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Farmacologia Tammi Ráisla Fármacos mucoativos e antitussígenos A mucosa respiratória normal é recoberta por um fluido composto por 95% de água, 2% de glicoproteínas (mucinas), I% de eletrólitos, I% de outras proteínas e proteoglicanos e I% de lipídios. Esse fluido está em constante movimento ascendente e tem a função de aquecer e umidificar o ar inspirado, além de capturar e remover partículas inaladas. Depuração Mucociliar: interação entre o movimento dos cílios da mucosa respiratória e o muco produzido pelas glândulas. Mucosa constituída por duas camadas: ✓ Mais profunda composta por cílios e solução eletrolítica (SOL) – mais líquida, contém poucos mucopolissacarídeos. ✓ Mais superficial (GEL) produtora de muco (carboidratos e proteínas), cuja elevada viscosidade a torna especialmente adequada para a adesão de partículas inaladas e sobre ela depositadas por impactação e/ou sedimentação. Patologias: bronquite, pneumonia, enfisema, DPOC etc. − ↓ Quantidade e qualidade de muco − ↓ Transporte do muco − ↓ Sincronização do movimento ciliar − Retenção da secreção brônquica Droga mucoativa é definida como um agente que possui, como ação primária, a capacidade de modificar a produção e a secreção do muco, sua natureza e composição e/ou sua interação com o epitélio ciliado. Quando se fala dos medicamentos mucoativos, é necessário entender que a diretriz dos EUA observa que é necessário usar esses medicamentos em casos já crônicos da secreção e caso não haja melhora há uma suspensão desse tipo de medicamento. No Brasil, temos a cultura de manter esses medicamentos em estoque em casa, de tudo se resolver com o ‘’xarope’’, o que é ruim, visto que esses medicamentos com uso prolongado causam alterações no trato gastrointestinal. OBS.: O uso da fisioterapia respiratória e maior ingestão de água é mais indicado do que o uso desses medicamentos. Fármacos mucoativos São fármacos que possuem a capacidade de modificar a produção e a secreção do muco, composição e/ou sua interação com o epitélio. Subclasses: Mucolíticos: quebram as pontes dissulfeto que ligam os polímeros de mucina: n-acetilcisteína. Expectorantes: estimulam o fluxo da secreção e diminuem a viscosidade do muco: guaifenesina (xarope vick) Mucoreguladores: diminuem o volume de secreção: agentes anticolinérgicos (brometo de ipratrópio) – efeito broncodilatador em pacientes asmáticos. Os fármacos citados abaixo são todos mucolíticos e expectorantes. • IODETO DE POTÁSSIO: Xarope para ação mucoativa direta. Após uso oral é secretado no muco: efeito mucolítico direto. O iodeto de potássio age nas terminações nervosas parassimpáticas do estômago, produzindo um aumento reflexo das secreções salivar, nasal, lacrimal e traqueobrônquica. Aumenta a fluidez do muco, facilitando a sua expectoração. Formas medicamentosas: Xarope. Indicável a partir de um ano de idade. Reações: ✓ Irritação gastrintestinal, náusea, vômitos e anorexia. ✓ Leve rinite, lacrimejamento ✓ Edema glandular na mandíbula ✓ Erupções cutâneas ✓ Asfixia neonatal: Não pode ser usado em grávidas, visto que como existe iodo na sua composição, causa hipertrofia da glândula tireoide tanto na mãe quanto na criança, o chamado bócio. Esse bócio, após o nascimento pode causar asfixia neonatal, podendo levar a morte da criança. • ACETILCISTEÍNA: Aires®, Pneumucil®, Cisteil®. – O mais recomendável. Possui um grupamento sulfidrila livre que interage com as pontes de dissulfeto das mucoproteínas reduzindo as cadeias e tornando o muco menos viscoso. Farmacologia Tammi Ráisla A acetilcisteína pode ser absorvida pela mucosa respiratória sem promover efeitos prejudiciais, uma vez que a substância é desacetilada no fígado. Formas medicamentosas: Xarope. Comprimido efervescente. Solução Nasal. Grânulo (envelope – pó para dissolver em água). Injetável (nebulização ou antídoto). Obs.: Via parenteral é usado como antídoto da intoxicação por paracetamol. Nesse caso pode ser usado em crianças menores de dois anos. Para efeito mucoativo só é indicável a partir de 2 anos. Pode ser usado na gravidez. Reações: ✓ Asmático – pode causar broncoespasmo – é indicável associar broncodilatadores (berotec ou sal butamol) ✓ Broncorreia – falsa sensação de aumento de muco. ✓ Uso contínuo – irritação da mucosa oral e estomatite. • BROBEROL: Facilita a expectoração alterando as características da viscosidade, adesividade e elasticidade do muco. Indicável a partir de dois anos de idade. Evitar na gestação. Formas medicamentosas: Xarope. Supositório. Aerossol. Reação: