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TCC Tecnologias em Educação MB

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Jí-Paraná 
Novembro de 2010 
Locimar Massalai 
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e 
Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira como 
espaço de promoção da aprendizagem 
 
Paula Andréa Prata Ferreira 
 
 
 
Locimar Massalai 
 
 
 
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio 
Juscelino Kubistchek de Oliveira como espaço de promoção da 
aprendizagem 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
à Coordenação do Curso de Especialização 
Tecnologias em Educação como requisito 
parcial para obtenção de título de 
Especialista em Tecnologias em Educação. 
 
 
 
 
Orientador 
Profa. M. Sc. Paula Andréa Prata Ferreira 
 
 
Coordenação Central de Educação a Distância 
Curso de Especialização Tecnologias em Educação 
 
 
Jí-Paraná 
Novembro de 2010 
 
 
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem 
autorização do autor, do orientador e da universidade. 
 
 
 
Perfil do aluno 
Sou vírgula e nunca um ponto final. Feito de sonhos, movido por projetos. 
Aprendi gostar do meu nome e, por conseguinte gostar de mim. Três coisas me 
salvaram do desespero: ter uma família, ser amado e a paixão pela leitura. 
Catarinense por questões biológicas e Jiparanaense por circunstâncias sócio-
culturais. Formado em Pedagogia- Educação Infantil e Anos Iniciais e Orientação 
Educacional. Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, Psicopedagogia 
Clínica e finalizando o Curso de Serviço Social. Atualmente exercendo a função 
de Orientador Educacional na Escola de Ensino Fundamental e Médio Juscelino 
Kubitschek de Oliveira em Ji-Paraná. 
 
 
 
Dedicatória 
Para: Érica Massalai, mãe e anjo cuidador. Márcia Andréia K. Massalai, irmã e 
amiga. Josane, irmã por adoção e confidente. Jurema, diretora da escola Juscelino 
Kubistchek de Oliveira por me recolher quando estava “rodado” na Representação 
de Ensino, sem escola para trabalhar. Cida, Dilça, Inês e Neide, “meninas” da 
secretaria da escola pela ajuda atenta e valiosa em todos os momentos. Divina e 
Francis, por me acolher incondicionalmente no LIE. Todas as professoras e 
professores da escola pelo respeito e validação do meu trabalho. As senhorinhas 
da cozinha e dos serviços gerais por me paparicar tanto. Cléo do NTE de Ji-
Paraná por ser tão delicada e elegante comigo fazendo-me ver e crer o quanto sou 
capaz. Às crianças e adolescentes do 1º ao 6º ano pelo milagre da alegria 
irreverente, do sonho e da festa. 
Ao Ney Leal, amigo e companheiro de vida comum. 
 
 
 
 
Agradecimentos 
Às colegas do Curso por serem exemplo de superação e apoio. Às queridas Ana 
Paula Abreu Fialho, Mediadora e Paula Prata, Orientadora, pela paciência 
pedagógica firme e afetiva, promotoras de amadurecimento. 
 
 
 
 
Resumo 
O trabalho que segue é antes de tudo um exercício de leitura e compreensão mais atenta 
de como funciona o Laboratório de Informática educativa da Escola Estadual de Ensino 
Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira, no município de Ji-Paraná em 
Rondônia, nos três períodos em que a escola atende sua clientela, a saber: matutino, 
vespertino e noturno, cada período acompanhado por uma coordenadora específica para 
tal. Como relato de experiência, este exercício de pesquisa tem como objetivo precípuo 
perceber, entender e posteriormente identificar como professores e alunos ocupam e 
utilizam o espaço do LIE para promoção da aprendizagem. Foram ouvidos professores, 
alunos e coordenadoras do LIE e ainda feitas algumas observações no próprio LIE, 
observações estas com características da observação participante. Percebeu-se que o LIE 
é um espaço muito mais utilizado pelos alunos do que pelos professores ou por estes com 
seus alunos. Notou-se que todos o percebem de fato como um espaço de aprendizagem 
em que o elemento „pesquisa‟ tem preponderância sobre outros. Além disso, quando os 
professores acompanham o aluno, este aproveita melhor o espaço do LIE. Ficou bastante 
claro também que muitos professores utilizam as tecnologias em suas aulas e com 
experiências significativas, mas que não são compartilhadas com seus pares em momento 
algum, pois cada um trabalha de forma isolada. Cada um na sua solidão. 
 
 
Palavras-chave 
1. Informática Educativa. 2. Aprendizagem. 3. Currículo. 4. Formação de 
Professores. 5. Gestão Democrática. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
Lista de Imagens ...................................................................................................... 8 
Lista de Gráficos ...................................................................................................... 9 
Lista de Tabelas ...................................................... Erro! Indicador não definido. 
1 - Introdução......................................................................................................... 10 
2 – As novas tecnologias e a escola da educação básica ....................................... 15 
2.1 - A escola na cultura digital ....................................................................... 166 
2.2 - O letramento digital ou a alfabetização tecnológica .................................. 19 
2.3 - A Escola de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de 
Oliveira – história e contexto ........................................................................... 211 
2.4 - O cenário e a metodologia da pesquisa ..................................................... 28 
2.5- A fala dos sujeitos: coordenadoras, professores e alunos ........................... 30 
2.6- As fichas de agendamento para alunos e professores no LIE como 
instrumento de racionalização.......................................................................... 422 
2.7- A Noite Cultural: Diversidade Cultural na América Latina e Caribe....... 455 
Conclusão ............................................................................................................ 488 
Referencias Bibliográficas ................................................................................... 522 
Anexos ................................................................................................................. 544 
Anexo I – Plano de ação do Laboratório de Informática Educativa da Escola 
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubitschek de Oliveira . 544 
Anexo II – ficha de agendamento para alunos ................................................... 56 
Anexo III – Ficha de Registro de aula para o Laboratório e Telessala – Seduc 57 
Anexo IV – Ficha de agenda para as professoras do período vespertino .......... 58 
 
 
 
 
 
 
Lista de Imagens 
Imagem 01: espaço de lazer chamado Beira Rio Cultural que fica localizado as 
margens do Rio Machado que corta a cidade........................................................23 
Imagem 02: campinho de futebol improvisado localizado na Rua Maringá 
próximo ao Estádio de Futebol chamado Biancão.................................................24 
Imagem 03: Logomarca do Programa Gescolar....................................................26 
Imagem 04: Crianças do 5º “A” fazendo pesquisa no LIE sobre Juscelino 
Kubistchek de Oliveira, para projeto, cujo objetivo era resgatar a história da 
escola.....................................................................................................................41 
Imagem 05: Visão panorâmica do LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental 
e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira em dia reservado para o uso exclusivo 
de professores........................................................................................................41 
Imagem 06: Cartaz afixado na porta do LIE lembrando aos alunos os horários em 
que o mesmo está reservado somente para professores ........................................42 
Imagem 07: Cartaz confeccionado por uma turma de alunos do Ensino Médio 
Regular do período noturno, representandotrazendo informações sobre a culinária 
cubana....................................................................................................................46 
Imagem 08: Mesa enfeitada com comidas frutas e comidas típicas.....................46 
Imagem 09: Grupo de alunos do Ensino Médio caracterizados para executar uma 
dança típica.............................................................................................................47 
Imagem 10: Desfile das Bandeiras de todos os Países da América Latina e 
Caribe.....................................................................................................................47 
 
 
 
Lista de Gráficos 
Gráfico 01: Local de nascimento dos alunos da Escola Estadual de Ensino 
Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira – ano de 2010...............27 
Gráfico 02: Curso do Proinfo Integrado “Introdução à educação digital”............37 
 
Lista de Tabelas 
Tabela 01: Número de alunos e local de nascimento.............................................27 
 
 
10 
 
1 - Introdução 
“Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa é próprio de uma educação 
interdisciplinar, que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-
escola”. (FAZENDA, 1995, p.88) 
A primeira pergunta que poderíamos nos fazer, simples por sinal, tem um 
caráter teleológico: “para que serve o laboratório de informática educativa em 
uma escola?”. Qual sua finalidade dentro de um contexto em que a escola não 
pode ser uma ilha, à medida que o seu entorno - e leia-se aqui, todos os outros 
espaços – possuem dimensões pedagógicas e de aprendizagens que transcendem o 
currículo escolar e que muitas vezes o superam. Já foi o tempo em que a escola 
era concebida como a única promotora de saber. Hoje ela é apenas uma 
juntamente com tantas outras. Porém, não queremos dizer que perdeu sua 
importância para a formação das pessoas. 
Olhando com mais atenção a realidade das escolas estaduais e municipais 
de Jí-Paraná, constata-se que em sua grande maioria que existem laboratórios de 
informática educativa. Este é um fato. Agora, se questionamos como este espaço 
está sendo “habitado”, aí a história muda de figura. É verdade também que de uma 
forma ou de outra, os alunos acessam a internet e tem contato com o computador 
via lan houses da cidade. Isto foi comprovado por mim mesmo quando 
acompanhava uma atividade de pesquisa com a professora Abiu
1
 em uma turma 
do 4ª ano do Ensino Fundamental. Ao começar as atividades com Geografia, 
motivou os alunos que antes pesquisassem em casa o significado da palavra 
“Geografia”, e aí, foi dando exemplos de fontes de pesquisa. Ficamos surpresos 
que, a grande maioria citou a internet como fontes de pesquisa e dos 35 alunos da 
sala, 21 tinham acesso à internet, e muitos destes, nas lan houses de seus bairros. 
 
