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INTRODUÇÃO AO DIREITO EDUCACIONAL

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 2 
UNIDADE 1 – DIREITO EDUCACIONAL .......................................................... 6 
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................................................ 7 
1.2 ÍNTIMAS RELAÇÕES: EDUCAÇÃO E DIREITO ................................................... 10 
1.3 A EDUCAÇÃO COMO DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO ......................................... 16 
UNIDADE 2 – FONTES DO DIREITO EDUCACIONAL .................................. 19 
2.1 LEIS ......................................................................................................... 20 
2.2 COSTUMES ............................................................................................... 22 
2.3 JURISPRUDÊNCIA ....................................................................................... 23 
2.4 DOUTRINA ................................................................................................. 24 
UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO EDUCACIONAL ............................ 26 
UNIDADE 4 – DIREITOS DE SEGUNDA DIMENSÃO E INSTRUMENTOS DE 
TUTELA À EDUCAÇÃO .................................................................................. 32 
4.1 DIREITO FUNDAMENTAL SOCIAL À EDUCAÇÃO ............................................... 32 
4.2 INSTRUMENTO DE TUTELA À EDUCAÇÃO ....................................................... 33 
UNIDADE 5 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 1988 ......................................................................................... 38 
5.1 A EVOLUÇÃO DAS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ... 39 
5.2 A QUESTÃO LEGAL DA OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO NOS DOCUMENTOS 
INTERNACIONAIS E CONSTITUIÇÕES FEDERAIS .................................................... 41 
5.3 VAMOS REFLETIR: AS NORMAS PROGRAMÁTICAS E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
SOBRE A EDUCAÇÃO ........................................................................................ 46 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 55 
 
 
 
 2 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
Século XXI, globalização, Lei de Diretrizes e Bases para a educação 
nacional, gestão democrática da educação, qualidade de ensino, autonomia, 
permanência na escola, acesso a todos, participação! Não necessariamente nessa 
ordem, mas todos os fatos e princípios acima são vivências e conquistas (na área 
educacional) dos cidadãos ao longo de muitas décadas. 
Até chegarmos ao art. 2051 da Constituição Federal de 1988 o caminho foi 
longo, cheio de percalços, atrasos, períodos de estagnação, avanços... 
Evidentemente que ainda estamos longe de atingir uma educação de 
qualidade, concomitantemente com a valorização necessária dos profissionais da 
educação, mas estamos caminhando. 
Em linhas gerais, o Direito Educacional, nosso objeto de estudo, compõe-se 
de normas, princípios e doutrinas que disciplinam a proteção da relação entre 
alunos, professores, escolas (públicas e privadas) e poderes públicos, numa 
situação formal de aprendizagem (BOAVENTURA, 2004). 
 
 Figura 1: Direito Educacional. 
Fonte: http://www.aliancaeabc.com.br/usw/produto/direito-educacional/ 
 
1 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
 
Frise-se que Renato Alberto Teodoro Di Dio, precursor do Direito 
Educacional brasileiro, afirma ser mais apropriado as expressões Direito da 
Educação, Direito Educacional ou Direito Educativo (JOAQUIM, 2005). 
Portanto, ao longo do curso, veremos a educação pública e privada, os 
direitos e garantias fundamentais, principalmente na educação básica. A legislação 
que é extensa e abarca modalidades as mais variadas como a educação especial, a 
quilombolas, a distância, o ensino superior, só para citar algumas delas; bem como 
veremos toda a estrutura e o funcionamento da educação básica e superior. Noções 
básicas de direito público e constitucional também terão momento especial. Os 
contratos, a Consolidação das Leis trabalhistas (CLT) e o Código de Defesa do 
Consumidor (CDC) focando educando, educadores, clientes/família, instituições de 
ensino são temas importantes ao operador do Direito Educacional. 
Reservamos um momento para o que chamamos de “temas atuais”, entre os 
quais, a judicialização da educação, a remissão da pena por tempo de estudo, a 
mediação de conflitos nas causas contratuais, bem como a jurisprudência na defesa 
da garantia à educação. 
Vale mencionar de pronto que o Instituto de Pesquisas e Administração da 
Educação (IPAE) lançou uma Cartilha dos Direitos em Educação, que vale a pena 
conferir na página: (http://www.ipae.com.br/direitoeduca/cart_direit_educ.htm 2010). 
O Instituto em tela explica que a Constituição Federal, Constituições 
Estaduais, Leis Orgânicas Municipais, Decretos, Portaria, Pareceres dos Conselhos 
de Educação e outros documentos afins, fazem parte do conjunto de documentos 
que constituem os direitos na educação, modernamente chamado de Direito 
Educacional. 
São, na prática, centenas de textos legais que dizem o que deve e o que não 
pode ser feito e, em inúmeros casos, há divergências e conflitos de interpretações, 
causando grandes dúvida pelos alunos e demais membros da comunidade 
educacional. 
A Cartilha dos Direitos e Deveres na Educação, como dito, objetiva facilitar a 
vida de todos, transmitindo, de uma forma clara, os itens já pacificamente aceitos 
tanto pelo Governo, como pelas escolas e pelos alunos, sendo resultado de 
pesquisas dos especialistas do Centro de Direito Educacional do Instituto de 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
Pesquisas Avançadas em Educação que, ao longo dos anos, vem selecionando as 
principais dúvidas do dia-a-dia dos participantes das relações juspedagógicas. 
Passando por concepções, fontes e objetivos, esperamos que ao final do 
curso percebam as íntimas e importantes relações entre o direito e educação. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original2,pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)3, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
 
2 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
3 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona 
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x 
mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero, 
cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de 
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada 
indivíduo torna-se fator de extrema importância. 
6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
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6
 
UNIDADE 1 – DIREITO EDUCACIONAL 
 
Pensar juridicamente a educação não faz parte de um raciocínio antigo, ao 
contrário, vem da década de 50 do século XX esse pensamento que busca 
estabelecer o Direito Educacional como ramo autônomo do Direito, e hoje, sim, já 
está definido, constituído, sistematizado e ordenado, faltando apenas uma lei que 
denomine seu conjunto de leis, pareceres, atos, jurisprudência, entre outros4. 
A construção do nosso arcabouço acerca do Direito Educacional começa 
justamente pelos conceitos e definições de juristas focados no tema, passando 
necessariamente pelas fontes e princípios que dão a base para afirmarmos a 
autonomia desse ramo do direito e sua condição de direito público subjetivo. 
NELSON JOAQUIM (2006) alerta que uma ou “a” questão crucial do Direito 
Educacional, no entendimento do jurista LOURIVAL VILANOVA (1982, p. 47), é 
 
a possibilidade desse novo ramo da ciência jurídica desdobrar-se em duas 
questões correlacionadas. Uma, a da existência de normas, cujo conteúdo é 
dado pelas relações sociais na espécie de relação educacional; outra, a da 
construção sistematizada de conhecimentos, que tenham por objeto tais 
normas. Ele sustenta, ainda, que há relações sociais educacionais como há 
relações econômicas de produção, de consumo, de trabalho, de família e de 
poder; quer sob a forma de relações de administração dos grupos não-
políticos, ou relações de administração e governo nos grupos políticos. 
 
 Portanto: o trabalho dos profissionais do direito, 
gestores educacionais e todos aqueles que lidam com a 
legislação educacional consiste em qualificar as 
relações educacionais em conformidade com o Direito 
Educacional e a legislação de ensino. 
Frise-se de imediato que o Direito Educacional 
na sua aplicação requer a sensibilidade do operador do 
direito, visto que a apreciação das situações não pode 
ocorrer somente à luz dos critérios legais e jurídicos, observando que poderiam 
acarretar mais danos que benefícios ao aluno, à Instituição de Ensino e à sociedade. 
Dessa forma, a interpretação da legislação educacional deve ocorrer à luz dos 
 
4 Apesar de termos disciplinas isoladas ou decompostas como “legislação educacional”, “estrutura e 
funcionamento do ensino”. 
 
