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Direito Civil IV (Familia e Sucessões) 1º Bim

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DIREITO CIVIL IV
FAMILIA E SUCESSÕES
Prof. Leticia Rosa
1° BIMESTRE
DIREITO DAS FAMÍLIAS: INTRODUÇÃO
 Conceito Antigo o modelo familiar predominante era o patriarcal, patrimonial e matrimonial. Em tal modelo tínhamos a figura do “chefe de família”, era o líder, o centro do grupo familiar e responsável pela tomada das decisões. Era tido como o provedor e suas decisões deveriam ser seguidas por todos.
A família era constituída unicamente pelo casamento, não havia que se falar em nenhum outro meio de constituição familiar, como a união estável.
Lei do Desquite Art. 315, da Lei 3.071/16 do CC de 1916 o desquite foi instituído no ano de 1942, esta era uma modalidade de separação do casal e de seus bens materiais, sem romper o vínculo conjugal, o que impedia novos casamentos.
Lei do Divórcio Lei 6.515/77 a separação consensual só podia ser decretada após 02 anos de casamentos, nos termos do Art. 4, com pedido homologado pelo juiz. Havia também a possibilidade de se pedir a separação litigiosa. Mas tanto a separação na justiça quando as consensuais não acabavam com o casamento, era necessário o divórcio que só poderia ser pedido no mínimo após 03 anos de separação judicial, nos termos do Art. 25, esse artigo estabeleceu a modalidade de divórcio-conversão. Isso é, depois de separado judicialmente por 3 anos o casal poderia requerer a conversão da separação em divórcio.
PEC do Divórcio EC66/2010 este dispositivo formalizou o fim dos principais entraves ao processo de dissolução do casamento, estabelecendo que os mesmos ocorram de maneira mais rápida de modo a suprimir desgastes de cunhos econômico e emocional entre as partes envolvidas.
União Estável e União Homoafetiva de acordo com o Novo Código Civil, é considerada união estável a relação de convivência entre homem e mulher, a qual é duradoura e foi estabelecida com a finalidade de constituir família. 
Em maio de 2011, no entanto, o Supremo Tribunal Federal também passou a reconhecer a união estável homossexual.
Os direitos adquiridos com a união estável são os mesmos que os adquiridos em casamento no regime comunhão parcial de bens.
Pater Famílias ramo do direito privado (Direito Civil) que tem como seu conteúdo o estudo dos seguintes institutos:
I- Casamento;
II- União Estável;
III- Parentesco;
IV- Curatela.
O Direito de Família é composto eminentemente de Normas Cogentes (normas de ordem pública), pois trata-se de direito existencial, relacionado a própria concepção da pessoa humana.
Contrato de Namoro o contrato de namoro é nulo, pois é flagrante o intuito de fraude à lei imperativa que estabelece os requisitos da união estável (Art. 166, VI do CC).
É nulo o contrato de namoro nos casos em que existe entre as partes envolvidas uma união estável, eis que a parte renuncia por esse contrato e de forma indireta a alguns direitos essencialmente pessoais, como é o caso do direito a alimentos.
Princípio da Igualdade entre Cônjuges e Companheiros Art. 226, §5 da CF e Art. 1.511 do CC assim como há a igualdade entre os filhos, como outra forma de especialização da isonomia constitucional a lei reconhece a igualdade entre homens e mulheres no que se refere à sociedade conjugal ou convivencial formada pelo casamento ou pela união estável.
Outra aplicação dessa igualdade pode repercutir no âmbito processual especialmente no que diz respeito ao foro privilegiado da mulher para propositura das ações de Direito de Família Art. 53 do CC.
Princípio da Igualdade na Chefia Familiar Arts 1.566, III e IV – 1.631 e 1.634 do CC e Art. 226, §5 e 7 da CF como decorrência logica do princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, surge o princípio da igualdade na chefia de família, que pode ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um regime de colaboração, podendo inclusive os filhos opinar (conceito de família democrática). Substitui uma hierarquia por uma diarquia. 