1Usaremos nomes de frutas como codinomes, de forma a preservar a identidade dos professores. Assim, o 
abiu é uma fruta silvestre da região amazônica e do Peru, levemente adocicada. 
 
 
11 
 
Diante do aumento de tantas possibilidades causadas pelas transformações 
tecnológicas e seu adorável mundo novo, a era da internet ou da informatização, 
(não sei bem qual definição ficaria melhor aqui), trouxe mudanças inexoráveis 
não apenas em termos de praticidade, mas na visão de mundo e na forma de como 
concebemos as coisas. Nossa visão de mundo foi e está mudando pela rapidez das 
transformações causadas pela interne. São novas necessidades causadas por tantas 
mudanças. 
Weiss (2001) defende a idéia de que a informática tornou-se uma 
necessidade no mundo em que vivemos. Assim, é a escola que tem a missão de 
preparar o indivíduo para dar respostas aos desafios desta sociedade e não pode 
simplesmente ignorá-la ou deixar de tomá-la como aliada no processo de ensino-
aprendizagem, até porque as crianças já nascem mergulhadas em um ambiente 
altamente tecnologizado. E, que neste sentido, a informática educativa pode 
auxiliar na promoção de um currículo acadêmico integrado, mas que é preciso 
definir quais são os objetivos da Informática Educativa na escola. 
 A realidade pede um professor atento às mudanças e não apenas um 
neólatra. Um professor que veja seu aluno como parceiro no imenso desafio de 
transformar informação em conhecimento, e que, neste sentido, jamais será 
superado, pois como afirma Demo (2008, p. 14) desafiando-nos a caminhar, a nos 
colocarmos em marcha, apesar do atraso histórico: 
“No entanto, como as novas tecnologias vieram para ficar e só fazem inovar-se 
com pressa cada vez maior, elas acabam impondo-se à revelia da escola. É uma 
pena que a inovação tenha de vir de fora, compulsoriamente. Vamos pagar caro 
por esse atraso. No entanto, se quisermos mudanças de dentro, no sentido de 
saber lidar com as novas tecnologias em nome do direito de estudar da população, 
a figura-chave é o professor. Ele é o elo mais estratégico dessa corrente.” 
Percebemos muitos professores na escola, com boas práticas quando usam 
as tecnologias, mas solitários no seu fazer. Vejo isto em minha escola. Temos 
poucos espaços para trocas e partilhas. Perde-se uma riqueza muito grande porque 
 
 
12 
 
os professores não têm este espaço de trocas. Dentro deste contexto, Ramos 
(2009, p.4) diz claramente que: 
“A inserção do computador na escola para prover aprendizagem sugere mudanças 
pedagógicas que englobam a organização da escola, a dinâmica da sala de aula, o 
papel do professor e dos alunos e a relação com o conhecimento. É necessária 
uma reestruturação do ensino, não só na sua estrutura física e metodologia, bem 
como nas inter-relações, o que demanda uma nova postura profissional dos 
professores e um repensar dos processos educacionais, principalmente aqueles 
relacionados com a formação de profissionais e com os processos de 
aprendizagem.” 
É claro que o desafio de se avançar é uma tarefa hercúlea com o modelo de 
escola e de gestão que temos. Porém, é possível fazê-lo começando com a 
formação dos professores e de como esta deverá será feita. 
Tomando como base a realidade da escola onde atuamos, percebemos uma 
presença constante dos alunos no Laboratório, no horário oposto das aulas, 
principalmente alunos dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio. Os 
alunos freqüentam o LIE para fazer pesquisas solicitadas por seus professores, 
montar slides no Power Point para apresentação de trabalhos escolares, procurar 
vídeos no You Tube para alguma apresentação cultural e também para digitação de 
atividades. Não usam MSN ou Orkut porque estão bloqueados. Tais alunos muitas 
vezes estão à frente dos professores e sabem mais do que eles. Neste 
descompasso, se assim poderíamos dizer, é preciso não somente dar aos 
professores uma formação técnica do tipo como usar o computador, etc. 
Acreditamos que seja preciso aos poucos mudar toda uma cultura do uso de tais 
recursos. Não apenas usar as novas tecnologias com mentalidade tradicional. 
Mudar a mentalidade e a forma de ver tais instrumentos. É triste constatar, por 
exemplo, que a escola onde atuamos está entre as três piores no índice do IDEB
2
 
dentre as escolas estaduais de nosso município. 
 
2
 O IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Foi criado em 2007 com o objetivo de medir a 
qualidade do ensino das escolas da rede pública. 
 
 
13 
 
 Com o pouco tempo que tivemos do tempus fugit,voltamos nossa atenção 
sobre como os professores utilizam o laboratório de informática educativa da 
escola, como eles vêem este espaço e quais as dificuldades que sentem em utilizá-
lo, pois pelo que constamos, eles precisavam ser ouvidos e gostaram de conversar 
conosco. 
Trabalhamos com falas das duas coordenadoras do LIE, alguns professores 
e alunos dos anos finais do ensino fundamental e do terceiro ano do ensino médio. 
Isto nos possibilitou registrar como se fosse uma fotografia, talvez não muito 
nítida ainda, do Laboratório de Informática Educativa da Escola Estadual de 
Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira. Fotografia esta 
que foi sendo tirada enquanto cada pessoa ia relatando suas experiências. 
Foi um exercício de escuta atento e prazeroso que veio a confirmar mais 
uma vez a necessidade de tornar a nossa prática de gestores, não apenas 
interventiva, mas acima de tudo investigativa. A atitude investigativa é o motor 
básico do exercício profissional, pois possibilita o desocultamento do real a partir 
do momento que enquanto orientador educacional, por exemplo, investigo aquilo 
que eu conheço e que me incomoda, porque existe um imperativo ético-moral que 
me impulsiona: ajudar o educando a se ver, ver o outro e o mundo que o rodeia. E 
como diz Minayo (1999, p.17), “nada pode ser intelectualmente um problema, se 
não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática”. Sentimos que um 
dos grandes problemas da escola hoje é ouvir seus atores, interpretar suas 
necessidades e respeitar seus protagonismos. 
 O que segue é na verdade desejo sincero de registrar um pedaço da 
história da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek 
de Oliveira a partir do depoimento de alguns de seus atores quando falam partindo 
de suas visões sobre o que significa para eles o Laboratório de Informática 
Educativa no contexto da escola e de suas práticas educativas. Ao apresentarmos a 
visão das coordenadoras do LIE, alunos e professores, levantamos questões que 
 
 
14 
 
podem abrir caminhos para outras pesquisas. Como todo relato de experiências, 
este trabalho poderá ter outros desdobramentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
2 – As novas tecnologias e a escola da educação básica 
“Nem a salvação nem a perdição reside na técnica. Sempre ambivalentes, as 
técnicas projetam no mundo material nossas emoções, intenções e projetos. Os 
instrumentos que construímos nos dão poderes, mas, coletivamente responsáveis, 
a escolha está em nossas mãos.” (LÉVY, 1999, p. 16-17) 
 É sempre tentador achar que as novas tecnologias resolverão todos os 
problemas da educação, ou parte deles. Que basta, por exemplo, dotar a escola de 
um excelente laboratório de informática ou outro aparato qualquer que venha 
trazer a sensação de que agora sim, as dificuldades daquela escola serão resolvidas 
e seus alunos aprenderão mais e se tornarão cidadãos mais críticos. Acreditamos 
que a inserção das novas tecnologias ajuda sim, porque são atrativas para os 
alunos; porém, é preciso que sejam repensadas as formas de como estas são 
utilizadas na escola. 
“É papel da escola democratizar o acesso ao computador, promovendo a inclusão 
sócio-digital de nossos alunos. É preciso também que os dirigentes discutam e 
compreendam as possibilidades pedagógicas deste valioso recurso. Contudo, é 
preciso estar conscientes de que não é somente a introdução da tecnologia em sala 
de aula, que trará mudanças na aprendizagem dos alunos, o computador não é 
uma “panacéia” para todos os problemas educacionais.” (Rocha, 2008, p.01) 
Encontramos na escola onde trabalhamos alunos que não manipulam a 
internet ou não tem acesso ao computador, mas vivem em uma sociedade que de 
certa forma está tão enredada com o linguajar tecnológico, que não é mais 
possível fazer de conta ou prescindir dele. Assim, faz parte do cotidiano de nossos 
alunos o acesso ao mundo das tecnologias mesmo que através de mínimos sociais, 
isto é, via escola, um cursinho oferecido por tal deputado ou programas oferecidos 
pela prefeitura. 
Percebemos quando conversamos com os alunos dos 6º ano até o ensino 
médio, um forte sentimento de exclusão que faz com que percam a dimensão do 
sonho, de uma perspectiva melhor de vida. O cotidiano desses alunos é marcado 
por forte sentimento de exclusão, ao mesmo tempo em que necessitam quase que 
desesperadamente de referenciais para pautar suas vidas, e às vezes, encontram 
estas referências nos professores e na própria escola. 
 
