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License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS BRASIL E O ESTATUTO DOS REFUGIADOS E APÁTRIDAS Na aula anterior, você estudou sobre o conceito, objetivo, finalidade do Direito Internacional dos Refugiados, não é mesmo? Mas e qual será a relação do Direito Internacional dos Refugiados com o Brasil? Insta salientar que o Brasil adotou o Estatuto dos Refugiados e Apátridas em 28.01.1961, com a promulgação do Decreto n!50.215. No entanto, o Estatuto foi adotado pelo Brasil, com algumas limitações referentes ao direito de associação (artigo 15 do Estatuto) e profissões assalariadas (artigo 17 do Estatuto). Somente em 1990, quando se iniciou o processo de redemocratização do Brasil, que essas limitações foram retiradas do Decreto, adotando, portanto, o Estatuto integralmente. Em 1997, o Brasil promulgou a Lei nº9.474 de 22.07.1997 para definir os mecanismos de implementação do Estatuto dos Refugiados no Brasil. No artigo 1º você pode consultar a definição de refugiados para o Brasil. Também, nos demais artigos, se prevê sobre a condição jurídica do refugiado, ingresso no nosso território, o pedido de refúgio, entre outras questões que foram dispostas na Lei. Essa lei também CRIOU o COMITÊ NACIONAL PARA OS REFUGIADOS (CONARE) no âmbito do Ministério da Justiça. A sua competência e outras questões referentes ao CONARE estão dispostas nos artigos 12 a 32. Assim, tanto no Brasil, quanto nos demais países do mundo, ao acabar a concessão de refugiados, deverá haver uma solução concreta para as pessoas expostas a tais condições, no sentido de integração local, como educação e trabalho. Isso já ocorre no Brasil, em que há reconhecimento dos direitos dos refugiados em educação, trabalho, saúde, mobilidade, etc., permitindo que eles reconstruam a sua vida dentro do País. Claro que também cabe a repatriação, desde que o refugiado assim queira. Atualmente, o Brasil recebe MILHARES de refugiados. Em 1961 somente aceitava refugiados europeus; em 1989 recebeu vietnamitas e povos do Irã; em 1992 e 1994, angolanos. Em informações do site do CONARE, no Brasil vivem mais de 8.800 refugiados de 79 diferentes nacionalidades, sendo as cinco maiores provenientes da: SÍRIA, ANGOLA, COLÔMBIA, REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO E PALESTINA, o que pode ser visto no endereço eletrônico: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ politica-externa/paz-e-seguranca-internacionais/153-refugiados-e-o-conare. Uma figura importante para os refugiados e que trabalha em conjunto com a CONARE, é a ACNUR, é a Agência da Organização das Nações Unidas para os License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS Refugiados, e possui o objetivo de promover soluções para os problemas dos refugiados e protegê-los. No Brasil, por exemplo, as pessoas que se encontram na condição de refugiadas possuem proteção do Estado e recebem documentos necessários para trabalharem e tentarem, de alguma forma, buscar a estabilidade na vida. Por informações que podem ser consultadas no site da ACNUR, são 44.400 pessoas obrigadas a deixarem suas casas diariamente no mundo todo, sendo que 57% dos refugiados do mundo são oriundos de três países: Sudão do Sul, Afeganistão e Síria. No Brasil, só no final de 2017, houve o reconhecimento de 10.145 refugiados de diversas nacionalidades, mas somente 5.134 continuam com registro ativo no País, sendo que a maioria reside na cidade de São Paulo. Sobre o pedido de reconhecimento, também com dados da ACNUR, em 2017, 33.866 pessoas pediram, ao Brasil, que fossem reconhecidas como refugiadas, sendo a maior parte desses pedidos realizados pelos venezuelanos (17.865 pedidos). Em segundo maior número, estão os cubanos; em terceiro, os haitianos e, em quarto, os angolanos. Note-se que, nos últimos sete anos, o Brasil recebeu o total de 126.102 solicitações para o reconhecimento da condição de refugiados. Esse número total de pedido de reconhecimento de 2017 (33.866 pedidos) pode ser analisado de forma mais clara e visível pelos gráficos abaixo, o primeiro elaborado pela Polícia Federal Brasileira e o segundo elaborado pelo CONARE, ambos dispostos na terceira edição do relatório do CONARE: License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS Observa a condição da Venezuela nos gráficos acima. A situação de refugiados desse ano por conta dos acontecimentos na Venezuela não é algo atual. Como os números demonstram e você viu, em 2017 a maior parte de pedidos, no Brasil, para reconhecimento como refugiados veio dos venezuelanos. Veja o que diz a terceira edição do relatório do CONARE: “3) Venezuela: entre janeiro e setembro/2017, cerca de 48.500 venezuelanos solicitaram refúgio no mundo, quase o dobro do ano anterior. 