O regime é de companheirismo e de cooperação, não de hierarquia desaparecendo a ditatorial figura do pai de família, não podendo se quer se utilizar a expressão pátrio poder, substituída por poder familiar.
Princípio da não Intervenção ou da Liberdade Art. 1.513 do CC a família tem o direito que regulamentar seus próprios interesses (quantos filhos vai ter, como ira nascer seu filho, etc.) desde que esses não se contraponham a lei. Tal princípio tem relação direta com o princípio da autonomia privada.
Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente Art. 227, caput da CF e Art. 1.583 e 1.584 do CC se trata de um princípio “norteador”, este princípio é geralmente utilizado para as questões que envolvam a guarda da criança e do adolescente.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta propriedade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A Lei 11.698/2008 passou a determinar como regra a guarda compartilhada, a prevalecer sobre a guarda unilateral.
Essa proteção é regulamentada pelo ECA Lei 8.069/90, que considera criança a pessoa com idade entre 0 e 12 anos incompletos, e adolescente aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade. 
Princípio da Afetividade este talvez seja apontado atualmente como o principal fundamento das relações familiares, mesmo não constando a expressão afeto como um direito fundamental, pode-se afirmar que ele decorre da valorização constante da dignidade humana.
Princípio da Função Social da Família as relações familiares devem ser analisadas dentro do contexto social e diante das diferenças regionais de cada localidade. Há uma necessidade de interpretar institutos do Direito de Família de acordo com o contexto social, visto que a família é base da sociedade. Em suma, não reconhecer função social a família e a interpretação do ramo jurídico que a estuda é como não reconhecer função social a própria sociedade.
Princípio da Boa-Fé Objetiva o Código Civil foi constituído a partir de três princípios fundamentais: eletricidade (comportamento ético socializante), socialidade (tem relação direta com a função social dos institutos privados) e operabilidade (facilitação ou simplicidade e efetividade).
A boa-fé objetiva representa uma evolução do conceito de boa-fé, que saiu do plano da mera intenção (boa-fé subjetiva), para o plano da conduta de lealdade das partes.
A boa-fé objetiva tem três funções plenamente aplicáveis aos institutos familiares:
· Interpretação Art. 133 do CC os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. Como os institutos familiares, caso do casamento, são negócios jurídicos, não haveria qualquer óbice de aplicação dessa função aos institutos;
· Controle Art. 187 do CC uma vez que aquele contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito. Também comete ato ilícito o titular de um direito que ao exerce-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
· Integração Art. 422 do CC os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como sua execução, os princípios da probidade e boa-fé. O presente dispositivo deve ser lido com menção aos negociantes e não somente aos contratantes. 
CONCEPÇÃO CONSTITUCIONAL DE FAMÍLIA
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
O rol do Art. 226 da CF é meramente exemplificativo.
Família em Sentido Genérico é um núcleo existencial integradopor pessoas unidas por um vínculo socioafetivo, teleologicamente vocacionada a permitir a realização plena de seus integrantes.
Família para a Lei Maria da Penha Art. 5, II no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa.
Família para a Lei de Adoção Art. 25, parágrafo único entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou na unidade do casal.
Com a CF/88, a família passou a se fundar nos pilares da repersonalização, desconsiderando o lado puramente patrimonial, a afetividade considerando o afeto como elemento formados da família e a pluralidade, podendo ser reconhecida em vários formatos.
· Família Matrimonial decorrente do casamento;
· Família Informal decorrente da união estável;
· Família Homoafetiva decorrente da união de pessoas do mesmo sexo;
· Família Monoparental constituída pelo vinculo existente entre um dos genitores com seus filhos;
· Família Anaparental decorrente da convivência entre parentes ou entre pessoas, ainda que não parentes, ou seja, que se baseia no afeto familiar, mesmo sem contar com pai nem mãe, como exemplo podemos citar os netos vivendo apenas com os avós; 
· Família Eudemonista conceito que é utilizado para identificar a família por seu vínculo afetivo, esta busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros, quando não se mede esforços para o bem de outro.