 
16 
 
Dentro desta situação, Pais (2008) questiona que se a sociedade atual 
vivencia mudanças significativas na forma de organizar a vida cotidiana, a escola 
não pode ficar marginalizada deste processo evolutivo. E que se o contexto social 
onde a escola está inserida está tomado por inovações tecnológicas, sem o 
domínio das mesmas, é quase que impossível de se conquistar a cidadania. Como 
fazer com a escola seja um espaço de construção desta cidadania e que os alunos 
sejam estimulados a construí-la juntamente com todos os envolvidos no processo 
educativo? 
Quem convive diariamente com alunos em uma escola pública de periferia 
em um bairro periférico sabe de que tecido é feito este cotidiano. Cotidiano que 
poderíamos caracterizar como aquele: 
[...] de todos os dias e de todos os homens, [...] percebida e apresentada 
diversamente nas suas múltiplas cores e faces: a vida dos gestos, relações e 
atividades rotineiras de todos os dias; um espaço do banal, da rotina e da 
mediocridade; um espaço privado de cada um, rico em ambivalências, 
tragicidades, sonhos e ilusões; o micro mundo social que contém ameaças e, 
portanto, carente de controle e programação política e econômica; um espaço de 
resistência e possibilidade transformadora. (CARVALHO & NETTO, 2005, p. 
14) 
Então, o que a informática, a internet, as tecnologias podem trazer de 
possibilidade para superar esta exclusão e dar ao currículo, à escola uma 
expressão mais viva e mais dinâmica? Haja vista que em meio à algazarra dos 
alunos ou entre uma agressão, manifesta-se a necessidade de mudanças. O que um 
Laboratório de Informática poderia agregar de novo na função e no significado da 
escola ontologicamente? Pois ela continua, às vezes, sendo uma das poucas 
referências de cidadania e promoção de vida. 
2.1 - A escola na cultura digital 
O uso da internet na escola está inexoravelmente mudando as relações 
entre professores e alunos e a forma como estes dois atores aprendem e ensinam. 
Mudam-se as relações e as concepções do que seja ensinar e aprender, como 
também a concepção do que é a função da escola. São mudanças colossais que 
 
 
17 
 
nem sempre são bem ou pacificamente assimiladas pela escola. Antes de tudo, 
tem de ser vistas como mudanças culturais, discutidas na escola. Com muita 
propriedade Fagundes (2006) afirma que: 
“Trata-se de uma mudança de cultura, mudanças de concepções, de um novo 
paradigma. Esta situação provoca instabilidade e muitas incertezas. Toda a 
formação dos professores tem sido feita em cima de certezas, de princípios 
estabelecidos para a preservação, para a conservação, na concepção de que um 
bom professor deve conhecer mais profundamente o que vai ensinar. É corrente 
afirmar-se que os professores estão mal preparados porque não „dominam‟ os 
conteúdos que ensinam. Além disso ele também deve ter um bom „domínio‟ de 
sua classe de alunos, para manter a disciplina, referindo-se ao „bom 
comportamento‟ dos alunos. E nesta formação eles dominam também os 
materiais pedagógicos, manejam bem as tecnologias de ensino.” 
O grande “tapa na cara” - com luva de pelica é claro, - que Léa Fagundes 
nos dá e que nos tem provocado muita reflexão, é quando ela trabalha a idéia de 
que não se trata de integrar as tecnologias no currículo, e sim, integrar a escola a 
cultura digital.Percebemos que a escola permanece com sua cultura, com sua 
tradição e quando se apropria da tecnologia quer colocá-la a serviço da 
preservação de um passado arcaico e autoritário, como também com suas 
respectivas metodologias e visões de mundo que não respondem mais a vida atual. 
Ora, se pensarmos com um pouco de coragem, vamos assumir que a escola não 
está respondendo àquilo que lhe cabe neste novo século de novas luzes, novas 
formas de conhecimentos dinâmicos e altamente criativos. É como se 
estivéssemos vestindo ou tentando vestir uma roupa que não nos cabe mais. Se 
formos olhar atentamente vamos considerar que Pais (2008, p. 14) têm razão 
quando afirma que: 
“Tendo em vista que a prática docente está essencialmente associada à natureza 
das ações realizadas pelos alunos, a ampliação das atividades didáticas através do 
computador, a ampliação deve levar em consideração esses dois níveis de 
envolvimento. Ações de professores e alunos são redimensionadas pelo uso desse 
novo suporte didático, ditando uma postura de envolvimento que certamente não 
se identifica com as condições tradicionais. Em outros termos, a construção das 
competências objetivadas para a formação do aluno depende também da 
disponibilidade do professor de se engajar na redefinição de sua própria prática, 
incorporando a ela a componente tecnológica de sua própria formação. Para isso, 
 
 
18 
 
é preciso que a iniciativa individual de cada um seja exercida em sintonia com a 
capacidade de participar ativamente em propostas de trabalho coletivo.” 
É verdade: a cultura digital é uma nova cultura e que exige tempo para ser 
assimilada. Exige tempo sim, mas necessita coragem, empenho para ser 
implantada e assumida na escola e, além disso, que não basta conseguir 
equipamentos, para que esta inclusão se efetive. É o que Fagundes (2006) defende 
como um grande desafio, a saber: o de incorporar as tecnologias como 
ferramentas de ensino, ou seja, integrá-las às práticas docentes. 
Dentro desta nova cultura digital, sem querer entrar em neologismos 
maçantes ou modismos pedagógicos que fazem perder a força das teorias que os 
engendraram, o professor assume o papel de aprendiz permanente. Não existe 
mais alguém formado, pronto e acabado. E isto nem sempre é fácil de assimilar 
dentro de uma cultura que ainda continua imperando nas escolas, ou seja, aquela 
em que o professor tem imensa dificuldade para sentar e estudar. Como superar 
esta resistência que domina o processo da formação continuada? Uma das 
propostas seria a de ajudar os educadores a tematizar suas práticas. Temos feito 
pequenas experiências em nossa escola e tem dado certo, ajudando assim os 
professores a vencer com paciência esta resistência em estudar e aprender a lidar 
com o computador, por exemplo. 
Tivemos por um tempo no primeiro semestre de 2010, uma sessão de 
estudos promovida nas segundas-feiras no horário oposto, onde buscamos ajudar 
os professores do 1º ao 5º ano a melhorar suas práticas pedagógicas à medida que 
refletiam. A partir destas sessões, surgiram atividades interessantes como o uso do 
blog com seus alunos por determinadas professoras. O que nos faltou foi mais 
interação com o laboratório de Informática e TV Escola, para assim expandirmos 
ainda mais o uso das mídias no cotidiano escolar. Estas sessões ficaram paradas 
por um tempo em função da troca e da saída da supervisora para outra escola e 
agora estão sendo timidamente retomadas. O grande desafio futuro é fazer estes 
momentos com professores do 6º ao 9º ano e o pessoal do ensino médio. 
 
 
19 
 
Percebemos que eles possuem mais resistência. Porém, pedem ajuda e se 
ressentem quando observam o pessoal dos anos iniciais do ensino fundamental 
sentando e trocando entre si. Outro dia um aluno do 3º ano do ensino médio veio 
até a coordenação pedagógica e desabafou: “estou terminando o ensino médio sem 
noções básicas de química”. É uma pancada no estômago ouvir um grito como 
este. E quando estas situações acontecem - e que não são poucas e nem isoladas - 
somos acometidos, às vezes, por um sentimento de impotência. Outras vezes, de 
revolta e tantas outras de frustração. A reação mais natural, diríamos assim, é de 
buscar um culpado. É culpa de quem quando o aluno não aprende ou quando 
visivelmente ele está saindo da escola sem as competências necessárias para dar 
prosseguimento aos estudos, por exemplo? Defendemos aqui a idéia de que a 
escola precisaria se avaliar mais vezes enquanto instituição. Acompanhar melhor 
seus professores e suas práticas. Orientá-los. Ouvi-los. Para ajudar vale citar uma 
provocação de Fagundes (2006) quando afirma que: 
“Em nossa concepção, o auxílio de que o professor precisa, e merece receber, 
deve se constituir num apoio em serviço e em experiências de capacitação, em 
que ele possa experimentar por si mesmo as novas práticas de uso das tecnologias 
na educação, interagindo com seus pares na realidade de sua escola. Essa 
formação precisa ser compartilhada, mantendo-se a comunicação na rede para 
sustentar os questionamentos e as reflexões pertinentes. Para tornar-se um 
orientador da construção de conhecimento de seus alunos, ele precisa também 
tornar-se um construtor de inovações.” 
Assim o que está em jogo nesta mudança de visões e postura dos 
professores, muito mais do que reprovar ou não os alunos, é o desafio de saber 
como incorporar as tecnologias às atividades de sala de aula, com avaliações 
capazes de medir as habilidades e competências que as novas gerações precisam 
desenvolver para viver em tempos tão desafiadores. 
2.2 - O letramento digital ou a alfabetização tecnológica 
A escola do jeito que está ai já não responde mais. Percebo isto em 
relação à situação dos alunos que estão saindo do ensino médio na minha própria 
escola. O descontentamento é imenso. Em coro eles dizem que não estão 
 
