra alguma intercorrência. Janete está ansiosa, pois o médico da USF não realizará seu parto, por não fazer parte da equipe de plantonistas da maternidade do SUS. Para realizar o parto nesta maternidade o médico solicitou complementação de honorários. Ela fica imaginando como será na hora do parto Objetivos 1) Discorrer sobre o acompanhamento à gestante no final da gestação na USF; 2) Explicar as principais intercorrências da gravidez;( é a mesma coisa que o 3°) 3) Abordar a fisiopatologia da diabetes gestacional; 4) Explanar o diagnóstico, fluxogramada e conduta médica da diabetes gestacional; 5) Discutir os aspectos éticos e legais do atendimento obstétrico; 6) Elucidar o protocolo de humanização do pré, durante e pós-parto. 1) Discorrer sobre o acompanhamento à gestante no final da gestação na USF; Exames físicos Assim como no primeiro e no segundo trimestres, o acompanhamento da pressão arterial da gestante é de extrema importância. A partir da 20ª semana, o risco de hipertensão gestacional é grande. No terceiro trimestre de gestação, a preocupação maior é com o parto prematuro, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia. O obstetra também vai ouvir a gestante nas consultas, oferecendo maneiras de atenuar os desconfortos e avaliando os sintomas relatados. • A medição da altura do útero, da circunferência da barriga • a pesagem da gestante são realizadas. • No último trimestre o bebê ganha peso efetivamente, passando de uma média de 1kg na 28ª semana para até mais de 3kg após as 40 semanas, então é normal que a mãe engorde um pouco mais nessa fase. A partir da 35ª semana o obstetra já pode realizar o exame de toque, para avaliar a posição do bebê para o parto e o início da dilatação no colo do útero. EXAMES LABORATORIAIS Além dos exames físicos, o médico também deve solicitar alguns exames de laboratório, como o hemograma de rotina e o exame de urina. Podem ser repetidos, se necessário, os exames de hepatite B e C, toxoplasmose e doenças como a sífilis e o HIV. Outro exame comum por volta da 35ª semana é o da bactéria Streptococcus B, um microrganismo comum no trato reprodutivo da mulher, porém pode causar infecções graves como pneumonia e meningite caso entre em contato com o bebê durante o parto. O médico colhe material do canal vaginal e envia as amostras para análise em laboratório. Em caso de resultado positivo, a gestante pode ter que tomar antibióticos. EXAMES DE IMAGEM O ultrassom é um dos companheiros fiéis das gestantes no terceiro trimestre de gestação. Além do exame realizado muitas vezes no próprio consultório para checar o estado do bebê naquela semana, os obstetras podem solicitar outras ultrassonografias: • Ultrassom morfológico: feita entre a 28ª e a 32ª semana, avalia cada parte do corpo do bebê, e pode ser feito com Doppler, para analisar o fluxo sanguíneo e o cordão umbilical. Em gestações de gêmeos, o ultrassom morfológico também atesta que os bebês estão com pesos semelhantes; • Monitoramento do batimento cardíaco: após a 20ª semana o exame já identifica malformações ou anomalias no funcionamento do coração do bebê, e também é feito durante o trabalho de parto; • Perfil biofísico fetal: chamado de PBF, o exame avalia os movimentos do bebê (respiração, movimentos corporais e batimentos cardíacos). É importante para atestar o funcionamento do sistema nervoso, além do nível de oxigenação. Os ultrassons ajudam ainda a verificar a condição da placenta e a monitorar a quantidade de líquido amniótico, parâmetros muito importantes para prevenir sofrimento fetal e um parto prematuro. CARDIOTOCOGRAFIA Na reta final da gravidez, a gestante deve se submeter a uma cardiotocografia, método biofísico não invasivo de avaliação do bem estar fetal. Para essa avaliação ser feita, cintos elásticos com sensores são colocados na barriga, monitorando os batimentos cardíacos do bebê e a intensidade e frequência das contrações do útero. Esse exame é muito utilizado durante o trabalho de parto, para avaliar o bem-estar do bebê enquanto o nascimento não acontece. As chamadas contrações de Braxton Hicks, ou contrações de treinamento, começam a surgir a partir da 20ª semana. Elas são de baixa intensidade, não causam dor e duram menos de 1 minuto. À medida que o parto se aproxima, por volta da 37ª semana, a gestante começará a sentir contrações mais intensas. Porém, só é indicado ir ao hospital quando as contrações vierem acompanhadas de dor forte, e aconteceram ritmadas e com frequência. As contrações de parto duram pouco mais de 1 minuto, e aparecem em intervalos de 20 minutos, que aos poucos se reduzem para 15 minutos, 10 minutos e 5 minutos, o momento ideal para ir ao hospital. Em uma gestação sem intercorrências e riscos, o segredo para seguir tranquilamente para o parto é realizar o acompanhamento pré-natal completo, atentando para as recomendações médicas e cumprindo toda a agenda de exames. EXAMES PARA UMA GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO • São repetidos os exames de sangue, como; • o hemograma- – identifica problemas como, por exemplo, anemia (falta de ferro no sangue), que é comum na gravidez e deve ser tratada. • e as sorologias que podem detectar hepatite B, toxoplasmose, HIV, rubéola e sífilis; • Ultrassom obstétrico: na reta final, avalia o crescimento fetal e sinaliza complicações como desnutrição ou excesso de peso; • Monitora também o volume de líquido amniótico e as condições da placenta. 