3 Até julho de 2017, estimava-se que havia cerca de 300.000 venezuelanos na Colômbia, 40.000 em Trinidade e Tobago, e 30.000 no Brasil em situações migratórias diversas ou em situação irregular.” Pode-se dizer que, apesar do número de venezuelanos solicitando refúgio ao Brasil, em 2017, o número tem tendência de crescer rapidamente devido aos problemas governamentais da Venezuela. E, com isso, nota-se, no Brasil, uma possível “crise de refugiados”, já que são inúmeros venezuelanos chegando no País procurando abrigo, comida, emprego, médicos. Para você ter uma noção da realidade, em fevereiro de 2018 existiam quarenta mil venezuelanos em Roraima, estado brasileiro considerado como em situação de vulnerabilidade, por decreto do ex-presidente Michel Temer. Leia a notícia a seguir: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/16/ politica/1518736071_492585.html. License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS Em relação aos Estados brasileiros, em 2017, os que apresentam maior número de solicitação de refúgio são Roraima, São Paulo e Amazonas, o que pode ser visto na figura abaixo também elaborada pela Polícia Federal e inserida na terceira edição do relatório do CONARE: A cada dia que passa, o número de refugiados aumenta no Brasil, principalmente refugiados da Síria, onde a guerra, os conflitos estão presentes diariamente. Nos últimos anos, o Brasil recebeu pessoas do Haiti e da Venezuela em grande quantidade. O Brasil é um país bastante procurado pelos refugiados, pois quando a maioria dos outros países não os aceitam, o Brasil aceita, sendo muito requisitado. Além disso, o Brasil possui uma das leis de Refúgio mais modernas, veja um quadro comparativo realizado entre o Brasil e o Mundo em relação aos refugiados recebidos, que foi elaborado na terceira edição do Relatório do CONARE: License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS Podemos dizer que os refugiados, no Brasil, possuem, na sua maioria, idade entre 30 e 59 anos (44%) e a minoria apresenta idade maior de 60 anos (3%). Em relação ao gênero, a maioria é do gênero masculino (71%). Como os números de refugiados são maiores, a importância internacional cresce e o mundo se vê diante de uma situação que um precisa da ajuda do outro e assim por diante. No entanto, a vida dos refugiados continua sendo difícil, pois no próprio País onde eles buscam abrigo, são muitas vezes massacrados, banidos, discriminados, enfim, sofrem diversas situações preconceituosas, desumanas, desagradáveis que vão de encontro com a dignidade da pessoa humana e dos princípios básicos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, bem como seus documentos internacionais mais importantes. Essa dificuldade para os refugiados, aqui no Brasil, é a procura de empregos por conta da ausência de documentos e da burocracia brasileira (o CONARE demora demasiadamente para analisar o pedido dos refugiados, sendo que somente existem 14 pessoas para analisarem mais de 85 mil solicitações), fazendo com que esses refugiados sejam inscritos no bolsa família, sofrem com ausência de políticas públicas específicas para os refugiados. Além disso, as pessoas nessa condição também sofrem preconceitos, como o caso da nigeriana Mate Sunday, que chegou no Brasil em 2014, grávida: “O preconceito também fez com que a adaptação na vida da nigerianafosse ainda mais complicada. “Antes, era difícil. Às vezes, quando entrava no ônibus, não queriam sentar perto. Em São Paulo está melhor, o preconceito não acabou ainda mas está melhorando… Mas em outras cidades, meu Deus, não é fácil”, conta Mate. “Até License-330134-67845-0-5 DIREITOS HUMANOS agora eles não vem a gente como iguais a eles, falam como se fossemos escravos. Querem incomodar, mandar a gente fazer tudo. Não tem respeito. Não respeitam a gente”, desabafa. [...] Mate e sua família ainda vivem em condições precárias, e, após fazer um curso profissionalizante, conseguiu um trabalho como auxiliar de cozinha, mas segue dependendo da ajuda de ONGs e de pessoas que se solidarizam com sua história” (https://www.brasildefato.com. br/2018/06/20/refugiados-no-brasil-sofrem-com-racismo-demora- de-documentacao-e-falta-de-politicas/). Por isso, há a importância do Direito Internacional dos Refugiados como um meio de prever formas de proteção específicas para essas pessoas. Importante saber que o que acontece no mundo tem a ver com cada um de nós, independentemente do sexo, religião, política, etnia, pois se trata de direitos do ser humano e todos nós somos seres humanos. Se um direito da pessoa X de um país Z é violado, quer dizer que o seu também pode ser violado um dia. Pode-se dizer que apesar do Brasil ser caloroso e receptivo abrindo as portas para os refugiados, nada mais fazem para que estes se “sintam em casa” e tenham a real possibilidade de recomeçar a vida, ainda falta política pública específica para as pessoas que se encontram na condição de refugiadas, e é isso que o Brasil necessita buscar, claro, sem deixar de lado a população brasileira que também sofre com as deficiências do governo brasileiro e das políticas públicas, educação, saúde, etc. O que será, então, que o Brasil pode fazer para melhor essa situação? Você já parou para pensar? Chegou a hora, pense nisso, faça pesquisas, leia notícias exemplo: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44177606 https://g1.globo.com/mundo/noticia/mais-da-metade-dos-refugiados- reconhecidos-pelo-brasil-podem-ter-deixado-o-pais.ghtml https://adrianochan.com.br/a-situacao-dos-refugiados-no-brasil-e-os-obstaculos- enfrentados-na-integracao-local/ https://nacoesunidas.org/acao/refugiados/ https://www.acnur.org/portugues/2018/03/08/mulheres-ajudam-refugiados- venezuelanos-em-roraima/ tenha ideias para implantar políticas públicas e depois responda todos os exercícios.