 
20 
 
preparados para nada. Ler, escrever e interpretar, esta última muito mais, são 
habilidades indispensáveis para que uma pessoa seja mais cidadã, ainda mais 
quando levamos em conta a realidade de um país como o nosso onde cidadania, 
democracia e luta por direitos e políticas públicas ainda são realidades incipientes. 
No inicio do ano, quizemos perguntar para os pais o que eles estavam 
achando da qualidade do ensino que a escola estava oferecendo. Tivemos duas 
surpresas: a primeira delas é que os pais não queriam responder porque estavam 
muito ocupados ou atrasados para o trabalho. Claro depois avaliamos nossa forma 
de abordagem pois ela mesmo teve seus contratempos. A segunda surpresa foi 
constatar que 98% estava contente e achava o ensino de ótima qualidade. No 
fundo eles não tem noção do que seja uma educação de qualidade, pois para a 
maioria, a função da escola é ensinar ler e escrever. No entando, podemos 
constatar o porquê toda esta noção trazida pelos pais está equivocada, como 
mostra as palavras de Demo (2008, p. 11): 
[...] “Se fôssemos corretos com as crianças, elas teriam que ser alfabetizadas com 
computador, pela razão simples de que essa máquina (ou algo similar) vai ser 
parceira delas pela vida afora, inevitavelmente. Alfabetizar sem computador 
significa, falando cruamente, atrasar a vida da criança. Temos inúmeras 
razões/desculpas para não fazermos isso, a começar pelos custos e problemas de 
acesso, em especial por parte das populações mais marginalizadas. Por isso 
mesmo, não cabe fantasiar propostas que não têm a mínima condição de 
realização concreta. Ademais, ler, escrever e contar é muito pouco, quase nada, 
ainda que demoremos até três anos para inventar esta mixaria. Não se trata, como 
se alegou, apenas de fluência tecnológica, mas de cidadania fluente que sabe 
aproveitar-se de novas plataformas tecnológicas para colocar o bem comum 
acima das apropriações privadas.” 
Diante do exposto, questiono o modelo de escola que temos e não a sua 
importância.Não é somente mudar o currículo, temos que repensar a escola no 
seu sentido mais amplo. Hernández (1998, p. 19) prefaciando o seu livro 
Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho, corrobora 
justamente este nosso posicionamento quando afirma que o interessante na 
experiência sua com projetos de trabalho foi: 
 
 
21 
 
“Comprovar que era possível organizar um currículo escolar não por disciplinas 
acadêmicas, mas por temas e problemas nos quais os estudantes se sentissem 
envolvidos, aprendessem a pesquisar (no sentido de propor-se uma pergunta 
problemática, procurar fontes de informação que oferecessem possíveis respostas) 
para depois aprender a selecioná-las, ordená-las, interpretá-las e tornar público o 
processo seguido”. 
A escola não é a única que educa, por isto precisa aprender a articular. 
Fico pasmo quando percebo que ainda temos professores “ensinando geografia, 
história e etc.” somente com questionário. Outro dia, por exemplo, um aluno 
questionou um professor na escola que pediu que a turma fizesesse 20 questões do 
conteúdo de determinada disciplina. Ele respondeu para o professor: “Do que me 
adianta tudo isto? Vou aprender o que com isto?”. E aí já sabemos onde o aluno 
foi parar. Não se trata de adaptar as novas tecnologias ao cotidiano das escolas, 
mas acompanhar a autonomamente as mudanças colossais que vão acontecendo 
no mundo, onde já ouvimos falar da web 3.0, ou seja, a web semântica. O 
letramento digital é um desafio imperioso acima de tudo para professores e 
gestores. 
2.3 - A Escola de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de 
Oliveira – história e contexto 
O Governador do Estado de Rondônia, Ângelo Angelim
3
, conforme consta 
do Decreto 2728 de 17 de setembro de 1985, no uso das atribuições que lhe eram 
conferidas o art. 70, inciso III da Constituição Estadual, e, além disso, o que 
consta do processo N.º 001147, legitimou a criação da Escola de 1º e 2º Graus 
Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizado na Rua Governador Jorge Teixeira, 
827 no Bairro de Nova Brasília. No art. 2º do mesmo decreto estabeleceu a 
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Ji-Paraná a responsabilidade de 
 
3
 Foi nomeado como governador pelo então presidente da República José Sarney e encerra assim em 
Rondônia, o ciclo dos governadores nomeados. Governou Rondônia de maio de 1985 a 14 de março de 1987. 
Sua administração procurou priorizar o setor produtivo, a educação e a saúde. Concorreu para senador em 
1990, mas não foi eleito. 
 
 
 
22 
 
adotar as providências necessárias ao funcionamento da referida Escola. De 
acordo com o Parecer 169/CEE/RO/98 a escola passou a se chamar Escola 
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubitschek de Oliveira, 
localizada a Rua Governador Jorge Teixeira nº. 827 – Bairro de Nova Brasília em 
Ji-Paraná – Rondônia - CEP 76.908-468. 
Atualmente a escola atende alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental 
e Médio, EJA fundamental e médio, funcionando nos três períodos: matutino, 
vespertino e noturno. Além de possuir professores habilitados nas mais diversas 
áreas, conta com os seguintes especialistas no seu quadro gestor: duas 
supervisoras e dois orientadores educacionais. Quanto à direção da escola, por 
mais que assuma um discurso democrático, e de gestão democrática, foi nomeada 
via indicação política, contrariando o que estabelece a LDB 9.394 de 20 de 
Dezembro de 1996 quando afirma no artigo 14: 
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do 
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e 
conforme os seguintes princípios: 
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou 
equivalentes. 
 A escolha dos diretores por indicação política causa na escola um 
retrocesso quanto à prática da gestão democrática, já que a nomeação coloca de 
lado a escolha direta de seus representantes. Percebem-se diretores amarrados e 
engessados por falta de respaldo junto a seus representados, perdendo assim a 
credibilidade da comunidade educativa. 
A comunidade da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio 
Juscelino Kubitschek de Oliveira possui uma clientela cujo padrão 
socioeconômico é constituído por famílias em sua grande maioria de baixa renda e 
 
 
23 
 
que recebem Bolsa Família
4
. É elevado o número de alunos que vivem somente 
com as avós, cujos pais foram trabalhar ou nos Estados Unidos, Espanha e 
Portugal ou mesmo em fazendas de gado nas regiões próximas. Os bairros do 
entorno onde a escola está inserida são muito violentos, onde a ausência do Estado 
é quase que absoluta quando se pensa em políticas públicas voltada para a saúde, 
deporto e lazer. A cidade de Ji-Paraná tinha, segundo o censo de 2000, 111.010 
habitantes. E quando se pensa em áreas de lazer, vamos verificar que são poucas 
para o número de habitantes que a cidade possui. Constatamos três espaços 
públicos e que estão localizados no centro da cidade. Um deles aparece abaixo na 
imagem 01. A maioria dos espaços de lazer são campinhos de futebol que a 
própria população organiza, conforme consta na imagem 02. 
 
Imagem 01: espaço de lazer chamado Beira Rio Cultural que fica localizado as 
margens do Rio Machado que corta a cidade. 
 
 
4 O Programa Bolsa Família foi criado para ajudar as famílias de baixa renda e garantir a elas o direito à 
alimentação, acesso à educação e à saúde. Tem como objetivo maior a inclusão social por meio de 
transferência de renda e garantia de acesso a serviços essenciais. 
 
 
 
24 
 
 
Imagem 02: campinho de futebol improvisado localizado na Rua Maringá 
próximo ao Estádio de Futebol chamado Biancão. 
 São poucos os espaços públicos de lazer, o que de certa forma justifica o 
alto índice de criminalidade juvenil. Em entrevista realizada com a assistente 
social do CREAS
5
, e que trabalha com o programa Liberdade Assistida
6
 
verificamos que são atendidos por mês de 45 a 50 casos de adolescentes e jovens 
em conflito com a lei. 
A relação entre ausência de espaços públicos de lazer e aumento de 
violência e criminalidade juvenil é reforçada por Silva e Versiani (2009, p.6-21) 
quando afirmam que: 
“O lazer transcende as esferas do descanso e do divertimento para se firmar, por 
meio de sua vivência, também como um instrumento de resistência à realidade 
desigual em que vivem os homens e como um veículo propulsor de 
desenvolvimento humano, principalmente quando sua prática se orienta a partir 
de valores educacionais. E que quando o jovem não tem muitas opções para se ter 
uma vida saudável, quando o mesmo não quer (ou não pode) estudar, não trabalha 
(ou trabalha informalmente fazendo os chamados „bicos‟), alimenta-se mal, 
dorme mal, é discriminado socialmente, não pratica esportes porque não tem 
 
5
 Centro de Referência Especializadoda Assistência Social é um dispositivo do Sistema Único da Assistência 
Social que trabalha com famílias em situação de risco pessoal e social. 
6
 Liberdade Assistida é um programa que prevê medidas sócio-educativas a jovens com idade entre 12 e 21 
anos, que tenham cometido atos infracionais. 
 
 
 
25 
 
como entrar na escola (porque não estuda nela) e em seu bairro (ou na região) não 
possui espaços públicos para a prática de atividades físicas, culturais, de lazer, a 
única alternativa para não ficar totalmente „à toa‟ é assistir televisão, quando não 
acessar a internet, ou passar um bom tempo com as „turmas‟ juvenis, como as 
gangues, por exemplo.” 
A escola, dentro deste microcosmo, se torna uma ilha de paz e um dos 
poucos lugares humanos. Existem centenas de igrejas evangélicas, cada uma com 
suas peculiaridades e com ênfase na teologia da prosperidade. 
 O bairro onde está inserida a escola não tem rede de esgotos e as ruas são 
de terra batida. Em muitas casas faltam até mesmo água tratada e serviço de coleta 
de lixo. 
Em meio a este contexto a escola atende atualmente mil e quatrocentos e 
sessenta e sete alunos, que vivem nos bairros próximos à escola: Nova Brasília, 
São Francisco, Val Paraíso e Juscelino Kubitschek. Conforme podemos constatar 
na tabela e gráfico abaixo (Tabela 01 e Gráfico 01 respectivamente), a partir de 
dados obtidos na secretaria da escola e que foram extraídos do Programa 
Gescolar
7
. Sobre o Gescolar, a diretora da escola informou que “ajudou muito na 
secretaria porque é mais completo do que o outro (Programa Aluno). Se a gente 
conseguir explorar tudo o que ele oferece, é fabuloso. A gente paga todos os 
meses R$ 100,00 para a manutenção dele e é uma beleza. Foi uma mão na roda 
para o pessoal da secretaria. Lá estão todos os dados dos alunos.” Conclui a 
diretora. 
 