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7
 
princípios que regem as diretrizes da educação nacional, originando assim uma 
análise jurídico-pedagógica, ou simplesmente juspedagógica (SILVA, 2010). 
Igualmente, ELIAS DE OLIVEIRA MOTTA, em seu clássico “Direito 
Educacional e educação no século XXI” (1997) profere que MIGUEL REALE (1994, 
p. 64), seguindo os clássicos ensinamentos de Kant, doutrinava que “o Direito 
delimita para libertar e não se deveria pensar que, na ordem jurídica, exista o 
objetivo de se levantar barreiras para cercear a atividade individual”. Pois bem, 
tentaremos seguir por esse caminho, ou seja, abrir portas para que os pensadores 
das áreas Jurídica, Educacional e Administrativa, com a postura de criatividade que 
deve ser característica de todo bom profissional, aperfeiçoem as conclusões e 
enunciados, pois, no campo das ciências sociais, não se pode alimentar ilusões no 
sentido de extremado rigor terminológico, mas, nem por isso, nos faltam estruturas 
conceituais ajustáveis à complexa e matizada conduta humana. 
 
1.1 Conceitos e definições 
Como já dito na introdução, RENATO ALBERTO TEODORO DI DIO, 
precursor do Direito Educacional brasileiro, afirma que o mais apropriado seria a 
expressão Direito da Educação, Direito Educacional ou Direito Educativo. Os 
puristas optariam por Direito Educativo, uma vez que o adjetivo educacional soaria a 
galicismo. De outro lado, no linguajar comum, educativo carrega a conotação de 
algo que educa, ao passo que educacional seria o direito que trata da educação 
(JOAQUIM, 2005). 
Seguimos NELSON JOAQUIM, o qual mesmo consciente das possíveis 
objeções que podem ser feitas ao termo; usa a expressão Direito Educacional. 
Direito Educacional é 
 
o conjunto de normas, princípios, leis e regulamentos que versam sobre as 
relações de alunos, professores, administradores, especialistas e técnicos, 
enquanto envolvidos, mediata ou imediatamente, no processo ensino-
aprendizagem (DI DIO, 1981, p. 25).Já ÁLVARO MELO FILHO (1982/83, p. 54 apud BACHA FILHO, 2003) 
entende o Direito Educacional como “um conjunto de técnicas, regras e instrumentos 
 
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jurídicos sistematizados que objetivam disciplinar o comportamento humano 
relacionado à educação”. 
De todo modo, vale o ensinamento de EDIVALDO MACHADO 
BOAVENTURA (1977, p. 30): 
 
O Direito Educacional, como disciplina nova que é, não pode ser visto e 
estudado tão somente dentro dos limites da legislação. Muito ao contrário, 
deve ser tratado à luz das diretrizes que lastreiam a educação e os 
princípios, que informam todo o ordenamento jurídico. Tanto no caso das 
relações de trabalho como nos relacionamentos da educação, legislação 
seria apenas um corpo sem alma; [...] uma coleção de leis esparsas e não 
um sistema jurídico dotado de unidade doutrinária e precisos objetivos, o 
que contraria uma inquestionável realidade. 
 
Direito Educacional é o ramo das Ciências Jurídicas e Sociais que tem por 
objetivo compreender os princípios do Direito aplicados à educação. 
A ideia do Direito Educacional é ir além da legislação educacional, que trata 
de normas, leis, pareceres, decretos e portarias, estatutos e regimentos, para entrar 
no campo do comportamento humano no que toca à educação. Dessa forma, orienta 
o seu trabalho para a tradução do dever do Estado de garantir aos seus cidadãos o 
exercício do direito público subjetivo à educação e poder exigi-lo sempre que 
necessário. A existência do direito educacional no Brasil justifica-se, por exemplo, na 
interpretação e efetivação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 
que é uma espécie de código, reforçado por leis conexas e normas complementares, 
todas lastreadas em uma seção especial da Constituição Federal (MENEZES; 
SANTOS, 2001). 
 
Guarde... 
Do conceito de Direito, ELIAS DE OLIVEIRA MOTTA (1997, p. 51) abstrai 
três formas de enfocar o conceito de Direito Educacional: 
 
1) o conjunto de normas reguladoras dos relacionamentos entre as partes 
envolvidas no processo ensino-aprendizagem; 
2) a faculdade atribuída a todo ser humano e que se constituí na 
prerrogativa de aprender, de ensinar e de se aperfeiçoar; e, 
3) o ramo da ciência jurídica especializado na área educacional. 
 
 
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9
 
Por outro lado, Já tendo um conjunto de normas de diferentes hierarquias, o 
Direito Educacional diz respeito, bem aproximadamente: 
� ao Estado; 
� ao educando e aos demais fatos a eles relacionados; 
� às atividades no campo do ensino e/ou aprendizagem de particulares e no 
poder público, de pessoas físicas e jurídicas, de entidades públicas e 
privadas. 
 
Também não há como confundir Legislação de Ensino e Direito Educacional. 
Enquanto a Legislação trata justamente das normas que regem a educação (seja a 
nível Federal, Estadual ou Municipal), o Direito Educacional como visto é bem mais 
abrangente, envolvendo técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados que 
objetivam disciplinar o comportamento humano relacionado à educação. 
O Direito Educacional tem duplo objetivo: de um lado atua preventivamente, 
no âmbito administrativo; por outro lado, atua na solução judicial, no âmbito judicial 
(JOAQUIM, 2006). 
O Direito Educacional tem natureza híbrida, interdisciplinar com regras de 
direito público e privado, disciplina relações educacionais nas instituições públicas e 
privadas em todos os níveis. Isso é um complicador para elaboração do Programa 
da disciplina, com as suas respectivas Ementa, objetivos gerais e específicos, 
conteúdo programático, procedimentos metodológicos, avaliação, bibliografia básica 
e complementar, que deve atender o Projeto político-pedagógico da instituição de 
ensino. 
Uma vez que as instituições de ensino privadas e/ou públicas deparam-se 
com grandes mudanças de concepções e legislativas na área educacional, podemos 
dizer que o Direito Educacional, para atender essa nova demanda, surge com os 
seguintes objetivos: 
a) superar a fase legislativa da educação, ou seja, ultrapassar a concepção 
legalista de educação, para entender o Direito Educacional como ramo da ciência 
jurídica interdisciplinar e prático; 
b) facilitar a compreensão, interpretação e aplicação de legislação 
educacional; 
 
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10
 
c) dotar os profissionais do direito e da educação de um conhecimento 
global do Direito Educacional, que inclui a legislação, a doutrina, a jurisprudência e 
os princípios educacionais; 
d) incentivar a pesquisa e o debate sobre as relações do Direito Educacional 
com os demais ramos da ciência jurídica e do conhecimento; 
e) operar em duplo sentido – de um lado preventivamente orientar; de outro 
lado, apresentar solução de composição ou judicial; 
f) do ponto de vista prático, a ação do Direito identifica-se com os 
instrumentos administrativos – administração escolar (extrajudiciais) e instrumentos 
judiciais para solução dos conflitos nas relações educacionais (JOAQUIM, 2009). 
 
1.2 Íntimas relações: educação e direito 
Educação ensina a pensar, educação não ensina a obedecer, educação 
conscientiza, educação é progresso. 
 
[...] e não liberta somente os indivíduos, mas igualmente as nações, é o que 
o presente nos mostra. 
 