2)Abordar a fisiopatologia da diabetes gestacional; DIABETES GESTACIONAL O QUE É? O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como intolerância aos carboidratos, em variados graus de intensidade, iniciada na gestação, que pode pessistir ou não pós o parto. PSIUUU!!! Vale ter o conhecimento dess definção por que a diabetes que não é iniciada durante a gestação, mas sim indentificada recebe outro nome. • De acordo com o ministerio da saúde FISIOPATOLOGIA A gestação é caracterizada por um acréscimo na resistência periférica à insulina e por incremento na produção de insulina pelas células-beta do pâncreas. A resistência à insulina aumenta durante a gestação em virtude da secreção placentária de alguns hormônios considerados diabetogênicos, como hormônio do crescimento, cortisol e hormônio lactogênico placentário.O metabolismo energético pode ser dividido em duas fases distintas: • A primeira fase é conhecida como fase anabólica, na qual a glicemia das gestantes tende a diminuir, em especial quando ocorre jejum prolongado • A segunda fase é catabólica, com crescente consumo de nutrientes maternos pelo feto. Nela, torna-se evidente o aumento da resistência periférica à insulina Então amigos, só citar essas fases é a mesma oisa que nada, bora relembrar as alterações no corpo da gestante, no caso só o metabolismo dos carboidratos mesmo kkkkkkk A gravidez normal gera um deslocamento do equilíbrio entre o metabolismo materno de carboidratos e o de lípides. Dessa forma, observa-se redução da glicemia de jejum e da glicemia basal materna às custas de armazenamento de gordura, glicogênese hepática e transferência de glicose para o feto. Essas alterações são observadas na primeira fase, ou fase anabólica, que corresponde à primeira metade da gestação, e são desencadeadas pelos hormônios sexuais placentários (estrógeno e progesterona). A partir da segunda metade da gravidez, inicia-se o período catabólico, com lipólise, neoglicogênesee resistência periférica à insulina. Acredita-se que o hormônio lactogênico placentário, por sua ação somatotrófica, estimule a lipólise com liberação de ácidos graxos na corrente sanguínea materna.9 É a partir de 30 semanas que a gestante começa a mobilizar suas reservas energéticas para se adequar ao crescimento fetal. O excesso de ácidos graxos, por sua vez, desencadeia o processo de resistência periférica à insulina, mantendo ambiente de hiperglicemia pós-prandial, com consequente hiperinsulinemia . A hiperglicemia resulta da maior necessidade energética do feto no terceiro trimestre, sendo preferencialmente transportada pela placenta por meio de difusão facilitada. Para manter o desvio de glicose para o produto conceptual, a gestante utiliza lípides como fonte de energia. Em jejum, especialmente quando muito prolongado, as concentrações plasmáticas de ácidos graxos, triglicérides e colesterol aumentam, podendo causar cetonemia mais facilmente. A redução da sensibilidade à insulina é fenômeno materno observado de forma mais evidente a partir de 26 semanas de gestação, período em que se estabelecem aumentos progressivos dos níveis de hormônio lactogênico placentário. É nesse momento, portanto, que qualquer desequilíbrio no metabolismo de carboidratos pode gerar quadro de diabetes gestacional, em especial se a oferta de glicose no sangue materno ultrapassa a capacidade da insulina de manter a glicemia em níveis desejáveis COMPLICAÇÕES MATERNAS E FETAIS ASSOCIADAS VÁRIOS EFEITOS ADVERSOS TÊM SIDO ASSOCIADOS COM DIABETES DURANTE A GRAVIDEZ: • Pré-eclâmpsia • Polidrâmnio • Fetos grandes para a idade gestacional e macrossomia • Organomegalias fetais (hepatomegalia, cardiomegalia) • Traumas no nascimento (parto distócico) • Maior prevalência de parto cirúrgico • Maior mortalidade perinatal • Problemas respiratórios neonatais e complicações metabólicas (hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalcemia, policitemia) 4) Explanar o diagnóstico, fluxogramada e conduta médica da diabetes gestacional; CONDUTAS NO AMBULATÓRIO O acompanhamento da paciente com DMG ou diabetes prévio abrange 5 pontos fundamentais: pré-natal (orientações obstétricas), orientação nutricional, atividade física, monitorização glicêmica, e tratamento medicamentoso. PRÉ-NATAL (ORIENTAÇÕES OBSTÉTRICAS) Na primeira consulta pré-natal, gestantes com diabetes prévio necessitam de avaliação clínica e laboratorial detalhada: � ANAMNESE: – Idade