7
 É um programa de gestão desenvolvido para instituições de ensino com o objetivo de gerenciar os registros 
da secretaria da escola sobre os alunos, professores, matrícula, controle de notas, emissão de boletins e 
espelhos, etc. 
 
 
 
26 
 
 
Imagem 03: Logomarca do Programa Gescolar 
Com a leitura dos dados obtidos podemos perceber que a maior parte dos 
alunos é nascida em Ji-Paraná, seguido de outras cidades do Estado de Rondônia, 
depois por outros Estados da Federação e até de outros Países. 
O Estado de Rondônia reconheceu um decréscimo da população migrante em 
relação a total. Em 1991, 62% da população era migrante. Segundo o último 
censo demográfico (2000), cerca de 52% são migrantes. Há grande redução da 
imigração para Rondônia que, revertendo sua condição de receptor, hoje pode ser 
considerado um estado de emigração, principalmente em favor de Roraima. Isto, 
no entanto, não significa que áreas específicas se revigorem através do estímulo 
de novos vetores. Caso exemplar e a cidade de Buritis (RO), a 300 quilômetros de 
Porto Velho. [...] Os resultados do último censo demográfico apontam para a 
confirmação do arrefecimento dos fluxos migratórios inter-regionais, ao mesmo 
tempo, que ocorre a acentuação da mobilidade espacial da população intra-
regional. Também seguindo a tendência nacional, mas, em ritmo menor, a 
Amazônica vem vivenciando um processo de urbanização acelerado ocasionado, 
principalmente, por movimentos migratórios do tipo rural-urbano. Nas últimas 
décadas, de 1970 a 2000 é forte a tendência da concentração populacional urbana 
e da urbanização do território com o surgimento de novos núcleos urbanos e 
municípios. (MARCONDES, 2009, p. 1) 
 Através da tabela abaixo se pode ter uma visão geral do número de alunos 
matriculados na escola em 2010 e onde nasceram. É oportuno lembrar que nem 
sempre este conhecimento a cerca da vida dos alunos são conhecidos pelos 
gestores e professores. Não são conhecidos e tampouco trabalhados e levados em 
consideração na prática pedagógica. 
 
 
 
27 
 
Nascidos em Ji-
Paraná 
Nascidos em 
outras cidades de 
Rondônia 
Nascidos em 
outros Estados 
Nascidos em 
outro País 
 
TOTAL 
Ensino Fundamental – 1º ao 5ª ano 
441 91 48 01 581 
Ensino Fundamental 6º ao 9º ano 
361 87 33 02 483 
Ensino Médio Vespertino 
63 13 05 0 81 
Ensino Fundamental Noturno - 6º ao 8º ano 
97 23 23 0 143 
Ensino Médio Noturno 
109 45 25 0 179 
1.071 259 134 3 1.467 
Tabela 01: Número de alunos e local de nascimento – matrícula 2010. 
 
 
 
Gráfico 01: Local de nascimento dos alunos da Escola Estadual de 
Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira – ano de 
2010. 
Um dos primeiros grandes desafios da escola é de fato ajudar o grande 
número de alunos que chegam ao 6º ano do ensino fundamental com grandes 
dificuldades na leitura e na escrita, bem como na alfabetização matemática. Um 
segundo desafio é acompanhar e ajudar os professores a tornar sua prática 
 
 
28 
 
pedagógica mais dinâmica e que responda ao que se espera da educação hoje. E o 
terceiro é tornar a gestão mais democrática e participativa incluindo dentro deste, 
momentos de avaliação enquanto instituição. 
2.4 – O cenário e a metodologia da pesquisa 
A prática do ouvir crianças, adolescentes e professores na escola tem se 
tornado para nós, exercício de humildade epistemológica e uma possibilidade 
imensa de conhecer estes atores, um exercício quase etnográfico, já que “perco”, 
às vezes, um longo tempo percebendo a rotina da escola com todas suas 
linguagens e linguajares. Sim, um exercício etnográfico já que de certa forma é 
uma etnografia escolar assim como no dizer de Geertz (1989, p. 7) falando do 
exercício de observar: 
“É como tentar ler (no sentido de „construir uma leitura de‟) um manuscrito 
estranho, desbotado, cheio de eclipses, incoerências, emendas suspeitas e 
comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas 
com exemplos transitórios de comportamentos modelados.” 
 Declarei este prazer durante todo o percurso desta pós-graduação e até o 
final “briguei” dizendo que meu interesse maior seria em ouvi-los, pois se não 
posso mudar nada sozinho, posso entendê-los, dar a oportunidade de falar. 
Fascinam-me as pérolas ditas e também aquelas não ditas no intervalo do 
silêncio entre um sorriso e uma expressão que não saiu da boca, que não foi 
proferida, mas poderia: “o que será que este cara quer perguntando isto para 
mim?” Ou no final da fala com uma professora: “agora me diga qual é mesmo o 
objetivo deste interrogatório? Soltou uma gostosa gargalhada em seguida. Ou 
outra: “que bom interagir com você, pois sempre saio acrescida”. E ainda outra: 
“Era somente isto? “O papo estava tão bom”. Percebemos o poder da palavra e da 
troca, palavra esta que no dizer de Bachelard (1990, p.35) ganha um significado 
por que: “Toda a expressão falada não é outra senão eco de uma sonoridade 
natural do ser, do seu ser. E sempre o ser, um ser, os seres são uma garantia da 
Palavra. O ser da Palavra é só uma forma do Ser. A Palavra é sempre um instrumento.” 
 
 
29 
 
 A palavra se tornou um instrumento e provocou em nós dois sentimentos: 
um de alegria e outro de reconhecimento de que não conhecemos o professorado 
da nossa escola. Não os escutamos como deveríamos. Porque nos esquecemos do 
puxão de orelha feito por Freire (2003, p. 45) quando afirma que: 
“Pormenores assim da cotidianidade do professor, portanto igualmente do aluno, 
a que quase sempre pouca ou nenhuma atenção se dá, têm na verdade um peso 
significativo na avaliação da experiência docente. O que importa, na formação 
docente, não é a repetição mecânica do gesto, este ou aquele, mas a compreensão 
do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada 
pela segurança, do medo que, ao ser "educado", vai gerando a coragem.” 
Todos os sujeitos que responderam às provocações da entrevista semi-
estruturada o fizeramnuma tarde de calor intenso (46 graus) em uma escola baixa, 
porque os engenheiros e arquitetos (estou sendo moderno e generoso de pensar 
que tais profissionais estiveram presentes no momento de pensar a construção da 
escola JK) que a planejaram jamais levaram em conta que vivemos em um Estado 
que faz calor quase todos os meses do ano, e que neste em especial, passa por uma 
seca terrível, como também, é claro, por conseqüência entendem bem pouco de 
educação ou porque jamais leram Freire (2003, p. 45): “a eloqüência do discurso 
„pronunciado‟ na e pela limpeza do chão, na boniteza das salas, na higiene dos 
sanitários, nas flores que adornam. Há uma pedagogicidade indiscutível na 
materialidade do espaço”. 
Quando se pensa em nossas escolas tem que se entender que elas foram 
todas feitas em toque de caixa dentro do contexto de um Estado de migração 
intensa que Perdigão e Bassegio (1992, p. 164) comentam que: 
“Estado de Rondônia começou a receber numerosos contingentes de famílias 
migrantes. Desta forma, enquanto a população não chegava a 37 mil habitantes 
em 1950, vinte anos depois, 1970, já estava com 70 mil. Já 1980 atingia quase 
500 mil habitantes. O crescimento nesta década foi de 16,1%. 
Com o lema “Integrar para não entregar” o regime militar incentivou a 
ocupação da Amazônia. Nossa escola foi criada, exatamente nesta década no 
boom da migração em 1985 De acordo com o senso demográfico do ano de 2000, 
 
 
30 
 
Rondônia tinha exatamente 1.379.787. Tudo foi feito assim meio como de 
provisório. 
Calor, fumaça, escola sem ventilação, salas superlotadas e o professor 
disputando com o barulho de dois ruidosos ventiladores a atenção dos alunos. A 
despeito deste ambiente nem um pouco confortável e favorável fomos recebidos 
com um alegre e respeitoso sorriso: “Pode ser aqui mesmo Locimar, aqui na sala 
de aula mesmo?”. Quanto aos alunos, no começo foram mais cautelosos, porém 
depois que o assunto se tornou familiar, a conversa rendeu e se tornou uma 
discussão coletiva. Enfim, um espaço de troca. Um papo legal. Um papo cabeça. 
2.5- A fala dos sujeitos: coordenadoras, professores e alunos 
A primeira pessoa a ser entrevistada foi a coordenadora provisória do LIE 
no período matutino, pois a outra está de Licença Prêmio. Formada em Letras 
pelo Prohacap
8
·. Anteriormente estava atuando na TV Escola. Não fez nenhum 
curso em Informática Educativa: “Aprendi em casa alguma coisinha, e agora estou 
aprendendo alguma coisinha aqui”, asseverou. 
A professora relatou que quando chega de manhã à escola, liga os 
computadores, arruma a sala e orienta na hora de imprimir os trabalhos dos 
alunos, como também anota o que querem pesquisar e o tipo de pesquisa. O que 
não entende, procura ajuda de algum professor. A entrevista com ela foi feita no 
próprio LIE, enquanto isso, animados grupos de alunos do ensino fundamental 
pesquisavam comidas típicas dos respectivos países que lhe tocaram por ocasião 
da Noite Cultural
9
. Ao se referir a um grupo dos animados adolescentes (eram 
seis) em um computador, disse: “aquela turminha está ali desde manhã e eles não 
 
8
 Programa de Habilitação e Capacitação em parceria com a Unir, Sintero e Prefeituras, cujo objetivo era 
qualificar professores leigos, desafio imposto pela LDB 9.394/96. 
9 Noite Cultural é um projeto que a escola desenvolve todos os anos colocando em evidência alguma situação 
peculiar dos países da América Latina e do Caribe. Cada ano é trabalhado com países de um continente e 
neste ano, estamos trabalhando com Países da América Latina e Caribe. 
 