 
Figura 2: Educação, por Nelson Mandela. 
Fonte: https://www.pensador.com/frase/MjA5MTQ3NA/ 
 
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11
 
 
Figura 3: Educação, por Paulo Freire. 
Fonte: https://br.pinterest.com/explore/paulo-freire 
 
Direito à educação ou educação como direito? 
Todos os sentidos privilegiam o processo de ensino-aprendizagem como o 
núcleo central e gerador das relações juseducacionais, ou seja, a relação do 
processo de ensino-aprendizagem está para o Direito Educacional, assim como a 
relação de emprego está para o Direito do Trabalho (BACHA FILHO, 2003). 
Mas, como podemos definir educação? 
Vamos partir da etimologia da palavra que tem origem em termos latinos, 
tais como os verbos “educare” e “educere”. Este último vem de “ex - ducere”, que 
significa, literalmente, conduzir (à força) para fora; o primeiro, vem de “educare” que 
significa amamentar, criar, alimentar, por isso mesmo se aproxima do vocábulo latino 
“cuore”(coração). 
Daí, a palavra “caridade”: oferecer algo que vem do coração. É possível, 
então, chegar a duas expressões práticas da ação de “educar”: de um lado, a ideia 
de conduzir, impondo uma direção, o que a aproxima de “ensino” – introjetar a sina, 
o destino de alguém; de outro lado, a ideia de oferta, dádiva que alimenta, 
possibilitando o crescimento(FULLAT, 1994). 
Estamos nos aproximando da Pedagogia... 
Na Grécia, a “paidagogía” (paidós agein) era atividade exercida pelo 
“paidagogós” – aquele que conduz as crianças (o espanhol antigo usava a palavra 
“crianza” para significar a tarefa de educar. Denotava a ação de alimentar, proteger 
 
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os filhos que não podiam alimentar-se ou proteger-se por si mesmos, precisando do 
auxílio de um adulto). Por esse motivo, escrevia VARRÓN: “Educit obstetrix, educat 
nutrix, instituit pedagogus, docet magister” (“A parteira traz à luz, a ama de leite 
alimenta, o pedagogo instrui, o mestre ensina”) (SAMPAIO; SANTOS; MESQUIDA, 
2002). 
Uma vez que a educação é um fenômeno social e universal, uma atividade 
humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades, 
entendemos que o termo “educação” é usado com diferentes significados e 
concepções ao longo da história dos povos (JOAQUIM, 2013). 
Na “A história da educação” contado por PAUL MONROE (1977), os gregos 
foram os primeiros a formular as concepções de educação como desenvolvimento 
intelectual da personalidade e preparação para cidadania e Sócrates (469-339) foi o 
primeiro filósofo a definir o problema do conflito entre a velha e a nova educação 
grega, entre o interesse social e individual. Ele tomou como ponto de partida, o 
princípio básico da doutrina sofista: “O homem é a medida de todas as coisas”. Se o 
homem é a medida de todas as coisas, conclui Sócrates, a primeira obrigação de 
todo homem é procurar conhecer-se a si mesmo. 
Segundo RONALDO LEITE PEDROSA (2000), dentre as normas de Sólon5 
estabelecidas por volta de 638-558 a.C., consta a de que todos os pais deveriam 
ensinar os filhos a ler e escrever e as mulheres a frequentar escolas. 
Também, ainda do ponto de vista histórico, vale lembrar que, no primeiro 
momento, temos a concepção de educação como necessidade de vida, vinculada 
aos valores morais, religiosos e aos costumes. Aqui, trata-se da educação 
tradicional, como um conjunto de práticas educativas baseadas no princípio da 
autoridade, que atribuía ao mestre o papel essencial na instrução e fazendo com 
que a criança adquirisse hábitos conforme as exigências do meio social. Surge, no 
segundo momento, a concepção de educação como possibilidade de 
desenvolvimento da pessoa para qualificá-la para o trabalho e o exercício da 
cidadania. Trata-se da educação nova, concepção pedagógica que, reagindo contra 
os métodos tradicionais, centra a obra educativa na criança: a sua atividade própria, 
 
5 Um estadista, legislador e poeta grego antigo. Foi considerado pelos antigos como um dos sete 
sábios da Grécia antiga. 
 
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13
 
as necessidades da sua idade, os seus gostos ou interesses pessoais (MONTEIRO, 
2006). 
NELSON JOAQUIM (2009, p. 36) faz uma indagação muito pertinente e com 
propriedade nos dá as devidas explicações a seguir: 
 
[...] educação, instrução e ensino significam a mesma coisa ou tem os 
mesmos objetivos? A Constituição de 1988 emprega o termo ‘educação’ 
(caput do art. 205), mas utiliza frequentemente a expressão ‘ensino’ nos 
arts. 206 e 208 (Educação escolarizada). Um pouco diferente a lei ordinária 
de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96) utiliza poucas vezes a 
expressão ‘ensino’, mas frequentemente emprega o termo ‘educação’. 
 
A dicotomia de um lado a educação, do outro a instrução, tem sua origem na 
educação grega. Na polis ou cidades-estado, a educação cabia a um pedagogo e 
era ministrada no próprio lar, cujo objetivo primeiro era a formação do caráter e da 
integridade moral das crianças e adolescentes. Já a instrução cabia ao professor e 
englobava conhecimentos básicos de Matemática, Escrita, entre outros, e ocupava 
lugar secundário (MARTINS, 2004 apud JOAQUIM, 2009). 
No caso brasileiro, a expressão “instrução” foi utilizada durante o Brasil 
Colônia, Brasil Império e, ainda, na República Velha. Somente na década de 30 
surge a expressão “educação no manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” 
(BRASIL, 1932), que proclamava expressamente o direito de cada indivíduo à sua 
educação integral, independentemente da sua condição econômica e social, de que 
decorre logicamente para o Estado que o reconhece e o proclama, o dever de 
considerar a educação, na variedade de seus graus e manifestações, como uma 
função social e eminentemente pública, que ele é chamado a realizar, com a 
cooperação de todas as instituições sociais (MONTEIRO, 2006). 
Em seguida, a Constituição de 1934 incorporou a expressão educação no 
seu texto, que foi seguida pelas constituições posteriores. No que diz respeito ainda 
ao direito à educação, em particular, a Carta das Nações Unidas de 1945 menciona 
a educação ou instrução nos artigos 13, 55, 57, 62, 73, 76, 83 e 88 (JOAQUIM, 
2009). 
A instrução leva o aluno a adquirir conhecimentos, informações e técnicas 
necessárias para a prática de uma profissão ou atividades em geral, aspectos 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
14
 
informativos, menos complexos e de domínio de certo nível de conhecimento 
(NÉRICE, 1998). 
Porém, nem todos aqueles, que dominam uma técnica, através da instrução, 
ou tem habilidade profissional, podem ser considerados como educados. Além 
disso, embora haja uma unidade entre educação e instrução, são processos 
diferentes, pois se pode instruir sem educar e educar sem instruir, embora devam 
caminhar juntas e integrar-se (JOAQUIM, 2009). 
A educação engloba a instrução, mas é muito mais ampla, abrange os 
aspectos materiais, imateriais e as atividades culturais, esportivas, lazer, envolvendo 
a família, o Estado e a sociedade (Art. 205 da Constituição Federal) (JOAQUIM, 
2009). 
A finalidade da educação é tornar os homens mais íntegros, a fim de que 
possam usar da técnica que receberam com sabedoria, aplicando-a 
disciplinadamente (MUNIZ, 2002). 
A educação é o processo que visa capacitar o indivíduo a agir 
conscientemente diante de situações novas da vida, com aproveitamento de 
experiências anteriores (JOAQUIM, 2009). 
Educar é diferente de ensinar, a educação precisa formar rebeldes, é deles 
que precisamos para mudar a sociedade (DEMO, s.d apud JOAQUIM, 2009). 
Enfim, longe de querermos esgotar o tema, vamos deixar prevalecer o 
entendimento de que a educação e o ensino devem caminhar juntos, integrados na 
sociedade do conhecimento, que exige um cidadão instruído, qualificado para o 
trabalho, educado e participativo (MORAN, 2007). 
E o Direito? Quais mesmo são suas relações com a educação? 
MARIA HELENA DINIZ (2017) nos ensina que o Direito só pode existir em 
função do homem. O homem é um ser relacional, porque não apenas existe, mas 
coexiste. O homem, definido como “zoôn politikon”, isto é, “ser-de-relação”, 
caracteriza-se basicamente como sujeito de relações, sejam elas de direito ou de 
dever, no conjuntoda convivência humana e, sobretudo, na sociedade organizada. 
Nesta, reflete a sua consciência cidadã, identificando-se como membro da cidade 
enquanto organização política (civitas, polis), segundo uma ordem pública e geral. 
Dessa forma, o conceito de “pessoa” definida como “sujeito de relações” (cf. art. 205 
 
