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APOSTILA 02

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Unidade 2: DA RESPONSABILIDADE
 
2.1 Responsabilidade solidária
2.2 Responsabilidade pela qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos. 
2.3 Responsabilidades pelo fato do produto e do serviço. 
2.4 Decadência e prescrição.
DA RESPONSABILIDADE NO CDC
O Código de Defesa do Consumidor consagrou como regra a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores de produtos e prestadores de serviços, em face dos consumidores e, de forma excepcional, a responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais.
Isto importa dizer que nas relações de consumo o consumidor não precisa provar a culpa dos réus nas hipóteses de vício ou defeitos dos produtos ou serviços.
Quando um consumidor efetua uma compra, inconscientemente ele exige do fornecedor que o produto ou serviço esteja pronto para uso, ou seja, significa dizer que não possua nenhuma avaria ou algum vício que o diminua o valor ou que o impossibilite de utilizá-lo normalmente.
Vemos de forma clara que o legislador adotou a teoria do risco, ou seja a responsabilidade, via de regra, será objetiva nas relações de consumo, isto significa dizer que a responsabilidade não dependerá da existência de culpa.
Atenção, apesar de não haver a necessidade da existência de culpa, permanece o nexo causal para sua caracterização.
Esta responsabilidade encontra-se tutelada nos artigos 12,14, 18 e 19 do CDC e, de forma excepcional a Responsabilidade Subjetiva dos profissionais liberais (art.14§ 4º do CDC). Portanto temos 04 (quatro) casos específicos de Responsabilidade Civil pelo Código de Defesa do Consumidor, vejamos cada uma:
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO;
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO (DEFEITO);
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO;
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO (DEFEITO).
Contudo, para melhor entender a responsabilidade, faz-se necessária entender a diferença entre o vício do fato ou defeito. 
Vício – Seja do produto ou do serviço, a doutrina entende como alguma característica apresentada pelo produto que venha diminuir seu valor ou torná-lo impróprio ou inadequado para o uso pelo qual foi adquirido. 
No defeito, seja do produto ou do serviço o dano extrapola os limites do produto.
ATENÇÃO: Se o problema permanece nos limites do produto, estamos diante do vício, porém, se romper as esferas e extrapolar os limites, estamos diante do fato ou defeito (acidente de consumo).
Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária.
Vejamos alguns exemplos de vícios:
 a) fazem com que o produto não funcione adequadamente (um liquidificador que não gira);
b) fazem com que o produto funcione mal (televisão sem som; o automóvel que “morre” toda hora);
c) diminuam o valor do produto, tais como (riscos na lataria do automóvel, mancha num vestido ou num terno);
d) não estejam de acordo com informações (caderno de 200 páginas que só tem 180);
e) façam os serviços apresentarem características com funcionamento insuficiente ou inadequado (serviço de desentupimento que no dia seguinte faz com que o banheiro alague).
Os vícios podem ser aparentes ou ocultos, vejamos cada um
Os aparentes ou chamados de fácil constatação - são aqueles que aparecem no singelo uso e consumo do produto (ou serviço).
Ocultos são aqueles que só aparecem algum ou muito tempo após o uso e/ou que, por estarem inacessíveis ao consumidor, não podem ser detectados na utilização ordinária.
DEFEITO OU FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO
O defeito tem ligação com o vício, mas, em termos de dano causado ao consumidor, é mais devastador. 
Outra característica é que o defeito pressupõe a existência de vício, contudo, existe vício sem defeito, mas não há defeito sem vício. 
O vício é uma característica inerente, intrínseca do produto ou serviço em si.
O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago — já que o produto ou serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam. 
O defeito causa, além desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor.
Concluímos que o vício pertence ao próprio produto ou serviço, jamais atingindo a pessoa do consumidor ou outros bens seus. 
 