 
31 
 
sabem o que querem, tentei ajudar. Querem comidas típicas do Brasil, querem 
coisas práticas, não querem ler receitas muito longas, preferem as gravuras e não 
querem ler as receitas. O professor que é responsável pela apresentação deles na 
Noite Cultural também tentou explicar, mas eles não entenderam. Com essas 
coisas da Noite Cultural, os alunos estão pesquisando muito. Eles têm 
dificuldades de ler para ver o que eles querem. Se o texto for muito grande, eles 
desistem logo”. 
Continuou relatando uma situação em que uma aluna veio pesquisar sobre 
a Guerra do Vietnã uns três dias consecutivos. Como o LIE
10
 estava muito cheio, 
e ela não entendeu nada, desistiu e disse: “Vou ficar sem a nota, não entendi 
nada”. 
Olha para mim, sorri e conclui sua fala dizendo: “É gostoso trabalhar aqui, 
porque o ambiente provoca”. 
Existiam alguns alunos do primeiro ano do ensino médio no LIE e aproveitamos 
para conversar com eles. Era um grupo de três alunos e todos afirmaram que o 
LIE significa pesquisa. Por exemplo: “Esse espaço para mim significa pesquisa”; 
“É bom para os alunos ter (sic) esse lugar para pesquisar”; “Os professores pedem 
muito para a gente pesquisar”. Um aluno relatou que a professora distribui os 
assuntos e disse: “Vocês escolhem se vão apresentar em slides ou cartazes. 
Quando a professora está junto, orientando a gente, é muito melhor”. Nesta fala se 
percebe claramente que para o professor o desafio maior é o de ajudar o aluno a 
transformar informação em conhecimento. Para Pais (2008, p. 20): “Cresce a cada 
dia a necessidade de um novo desafio docente que é a competência de trabalhar 
com informações, ter competência para pesquisá-las, associá-las e aplicá-las às 
situações de interesse do sujeito do conhecimento”. 
 
10
 Sigla usada para fazer referência ao Laboratório de Informática Educativa ou Educacional. 
 
 
32 
 
Os alunos quando se referiram a uma das professoras que os acompanha 
no LIE ressaltaram a professora Pupunha: “Gostamos da professora Pupunha
11
 
porque ela vem ajudar a gente mais vezes aqui no laboratório de informática. A 
maior dificuldade que temos é que a internet é muito lenta e aí fica todo mundo 
amuntuado (sic) em cima de um computador só”. 
Conversamos com um grupo de alunos do terceiro ano do ensino médio 
período vespertino, que estavam na escola na manhã do dia 24 de setembro de 
2010. Um deles, ao se referir à importância do LIE, asseverou: “Aqui é um lugar 
mais calmo para a gente estudar. Tem o ar condicionado, é mais fresco e a gente 
fica mais a vontade. O que a gente acha difícil é entender o conteúdo. A pesquisa 
na internet dá mais informações, pois o livro é muito limitado e aqui na internet 
não existe limite. A gente pesquisa aqui muito pouco porque tem poucos 
computadores e tá sempre cheio. Tem muita gente na sala que até tem 
computador em casa, mas não tem internet”. 
A outra coordenadora do LIE que atende no período vespertino e noturno e 
que agora passarei a chamar de Cupuaçu,
12
. Ela é formada em Educação Física 
também no Prohacap e tem especialização em Supervisão, Orientação e Gestão 
Escolar. Fez também o curso do Proinfo Integrado
13
. Na entrevista ela relata que a 
partir de sua experiência, percebe que os professores usam muito o LIE para 
 
11 A pupunha é uma palmeira nativa da região Amazônica consumida na forma de frutos e de palmito. É uma 
palmeira de clima tropical, que, quando adulta, pode atingir mais de 20 metros de altura em poucos anos. É 
usada também como uma palmeira ornamental. O consumo dos frutos da pupunheira, cozidos em água e sal, 
é tradicional na região Amazônica. 
12
 O cupuaçu é uma fruta grande, pesada, volumosa e perfumada. As folhas de sua árvore são grandes; suas 
sementes são muitas e também grandes, envoltas em uma polpa branca, ácida e de aroma bastante forte e 
agradável. 
13
 O curso de formação continuada do Proinfo Integrado é organizado em três etapas que juntos formam 180 
horas: Curso de Introdução à Educação Digital com 40 horas; Curso Tecnologias na Educação: Aprendendo e 
Ensinando com as TIC de 100 horas e o Curso de Elaboraçãode Projetos com 40 horas. 
 
 
http://educacao.centralblogs.com.br/post.php?href=proinfo+integrado+curso+completo&KEYWORD=5811&POST=3162309
http://educacao.centralblogs.com.br/post.php?href=proinfo+integrado+curso+completo&KEYWORD=5811&POST=3162309
 
 
33 
 
apresentação de trabalho e para fazer o diário eletrônico que foi adotado na escola, 
(não sem a resistência de muitos professores). Pais (2008, p. 15) ao falar desta 
resistência comenta que: 
“É possível perceber no cotidiano pedagógico uma certa expectativa, por parte 
dos professores, quanto à vontade de utilizar os novos recursos de informática na 
educação. Muitas vezes, essa expectativa até mesmo se transforma em sentimento 
de insegurança ou de resistência em alterar a prática de ensino. Nesse caso, tal 
como acontece na sociedade, alguns se reservam o direito de se colocarem à 
margem das transformações induzidas pela tecnologia e certamente passam a ter 
menos condições de vivenciarem a nova ordem profissional. Por outro lado, 
grande parte dos professores percebe a necessidade de aprimorar suas estratégias 
didáticas através do computador. Mesmo identificando dificuldades relativas à 
formação, percebe-se a existência de uma consciência voltada para a busca de 
propostas que possam atender a problemas lançados pela sociedade da 
informação.” 
A coordenadora relata que os do Ensino Médio têm mais facilidade porque 
usam mais o computador e a internet e os professores os provocam mais. Além 
disso, preferem trabalhar mais em casa ou na lan house. Já os do ensino 
fundamental, principalmente dos anos finais do ensino fundamental, freqüentam 
mais o LIE. 
Cupuaçu afirmou que uma das dificuldades é a linguagem do Linux, o que 
também foi relatado na fala dos alunos que usam em casa e nas lan houses o 
Windows: “A nomenclatura do Linux é mais complicada”, conclui Cupuaçu. 
Continuando nossa conversa disse que: “Às vezes os professores pedem pesquisas 
para os alunos, mas não conhecem o material a ser pesquisado. Pedem para 
pesquisar um site, por exemplo, sem nunca ter acessado o mesmo. Outro dia 
chegou aqui o aluno X, cujo professor mandou pesquisar um assunto em 
determinado site e este descobriu quando foi abri-lo que estava todo em Inglês. 
Conclusão: o professor não conhecia o site, pois não tinha antes visitado o 
mesmo.” 
Quando o assunto diz respeito às dificuldades encontradas nas atividades 
do LIE, Cupuaçu fala que o desafio maior é com os alunos “do período da noite, 
pois a maioria não sabe mexer no computador. Os professores pedem trabalhos 
 
 
34 
 
dentro da metodologia científica, mas os alunos nem sabem o que é uma folha de 
rosto. Os professores não explanam o assunto na sala de aula para depois 
encaminhar a pesquisa. Um professor encaminhou um grupo de alunos para fazer 
uma pesquisa sobre as idéias de Marx sobre Capitalismo, mas a gente vê que eles 
não têm noções mínimas de conhecimento sobre Marx, o que ele fez, escreveu e 
tampouco compreensão de conceitos elementares o marxismo. Ai fica 
complicado, né? Eu também tenho dificuldade de entender Marx, aliás, muita 
dificuldade mesmo”. Pondera que no “período da tarde os professores explanam 
mais os assuntos da pesquisa antes de mandar os alunos para o LIE. Neste período 
80% dos professores trabalham antes o assunto em sala de aula e 20% somente 
encaminha para a pesquisa. Seria interessante pelo menos o professor explicar 
para o aluno o que ele vai pesquisar”, conclui. 
Cupuaçu continua relatando que o objetivo principal do LIE é: “A inclusão 
digital de alunos e inclusive de professores, mas não sobra tempo nem para mim, 
nem para o professor parar e se preparar. Vejo muito os professores improvisando 
em relação ao LIE, chegam na hora e agendam (ver em anexo modelo de ficha 
que o professor preenche) sem planejamento”. 
A conversa vai animada e intensa com Cupuaçu. Ela nos informa que: “O 
laboratório funciona nos três turnos com 27 computadores ligados em rede. Vou 
te contar uma coisa interessante que aconteceu ontem noite e foi a primeira vez 
que a professora X, veio ao LIE. Observei que ela tem domínio de conteúdo e 
disciplina com os alunos. Tinha um senhorzinho que nunca tinha pego (sic) num 
no computador e no final ficou feliz da vida porque conseguiu digitar quatro 
frases. Mas eu vejo que a professora tem conhecimento da disciplina dela. 
Ontem
14
 isto aqui a tarde estava lotado com alunos da noite. O ano que vem vou 
sair do LIE, isto aqui é pouco valorizado. O povo fica achando que a gente vive só 
na internet”. 
 