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15
 
da CF/88), distingue-se do conceito de “indivíduo”, entendido como unidade 
biológica diferenciada. Portanto, o direito existe em função da sociedade. 
O Direito à educação é parte de um conjunto de direitos chamados de 
direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. 
Eles fazem parte do que chamamos direitos de segunda dimensão. EVALDO DE 
SOUZA (2015) relembra que eles foram introduzidos no ordenamento jurídico pátrio 
a partir da socialização dos direitos civis, cuja inspiração assenta-se nas 
Constituições Mexicana (1917) e Alemã (1919), conhecida como Constituição de 
Weimar. 
O Direito à educação aparece como direito da pessoa humana no artigo 26 
da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e mais tarde é explicitado 
no artigo 13 do Pacto internacional relativo aos direitos econômicos, sociais e 
culturais (1966), ambos consignando que a educação é direito de toda pessoa, 
independentemente de sua idade. O artigo 28 da Convenção relativa aos direitos da 
criança (1990) estipula que os Estados-parte reconhecem o direito específico da 
criança à educação. 
No Brasil esse Direito apenas foi reconhecido na Constituição Federal de 
1988, antes disso, o Estado não tinha a obrigação formal de garantir a educação de 
qualidade a todos os brasileiros, o ensino público era tratado como uma assistência, 
um amparo dado àqueles que não podiam pagar. Durante a Constituinte de 1988, as 
responsabilidades do Estado foram repensadas e promover a educação fundamental 
passou a ser seu dever: 
E voltamos ao art. 205! 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. 
Longe de criar atritos e apesar dos esforços envidados, a verdade é que 
ainda estamos aspirando a uma realidade ideal. 
Resta claro que “os Direitos Sociais, dentre eles a educação, têm como 
fundamento o zelo pela dignidade da pessoa humana, seja em seu aspecto 
 
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16
 
individual, seja no âmbito social, aqui se revestindo de seu aspecto solidário” 
(CORDEIRO; GALINDO, 2007, p. 125). 
 
1.3 A educação como direito público subjetivo 
O art. 208, VII, § 1º da nossa Constituição de 1988 preconiza que o acesso 
ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. Da mesma forma o faz a 
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da educação – Lei nº 9.394/966, em seu artigo 5º, e 
também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/907 em seu 
artigo 54, § 1º. Nada obstante, em que pesem todas e quaisquer opiniões em 
sentido contrário, parece, a priori, haver um equívoco, no mínimo um paradoxo, em 
estabelecer que o ensino é um direito, mas também uma obrigação: um direito 
público “subjetivo” obrigatório. Parece paradoxal. Mas só parece, haja vista toda 
exegese que gravita em torno do termo (SOUZA, 2015). 
Desde a outorga da primeira Carta Magna, ainda em 1824, os Textos 
Constitucionais Brasileiros já ressaltavam a importância do direito à educação, 
considerando-o como um direito fundamental social, com todas as consequências 
dessa afirmação, atribuindo-lhes proteção especial e impondo ao Estado a tarefa de 
garantir a todas as pessoas o acesso e o exercício a esse direito (BOMFIM; SILVA, 
2017). 
Sendo uma obrigação do Estado, o acesso à educação é um direito 
subjetivo do cidadão, sendo legítima a intervenção do Poder Judiciário para 
assegurar a efetividade do mandamento constitucional, determinando assim, que 
sejam implementadas as políticas necessárias para o exercício deste tão importante 
direito fundamental social, quando o Estado, por inércia ou ineficiência, não oferecer 
as condições materiais prévias ao exercício do direito fundamental em tela. 
Isso quer dizer que o cidadão pode exigir judicialmente os meios 
necessários para que possa desenvolver sua regular fruição ao direito à educação, 
no sentido de adequar a atuação do Poder Público à nova ótica da Constituição, na 
qual os valores e fins abarcados pelos direitos humanos fundamentais devem 
condicionar a interpretação da Constituição, sendo, pois, impossível se alcançar a 
 
6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm 
7 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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17
 
dignidade da pessoa humana sem a fruição efetiva do direito à educação por parte 
do cidadão. 
Questão complexa? Sim, pois exige uma grande concentração de esforços 
na criação de ações afirmativas, contudo, “o controle judicial aparece como uma 
importante medida de concretização das políticas públicas já existentes, porém, 
ainda não implantadas pela Administração Pública” (BONFIM, 2010, p. 9). 
NELSON JOAQUIM (2005) lembra que Pontes de Miranda foi o primeiro 
jurista a discutir, a defender e a definir o direito à educação como um direito público 
subjetivo. 
Da mesma forma, o educador Anísio Teixeira foi um dos primeiros a 
defender o direito à educação como direito de interesse público, promovido pela lei: 
 
O direito à educação faz-se um direito de todos, porque a educação já não é 
um processo de especialização de alguns para certas funções na 
sociedade, mas a formação de cada um e de todos para a sua contribuição 
à sociedade integrada e nacional, que se está constituindo com a 
modificação do tipo de trabalho e do tipo de relações humanas. Dizer-se 
que a educação é um direito é o reconhecimento formal e expresso de que 
a educação é um interesse público a ser promovido pela lei (ANISIO 
TEIXEIRA, 1996, p. 60 apud JOAQUIM, 2005). 
 
O direito à educação, como direito subjetivo público, é um direito social 
fundamental (art. 6º c/c art. 205 CF), com três objetivos definidos na Constituição 
Federal, que estão diretamente relacionados com os fundamentos do Estado 
brasileiro (art. 1º c/c art; 3º da CF): 
a) pleno desenvolvimento da pessoa; 
b) preparo da pessoa para o exercício da cidadania; 
c) qualificação da pessoa para o trabalho. 
Além disso, por um lado, o acesso ao ensino fundamental, obrigatório e 
gratuito é um direito subjetivo; por outro lado, é um dever jurídico do Estado oferecer 
o referido ensino, caso contrário, ou seja, o não oferecimento ou sua oferta irregular 
importa responsabilidade da autoridade competente (art. 208 § 2º da CF; art. 5º § 4º 
da LDB;art. 54 § 1º e § 2º do ECA). Contudo, o direito à educação, como direito 
subjetivo privado, apresenta características dos direitos da personalidade (art. 11 do 
Código Civil). A propósito, quando ele é violado poderá acarretar danos irreparáveis 
para pessoa, o Estado e a sociedade (JOAQUIM, 2005). 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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18
 
Segundo EDUARDO BITTAR (2001, p. 158), 
 
o direito à educação carrega em si as características dos direitos da 
personalidade, pois é um direito natural, imanente, absoluto, oponível erga 
omnes, inalienável, impenhorável, imprescritível, irrenunciável, não se 
sujeitando aos caprichos do Estado ou à vontade do legislador, pois se trata 
de algo ínsito à personalidade humana desenvolver, conforme a própria 
estrutura e constituição humana. 
 