de início do diabetes – Hábitos nutricionais – Atividades físicas – Controle glicêmico – Frequência/gravidade de episódios de hipoglicemia – Complicações do diabetes: retinopatia, nefropatia, neuropatia – Associação com hipertensão arterial crônica – Doença periodontal – Medicamentos utilizados � EXAME FÍSICO: – Estatura, peso, índice de massa corporal – Pressão arterial – Palpação de tireóide – Avaliação dos pés � EXAMES COMPLEMENTARES: – Hemoglobina glicada (HbA1c) - deve ser medida na primeira consulta pré-natal; depois mensalmente, até que valoras <6,5% sejam alcançados, quando então poderá ser avaliada a cada 2 ou 3 meses – Microalbuminúria e/ou proteinúria de 24 horas – Creatinina sérica – Ácido úrico – TSH – Urocultura – Fundoscopia Ecocardiografia e ECG Deverão ser repetidos com 20, 28 e 34 semanas de idade gestacional: microalbuminúria e/ou proteinúria de 24 horas, creatinina sérica e urocultura. Para pacientes com diabetes gestacional, essa avaliação não se faz necessária. Individualizar solicitação de perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos) � AVALIAÇÃO OBSTÉTRICA: – PRIMEIRO TRIMESTRE: entre 11 sem e 13 sem 6 dias, solicitamos US para estimativa da idade gestacional e rastreio morfológico do primeiro trimestre. – SEGUNDO TRIMESTRE: US morfológica Doppler obstétrico, USTV (cervicometria). US mensal a partir da 24a semana. Entre 24 e 28 semanas solicitamos a Ecocardiografia Fetal para todas as pacientes portadoras de DM prévio. – TERCEIRO TRIMESTRE: US para avaliar crescimento fetal e volume do líquido amniótico com 28 / 32 / 36 / 38 / 39 semanas. Doppler fetal com 28 semanas, especialmente se houver hipertensão arterial, toxemia ou vasculopatia. Individualizar seguimento na presença de vasculopatia ou outro fator de risco para crescimento restrito (CIUR). Perfil Biofísico Fetal (PBF) a cada 15 dias alternando com cardiotocografia (CTG) sempre para pacientes em tratamento medicamentoso e/ou com difícil controle glicêmico e/ou portadoras de alterações metabólicas, com objetivo de ter avaliação de vitalidade fetal semanal. CTG no termo - para pacientes controladas com dieta. Mobilograma - Contagem de movimentos fetais: orientar a partir de 28 semanas. Considera-se adequado 6 movimentos fetais durante 1 hora após refeições ou 10 movimentos fetais ao longo do dia). Caso reduzido – solicitar PBF de urgência. SE DESCOMPENSAÇÃO AGUDA – SOLICITAR CARDIOTOCOGRAFIA E US COM PBF. Frequência de consultas de pré-natal: . Em casos de DM prévio e DMG em uso de insulina: � mensais até 20 semanas; � quinzenal até 32 semanas; � semanal após 32 semanas. . Em casos de DMG em controle com dieta: � mensais até 28 semanas; � quinzenal até 34 semanas; � semanal após 34 semanas. Pacientes com diagnóstico de DMG ou diabetes prévio devem ser encaminhadas ao ambulatório de endocrinologia, nutrição, educador físico e odontologia. Se descontrole metabólico, solicitar internação. ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS A American Diabetes Association (ADA) recomenda que a terapia de nutrição para DMG proporcione uma nutrição adequada para promover bem-estar fetal e materno e alcançar a normoglicemia com ausência de cetonas, e proporcionando níveis adequados de energia para ganho de peso adequado durante a gravidez. Na prática clínica, as mulheres muitas vezes exigem 1800-2200 kcal por dia. Para as mulheres que estão em peso corporal ideal durante a gravidez, as necessidades calóricas são de 30 kcal/kg/dia; para as mulheres que estão acima do peso, a exigência calórica é 22 a 25 kcal/ kg/dia; e para as mulheres com obesidade mórbida, o requisito calórico é de 12 a 14 kcal/kg/dia (peso apresentar grávida). Para aquelas mulheres que estão abaixo do peso, as necessidades calóricas podem ser até 40 kcal/kg/dia para atingir ganhos de peso recomendado, metas de glicose no sangue, e ingestão de nutrientes. Uma vez que as necessidades calóricas são calculadas, a ingestão de carboidratos deve ser distribuída entre as refeições e lanches para diminuir a hiperglicemia pós-prandial. Não há evidências seguras quanto à ingestão de carboidratos ideal para o tratamento de DMG. No entanto, deve-se limitar a ingestão de hidratos de carbono a menos do que 40% do total de calorias, enquanto assegurado que não se concretiza cetonúria. Um plano de refeição típica para as mulheres com GDM inclui três refeições de tamanho pequeno a moderado e dois a quatro lanches. Muitas mulheres vão precisar de ajuste individual, dependendo dos níveis de glicose pós-prandial, que são diretamente dependentes do conteúdo de carboidrato da refeição ou lanche. O aumento pós-prandial da glicose, portanto, pode ser melhorado, se a dieta de hidratos de carbono for restrita. Além disso, sabemos que uma dieta com baixo índice glicêmico, em que fontes de carboidratos são compostas principalmente de frutas, legumes e grãos integrais, com baixo consumo de produtos à base de