Já o defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo (seja moral, material, estético ou da imagem). 
Por isso, somente se fala propriamente em acidente, e, no caso, acidente de consumo, na hipótese de defeito, pois é aí que o consumidor é atingido.
Exemplo 1
Dois consumidores vão à concessionária receber seu automóvel zero-quilômetro. Ambos saem dirigindo seu veículo alegremente. Os consumidores não sabem, mas o sistema de freios veio com problema de fábrica.
Aquele que sai na frente passa a primeira esquina e no meio do quarteirão seguinte, pisa no breque e este não funciona. Vai, então, reduzindo as marchas e com sorte consegue parar o carro encostando-o numa guia.
O segundo, com menos sorte, ao atingir a primeira esquina, depara com o semáforo no vermelho. Pisa no breque, mas este não funciona. O carro passa e se choca com outro veículo, causando danos em ambos os carros.
ATENÇÃO
O primeiro caso, como o problema está só no freio do veículo, é de vício. 
No segundo, como foi além do freio do veículo, causando danos não só em outras áreas do próprio automóvel como no veículo de terceiros, trata-se de defeito.
Exemplo 2
Um consumidor compra uma caixinha longa-vida de creme de leite. Ao chegar em casa, abre-a e vê que o produto está embolorado. É vício, pura e simplesmente.
Outro compra o mesmo creme de leite. Abre a caixa em casa, mas o faz com um corte lateral. Prepara um delicioso strogonoff e serve para a família. Todos têm de ser hospitalizados, com infecção estomacal. É caso de defeito.
Exemplo 3
 
Você contrata um jardineiro para cortar a grama de sua casa, se o serviço não for prestado a contento, estamos diante do vício do serviço;
 
Contudo, se o jardineiro ao cortar a grama mata o cão de estimação da família, estamos diante do defeito ou fato do serviço.
É, portanto, pelo efeito e pelo resultado extrínseco causado pelo problema que se poderá detectar o defeito.
Superada a diferença entre vício e defeito, vamos as responsabilidades contempladas no CDC e as pessoas legitimadas.
O CDC estabelece 04 (quatro) formas de responsabilidades, contudo em 03 (três) temos a responsabilidade solidária e 01 (uma) a responsabilidade subsidiária entre os são elas:
 
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO (solidária);
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO (solidária);
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO (DEFEITO) (solidária).
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO (DEFEITO) (subsidiária);
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO
Tutelado no artigo 18 do CDC, ocorre quando existe um problema oculto ou aparente no bem de consumo que o torna impróprio para o uso ou diminui o seu valor, tido por alguns como vício por inadequação.
Lembrando que, por se tratar de vício, como já asseverado anteriormente, estamos diante de um problema que permanece no produto, não rompendo os seus limites.
Outro ponto a destacar é que, neste caso, estamos diante da responsabilidade solidária de todos os participantes.
De forma apenas exemplificativa, pois o rol não é taxativo, são considerados impróprios para uso e consumo:
I - Os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos, o que atinge os produtos perecíveis adquiridos em mercados e lojas do gênero. 
II - Os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação. 
III - Os produtosque, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Como exemplo, cite-se um brinquedo que pode causar danos às crianças.
 