Guarde... 
Direito Subjetivo é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer 
determinada conduta descrita na lei. É a lei que, aplicada ao caso concreto, autoriza 
a conduta de uma parte. Exemplo: se uma pessoa te deve um valor em dinheiro, a 
lei te concede o direito de cobrar a dívida por meio de um processo judicial de 
execução (SOUZA, 2015). 
A educação só poderá ser considerada como um direito de todos, se houver 
escolas para todos. Se há um direito público subjetivo à educação, isso quer dizer 
que o indivíduo tem a faculdade de exigir do Estado o cumprimento da prestação 
educacional pelos poderes públicos. O seu não oferecimento importa na 
responsabilidade da autoridade competente, acionando-se o mandado de injunção. 
A Constituição poderá fazer muito pela educação no sentido de sua promoção, 
colocando em prática os meios jurídicos para efetivá-la como um direito público 
subjetivo. Esse direito à educação, disciplinado na Constituição, tem o seu 
referencial maior no Art. XXVI da Declaração Universal dos Direitos do Homem 
(BOAVENTURA, 2004). 
 
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19
 
UNIDADE 2 – FONTES DO DIREITO EDUCACIONAL 
 
MAURÍCIO GODINHO DELGADO (2009) assevera que o tema relativo às 
fontes do ordenamento jurídico é um dos mais nobres e fundamentais de todo o 
direito. É tema nuclear da Filosofia Jurídica, na medida em que examina as causas e 
fundamentos remotos e emergentes do fenômeno jurídico. É tema central da Ciência 
do Direito, na medida em que estuda os meios pelos quais esse fenômeno 
exterioriza-se. É também tema essencial a qualquer ramo jurídico específico, na 
medida em que discute as induções que levaram à formação das normas jurídicas 
em cada um dos ramos enfocados e os mecanismos concretos de exteriorização 
dessas normas. 
A palavra ‘fontes’ comporta relativa variedade conceitual, tendo uso até 
mesmo metafórico que foi o caso da Ciência Jurídica que usa esse conceito 
designando a origem das normas jurídicas. 
Segundo WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO (1995, p. 12), fontes são 
“os meios pelos quais se formam ou pelos quais se estabelecem as normas 
jurídicas. São os órgãos sociais de que dimana o direito objetivo”. 
A expressão “fonte” significa a origem, a procedência, a nascente, o lugar 
onde nasce alguma coisa. No caso do Direito Educacional, usamos a expressão 
para designar os meios, formas de expressões ou de produção do direito ou da 
norma jurídica educacional (JOAQUIM, 2005). 
As fontes do direito podem ser materiais ou formais. A primeira surge da 
própria realidade social, representadas pelas correlações de forças sociais, 
econômicas, políticas, religiosas, cultural, educacional e valores da sociedade. A 
segunda é representada pelos diferentes meios ou formas de expressão ou 
produção do Direito como, por exemplo: lei, costume, jurisprudência e doutrina. 
Vejamos um pouco sobre elas: 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
20
 
 
Figura 4: Fontes do Direito. 
Fonte: https://www.trilhante.com.br/curso/introducao-do-direito-do-trabalho-fontes 
 
2.1 Leis 
No caso brasileiro, ao contrário do direito de tradição Anglo-americana 
(jurisprudencial), a principal fonte do Direito é a lei. A palavra lei pode significar tanto 
norma geral emanada do Poder Legislativo, como qualquer norma de direito escrito, 
desde a Constituição até um decreto regulamentar ou mesmo decreto 
individualizado. A forma escrita é manifestação mais característica da lei. 
Igualmente, está é a concepção adotada pelo Direito Educacional: Lei em sentido 
amplo; Lei em sentido estrito. 
O Direito Educacional tem como fonte várias legislações no sentido amplo: 
decretos, portarias, regulamento, regimento escolar, resoluções e pareceres 
normativos dos conselhos de educação, tratados e convenções internacionais 
(BOAVENTURA, 1997). 
Contudo, a fonte primeira e fundamental do Direito Educacional brasileiro 
está na Constituição Federal. Trata-se do Título VIII, da Ordem Social, Capítulo III, 
intitulado “Da Educação, da Cultura e do Desporto”, com uma soma de dez artigos 
dedicados à educação (art. 205 a 214), com os princípios do Direito Educacional. 
Vale lembrar que, dentre as muitas leis que fluem da Constituição de 1988 
em direção ao ordenamento jurídico-educacional, podemos destacar: 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
21
 
� Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Leis de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional que estrutura a administração, declara princípios e 
procedimentos, regulamenta os currículos, o ano escolar, os conteúdos 
programáticos e a duração dos cursos; 
� Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente; 
� Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor; 
� Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995 – Conselho Nacional de Educação; 
� Lei nº 11.494/07 – regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – 
FUNDEB –, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias; altera a Lei n.10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga 
dispositivos das Leis nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, nº 10.880, de 9 
de junho de 2004, e nº 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras 
providências; 
� Lei nº 9.797, de 27 de abril de 1999 – dispõe sobre a educação ambiental, 
institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências; 
� Lei nº 13.005/14 – Plano Nacional de Educação; 
� Lei n° 10.639/03, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para 
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática 
“História e Cultura Afro-Brasileira”; 
� Lei nº 10.845, de cinco de março de 2004 – Programa de Complementação 
ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras deDeficiência; 
� Lei 10.861, de 14 de abril de 2004 – Sistema Nacional de Avaliação da 
Educação Superior; 
� Lei nº 11.096/05 – institui o Programa Universidade para Todos – PROUNI –, 
regula a atuação de entidades beneficentes de assistência social no ensino 
superior; altera a Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004, e dá outras 
providências. 
 
Para a educação a distância teremos: 
 
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22
 
� Decreto nº 5.622/05 – regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996 (LDB); 
� Decreto nº 5.773/06 – dispõe sobre o exercício das funções de regulação, 
supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos 
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino; 
� Decreto nº 6.303/07 – altera dispositivos dos Decretos nº 5.622, de 19 de 
dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional, e nº 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das 
funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação 
superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal 
de ensino. 
Essas são apenas algumas delas. Vale a pena conferir a página do 
Ministério da Educação na Internet, na qual encontraremos Portarias, Avisos, 
Resoluções, entre outros. 
Por fim, consagração do direito à educação tem sido constantemente 
lembrada nas declarações, tratados, convenções, cartas de princípios, 
compromissos, protocolos e acordos internacionais, que buscam a 
internacionalização do direito à educação. Esta tem como paradigma a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem, aprovada em Resolução da III Sessão Ordinária 
da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948 (JOAQUIM, 2006). 
A saber: 
� Carta para o Terceiro Milênio (1999); 
� Declaração de Salamanca (1994); 
� Conferência Internacional do Trabalho (1983); 
� Convenção da Guatemala (2001); 
� Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (1975); 
� Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão (2001). 
 
2.2 Costumes 
Segundo RIZZATTO NUNES (2002, p. 130), “o costume jurídico é norma 
jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de imposição 
pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário”. Nesse sentido, os 
 
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23
 
costumes de um dado povo são fonte do direito, pois pode ser aplicado pelo poder 
judiciário, uma vez que o próprio costume constitui uma imposição da sociedade. 
Para PAULO NADER (2005), enquanto a lei é um processo intelectual que 
se baseia em fatos e expressa a opinião do Estado, o costume é uma prática gerada 
espontaneamente pelas forças sociais. 
De acordo com NELSON JOAQUIM (2005), para consolidação do costume 
como norma obrigatória se fazem necessárias uma consciência social e jurídica da 
sua necessidade no contexto social. O mesmo aplica-se ao Direito Educacional. 
O Direito Educacional está presente em vários costumes, por exemplo, o 
pedido de revisão de prova e de 2ª chamada; conteúdos mínimos para o ensino; 
indicadores para currículo; pedido de documentos escolares, entre outros 
(BOAVENTURA, 1977). É oportuno lembrar que alguns desses costumes já foram 
incorporados na Constituição de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
Estatuto da Criança e do Adolescente e Lei das Anuidades Escolares. 
Portanto, a lei e os costumes são formas de expressão do Direito 
Educacional. A lei seria a forma fundamental, principal e formal, enquanto o costume 
uma das formas complementares, secundárias e materiais. 
 
