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Coleta de amostras micológicas Conceitos gerais A coleta dos espécimes clínicos é a primeira etapa do diagnóstico laboratorial e deve ser feito corretamente, sob pena de inutilizar todo o procedimento laboratorial posterior. Caso o paciente esteja sob uso de medicação antifúngica, o paciente deve ser orientado a suspendê-la por um período de 15 dias ou por um mês, dependendo da ação do medicamento. A coleta pode ser feita pelo próprio médico solicitante ou por profissionais habilitados do laboratório de micologia. Quando a coleta for feita do laboratório, a amostra deve ser examinada com a maior brevidade, no máximo duas horas depois. Caso não seja possível, a amostra poderá ser conservada no refrigerador por no máximo 24 horas. Fungos anemófilos: fungos contaminantes de rotina laboratorial. Geralmente, não são patogênicos. Escamas de pele Após o exame visual da lesão, esta deverá ser submetida a uma antissepsia com álcool isopropílico 70%. Raspar vigorosamente as BORDAS das lesões cutâneas com o auxílio de: Cureta dermatológica Lâmina de bisturi sem o fio de corte Lâmina de microscopia recém quebrada ao meio Caso o paciente apresente várias lesões: Deve-se coletar material das lesões semelhantes em uma única amostra O material colhido deve ser acondicionado em Placas de Petri estéreis ou em pedaços de papel preto. Método de Jarbas Porto: indicado para suspeita de ptiríase versicolor (pano branco). Pêlos e cabelos Cabelo é o espécime clínico mais coletado na suspeita clínica de dermatofitose do couro cabeludo. Os pelos retirados devem ser os que apresentem maior probabilidade de estarem infectados Os pelos mais representativos de infecção dermatofítica são os localizados nas regiões de alopecia, que devem apresentar-se quebrados na região de emersão do folículo piloso. Os pelos devem ser removidos de dentro do folículo piloso, por arrancamento, com o auxilio de uma pinça flambada. Unhas Material originado de hiperceratose do bordo livre não é um bom material para observação de estruturas fúngicas nem para cultivo. Ao se colher material de unhas para pesquisa de fungos, deve-se ter em mente princípios da etiopatogenia das onicomicoses Caso a lesão inicie do limbo das unhas, provavelmente trata-se de onicomicose dermatofítica. Se a lesão começar na região do leito ungueal, é provável que a onicomicose seja causada por leveduras. Coleta: Tesouras de várias dimensões Limas Alicates de unhas Diversas curetas dermatológicas Retirada do material: o Onicomicoses que começam na parte livre da unha: desprezar toda a hiperceratose formada na parte mais distal e procurar atingir regiões mais adentro da matriz ungueal. o Onicomicoses acompanhadas de paroníquia: deve-se coletar também o pus com o auxilio de um swab ou pipeta de Pasteur o A lâmina da unha também pode ser utilizada como material para pesquisa de fungos Mucosas, orifícios naturais e secreções diversas Utilização de swab estéril Coleta de no mínimo duas amostras de cada lesão. Uma para exame direto e a outra para cultura Caso não seja possível o envio imediato ao laboratório, deve-se colocar os swabs em solução salina e mantê-los em refrigerador por no máximo 24 horas. Boca: Lesão vegetante ou ulcerada: biópsia ou raspagem com cureta dermatológica. Ânus: Lesão escamosa: coletar as escamas da periferia da lesão. Lesão ulcerada: curetagem ou biópsia. Vagina: Coleta de dois swabs da região de fundo de saco e dois da endocérvix. Um swab de cada amostra servira para confecção de lâmina e outro para cultura. Conjuntiva e córnea Córnea: raspagem ou debridação das partes, em caso de tecido necrosado. O material é coletado pelo próprio oftalmologista. Após a coleta, o material deve ser semeado o mais breve possível, para evitar dessecação e perda da amostra. Conservação do material, em casos de a análise imediata não ser possível: solução salina e refrigerador por no máximo 24hrs. Biópsia de tecidos ou órgãos Para cada lesão que for fazer biópsia, deve ser colhido