14 23/09/2010 
 
 
35 
 
No outro dia Cupuaçu veio trabalhar no período matutino e estávamos 
fazendo o exercício de observar a rotina do LIE. Os alunos iam chegando aos 
poucos. Duas alunas entram e se dirigem a Cupuaçu dizendo: “É que a gente 
queria fazer uma pesquisa para a Noite Cultural”. Chegam mais duas e dizem: 
“Queremos pesquisar sobre Bahamas”. Entram mais quatro alunos da professora 
Pupunha e dizem: “Nós viemos fazer pesquisa sobre ciências. É para pesquisar 
sobre um animal que a gente quer conhecer mais, a professora Pupunha pediu”. 
Diante desta demanda a coordenadora Cupuaçu olhou para mim sorrindo e falou: 
“Deixa eu passar por esses meninos”. E admoesta-os: “Pessoal, vamos usar o fone 
de ouvido somente quando tivermos trabalhos com vídeo, tá beleza?” Neste 
momento já havia cinco duplas de alunos no LIE com dois alunos em cada 
computador e todos eram dos 6º anos. Cupuaçu falou com voz branda: 
“Meninada, se precisarem de ajuda estamos aqui, me chamem.” Olha, para e fala: 
“Locimar, vai ter tanta dança nesta Noite Cultural que será preciso duas noites 
para apresentar tudo. E as comidas típicas? Nem me fale”. 
Foi possível perceber que a maioria dos alunos presentes trabalhava com 
certa autonomia e discutiam baixinho o que estavam lendo seguida de anotações 
em seus cadernos. 
Quanto à entrevista com os professores conseguimos conversar com 
quatro, sendo que dentre eles, apenas dois não trabalham nos anos finais do ensino 
fundamental. Os outros dois trabalham nos anos finais do ensino fundamental e no 
ensino médio. Foram receptivos, abertos e gostaram muito da troca. Um deles 
questionou: “Porque a gente não fala disto mais vezes, né?”. 
 O primeiro entrevistado foi o professor Açai,
15
que leciona a disciplina de 
Física no ensino médio. Tem 32 anos e é graduado em Física pela Universidade 
 
15 O açaí é um fruto consumido há muito tempo pelos indígenas e moradores da região amazônica, devido as 
suas qualidades nutritivas. É também largamente utilizado para a produção de um refresco (“vinho” de açaí). 
O açaizeiro é palmeira tropical, perene, nativa da Amazônia oriental, predominante ao longo dos igarapés, 
terrenos de baixada e áreas com umidade permanente. 
 
 
36 
 
Federal de Rondônia. Trabalha na escola há três anos. Disse que compreende o 
LIE como um espaço onde os alunos se familiarizam com as tecnologias. Ele 
declarou: “Minha matéria precisa muito das tecnologias para avançar e ser mais 
atrativa para os alunos. Tenho um blog onde os alunos utilizam muito. Acessam 
mais na casa deles ou na escola em horário oposto cujo endereço é: 
www.fisicajk.blogspot.com”. E relata que o blog tem “estreita os relacionamentos 
entre professor e aluno”. E acentua ainda: “Gosto de levar meus alunos no LIE 
porque prezo muito a parte conceitual da física. Sei que eu preciso melhorar muito 
no uso do LIE, pois sei que informática e aprendizagem caminham juntas”. 
Informou que seu TCC de conclusão na graduação foi sobre “a construção de 
animações interativas fundamentadas em modelos que descrevem a natureza, 
principalmente os fenômenos da física e a aplicação de animações interativas 
como suporte didático à fundamentação teórica e explanações deconteúdos de 
cursos de física em sala de aula”. 
A próxima entrevistada foi a professora Uixi
16
 de Biologia que trabalha 
ciências nos anos finais do ensino fundamental e biologia no ensino médio. Muito 
animada e comunicativa disse: “Eu uso constantemente o LIE, às vezes até 
demais. Os alunos se sentem mais motivados, pois a internet traz novas 
informações, informações mais atualizadas, mais completas e atuais. E ali no LIE, 
uma coisa puxa a outra. Acho que toda a sala de aula deveria ser um espaço mais 
ou menos como o LIE. Ah se a internet funcionasse mesmo. Agora até que tá boa, 
mas a demanda é grande demais. Quando os alunos estão no LIE se integram 
mais. Às vezes eu venho no horário oposto para ajudar os alunos pesquisar e eles 
tiram dúvidas comigo. O único negativo é quando eles querem vasculhar o que 
não devem (sexo). Tem vezes que eles sabem mais coisas do que eu e me enrosco 
um pouco no salvamento de arquivos porque o Linux é difícil demais. Eu aprendi 
 
16 Fruta do mato que é muito perfumada e quando madura se aproveita a polpa e casca, que é fininha, para 
comer e ainda se faz brinquedos com o caroço que se divide ao meio e faz-se cuia, sutiã, óculos e etc. 
http://www.fisicajk.blogspot.com/
 
 
37 
 
mais sozinha do que em cursos. Eu tentei fazer o Proinfo, mas não gostei da 
metodologia”. 
 É muito comum o problema relatado pela professora em relação à 
metodologia do Proinfo. O professor começa animado e desiste. Estão 
sobrecarregados e não tem ânimo para vir no horário oposto. 
O gráfico abaixo (Gráfico 02) se refere aos dados sobre a capacitação em 
“Introdução à educação digital” oferecida pelo LIE em 2009 para professores da 
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de 
Oliveira, em Ji-Paraná/ RO. 
 
Gráfico 02: Curso do Proinfo Integrado “Introdução à educação digital” - 40 horas 
Acreditamos que a partir da idéia de Pais (2008) a inserção da informática 
na escola encontra-se imbricada entre as transformações tecnológicas e as novas 
condições de aprendizagem. E certamente a inserção da informática na educação 
provoca alterações tanto nas condições quanto na realização do trabalho didático. 
 
 
38 
 
A última professora entrevistada foi Cubiu
17
. Ela é formada em História 
pelo Prohacap, tem 49 anos e trabalha somente no ensino médio com as 
disciplinas de História e Filosofia. Ao falar da utilização do LIE em suas aulas 
disse: “Serve para aprofundar os conhecimentos e despertar nos alunos a 
necessidade de conhecer mais algo diferente. O aluno sai beneficiado porque entra 
em contato com a pesquisa. Só que do computador eu só sei relar (sic), tocar. 
Meus alunos sabem mais do que eu. Eu passo para eles a fonte de pesquisa. Quase 
não uso o LIE, porque se demora demais para conseguir uma vaga. Acho que os 
professores deveriam ter mais formação e mais tempo apropriado para isto, pois 
os cursos que são oferecidos precisariam ser mais sérios e despertar a vontade 
mesmo de participar”. 
 É muito interessante notar que nesta fala, a professora reconhece a 
importância do computador como instrumento de apoio à sua prática, bem como 
de sua fragilidade/limitação diante do mesmo. Porém, demonstra uma idéia de 
formação a partir de momentos especiais. Talvez por não tenha o alcance ou 
compreensão do que seja de fato uma formação em serviço e de como esta pode 
acontecer na escola. Como ela existe outros tantos professores em nossa escola 
esperando melhorar sua prática a partir de palestras - diríamos assim, 
“miraculosas” - que trouxessem de fato a receita para que os alunos aprendessem 
mais e motivados, etc. Já afirmamos isto em outra parte desta monografia e o 
retomamos agora: os professores estão muito sozinhos na escola, cada um com 
seu fazer e suas metodologias. Corrêa (2006, p. 48) ratifica com propriedade esta 
nossa fala quando afirma que: 
“O uso que fazemos dos recursos tecnológicos depende do contexto educacional 
no qual estamos inseridos e depende das redes cotidianas de trabalho que 
vivenciamos. A cultura é extremamente individualista – cada profissional deve 
 
17
 O cubiu é um fruto bastante nutritivo de sabor e aroma agradáveis. Na Amazônia, é usado pelas populações 
tradicionais como alimento, medicamento e cosmético. O fruto pode ser consumido ao natural, ou 
principalmente como tira gosto de bebidas, ou processado para sucos, doces, geléias e compotas. Pode ainda 
ser utilizado em caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango. 
 