2.3 Jurisprudência 
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também 
como uma fonte do direito. 
A palavra jurisprudência pode ser empregada em sentido amplo, significando 
a decisão ou o conjunto de decisões judiciais, e em sentido estrito, significando o 
entendimento ou diretiva resultante de decisões reiteradas dos tribunais sobre um 
determinado assunto (MACHADO, 2000). 
De acordo com o exposto, jurisprudência são decisões reiteradas, 
constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria num 
determinado sentido (BARROZO, 2010). 
O Direito Educacional no Brasil tem na jurisprudência uma das suas 
principais fontes, uma vez que os conflitos juspedagógicos vêm marcando as 
relações entre governo, alunos e estabelecimento de ensino. Para JOÃO ROBERTO 
MOREIRA ALVES (1999), as fontes jurisprudenciais do Direito Educacional estão 
 
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presentes nas decisões dos tribunais, ou seja, na esfera jurídica com os acórdãos e 
as súmulas, também chamadas de enunciados. Igualmente, nas decisões dos 
colegiados (Conselho de Educação), no campo administrativo com os pareceres das 
entidades educacionais, que têm força de jurisprudência (jurisprudência 
administrativa). 
Como tema atual, a responsabilidade civil dos estabelecimentos de ensino 
vem se destacando nas decisões dos tribunais, ou seja, na esfera jurídica. 
Enfim, a jurisprudência se constitui em fonte importante para o Direito 
Educacional. 
 
Ela se tem mostrado indispensável, especialmente sua ação, que é 
poderosa para o progresso da Ciência do Direito Educacional e da 
sociedade. Além disso, os conflitos entre Estado, alunos e instituições de 
ensino estão exigindo a participação efetiva do Poder Judiciário (MOTTA, 
1997, p. 67). 
 
2.4 Doutrina 
Doutrina é o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas 
do Direito. Há incidência da doutrina em matérias não codificadas, como no Direito 
Administrativo e em matérias de Direito estrangeiro, não previstas na legislação 
pátria. POMPÉRIO (2002 apud BARROZO, 2010) compreende a doutrina como o 
acervo de soluções trazidas pelos trabalhos dos juristas. Nesse sentido, a doutrina é 
considerada como fonte por sua contribuição para a aplicação e também preparação 
à evolução do direito. 
Entretanto, há autores que excluem a doutrina como fonte do Direito. 
MIGUEL REALE não reconhece doutrina como fonte do direito. Porém, em análise 
última, acrescenta que a doutrina não é fonte do Direito, mas, nem por isso deixa de 
ser uma das molas propulsoras e a mais racional das forças diretoras do 
ordenamento jurídico. 
Ao contrário, conforme NELSON JOAQUIM (2005), A. L. Machado Neto 
sustenta que a doutrina tem o caráter de fonte do direito. Por doutrina, como fonte 
jurídica, entende-se a obra científica dos jurisprudentes ou juristas, comentando a 
legislação, os costumes ou a jurisprudência, procurando realizar a necessária 
coerência dos sistemas jurídicos e construir os intuitos à base das disposições 
normativas vigentes. 
 
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No caso do Direito Educacional, por se tratar de um ramo novo do direito 
com carência de pesquisa, NELSON JOAQUIM (2005) entende que a doutrina, 
como fonte jurídica, é fundamental para a construção da teoria, sistematização e 
autonomia do Direito Educacional, é possibilidade efetiva de reunir doutrinas, em 
corpos mais ou menos homogêneos no contexto da ciência jurídica educacional. 
Ele ainda destaca três temas que estão sendo construído pela doutrina 
jurídica: 1º Responsabilidade Civil dos Estabelecimentos de Ensino; 2º Contratos 
nas Relações Jurídicas Educacionais; e, 3º Direito à educação como direito 
personalíssimo. 
 
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UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO EDUCACIONAL 
 
Toda disciplina jurídica autônoma corresponde a um conjunto sistematizado 
de princípios e normas. O Direito Educacional, como ramo da Ciência Jurídica, 
também tem os seus princípios, tanto que, as legislações quer sejam constitucionais 
ou infraconstitucionais mencionam princípios. 
Princípios do direito são postulados que se encontram implícita ou 
explicitamente no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras, e MARIA 
HELENA DINIZ (2003) explica com propriedade que a partir do momento que a 
analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado supre a 
deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais do direito, que, às vezes, 
são cânones que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas 
que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. 
Para LUIZ ROBERTO BARROSO (1998, p. 141), 
 
já se encontra superada a distinção que outrora se fazia entre norma e 
princípio. A dogmática moderna avaliza o entendimento de que as normas 
jurídicas em geral e as normas constitucionais em particular podem ser 
enquadradas em duas categorias diversas: as normas-princípio e as 
normas-disposição. Igualmente, os princípios estão inclusos tanto no 
conceito de lei, quanto no de princípios gerais do direito. Essa tendência, 
que tem sido chamada de pós-positivista, entende os princípios como 
normas jurídicas vinculantes, dotados de efetiva juridicidade, como outros 
preceitos encontráveis na ordem jurídica. 
 
Essa é a nova tendência que se introduziu no Direito Educacional com o 
advento da Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Aliás, 
nesse sentido, os princípios assumiram funções normativas específicas, reforçando-
se os princípios doutrinários educacional (art. 206 CF e arts 2º e 3º da LDB) 
(JOAQUIM, 2006). 
Os princípios não estão declarados na legislação, estão implícitos e orientam 
a compreensão do Direito Educacional e poderão servir de orientação e inspiração 
para novas legislações. No Direito Educacional, os princípios são muito semelhantes 
aos do Direito Constitucional, Administrativo e Tributário, e são exemplificados com 
situações vivenciadas na tramitação de um processo administrativo educacional. 
 
 
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1º. Princípio da Legalidade: 
Esse princípio encontra fundamento no art. 5º, II, da Constituição Federal, ao 
asseverar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei”. Na esfera educacional, poderá surgir quando o agente 
público, ao analisar determinado processo legal, venha fazer solicitações sem 
embasamento legal, obrigando a instituição de ensino a adotar procedimento ou 
deixar de fazê-lo, em virtude de uma solicitação subjetiva desprovida de 
embasamento legal. 
PEDRO LENZA (2003, p. 391), ensina que esse princípio deve ser lido de 
forma diferente para o particular e para a administração nos seguintes termos: 
 
No âmbito das relações particulares, pode-se fazer o que a lei não proíbe, 
vigorando o princípio da autonomia da vontade. Já em relação à 
administração, ela só poderá fazer o que a lei permitir. Deve andar nos 
‘trilhos da lei’ [...]. 
 
2º. Princípio da Segurança Jurídica: 
Esse princípio se justifica em virtude de haver mudança na orientação 
normativa que afeta situações já reconhecidas sem prévio aviso e eventualmente 
sem observar o direito de terceiros. Sabemos que o Ato Normativo passa a vigorar 
após sua publicação e não pode afetar situações pretéritas, a segurança jurídica não 
assevera que a interpretação ou as normas podem mudar, pelo contrário, devem 
evoluir e atualizar-se para melhorar a educação do cidadão, o que não pode 
acontecer é que esta mudança venha afetar situações anteriores consideradas 
válidas (SILVA, 2010). 
 