material de duas regiões bem demarcadas, ou seja, do centro e da periferia da lesão. É a técnica de escolha para o diagnóstico de micoses subcutâneas e profundas. O material deve ser processado imediatamente. Caso não seja possível, deverá ser conservado em salina estéril e NÃO LEVAR AO REFRIGERADOR quando houver suspeita de zigomicose. Cada região deve ser abordada de forma asséptica e separada em duas porções: A parte destinada aos exames histopatológicos deve ser fixada em formol. Para exames micológicos: a amostra deverá ser colocada em solução salina. Sangue e medula óssea Colher, assepticamente, de 5 a 10ml de sangue com anticoagulante ou semear o sangue sem anticoagulante diretamente nos meios de cultura apropriados Coleta de sangue venoso feito por punção com seringa e agulha estéreis. Liquido cefalorraquidiano (líquor) A coleta é realizada por punção lombar Coleta de 3 a 5ml. Deve ser acondicionado em tubo estéril, à temperatura ambiente. Não se recomenda nenhum tipo de estocagem da amostra, devendo ser encaminhada o mais urgente possível para processamento laboratorial. Urina Degermação da região genitourinária externa com água e sabão neutro. Coleta do jato intermediário de urina. Após coletada, a urina deve ser analisada num período de duas horas. Armazenagem a frio não é recomendada, pois alguns metabólitos presentes na urina podem inativar um grande número de leveduras. Fezes Deve ser colhida em frasco estéril Caso seja necessário, pode-se colher a amostra utilizando um swab retal profundo. O armazenamento não é aconselhável. Processar em até duas horas. Escarro Deve ser colhido após rigoroso saneamento bucal e acondicionado em frasco estéril. Se não tiver escarro, poderá ser estimulado com neublização com salina; Lavados brônquicos e aspirados traqueais constituem melhores espécimes clínicos. Microscopia Exame direto: Material clínico montado entre lâmina e lamínula, imerso em solução clarificante. Hidróxido de sódio (soda cáustica): o Utilizado para degradar a queratina em amostras de pele e anexos o Não destrói a célula fúngica por causa da parede celular rica em quitina. o Lactofenol Azul de Algodão: corante azul que se liga a quitina da parede celular do fungo e o cora de azul. É o principal corante utilizado em micologia. o Em casos de fungos demáceos, não é necessária a utilização de corantes. Hidróxido de potássio: o É uma solução clarificante o Concentração máxima: 40%, utilizada para fragmentos de unha. Tinta da china – Tinta Nanquim: o É um contracorante (cora o fundo da lâmina) o Recomendada para corar Cryptococcus neoformans Fragmentos de biópsia: prata- metenamina, PAS ou HE Auxiliar primário no diagnóstico clínico Montagem de lâmina para exame direto: Colocar duas gotas de solução clarificante (KOH ou NaOH até 40%) Colocar sobre as gotas o material a ser analisado, aguardar até 10min e observar nas objetivas de 10x e de 40x Isolamento primário: O que é? É quando a amostra do paciente é semeada no meio de cultura pela primeira vez. É a primeira vez que o fungo vai crescer no meio de cultura Utilização de três meios (geralmente, todos os três meios são utilizados): o Ágar Sabouraud simples o Ágar Sabouraud com cloranfenicol - Cloranfenicol é um antibacteriano. Serve para inibir o crescimento bacteriano, principalmente em amostrasde pele, para que seja possível a visualização e o crescimento dos fungos, pois eles possuem um crescimento mais lento se comparado às bactérias. o Ágar Sabouraud com cloranfenicol e cicloheximida (Ágar Mycosel) - Cicloheximida é um antifúngico. Impede o crescimento dos fungos anemófilos para tornar possível o crescimento dos fungos patogênicos. - É um meio seletivo Exceções: o Suspeita de Ptiríase versicolor (Malassezia): - Ágar Sabouraud + azeite de oliva. Malassezia cresce mais em peles oleosas. Por isso a necessidade do azeite de oliva. - Meio Dixon o Quando houver suspeita de leveduras no ED: - Semear em placas contendo meio CHROMagar (meio cromogênico).
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