farinha, tem um efeito favorável sobre a glicemia pós-prandial, e reduz significativamente a necessidade de terapia com insulina; no entanto, um efeito claro sobre o resultado da gravidez, particularmente macrossomia, parto por cesariana, e ganho de peso materno ainda não foi comprovado. Os restantes das calorias provenientes de proteína (menos do que 20% do total de calorias) e gorduras (40% de calorias; ingestão de gordura saturada deve ser < 7% do total de calorias).A ingestão de proteína deve ser distribuída ao longo do dia, incluída em todas as refeições e lanches para promover a saciedade e fornecem calorias adequadas. Um lanche antes de dormir pode ser necessário para evitar cetose durante a noite. Ajuste do plano de refeições deve ser contínuo, e baseado nos resultados da automonitorização glicêmica, apetite, e os padrões de ganho de peso. A perda de peso durante a gravidez geralmente não é recomendada, embora haja controvérsia sobre esta recomendação para as mulheres marcadamente obesas. CONTROLE DO GANHO PONDERAL: � Baixo Peso �12,5–18,0kg (total na gestação): 2,3kg (1ºTrimestre); 0,5Kg por semana (2º e 3º Trimestre) � Adequado �11,5–16,0 kg (total na gestação): 1,6kg (1ºTrimestre); 0,4 (2º e 3ºTrimestre) � Sobrepeso � 7,0–11,5 (total na gestação): 0,9 (1ºTrimestre); 0,3 (2º e 3ºTrimestre) � Obesidade �7 kg (total na Gestação): 0,3 Kgs por semana (2º e 3ºTrimestre) � Indicar adoçantes artificiais (Sucralose, Stévia, Aspartame, Sacarina e Acessulfame-K), com moderação, na dieta a ser seguida (SBD 2017/2018); 8.3. ORIENTAÇÕES EM RELAÇÃO À ATIVIDADE FÍSICA Exercícios que aumentam a massa muscular melhoram o controle glicêmico principalmente do aumento de sensibilidade dos tecidos à insulina. Como resultado, tanto a glicemia em jejum tanto pós-prandial podem ser reduzidas e, em algumas mulheres com DMG, a necessidade de insulina pode ser evitada. Caminhadas e exercícios de baixo impacto, são recomendados, na frequência igual ou maior que três vezes por semana, por pelo menos 30 minutos, de preferência após as refeições 5) Discutir os aspectos éticos e legais do atendimento obstétrico Nos últimos 30 anos o Brasil avançou muito na melhoria da atenção ao parto e ao nascimento, fruto de uma série de esforços e iniciativas do governo e da sociedade. Porém, a redução da morbimortalidade materna e infantil permanece um desafio. Embora o acesso ao pré-natal seja praticamente universal, a qualidade dessa atenção ainda não é satisfatória. As ações de educação em saúde muitas vezes não levam em consideração as necessidades reprodutivas e sexuais de mulheres e homens. A rede de serviços de apoio diagnóstico para a realização dos exames recomendados durante a gravidez nem sempre contempla a necessidade dos Municípios. Em muitos lugares a mulher ainda peregrina para encontrar um estabelecimento de saúde no momento do parto e a atenção ao parto e nascimento, por vezes, utiliza-se de práticas que não estão baseadas em evidências científicas. Além disso, de maneira geral, pode-se afirmar que há uma fragilidade na rede no que tange ao seguimento da mulher e da criança no pós-parto, assim como no acompanhamento do desenvolvimento da criança para que ela alcance todo seu potencial intelectual, cognitivo e motor. Por todos esses motivos, em 2011 foi lançada no Brasil a Rede Cegonha, uma estratégia inovadora do Ministério da Saúde que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. A Rede Cegonha sistematiza e institucionaliza um modelo de atenção ao parto e ao nascimento que vem sendo discutido e construído no país deste os anos 90, com base no pioneirismo e na experiência de médicos, enfermeiros, parteiras, doulas, acadêmicos, antropólogos, sociólogos, gestores, formuladores de políticas públicas, gestantes, ativistas e instituições de saúde, entre muitos outros. Trata-se de um modelo que garante às mulheres e às crianças uma assistência humanizada e de qualidade, que lhes permite vivenciar a experiência da gravidez, do parto e do nascimento com segurança, dignidade e beleza. Não se pode esquecer jamais que dar à luz não é uma doença ou um processo patológico1 , mas uma função fisiológica e natural que constitui uma experiência única para a mulher e o(a) parceiro(a) envolvido(a). Através da ampliação do acesso e da melhoria da qualidade do pré-natal, da vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro, da implementação de boas práticas na atenção ao parto e nascimento, incluindo o direito ao acompanhante de livre escolha da mulher no parto, da atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses e do acesso às ações de planejamento reprodutivo, a Rede Cegonha objetiva: REDE CEGONHA O QUE É? A Rede Cegonha (RC) é uma iniciativa do Ministério da Saúde/MS lançada pelo Governo Federal em 2011 QUE TEM COMO OBJETIVO? Proporcionar melhor atenção e qualidade de saúde para mulheres e crianças. A RC incentiva a inovação e a excelência na atenção