3º. Princípio da Publicidade: 
É facultado às partes vistas aos autos do procedimento administrativo no 
Órgão Educacional, não podendo ser negado o acesso integral ou em parte. 
Inclusive as observações, pareceres e laudos de especialistas, e ao Órgão Público 
cabe dar conhecimento dos fatos ao interessado através da Imprensa Oficial. Assim, 
quando houver alguma exigência ou orientação, o profissional deve expor seus 
motivos dentro da legislação (SILVA, 2010). 
 
 
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4º. Princípio da Motivação: 
Os agentes públicos são obrigados a expor os fundamentos legais (na 
legislação educacional) e fáticos, descrição detalhada que concluem o ato, seja para 
diligências a serem cumpridas ou no Parecer, Portaria ou ato final do processo, de 
modo a impedir decisões sem embasamento legal, baseadas apenas no critério 
subjetivo do pessoal técnico, que na seara educacional poderá ser inconveniente, 
desproporcional ou fora do mundo jurídico. Que por outro lado, fazem os 
interessados (Instituições de Ensino, alunos, profissionais da educação), a buscarem 
auxílio de advogados, solicitar audiência com Conselheiros para esclarecer o 
processo educacional ou a defesa escrita para reconsiderar os fatos e rever sua 
posição (SILVA, 2010). 
 
5º. Princípio da Revisibilidade: 
Como o nome já indica ser, a possibilidade do interessado de recorrer da 
decisão que lhe seja desfavorável. É indicado aos Órgãos normativos na seara 
educacional expedirem normatização sobre o tema, conhecido como Pedido de 
Reconsideração para o interessado continuar o pleito ainda na seara administrativa 
e não na esfera judicial. Lembrando que, se não há instância superior para recurso, 
resta a via judicial (SILVA, 2010). 
 
6º. Princípio da Oficialidade: 
Por esse princípio, o processo administrativo se inicia mediante provocação 
formal da parte. Os procedimentos de autorização, credenciamento, diligências ou 
apuração de denúncias, são iniciados por procedimentos formais e não dependerão 
de manifestação do interessado para continuar sua tramitação. O Órgão 
Educacional deve prosseguir com o andamento do feito até a conclusão (SILVA, 
2010). 
 
7º. Princípio da Gratuidade: 
O processo administrativo não pode ser causa de ônus para o administrado. 
No entanto, poderão ocorrer necessidades para pagamentosextraordinários a título 
de reembolso de despesas, como por exemplo, uma visita técnica nas instituições 
 
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de ensino que geram pagamento de diária aos supervisores. Lembramos que a 
necessidade de pagamento deverá ser prevista na legislação (SILVA, 2010). 
 
8º. Princípio do Informalismo: 
Esse princípio sugere que os órgãos educacionais não devem se ater ao 
rigor da formalidade e vislumbrar o fim pretendido, a exemplo, uma instituição 
prepara processo sob o título de credenciamento, mas no caso concreto, trata-se de 
uma autorização de curso, portanto, se alguém erroneamente instruiu ou protocolar 
documento, não poderá ser prejudicado. Assim, se o pedido for apresentado de 
forma diversa da indicada pelo Órgão Público, este não poderá rejeitá-lo por ser 
informal (SILVA, 2010). 
 
9º. Princípio da Anterioridade da Legislação Educacional: 
É um princípio necessário, de forma que toda legislação educacional que 
vise à modificação da estrutura, condições de acesso, ou seja, diretrizes e bases, só 
poderão ter seus efeitos válidos a partir do ano letivo subsequente à publicação do 
ato, em analogia ao princípio de Direito Tributário, do qual sem detalhar as 
peculiaridades e exceções desse princípio, a lei que cria obrigações só poderá ser 
exigida no exercício financeiro seguinte. 
Assim, o Princípio da Anterioridade preserva a segurança jurídica, pois terá 
a função de preservar a garantia de que mantenedores educacionais, profissionais 
de educação e alunos não sejam surpreendidos com normatizações que venham 
frustrar expectativas ou criar obrigações inesperadas, por exemplo, a Resolução da 
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Resolução 
CNE/CEB nº 01/2010, que instituiu a data de corte para matrícula no Ensino 
Fundamental de 9 anos para o dia 31 de março do ano da matrícula. Esta legislação 
foi publicada no mês de janeiro de 2010, período em que muitas instituições de 
ensino estão encerrando os procedimentos para matrícula de alunos ingressando no 
Ensino Fundamental, e consequentemente na Educação Infantil. O que fazer 
quando o aluno já havia efetuado a matrícula, porém estava fora do critério etário 
para matrícula? No país, alguns Conselhos Estaduais de Educação não se 
 
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opuseram, e fizeram valer que o critério seria válido para o próximo ano letivo, 
outros, foram desfavoráveis à matrícula desses alunos (SILVA, 2010). 
 
10º. Princípio do Respeito à Diversidade: 
O respeito pela diversidade e pela especificidade dos indivíduos constitui, de 
fato, um princípio fundamental, que deve levar à proscrição de qualquer forma de 
ensino escolarizado. Os sistemas educacionais formais são, muitas vezes, 
acusados, e com razão, de limitar a realização pessoal, impondo a todas as crianças 
o mesmo modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade dos talentos 
individuais (JOAQUIM, 2006). 
 
Se a educação tem um papel determinante na luta contra a exclusão dos 
que, por razões socioeconômicas ou culturais, se encontram marginalizados 
nas sociedades contemporâneas, parece ter um papel ainda maior na 
inserção das minorias na sociedade. As normas jurídicas relativas ao estudo 
das minorias já existem e aguardam aplicação, mas o problema é mais de 
Psicologia Social do que legal. Para alterar as atitudes coletivas em relação 
à autoridade, devia haver um esforço educativo conjunto do Estado e da 
sociedade civil, dos meios de comunicação social e das comunidades 
religiosas, da família e das associações, mas também – e antes de tudo – 
das escolas (GEREMEK, 2010, p. 228). 
 
11º. Princípio da Liberdade de Aprender e Ensinar 
No Direito Educacional, o princípio da liberdade aparece mais fortemente 
expresso diante de outros corolários, como “o princípio da liberdade de aprender, 
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (art. 206, inc. II da 
Constituição Federal), igualmente expresso no inc. II do art. 3º da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação. Nesse artigo, estão compreendidas duas dimensões do 
conhecer: a dimensão subjetiva e a dimensão objetiva. Na primeira, dá-se a relação 
dos sujeitos do conhecimento, envolvendo a liberdade de transmitir o conhecimento 
– que cabe ao professor – e o direito de receber o conhecimento ou de buscá-lo – 
que cabe a alunos e pesquisadores. Na segunda, encontra-se a liberdade de o 
professor escolher o objeto relativo do ensino a transmitir. Dizemos objeto relativo 
porque sua liberdade aqui fica condicionada aos currículos escolares e aos 
programas oficiais de ensino (art. 209). 
 
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Vale lembrar que não é óbice para o professor ministrar o seu curso ou 
disciplina com a liberdade de crítica, de conteúdo e metodologia que lhe pareçam 
mais corretos (JOAQUIM, 2006). 
 