Atenção: Deve ficar claro que o vício do produto não se confunde com as deteriorações normais decorrentes do uso da coisa. 
Sendo assim, para a caracterização ou não do vício deve ser considerada a vida útil do produto que está sendo adquirido.
Vejamos posicionamento do STJ no Informativo 506:
, “o fornecedor responde por vício oculto de produto durável decorrente da própria fabricação e não do desgaste natural gerado pela fruição ordinária, desde que haja reclamação dentro do prazo decadencial de noventa dias após evidenciado o defeito, ainda que o vício se manifeste somente após o término do prazo de garantia contratual, devendo ser observado como limite temporal para o surgimento do defeito o critério de vida útil do bem. O fornecedor não é, ad aeternum, responsável pelos produtos colocados em circulação, mas sua responsabilidade não se limita, pura e simplesmente, ao prazo contratual de garantia, o qual é estipulado unilateralmente por ele próprio”
Vejamos um exemplo clássico: O comprador de um veículo não pode alegar que o pneu está careca após cinco anos de uso, não havendo vício do produto em casos tais.
Outrossim, ao contrário, temos o caso que deve ser analisado a respeito do tempo de vida útil, à chamada obsolescência programada, hipótese em que o produto é preparado previamente, com a intenção de durar por tempo limitado, bem menos do que o esperado pelo consumidor. 
A prática é evidenciada sucessivamente nos casos de produtos eletrônicos, caso de smartphones, tablets, impressoras e computadores. 
Sendo demonstrada ou evidente tal situação no caso concreto, pensamos haver vício do produto, aplicando-se as consequências analisadas neste tópico. Sem contar no impacto ambiental sofrido por esta prática.
Apesar da responsabilidade ser solidária, a lei estabelece duas exceções internas bem específicas a respeito no tocante ao vício do produto, vejamos:
A primeira exceção tem relação com os produtos fornecidos in natura, respondendo perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor (art. 18, § 5º, do CDC). 
Ex: Se alguém adquire uma maçã estragada em uma feira livre, a responsabilidade, em regra, será do feirante. Porém, se na maçã constar o selo do produtor, o que é bem comum, o último responderá pelo vício. 
Segunda exceção, determina o § 2º do art. 19 que o fornecedor imediato – no caso, o comerciante – será responsável pelo vício de quantidade quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. 
O desrespeito à lealdade negocial, à boa-fé objetiva, acaba por gerar a sua responsabilidade pessoal, afastando o dever de reparar o fabricante.
Ex: A título de exemplo, se há um problema na balança do mercado, que está adulterada, a responsabilidade será do comerciante e não do produtor ou fabricante.
ALTERNATIVAS DO CONSUMIDOR AO CONSTATAR UM VÍCIO NO PRODUTO
 
Ao constatar um vício o consumidor deve realizar a reclamação junto ao fornecedor, o qual terá o prazo de 30 dias para sanar o defeito reclamado, caso isso não ocorra dentro do prazo, o consumidor tem 3 alternativas a sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Nesse contexto é importante frisar que não cabe ao fornecedor o direito às escolhas acima disciplinadas, mas sim ao consumidor.
PRAZO PARA REPARAÇÃO
Os prazos estão descritos no art. 26 do CDC, 
 
“Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
A contagem do prazo se inicia a partir da entrega efetiva do produto.
Quando se tratar de responsabilidade civil por vícios do produto aparentes ou de fácil constatação, o prazo decadencial é de 30 ou 90 dias para a reclamação por parte do consumidor, conforme se trate de produtos ou serviços não duráveis ou duráveis, nos termos do art.26 do CDC. 
DA CONTAGEM DO PRAZO
A contagem do prazo deve ser o somatório de dias pelo qual permaneceu o bem na assistência técnica, ou seja, o fornecedor não pode se beneficiar da recontagem do prazo de 30 dias toda vez que o produto retornar com o mesmo vício.
DA EXCLUSÃO DO PRAZO
Vale ressaltar que este prazo também poderá ser excluído, toda vez que se tratar de um produto de natureza essencial, conforme dispõe o §3º do supracitado artigo.
 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
Contudo, o legislador não definiu o que pode ser considerado produto essencial, mas a doutrina entende como produtos fundamentais para as atividades e para o cotidiano do consumidor.
Hoje, a jurisprudência tem entendido como produto essencial a geladeira, o fogão, máquina de lavar, celular, dentre outros em que, na modernidade do cotidiano, torna quase impossível a vida sem estes itens.
A essencialidade também pode ser interpretada quanto à expectativa do consumidor de usá-lo de pronto; logo, tem o consumidor o direito de exigir de pronto a substituição do produto que adquiriu para uma festa no dia seguinte.
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO (DEFEITO) (subsidiária)
Como já asseverado, a responsabilidade pelo fato do produto ou defeito, temos situações que extrapolam os limites apenas do vício do produto, ou seja, gerou outros danos ao consumidor e, neste caso, temos a responsabilidade objetiva direta e imediata do fabricante (art. 12 do CDC) e a responsabilidade subsidiária ou mediata do comerciante ou de quem o substitua (art. 13 do CDC).
Uma vez comprovada o fato do produto ou defeito, o CDC estabelece o direito de regresso daquele que ressarciu o dano, sempre conforme a sua participação para o evento danoso (art. 13, parágrafo único do CDC).
O § 1° do art. 12 do CDC estabelece alguns parâmetros ilustrativos da caracterização do produto defeituoso, preconizando que haverá tal enquadramento quando o bem de consumo não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
sua apresentação; 
b) o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
c) a época em que foi colocado em circulação. 
Diante deste diploma legal podemos extrair três modalidades de defeitos, vejamos:
1 - Defeitos de projeto ou concepção – aqueles que atingem a própria apresentação ou essência do produto, que gera danos independentemente de qualquer fator externo. 
Ex: Uso de um remédio cuja ministração em pacientes grávidas, para minorar efeitos de indisposição, deu causa a deformações físicas da criança, casos também de fogos de artifício e o cigarro; 
2 - Defeitos de execução, produção ou fabricação – relativos a falhas do dever de segurança quando da colocação do produto ou serviço no meio de consumo. 
Ex: Veículo é comercializado com um problema no seu cinto de segurança, sendo necessário convocar os consumidores para o reparo (recall). 
3 - Defeitos de informação ou comercialização – segundo Bruno Miragem, “aqueles decorrentes da apresentação ou informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição ou riscos”.
Ex: Brinquedo que foi comercializado como dirigido para uma margem de idade inadequada, podendo causar danos às crianças.
Atenção: O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado (art. 12, § 2º, do CDC).
 