pré-natal, assistência ao parto e ao pós- parto, bem como nas ações em torno do desenvolvimento da criança durante os primeiros dois anos de vida. Vem mobilizando gestores, profissionais de saúde e usuários dos serviços, especialmente as mulheres e crianças como beneficiários diretos. Em sua operacionalização, tem-se investido um conjunto de recursos e estratégias de parcerias para um trabalho interfederativo. O foco estratégico da RC está na redução da morbimortalidade materna e infantil, especialmente em seu componente neonatal A Rede cegonha é estruturada a partir de quatro componentes: • Pré-natal • Parto e nascimento • Puerpério • Atenção integral á saúde da criança Objetivos • Realização de pré-natal (de risco habitual e de alto risco) com captação precoce da gestante, com realização dos exames preconizados e com acesso aos resultados destes em tempo oportuno; • Acolhimento às intercorrências na gestação; • Prevenção e tratamento das DST/HIV/Aids e Hepatites; • Suficiência de leitos obstétricos e neonatais (UTI, UCI e Canguru); • Práticas de atenção à saúde baseada em evidências científicas; • Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar na primeira semana após a realização do parto e nascimento, bem como a busca ativa de crianças vulneráveis; • Orientação e oferta de métodos contraceptivos; • Promoção do acesso ao transporte seguro nas situações de urgência para as gestantes, as puérperas e os recém-nascidos de alto risco; • Implantação e/ou implementação da regulação de leitos obstétricos e neonatais, assim como a regulação de urgências e a regulação ambulatorial (consultas e exames), entre outras. OS COMPONENTES DA REDE CEGONHA COMPONENTE QUALIFICAÇÃO DO PRÉ-NATAL É fundamental fortalecer a atenção básica em saúde, na perspectiva de uma rede de atenção integrada, em todos os seus princípios, de modo que tenha capacidade cada vez mais ampliada de cuidar da gestante de forma integral. Nessa perspectiva existem vários aspectos a serem observados para se considerar o pré-natal qualificado. Esses aspectos complementam-se e representam marcadores de qualidade, que deverão ser buscados por todos no âmbito da Rede Cegonha. Primeiramente, é necessário que a gestante confirme a gravidez e tenha acesso aos cuidados pré-natais antes de completar 12 semanas de gestação: é a captação precoce da gestante. Para que isso seja possível, as equipes de atenção básica, com o apoio do gestor municipal, devem atuar junto às mulheres em idade fértil, com atenção especial para adolescentes e jovens, no planejamento reprodutivo e no reconhecimento dos sinais de gravidez. Isso possibilitará que a mulher procure a unidade básica de saúde (UBS) e realize o Teste Rápido de Gravidez, o que confirmará a suspeita e garantirá o início do Pré-natal o mais precoce possível. Uma vez que iniciou o pré-natal de risco habitual na UBS, a gestante deve realizar os exames e ter os resultados em tempo oportuno, outro aspecto importante da Rede Cegonha. Com base no exame clínico e nos resultados desses exames de rotina, deve ser avaliado se a gestação é de alto risco, quando deverá ser garantido o encaminhamento e o acompanhamento pré-natal de alto risco em um serviçoespecializado. No entanto, a equipe de atenção básica deve continuar acompanhando essa gestante, de modo que se mantenha o vínculo e possa se prestar cuidado integral à gestante e sua família. Nesse momento, é fundamental realizar prevenção, tratamento e aconselhamento das DST/SIDA. Durante o acompanhamento pré-natal na UBS a equipe deve se organizar para realizar acolhimento às gestantes sob seus cuidados, com escuta qualificada, em especial às adolescentes. Toda demanda que leva a gestante a procurar a UBS, sobretudo quando for motivada por alguma intercorrência, deve ser valorizada, acolhida e ter o risco avaliado e a vulnerabilidade considerada. Trata-se do acolhimento com avaliação de risco e vulnerabilidade. 6) ELUCIDAR O PROTOCOLO DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ, DURANTE E PÓS-PARTO. A vulnerabilidade social de mulheres e de crianças a algumas situações de risco é comprovadamente fator determinante de sua morbimortalidade, com destaque para as mortes maternas e neonatais. Aproximadamente 287 mil mulheres morrem no mundo inteiro, todos os anos, devido a complicações relacionadas à maternidade , configurando uma crise na saúde materna e infantil expressa na maior exposição de mulheres e de crianças ao risco de adoecer e de morrer os coeficientes de mortalidade infantil decresceram acentuadamente nos últimos 30 anos,a mudança na razão de mortalidade materna é difícil de ser avaliada, mas, no Brasil, nas últimas décadas, há evidências de diminuição nas razões de óbitos maternos e grande ampliação do acesso aos serviços de saúde, porém, os indicadores de mortalidade materna e neonatal ainda estão distantes do que se consideraria aceitável e desejável. Apesar dos progressos, ainda