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UNIDADE 4 – DIREITOS DE SEGUNDA DIMENSÃO E 
INSTRUMENTOS DE TUTELA À EDUCAÇÃO 
 
4.1 Direito fundamental social à educação 
Falamos na unidade 1 sobre a educação enquanto direito de segunda 
dimensão8. Vamos aprofundar um pouco mais nessa seara? 
A expressão Direitos Fundamentais “surgiu na França, no século XVIII, no 
movimento político que deu origem à Declaração Universal dos Direitos do Homem e 
do Cidadão em 1789” (NOVELINO, 2013, p. 375). Sua natureza se traduz em 
situações jurídicas, objetivas e subjetivas, em prol da dignidade da pessoa humana, 
que não tem como ser alcançada sem a efetiva fruição dos referidos direitos, os 
quais devem ser promovidos, respeitados e garantidos pelo Estado. 
O divisor de águas para a segunda dimensão dos direitos fundamentais foi a 
inserção dos direitos sociais nas Constituições, já que até então o modelo que 
vigorava era o do Estado Liberal, que impunha uma limitação à atuação do Poder 
Público lastreado basicamente numa política de intervenção mínima que tinha por 
fito assegurar apenas a ordem, a segurança pública, e a igualdade, esta meramente 
formal, a seus administrados; mostrando-se absolutamente insuficiente ante as 
crises econômicas ocasionadas pelas mudanças no contexto político-social trazidas 
pelas guerras mundiais ocorridas no século passado, o que acabou por gerar várias 
desigualdades econômicas e resultou na quebra do modelo liberal de Estado 
(BOMFIM; SILVA, 2017). 
A segunda dimensão visa não uma abstenção estatal, mas uma atuação 
positiva (ação) do Estado. 
As prestações positivas exigidas pela população visam a efetividade das 
liberdades pleiteadas pela primeira dimensão dos direitos fundamentais, postoque 
sem qualidade de vida, educação, saúde e igualdade fática ocorreria instabilidade 
 
8 “A primeira geração dos direitos seria a dos direitos civis e políticos, fundamentados na liberdade 
(liberté), que tiveram origem com as revoluções burguesas; a segunda geração, por sua vez, seria a 
dos direitos econômicos, sociais e culturais, baseados na igualdade (égalité), impulsionada pela 
Revolução Industrial e pelos problemas sociais por ela causados; a última geração seria a dos 
direitos de solidariedade, em especial o direito ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente, 
coroando a tríade com a fraternidade (fraternité), que ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, 
especialmente após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948” (MARMELSTEIN, 2008). 
 
 
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nos direitos fundamentais consagrados anteriormente (primeira dimensão) (SILVA 
JUNIOR, 2010). 
Portanto, na segunda geração teremos os direitos de igualdade, no qual 
estão a proteção do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o 
analfabetismo, direito à saúde, cultura, entre outros. Portanto, como os direitos da 
segunda geração são de igualdade, incorporado e descrito no caput, do art. 5° da 
CF/88. 
 
4.2 Instrumento de tutela à educação 
Tutela, por definição no dicionário Aurélio (FERREIRA, 2005), é o encargo 
ou autoridade que se confere a alguém, por lei ou por testamento, para administrar 
os bens e dirigir e proteger a pessoa de um menor que se acha fora do pátrio poder, 
bem como para representá-lo ou assistir-lhe nos atos da vida civil. É ainda 
assistência e representação; dar amparo, proteção e auxílio; tutoria. 
Pois bem, a partir do momento que os direitos fundamentais deixam de se 
resumir aos direitos de defesa contra a interferência estatal na esfera jurídica 
particular e que passam também a conferir aos particulares direitos de proteção, 
direitos à organização e ao procedimento e direitos a prestações sociais, enfim, a 
partir do momento que vimos o reconhecimento do Estado em dever a proteção 
integral do cidadão, isto quer dizer que ele deve proteger normativa, administrativa e 
jurisdicionalmente (MARINONI, 2004). 
Talvez um dos mais sagrados direitos da criança e do adolescente seja o 
direito à educação. Todas as legislações dos países democráticos estabelecem a 
garantia fundamental do acesso ao ensino, em todas as fases do desenvolvimento 
da pessoa humana, até os seus níveis mais elevados (AMARAL, 2015), daí a 
importância da sua proteção. 
 
Nunca é demais lembrar que a União, o Distrito Federal e os Municípios 
deverão organizar, de forma colaborativa, os seus sistemas de ensino, na 
qual a primeira organizará o sistema federal de ensino e dos Territórios, 
bem como financiará as instituições públicas federais no tocante à matéria 
educacional, e, ainda, terá de exercer a função redistributiva e supletiva, 
tendo por fito assegurar iguais oportunidades educacionais e de padrão 
mínimo do ensino, através de assistência técnica e financeira aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios; os Municípios atuarão de maneira 
prioritária no ensino fundamental e na educação infantil: ao passo que os 
 
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Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental 
e médio (BOMFIM; SILVA, 2017, p. 114). 
 
Para que isso aconteça, JOSÉ AFONSO DA SILVA (2007, p. 313) afirma 
que 
 
a normalização da forma explicitada significa, em primeiro lugar, que o 
Estado tem que aparelhar-se para fornecer, a todos, os serviços 
educacionais, isto é, oferecer ensino, de acordo com os princípios 
estatuídos na Constituição (Art. 206), ampliando cada vez mais as 
possibilidades de que todos venham a exercer igualmente esse direito; e, 
em segundo lugar, que todas as normas da Constituição, sobre educação e 
ensino, hão de ser interpretadas em função desta universalidade no sentido 
de sua plena e efetiva realização. 
 
A educação, portanto, deve ser vista como um empreendimento coletivo, 
pois exige a participação de, no mínimo, dois interlocutores, visando a transmissão 
de conhecimento técnico aliado a valores éticos construídos pelo meio em que o 
educando está inserido, proporcionando-lhe o crescimento intelectual e social, com a 
finalidade de formar o cidadão para ser membro participante ativo da sociedade em 
que vive, assegurando-lhe a interação de forma paritária e, por conseguinte, a sua 
inclusão social (BOMFIM; SILVA, 2017). 
Mas vamos a algumas questões pontuais para a garantia/proteção do direito 
efetivo da educação. A primeira questão foca na prevenção; a segunda, esgotadas 
as possibilidades nos leva às medidas judiciais. 
Sejam instituições de ensino privadas e/ou públicas, ambas vêm sempre se 
deparando com mudanças de concepções na área de educação, sejam elas 
legislativas ou decorrentes da inovação, da adequação à sociedade (que felizmente 
é dinâmica). Essas mudanças evidentemente provocam conflitos nas relações 
educacionais e surgem daí, os instrumentos preventivos institucionais ou 
extrajudiciais e instrumentos judiciais (JOAQUIM, 2009). 
Nessa direção, eis que temos o Direito Educacional como meio de prevenir e 
orientar as relações educacionais, além é claro, de apresentar soluções judiciais 
diante dos conflitos de interesses entre os atores das relações jurídicas 
educacionais. 
 
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Como instrumento preventivo, essa área do Direito utiliza-se dos 
procedimentos da própria estrutura administrativa do estabelecimento de ensino, 
como por exemplo: 
� elaborar o contrato de prestação de serviço educacional com clareza, 
precisão e de acordo com a lei vigente; 
� disponibilizar aos alunos o regimento interno ou escolar da instituição de 
ensino (carta magna do estabelecimento de ensino); 
� divulgar o projeto pedagógico do curso, o plano de curso e os procedimentos 
acadêmicos; 
� criar mecanismos administrativos conciliatórios como, por exemplo, uma 
ouvidoria, e aplicar, se necessário, penalidades pedagógicas. 
Acrescenta-se, que o Ministério Público, o Conselho Tutelar e os Conselhos 
Municipais de Educação atuam, também, preventivamente, buscando o 
entendimento com a pessoa ou autoridade, até porque é dever de todos prevenir a 
ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (arts. 70 
a 73 da Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). Aliás, nem 
todos os mecanismos de proteção ao direito à educação são judiciais, ou seja, 
acionados junto ao Poder Judiciário (JOAQUIM, 2009). 
Como instrumento judicial e após esgotadas todas as possibilidades de 
compor os conflitos nas relações jurídicas educacionais, teremos a presença do 
Estado-juiz, para apreciar e apresentar uma solução judicial (LIBERATI, 2004). 
Para tanto, a ordem jurídica coloca à disposição mecanismos judiciais,

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