O comerciantetem responsabilidade mediata, somente respondendo nas hipóteses previstas no art. 13 da Lei 8.078/1990, in verbis: 
“O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
 I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
 
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis”. 
Vejamos cada caso:
I – Este inciso refere-se ao fato de o fabricante ou o seu substituto não puderem ser identificados, transferindo-se a responsabilidade ao comerciante. 
Ex: Hipóteses em que há venda de produtos a granel, nas feiras e nos supermercados: “O feirante adquire no atacadista – que já é outro comerciante, distribuidor, vulgarmente chamado de atravessador –, quilos de batatas, de diversas origens e os coloca à venda. Elas podem inclusive ser vendidas misturadas. 
II – Neste segundo inciso estamos diante do produto fornecido sem a identificação clara de quem seja o fabricante ou o seu substituto e, neste caso, a lesão ao dever de informar relacionado à boa-fé objetiva transfere a responsabilidade ao comerciante, diante de uma relação de confiança estabelecida. 
III - Por fim, o terceiro caso é aquele em que o comerciante não conserva de forma adequada os produtos perecíveis, clara situação de culpa, por desrespeito a um dever legal ou contratual – ou seja, de responsabilidade subjetiva do comerciante, o que gera a transferência do dever de indenizar. 
Ex: Supermercado que possui o péssimo costume de desligar as suas geladeiras para economizar energia, gerando estrago dos alimentos que serão consumidos e, consequentemente, problemas de saúde nos consumidores. Na hipótese descrita, a responsabilidade, sem dúvida, será do comerciante, do supermercado. 
DO PRAZO PARA REPARAÇÃO
Evidenciado o fato do produto ou defeito, o consumidor prejudicado pode manejar uma ação de reparação de danos contra o agente causador do prejuízo, o que é decorrência direta do princípio da reparação integral. Tal demanda condenatória está sujeita ao prazo prescricional de cinco anos, previsto pelo art. 27 da Lei 8.078/1990 para o acidente de consumo. 
Este prazo começa a contar da ocorrência do evento danoso ou do conhecimento de sua autoria;
Vejamos um exemplo:
Ferro de passar roupas que explode quando utilizado pelo consumidor:
Se o ferro explode, mas não atinge nem fere ninguém, estaremos diante do vício do produto e, neste caso, o consumidor poderá pleitear do comerciante ou do fabricante (solidariedade) um eletrodoméstico novo.
 