persistem grandes desafios, incluindo as mortes maternas causadas por abortos inseguros e a alta frequência de cesarianas. A medicalização abusiva no processo de parto e de nascimento também é uma tendência crescente e tem mostrado seu alcance na cultura e nas práticas cotidianas dos indivíduos • Importante ressaltar que um número expressivo de mortes maternas e neonatais é evitável por ações dos serviços de saúde, ou seja, por atenção ao pré-natal, ao parto ou ao nascimento. As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que enfatizam boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento baseadas em evidências científicas e afirmam que o parto é um evento natural que não necessita de controle, mas sim de cuidados, o modelo de atenção ao parto “normal”, mais comum no Brasil, inclusive em hospitais de ensino, é tecnocrático, centrado no profissional médico em instituição de saúde hospitalar, razão pela qual é também chamado de parto normal hospitalar. Nesse contexto, ainda que boa parte dos avanços científico e tecnológico adotados pelo hospital apresente condições reais de prevenir morbidade e mortalidade na assistência aos partos de risco, a contradição que se evidencia é que as complicações não vêm diminuindo e, muitas vezes, são causadas justamente por esse avanço, por meio da generalização de sua necessidade e uso abusivo de técnicas e procedimentos. • Essa prática submete a mulher a normas e rotinas rígidas, que não respeitam o seu corpo e o seu ritmo natural, e a impede de exercer seu protagonismo, movimento que pode ser anunciado como iatrogenia cultural (A iatrogenia consiste num dano, material ou psíquico, causado ao paciente pelo médico). • A retirada do papel de protagonista torna a mulher frágil e submissa a uma situação que a infantiliza, fragiliza, descaracteriza e violenta. Nessa condição de fragilidade, o momento do parto e do nascimento passa a ser encarado com medo devido à ameaça de riscos de dor, de sofrimento e de morte, e a cesariana passa a ser uma possibilidade de fuga e de proteção da dignidade, uma vez que o modelo de parto “normal” é considerado degradante. UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA SOBRE OS MODELOS OBSTÉTRICOS E NEONATAIS Modelo Humanista Características básicas: 1. Conexão corpo-mente. 2. O corpo como organismo. 3. O paciente como sujeito relacional. 4. Conexão e carinho entre médico e paciente. 5. Diagnóstico e cura de fora para dentro e de dentro para fora. 6. Balanço entre os desejos da instituição e do indivíduo. 7. Informação, tomada de decisões e responsabilidade compartilhadas entre o médico e o paciente. 8. Ciência e tecnologia contrabalançada com o humanismo. 9. Foco na prevenção da doença. 10. A morte como resultado aceitável. 11. Cuidados dirigidos pela compaixão. 12. Mente aberta para outras modalidades Preparo para o parto e o nascimento humanizado A assistência ao pré-natal é o primeiro passo para o parto e o nascimento humanizado. O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem com as mulheres durante o processo de parturição e, compreende: • parto como um processo natural e fisiológico que quando bem conduzido não precisa de condutas intervencionistas, • Respeito aos sentimentos, emoções, necessidades e valores culturais, • A disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir as ansiedades, inseguranças e o medo do parto, da solidão, da dor, do ambiente hospitalar, do bebê nascer com problemas e outros temores: • Promoção e manutenção do bem estar físico e emocional ao longo do processo da gestação, parto e nascimento, • Informação e orientação permanente a parturiente sobre a evolução do trabalho de parto, reconhecendo o papel principal da mulher nesse processo, inclusive aceitando a sua recusa a condutas que lhe causem constrangimento ou dor; • Espaço e apoio para a presença de um (a) acompanhante que a parturiente deseje, • O direito da mulher na escolha do local de nascimento e coresponsabilidade dos profissionais para garantir o acesso e qualidade dos cuidados de saúde. PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DO MODELO DE ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA E NEONATAL A EXPERIÊNCIA HUMANA Para a mulher, a gravidez e o nascimento em particular, são eventos únicos repletos de fortes sentimentos e emoções. A experiência vivida por ela nesses momentos ficará indelevelmente marcada em sua memória e, por isso, todos os envolvidos na sua assistência, desde o pré-natal até o parto, devem lhe proporcionar uma atmosfera de carinho e humanismo. • Por isso é impressindivel que o local onde a mulher é cuidada não seja um ambiente hostil, com rotinas rígidas e imutáveis, onde ela não possa expressar livremente seus sentimentos e suas necessidades. • A gestante deve receber cuidados individualizados e flexíveis de acordo com suas demandas. É necessário que se sinta segura e protegida por todos aqueles que a