Gastralgia • BROMEXINA: Bisolvon®, Bisuran® Promove liberação de enzimas lisossomais das células produtoras de muco, que digerem os mucopolissacarídeos. O medicamento é relativamente bem tolerado, raramente causa desconforto gástrico e, ainda mais raramente, náuseas. Indicável a partir de dois anos de idade. Formas medicamentosas: Xarope ou gotas: via oral ou inalação. Reações: ✓ Uso por período curto não ocorre alterações detectáveis ✓ Pode aumentar transaminase, mas não há evidência de hepatotoxicidade – evitar em pacientes hepatopatas. • AMBROXOL: Mucosolvan® Expectuss®, Mucovit® É um metabólito da Bromexina. Facilita a expectoração e aumenta o surfactante (importância não definida). Pode ser usado em pacientes abaixo de 2 anos e em grávidas. Formas medicamentosas: Xarope pediátrico ou adulto. Cápsula Gotas: via oral e inalação. Pastilha. – Existe o ambroxol sem sacarose para ser usado em DIABÉTICOS. Reação: Dor epigástrica. • CARBOCISTEÍNA – o segundo mais recomendável. Diminui a produção das secreções respiratórias, assim como deixa as secreções menos espessas, facilitando sua eliminação. Não usar crianças abaixo de dois anos de idade. Formas medicamentosas: Xarope pediátrico e adulto. Gotas. Reação: Dor epigástrica Fármacos antitussígenos Para o uso de desses medicamentos é necessário saber realmente o diagnóstico, uma vez que esses não devem ser usados em casos de tosse produtiva, pois podem aumentar a obstrução das vias aéreas. São indicados em tosses secas e irritativas, como aquelas após infecções virais. Condições patológicas aumentam a frequência e intensidade da tosse. Diagnóstico preciso para seu uso. Indicações para uso de antitussígenos: ✓ Hemoptise na tuberculose – tosse com sangramento; com o uso de antitussígenos há uma diminuição dessa lesão no parênquima pulmonar. ✓ Tosse irritativa e seca após infecção viral Obs.! Asma – indicação de corticoides e broncodilatadores. Rinite – corticoides, anti-histamínicos e antibióticos. Classificação: 1. Antitussígenos narcóticos: podem causar dependência química, sendo necessário um controle especial. Farmacologia Tammi Ráisla • CODEÍNA: É o 3-metil-éter da morfina. Faz parte de uma classe de medicamentos chamados opioides, que tem efeitos analgésicos. É metabolizada lentamente no fígado. Cerca de 10% da dose administrada é transformada em morfina, e o restante é excretado pelo rim. Medicamento de controle especial – retenção de receita. Mecanismo de ação: Suprime a tosse nas conexões nervosas do tronco cerebral devido a sua ligação aos receptores opioides. Essa ligação faz com que haja a liberação de uma proteína G que vai inibir a adenilato ciclase e diminuir a formação de AMPc, o que causa abertura de canais de potássio e fecha os canais de cálcio, gerando hiperpolarização e efeito inibitório no centro da tosse. Formas medicamentosas: Comprimido sólido oral. Injetável. Reações: ✓ Fraca analgesia; ✓ Sonolência; ✓ Constipação; ✓ Boca seca; ✓ Dependência; ✓ Pode aumentar a viscosidade das secreções respiratórias – paciente com tosse produtivanão pode usar esse fármaco. É o que causa menos irritação gástrica, mas deve ser avaliado na anamnese a sua qualidade de vida, trabalho, etc. Não indicável para operadores de máquinas grandes. Existem outras drogas derivadas da morfina com efeitos antitussígeno e analgésico, porém são menos utilizadas com esse fim na prática clínica, pelos riscos tanto de depressão do sistema nervoso central como de dependência. 2. Antitussígenos não narcóticos • DEXTROMETORFANO: Bisoltussin®, Banalet® Eleva o limiar central para o reflexo da tosse. É um opiáceo, mas não apresenta efeito analgésico ou sedativo, nem promove dependência. Não precisa de notificação de receita para ser obtido. É absorvido pela via oral e degradado lentamente pelo fígado, devendo ser evitado em hepatopatas. É excretado pelos rins. Eleva o limiar central para o reflexo da tosse e não interfere nas secreções do trato respiratório. Contraindicado em crianças abaixo de 12 anos. Reações: Pode causar intolerância gastrintestinal. • LEVODROPROPIZINA: Antux®, Percof® Eficiência semelhante a codeína. Mais seguro. Não é opioide. É mais seguro. Atua nas fibras C nervosas dos brônquios controlando a tosse de forma local – efeito periférico. Pode ser usado em crianças acima de 2 anos. Formas medicamentosas: Xarope. Gotas oral ✓ Pode causar dor epigástrica ✓ Cansaço ✓ Fadiga ✓ Sonolência – apenas em pacientes muito sensíveis. ✓ ↓ consciência ✓ Palpitação.
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