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Thainá Oliveira de Melo – Psicologia Existe entre o analisando e o analista, de forma manifesta ou latente, uma corrente transferencial-contra transferencial 1. É permanente, de influências e efeitos recíprocos 2. Nas condições normais, sofre sucessivas transformações em um continuado movimento espiralar, constituindo um campo onde circulam necessidades, desejos, angústias, defesas, relações objetais, etc., etc. Questionamento quanto à importância que deve ser creditada (ou desacreditada) à pessoa real do analista, na construção do vínculo transferencial-contra transferencial e, por conseguinte, no destino da análise. Todas as pulsões e derivados relativos à libido, especialmente os sentimentos carinhosos e amistosos, mas também incluídos os desejos eróticos, desde que tenham sido sublimados sob a forma de amor não sexual e não persistam como um vínculo erotizado. Tomar cuidado para: 1. Muitas vezes o que parece ser uma transferência “positiva” pode estar sendo “negativa” do ponto de vista de um processo analítico Isso porque ela pode estar representando não mais do que uma extrema e permanente idealização que o paciente faz em relação ao analista. 2. Também pode acontecer que uma aparência de “positividade” pode estar significando unicamente um inconsciente conluio transferencial-contra transferencial sob a forma de uma estéril recíproca fascinação narcisística. Aquelas transferências nas quais predominava a existência de pulsões agressivas com os seus inúmeros derivados, sob a forma de inveja, ciúme, rivalidade, voracidade, ambição desmedida, algumas formas de destrutividade, as eróticas incluídas etc. Se uma análise não transitou pela “transferência negativa” no mínimo ela ficou incompleta Pois todo e qualquer analisando tem conflitos manifestos ou latentes relacionados à agressividade A transferência assume características de uma busca de algo, em alguém, o que tanto pode assumir a forma de uma “fusão”, ou a de um “continente”, de alguém portador de seus “ideais”, ou a de um “espelho”. Thainá Oliveira de Melo – Psicologia A transferência especular seria a busca de um espelho na pessoa do analista, que o reflita, reconheça e devolva a sua imagem de auto idealização, vitalmente necessária para que o paciente sinta que, de fato ele existe e é valorizado Vai corresponder a etapa do desenvolvimento emocional primitivo, na qual a criança tem necessidade de estruturar o seu self pela da idealização dos pais, ao que ele denomina imago parental idealizada. E isso se repetiria no setting com a figura do analista Seria um amor de transferência, que complicaria o processo psicanalítico, que acontece com frequência, e no qual a (o) paciente se diz “apaixonada” pelo seu (sua) analista. Transferência Erótica: Está ligada a necessidade que qualquer pessoa tem de ser amada, sendo que essa demanda por compreensão, reconhecimento e contato emocional, pode se fundir (e con-fundir) com o desejo de um contato físico Transferência Erotizada: Pulsões ligadas ao ódio com as respectivas fantasias agressivas, que visam a um controle sobre o analista e de uma posse voraz dele. Essas fantasias manifestam-se por diversas formas, são de origem inconsciente, superam o senso crítico da realidade objetiva e elas aparecem na situação analítica disfarçadas de legítimas necessidades amorosas e sexuais Riscos da Transferência Erotizada: 1. Diante da não-gratificação do psicanalista dessas demandas sexuais do paciente, este recorra a actings fora da situação analítica, que, às vezes, podem adquirir características de grave malignidade. 2. A análise, a partir dessa transferência de natureza perversa, possa descambar para uma perversão da transferência, inclusive com a possível eventualidade de o analista ficar nela envolvido, fato que está longe de ser uma raridade. Os pacientes em geral de alguma forma tentam “perverter” as combinações que ele aceitou em relação ao setting analítico, procurando modificar “as regras do jogo”, traduzidas nas formas de pagamento, na obtenção de privilégios, em alguma forma de provocação para tirar o analista de seu lugar etc. Não representa algum risco para a análise, desde que o analista, embora possa ter alguma flexibilidade em relação aos pedidos do paciente, não saia do seu lugar e função de psicanalista Thainá Oliveira de Melo – Psicologia Designar aqueles períodos transferenciais típicos de situações de “impasses analíticos. Possibilidades: 1. A transferência do paciente tanto adquire uma forte tonalidade erotizada, que impossibilita o curso da análise. 2. O analisando fica invadido por ansiedades paranoides, que todo o seu discurso é concentrado em queixas e acusações ao seu analista, ao mesmo tempo em que fica em um estado de tamanha defensividade que não consegue escutar o que seu analista diz. O analista costuma ser percebido de uma forma distorcida, como um superego onipotente, sádico etc. A forma erótica da transferência psicótica na qual o paciente acredita que o analista está apaixonado por ele ou ela, também pode dominar a situação analítica por um certo tempo Referencias: Zimerman, David E. Fundamentos psicanalíticos recurso eletrônico: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. David E. Zimerman. Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007.
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