cercam. Tanto na assistência pré-natal como na assistência ao nascimento, a presença do seu companheiro ou outro membro da família deve ser encorajada. • A separação mãe-filho deve ser evitada desde o nascimento até a alta, e quando for inevitável, diante da necessidade de internação do recém-nascido em Unidade Neonatal, seus efeitos devem ser minimizados a partir de uma boa comunicação entre a equipe e a mãe, e da criação de possibilidades para que o encontro seja o mais breve possível. Tanto os fatores científicos que trazem segurança, como os fatores humanos que trazem alegria e felicidade devem ser considerados para assegurar uma experiência bem-sucedida e gratificante para todos os envolvidos. LOCAL DO NASCIMENTO O local do parto que antes ocorria no ambiente doméstico e passou para o hospital com o suposto objetivo de melhorar a segurança para a mãe e a criança, tem sido tema de muitas discussões na obstetrícia. Por se tratar de um processo natural e fisiológico, existem muitas razões para que a mulher seja apoiada no parto em um ambiente quieto, seguro e que lhe seja familiar A opção de parto domiciliar é uma alternativa para muitas mulheres que assim o desejarem e que não possuam algum fator de risco que as levariam ànecessidade de buscar o ambiente hospitalar. ASSISTÊNCIA NO PRIMEIRO ESTÁGIO DO PARTO DIETA A prática comum de se proibir a ingestão de alimentos líquidos ou sólidos no trabalho de parto deve-se ao medo de aspiração de conteúdo estomacal durante uma anestesia. O risco, entretanto, está associado à anestesia geral, em mulheres de risco habitual. Baseado na necessidade de manter uma hidratação e um aporte calórico adequado à mulher durante o parto, assim como oferecer conforto e bem-estar, a permissão para a mulher ingerir alimentos leves ou fluidos durante o trabalho de parto não aumenta a incidência de complicações . ENEMA O enema evacuante de rotina no início do trabalho de parto ainda é prática comum em muitas maternidades, com a alegação de que traria benefícios tais como: aceleração do trabalho de parto, diminuição da contaminação do períneo e consequentemente redução dos índices de infecção materna e neonatal. Uma revisão sistemática da literatura, envolvendo um total de 1.917 mulheres, demonstrou que o uso do enema não levou à redução significativa de infecção puerperal e neonatal . Em publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o enema é classificado como uma prática claramente danosa ou ineficaz que deveria ser evitada. É importante que a mulher seja informada desses resultados e possa optar, de acordo com suas preferências, pela realização ou não do enema. TRICOTOMIA DOS PELOS PUBIANOS A tricotomia é outro procedimento comum, realizado com o intuito de diminuir os índices de infecção e facilitar a sutura perineal em caso de laceração ou episiotomia. Muitas mulheres não gostam do procedimento e relatam desconforto durante o período de crescimento dos pelos. Uma metanálise de estudos aleatorizados controlados, envolvendo um total de 1.039 mulheres, concluiu não haver evidências que apoie o uso rotineiro da tricotomia no parto e, tendo em vista o potencial de complicações, os autores sugerem que ela não faça parte das rotinas . Na Inglaterra, essa prática foi abandonada desde o final dos anos 70 Apoio físico e emocional contínuo O apoio físico e emocional pode ser oferecido à mulher tanto pelo seu acompanhante ou doula, assim como pelos profissionais que participam da assistência (auxiliares e técnicos em Enfermagem, psicólogos, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, entre outros). O apoio proporcionado pelas doulas promove, em várias evidências, uma série de benefícios para as mulheres. Metanálise de estudos randomizados envolvendo 15.061 mulheres demonstrou que, para aquelas alocadas para o suporte contínuo, houve uma maior incidência de parto vaginal espontâneo, menor necessidade de analgesia e maior satisfação com a experiência do parto. Tiveram também menor probabilidade de serem submetidas à cesariana ou ao parto instrumental e de terem bebê com baixos escores de Apgar no quinto minuto. A análise de subgrupo sugeriu que o suporte contínuo é mais efetivo quando promovido por uma mulher que não faça parte da equipe do hospital nem da rede social da gestante (doulas), e em locais onde não há disponibilidade de analgesia peridural . Os profissionais que assistem à mulher devem promover um balanço entre os cuidados high-tech e high-touch por meio do desenvolvimento e da compreensão do apoio no parto e seus benefícios, tornando as mulheres cientes disso. POSIÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DA MULHER Na maioria das maternidades, a mulher ainda é obrigada a permanecer deitada, em decúbito lateral esquerdo, durante o trabalho de parto. Embora esta posição possa permitir uma melhor oxigenação fetal em comparação com o decúbito lateral direito e a posição supina, a