O prazo para tanto é decadencial de noventa dias, nos termos do art. 26 do CDC. 
Entretanto, se nessa mesma situação o eletrodoméstico explode e atinge o consumidor, causando-lhe danos morais e estéticos, estará presente o fato do produto ou defeito. 
Na situação descrita, a ação indenizatória deverá ser proposta, em regra, em face do fabricante e no prazo prescricional de cinco anos a partir da ocorrência do fato ou da ciência de uma séria deformidade pelo consumidor (art. 27 do CDC).
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO (solidária)
Como já asseverado, estamos diante de hipóteses envolvendo serviço e, neste caso, aplica-se a regra de solidariedade entre todos os envolvidos com a prestação.
Nos termos do § 2º do art. 20 do CDC, a responsabilidade pelo vício no serviço ocorre quando o serviço tiver sido mal prestado, vejamos:
São considerados como impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. 
Neste caso, como já citado, o prestador de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária.
Podemos notar que o vício do serviço acaba por englobar os problemas decorrentes da oferta ou publicidade, tema que será abordado na próxima semana, na Unidade 03;
Neste caso, o consumidor prejudicado pode exigir, alternativamente, e de acordo com a sua livre escolha, nos termos do já citado art. 20 do CDC: 
A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível. 
Ex: Se o conserto de um eletrodoméstico foi mal feito, poderá ser pleiteado que o serviço seja realizado novamente. 
Nos termos do § 1° do art. 20 do CDC, a reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. 
Também temos a possiblidade do abatimento proporcional do preço, nos casos em que do serviço se tem menos do que se espera. Frise-se a premissa da solidariedade passiva, no vício do serviço, responde todos os envolvidos com a prestação. 
DO PRAZO PARA REPARAÇÃO
Os prazos para reclamação dos vícios do serviço são aqueles decadenciais tratados pelo art. 26 do CDC. Desse modo, os prazos serão de trinta dias, no caso de serviços não duráveis, e de noventa dias para os serviços duráveis.
 Esses prazos serão contados da execução do serviço (vício aparente) ou do seu conhecimento (vício oculto). 
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO SERVIÇO OU DEFEITO (solidária)
O fato do serviço ou defeito está tratado pelo art. 14 do CDC, gerando a responsabilidade civil objetiva e solidária entre todos os envolvidos com a prestação, pela presença de outros danos, além do próprio serviço como bem de consumo. 
Contudo, devemos deixar claro que, no fato do serviço, a responsabilidade civil dos profissionais liberais somente existirá se houver culpa de sua parte (responsabilidade subjetiva), conforme preconiza o art. 14, § 4º, da Lei 8.078/1990. 
Assim como ocorre com o produto, o serviço é defeituoso quando:
1 - não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu fornecimento; 
2 - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi fornecido (art. 14, § 1º, da Lei 8.078/1990). 
OBS: Aplicam-se os mesmos comentários do item anterior quando falamos de defeitos no produto:
1 - Defeitos de projeto ou concepção 
2 - Defeitos de execução, produção ou fabricação 
3 - Defeitos de informação ou comercialização 
Exemplos de fato do serviço: uma dedetização que causa envenenamento aos moradores de uma residência; o conserto mal executado nas rodas de um carro, fazendo com que elas se soltem, causando acidente; um lustre mal instalado que cai e causa ferimentos no consumidor.
Lembrando que o serviço, tal como o produto, não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas (§ 2º do art. 14 do CDC).
Ex: Se uma empresa passa a utilizar uma nova técnica para desentupimento, isso não quer dizer que há o reconhecimento de que as medidas anteriores eram ruins ou defeituosas. 
Atenção: Deve-se atentar que, no fato do serviço ou defeito, há evidente solidariedade entre todos os envolvidos na prestação, não havendo a mesma diferenciação prevista para o fato do produto, na esteira do que consta dos arts. 12 e 13 do CDC. 
Isso ocorre justamente pelo fato de ser difícil diferenciar quem é o prestador direto e o indireto na cadeia de prestação, dificuldade que não existe no fato do produto, em que a figura do fabricante é bem clara. 
A responsabilidade do fornecedor de serviços pelo acidente de consumo é objetiva, ou seja, independe da existência de culpa, a menos que o agente causador do prejuízo moral puro ou cumulado com o patrimonial seja profissional liberal, caso em que a sua responsabilidade poderá ser subjetiva (vide, a respeito do tema, o art. 14, caput, e § 4º). 
Qualquer fornecedor de serviços, em princípio, responde objetivamente pelos danos sofridos pelo consumidor, salvo o profissional liberal. Assim, tanto a pessoa física como a pessoa jurídica de direito público ou privado que atuam como fornecedores de serviços no mercado de consumo podemvir a responder sem culpa.
Ex: Um exemplo interessante foi a decisão do Superior Tribunal de Justiça, que responsabilizou uma instituição bancária pelo serviço mal prestado por empresa terceirizada, o que acabou por acarretar a inscrição do nome do correntista em cadastro de inadimplentes. 
DO PRAZO PARA REPARAÇÃO
 
Em todos esses casos, para buscar a reparação dos danos experimentados, o consumidor deverá ajuizar a ação reparatória no prazo do art. 27 do CDC.
 
"Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria."
A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
Os profissionais liberais que prestam serviço, como já asseverado, respondem de forma subjetiva, significa dizer que esta responsabilidade será apurada mediante a verificação de culpa.
Esta mudança da regra tem como base o reconhecimento de que o professional muita das vezes encontra-se em situação de vulnerabilidade.
Neste caso, a responsabilidade só será caracterizada se provada a culta, ou seja, o seu dolo – a intenção de causar prejuízo ou a sua culpa por:
IMPRUDÊNCIA – A imprudência pressupõe uma ação que foi feita de forma precipitada e sem cautela. O agente toma sua atitude sem a cautela e zelo necessário que se esperava. Significa que sabe fazer a ação da forma correta, mas não toma o devido cuidado para que isso aconteça. 
Ex: Motorista devidamente habilitado que ultrapassa um sinal vermelho e, como consequência disso, provoca um acidente de trânsito.
NEGLIGÊNCIA - O agente deixa de fazer algo que sabidamente deveria ter feito, dando causa ao resultado danoso. Significa agir com descuido, desatenção ou indiferença, sem tomar as devidas precauções. 
Ex: Uma babá que, vendo a criança brincar próximo a uma panela quente, não a afasta, vindo a criança a sofrer um acidente.
IMPERÍCIA – Neste caso o agente não sabe praticar o ato. Ser imperito para uma determinada tarefa é realizá-la sem ter o conhecimento técnico, teórico ou prático necessário para isso. 
Ex: Médico clínico geral que pratica cirurgia plástica sem ter o conhecimento necessário, fazendo com que o paciente fique com algum tipo de deformação.
Portanto, na imperícia e na imprudência o agente tem uma atitude comissiva, ou seja, de ação. Ele faz alguma coisa. Na imperícia, faz sem ter a habilidade necessária, enquanto que na imprudência faz sem o cuidado devido. Já na negligência a atitude é omissiva, posto que o agente deixa de fazer algo que seguramente deveria fazer.
Na questão do profissional liberal, devemos destacar que quando o profissional liberal promete resultado, ou seja, deixa de prestar uma obrigação de meio e sim de resultado (como no caso da cirurgia plástica) este sai da responsabilidade subjetiva e vai para a responsabilidade objetiva.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
O indivíduo lesado possui o direito de ser ressarcido, porém tal direito não pode ser eterno. Os institutos da prescrição e decadência consagram a segurança jurídica. 
O CDC foi pratico, separando o regime de responsabilidade pelo vício do produto e do serviço (prazo decadencial – art. 26) ;
Do regime de responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (prazo prescricional – art. 27). 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
EX: São os acidentes de consumo, ou defeito que causa risco a integridade do consumidor.
A responsabilidade por vício (art. 18-26 do CDC) relaciona-se com os incidentes de consumo. A decadência está prevista no art. 26 do CDC: 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
I - trinta dias, tratando -se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando -se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. 
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. 
§ 2° Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produto e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
II - (Vetado). 
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
Necessário se faz esclarecer a distinção entre PRODUTOS DURÁVEIS E NÃO DURÁVEIS
Os produtos não duráveis, que são aqueles que desaparecem facilmente com o consumo (bens consumíveis), conforme art. 86 CC/2002).
Ex: gêneros alimentícios, remédios, combustíveis e, neste caso temos um prazo decadencial de 30 (trinta) dias.
PRODUTOS DURÁVEIS – são aqueles que não desaparecem facilmente com o consumo (bens inconsumíveis, nos termos do art. 86, primeira parte, do CC/2002). 
EX: automóveis, imóveis, aparelhos celulares e eletrodomésticos. 
E, neste caso, temos um prazo decadencial de 90 (noventa) dias.

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