· Família Multiparental é aquela formada por vínculos desfeitos, ou seja, decorre de uma dissolução anterior, formando o que conhecemos como vínculos de duas figuras parentais (pais biológicos mais padrasto e/ou madrasta).
· Família Unilateral/Unipessoal se trata da família formada por uma única pessoa.
CASAMENTO
 
Conceito e Natureza Jurídica o casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objeto de constituição de uma família e baseado em vinculo de afeto. 
O casamento é o vínculo de duas pessoas que visa o auxílio mutuo material de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma família.
Natureza Jurídica existem 3 correntes:
· Teoria Institucionalista casamento é uma instituição social. É idealizado como algo oposto de um contrato, com forte carga moral e religiosa;
· Teoria Contratualista casamento é visto como um contrato de natureza especial, com regras próprias para a sua formação “sui generis”;
· Teoria Mista ou Eclética casamento é considerado uma instituição conforme o seu conteúdo e um contrato especial quanto sua formação, mas um contrato “sui generis”.
Princípios do Casamento são 3 princípios existentes:
· Princípio da Monogamia Art. 1548, II do CC não podem casar as pessoas casadas, o que constitui um impedimento matrimonial e gerar a nulidade absoluta do casamento;
· Princípio da Liberdade de União Art. 1513 do CC consubstancia a libre escolha da pessoa do outro cônjuge como manifestação de autonomia privada;
· Princípio da Comunhão de Vida ou Comunhão Indivisa regido pela igualdade entre os cônjuges, pois, os nubentes comungam os mesmos ideais, renunciando os institutos egoísticos ou personalistas, em função de um bem maior que é a família.
Da Capacidade para o Casamento não se pode confundir a incapacidade para o casamento com os impedimentos matrimoniais. 
· Incapacidade impede que alguém se case com qualquer pessoa; 
· Impedimentos somente atingem determinadas pessoas em determinadas situações, em outras palavras envolvem a legitimação, que pode ser uma capacidade ou condição especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico.
Capacidade e Legitimidade estes se diferem entre si:
· Incapacidade quando o sujeito não pode se casar com qualquer pessoa;
· Falta de Legitimidade quando o sujeito não poderá se casar com determinadas pessoas são os impedimentos matrimoniais do Art. 1521 do CC.
Emancipado quando o sujeito for emancipado este não precisa de autorização para se casar. 
O casamento é uma forma legal de emancipação, dada autorização dos pais, o sujeito que se casar se torna emancipado.
Impedimentos Matrimoniais Art. 1521 do CC traz um taxativo (numerus clausus).
· Não podem casar os ascendentes com os descendentes até o infinito no caso de parentesco natural ou civil. Impedimento decorrente de parentesco consanguíneo.
· Não podem casar os colaterais até terceiro grau. Impedimento decorrente de parentesco consanguíneo.
· Não podem casar os afins em linha reta. Impedimento decorrente de parentesco por afinidade.
· Não podem casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi do adotante. Impedimento em decorrência do parentesco civil formada pela adoção;
· Não podem casar os ascendentes e descendentes em casos envolvendo adoção. Impedimento em decorrência do parentesco civil formada pela adoção;
· Não podem casar o adotado com o filho do adotado. Impedimento em decorrência do parentesco civil formada pela adoção;
· Não podem casar as pessoas casadas. Impedimento decorrente do vínculo matrimonial.
· Não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa contra seu consorte. Impedimento decorrente do crime.
Os impedimentos matrimoniais transcritos geram nulidade absoluta do casamento Art. 1548, II do CC. No tocante a sua oposição no Cartório de Registro de Pessoas essa poderá ocorrer até o momento da celebração por qualquer pessoa capaz Art. 1522 do CC.
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