permissão para que ela escolha a posição que melhor lhe convier, seja deambulando ou outras posições verticais, não oferece maior risco, proporciona menor duração do trabalho de parto e diminui a necessidade de analgesia . IMERSÃO EM ÁGUA A imersão em água no primeiro estágio do trabalho de parto pode ser excelente medida de conforto para muitas mulheres, favorecendo maior relaxamento e maior capacidade para suportar o estresse e as contrações, além de uma experiência mais holística no parto. As evidências indicam que essa imersão não oferece maior risco à mulher nem ao recém- -nascido, portanto, o uso de banheiras ou pequenas piscinas podem ser uma opção que as maternidades ou centros de nascimento podem oferecer às mulheres. Em uma metanálise de estudos randomizados controlados, envolvendo 3.243 mulheres, a imersão em água no primeiro período do parto reduziu significativamente a necessidade de analgesia epidural/espinhal, sem afetar de maneira adversa a duração do trabalho de parto, as taxas de parto operatório ou o bem-estar do recém-nascido. MANEJO DA DOR A necessidade de uma mulher em trabalho de parto utilizar algum método de alívio da dor pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo suas expectativas, a complexidade do seu trabalho de parto e a intensidade da sua dor. Para muitas, alguma forma de alívio pode ser necessária. Expectativas flexíveis e a preparação para o parto podem influenciar o bem-estar emocional da mulher após o parto. A dor extrema pode resultar em trauma psicológico para algumas, enquanto para outras os efeitos indesejáveis dos métodos farmacológicos de controle podem influenciar negativamente na experiência do nascimento. O importante é que as necessidades individuais da mulher sejam reconhecidas por meio de um bom processo de apoio e comunicação, devendo-se estar alerta para as mudanças de comportamento durante o trabalho de parto, notadamente para sinais graves de estresse, o que pode indicar a necessidade de utilização de um método efetivo de alívio da dor. Para muitas mulheres, tal alívio pode ser obtido apenas com um suporte físico e emocional adequado. Deve-se transmitir segurança à parturiente, assim como orientá-la adequadamente sobre a evolução do parto. A presença de um familiar pode contribuir sobremaneira para a redução da intensidade dolorosa. As massagens corporais, banhos (de chuveiro ou imersão), deambulação ativa, técnicas de respiração e relaxamento, toques confortantes, utilização das bolas de nascimento e outras medidas de suporte físico e emocional também devem ser utilizadas para alívio da dor. Quando for constatada a necessidade ou houver solicitação da mulher, métodos farmacológicos de alívio da dor devem ser utilizados. A analgesia peridural ou raquidiana e peridural combinada devem ser os métodos farmacológicos de alívio da dor de escolha, após se obter o consentimento da mulher, que deve receber orientação detalhada sobre os seus riscos e benefícios e implicações para o parto ASSISTÊNCIA NO PERÍODO EXPULSIVO Posição para o parto Posições verticais no parto sempre foram utilizadas, ocorrendo uma drástica mudança a partir do momento em que o parto passou a ser assistido por médicos e, principalmente, no ambiente hospitalar. A posição de cócoras geralmente é a preferida pelas mulheres quando lhes oferecem a liberdade de escolha. Entretanto, argumenta-se que para a mulher ocidental, não acostumada a adotar tal posição em suas atividades cotidianas, isso poderia resultar em maior trauma perineal. O uso de uma almofada para a posição de cócoras, comparada à posição de litotomia ou supina, esteve associado à redução considerável na duração do segundo estágio, menos partos assistidos, menor incidência de lacerações perineais de segundo grau e taxa de episiotomia e incidência de sangramento estimado maior que 500 ml foram similares . As evidências indicam que as mulheres devem ser encorajadas a adotarem a posição que acharem mais confortável durante o período da expulsão. Parto na água O parto dentro d’água pode ser uma opção para muitas mulheres e tem se tornado bastante comum em várias partes do mundo, estimando-se que cerca de 150 mil partos tenham ocorrido dentro d’água entre 1985 e 1999 Embora não existam estudos randomizadoscontrolados comparando o parto na água com o parto convencional, vários outros estudos observacionais analisados em revisão da literatura asseguram ser um parto seguro e confortável . Mesmo sendo considerado seguro, o parto na água requer alguns cuidado já referidos para a imersão em água no primeiro estágio do parto, além de: minimizar os riscos em caso de circular de cordão ou cordão curto evitando que a água esteja muito funda, trazer a criança gentilmente para a superfície e ter em mãos pinças para clampeamento e também deixar a criança nascer completamente dentro da água antes de trazê-la à superfície;
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