 
 
39 
 
fazer-se por si mesmo -, o que consiste apenas numa linguagem mais atual para a 
antiga meritocracia. No dia-a-dia do trabalho, cada um deve garantir a sua sala de 
aula, a sua pesquisa, o seu projeto, a sua unidade de trabalho. Estamos 
permanentemente isolados.” 
 Vamos brincar com o texto: “bingo!”. Era isto mesmo que estávamos 
procurando para dizer do nosso sentimento em relação aos professores e 
professoras da escola onde atuamos. Teríamos que superar esta visão e prática 
individualistas no cotidiano a prática docente. Temos bons professores na escola, 
que gostam do que fazem e isto já é um bom começo, além disso, acreditamos não 
que não podemos prescindir deste sentimento. Porém, junto com um gostar, está 
também um melhorar e aprofundar a prática. Faltam rodas de conversa, momentos 
de trocas de experiências. E tanto quanto sabemos, os gestores tem muita 
responsabilidade quanto a isto. 
Vasconcelos (2006) defende que os gestores precisam provocar e 
dinamizar encontros semanais. Eles são a linha de frente desta ação. Estes 
encontros servem para refletir de forma critica e coletiva as práticas individuais e 
coletivas. São espaços singulares para que as questões de avaliação da 
aprendizagem e metodologias sejam rediscutidas, aclaradas e ressignificadas. Ao 
se perguntarem sobre os “porquês”, de suas ações e formas de concretizá-las, 
certamente estarão superando práticas autoritárias e obsoletas. Acreditamos neste 
processo e defendemos que a responsabilidade primeira está na mão dos gestores. 
Por exemplo, na nossa escola (estamos lá há quase três anos) não houve nenhuma 
avaliação sobre o uso do LIE tanto pelos professores, como pelos alunos. Não foi 
necessária ou não foi provocada? Sentida? Desejada? Estas perguntas ficam por 
aí, ecoando. Certamente não somente em nós. 
Encontramos hoje
18
, por ocasião de mais um momento de observação no 
LIE, um grupo de alunas do 9º ano e estavam pesquisando sobre a grande região 
amazônica. Já na reta final da pesquisa e ao imprimir o resultado final de sua 
 
18 19/10/2010. 
 
 
40 
 
busca, uma das adolescentes suspirou: “ainda bem que deu tudo certo”. 
Observando a dificuldade delas para imprimir o texto, pedimos para olhar e 
constatamos que era apenas uma cópia sem referência alguma de fonte. Ao serem 
questionadas sobre o que estava faltando no trabalho, a coordenadora do LIE 
adiantou-se e disse: “está fora da estética”. Não contentes, continuamos a 
questionar e mesmo assim não foi possível de que percebessem por elas mesmas 
que faltava a referência, uma introdução e uma conclusão ao trabalho. Falamos da 
importância de se colocar as referências, da necessidade de uma introdução e 
conclusão para cada trabalho. Após este discurso, uma das alunas observou: “o 
professor só manda a gente copiar e depois ele dá um visto e a gente sabe que não 
aprende muita coisa com isto. O que a gente aprendeu sobre a região amazônica 
foi com a professora da 4ª série.” Esta não é uma situação isolada na escola e abre 
precedentes para projetos com os professores e com os alunos para que aprendam 
a pesquisar e utilizem a metodologia da pesquisa no cotidiano de suas práticas. 
Estesprojetos são necessários, possíveis e urgentes! 
Tanto se falou da iniciação científica na educação básica e o quanto se 
precisa caminhar quanto a isto, pois é verdade que os procedimentos científicos 
tem que ser abordados desde cedo. 
“Nem sempre é possível à própria pessoa sozinha perceber as muitas leituras que 
sua prática revela. Nesse sentido, é fundamental o papel de um interlocutor que 
vá ajudando a pessoa a se perceber, que vá ampliando as possibilidades de leitura 
de sua prática docente e da prática docente de outros colegas. O papel de um 
supervisor ou de um coordenador pedagógico é fundamental nesse caso”. 
(FAZENDA, 1995, p. 72) 
Abaixo seguem três imagens do LIE da escola (Imagem 03, 04 e 05). 
Consideramos o espaço bastante apropriado quando se trata de organização, 
internet (que funciona relativamente bem), impressora para alunos e etc. 
 
 
41 
 
 
Imagem 04: Crianças do 5º “A” fazendo pesquisa no LIE sobre Juscelino 
Kubistchek de Oliveira, para um projeto, cujo objetivo era resgatar a história da 
escola. 
 
Imagem 05: Visão panorâmica do LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental 
e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira em dia reservado para o uso exclusivo 
de professores. 
 
 
42 
 
 
Imagem 06: Cartaz afixado na porta do LIE lembrando aos alunos os horários em 
que o mesmo está reservado somente para professores. 
 
2.6- As fichas de agendamento para alunos e professores no LIE como 
instrumento de racionalização 
Desejamos tecer alguns comentários acerca das fichas de agendamentos 
para alunos que deverão ser preenchidas como procedimento normal para a 
utilização do LIE. Os agendamentos foram preenchidos pelas coordenadoras do 
LIE ou professores. (vide ficha no anexo II). 
Começamos dando uma olhada mais atenta às Fichas de Agendamento 
para Alunos compreendendo o período de março de 2010 a setembro. 
Examinamos 58 fichas entre os dias 18 de março de 2010 a 22 de setembro de 
2010. Cada ficha constava de 11 espaços de agendamento, ou seja, 11 grupos de 
alunos gerando no total destas 58 fichas, 638 agendamentos. Dentre os 638 
agendamentos feitos neste período, apenas 100 foram agendados para alunos do 
ensino médio. Porém, é preciso atentar que na escola existem apenas cinco turmas 
 
 
43 
 
de alunos do ensino médio: duas do 1º ano, duas do 2º ano e apenas uma do 3º 
ano. 
 Quando se trata de turmas dos anos finais do ensino fundamental temos: 
seis turmas dos 6ºs anos; quatro turmas dos 7ºs; quatro turmas dos 8ºs anos e 
quatro turmas dos 9ºs anos. Considerando que cada turma tenha aproximadamente 
30 alunos, temos aí um total de 710 alunos nos anos finais do ensino fundamental. 
Quando uma das coordenadoras do LIE afirma que os alunos do ensino médio 
procuram pouco o LIE, talvez não tenha levado em conta que são um menor em 
relação ao número de alunos da escola perfazendo um total de 130 alunos, pois a 
única turma de 3º ano do ensino médio vespertino tem apenas 10 alunos e as duas 
do 1º ano e as outras duas do 2º ano tem juntas, 120 alunos. Então, podemos dizer 
que se levarmos em consideração o número total de alunos do ensino médio, eles 
utilizam muito o LIE. 
Em relação à primeira etapa do ensino fundamental – 1º ao 5º ano - 
percebeu-se apenas a presença de 04 grupos de alunos durante todo o período 
observado. Interessante observar que os grupos de alunos que estiveram no LIE 
são duas turmas de 5º ano, cujas professoras fizeram o Proinfo Integrado e têm 
uma prática docente mais dinâmica: fazem aulas-passeio, utilizam jogos 
pedagógicos, gincanas da matemática e da tabuada, visitas às empresas e a 
reservas ecológicas, etc. A despeito da prática destas duas professoras, quanto ao 
uso do LIE por alunos e professores dos anos iniciais do ensino fundamental, 
ainda é um grande desafio para os professores. E é bom ressaltar que não esta 
“negligência” quanto ao uso do computador e da internet não é porque os alunos 
não pedem. Pelo contrário, eles vivem cobrando dos coordenadores e professores: 
“Porque a gente também não vai para o laboratório mexer com o computador?”. 
Este reclame é constante principalmente por parte dos alunos dos 5ºs anos. No 
 
 
44 
 
início deste ano, a professora Camu-camu
19
 fez um resgate das mídias passando 
pelo vinil, fita cassete, VHS, DVD e CD. Estivemos presente e foi um momento 
rico de troca e aprendizagem com os alunos do 5º ano. Em momento algum 
demonstraram desconhecer alguma das mídias apresentadas. 
O restante dos agendamentos, ou seja, 538 foram feitos por alunos e 
respectivos professores dos anos finais do ensino fundamental, com uma 
incidência maior de alunos dos 9ºs anos. E porque a maioria procura se encontra 
nesta etapa da educação básica? Os alunos são mais motivados? Professores mais 
dinâmicos? Caberiam aqui tantas outras perguntas e outras respostas. Percebemos 
dentro deste contexto três situações: a primeira situação a ser observada é a de que 
de fato, os alunos dos anos finais do ensino fundamental gostam de pesquisar no 
LIE; a segunda situação é que três professoras que trabalham nesta etapa são 
provocativas e instigam seus alunos a buscar mais e também os acompanham; a 
terceira e bastante óbvia é que são em maior número, conforme observação feita 
acima. 
Quanto se tratou do objetivo pelo qual os alunos estavam buscando o LIE, 
dos 638 agendamentos, 74 foram para atividade com slides – Power point, ora 
para utilizar os slides como recurso de apresentação de pesquisa, ora para 
apresentar estas pesquisas no próprio LIE, pois possui um Data-show. Os outros 
564 agendamentos foram feitos para pesquisa a pedido dos professores com o uso 
da internet. E quanto aos professores que mais solicitaram pesquisa para os alunos 
no LIE, como já afirmamos acima, foram os dos anos finais do ensino 
fundamental. 
 
19
 Pode ser encontrados à beira dos igarapés, rios ou em regiões alagadas da região amazônica. Pouco 
consumido in natura por ser bastante ácido, apesar de doce. É fruta indicada para o preparo de refrescos, 
sorvetes, picolés, geléias, doces ou licores. 
 
 
 
45 
 
Quando se tratou da agenda específica para preenchimento por parte dos 
professores, (vide ficha anexo IV), tivemos acesso apenas àquelas referentes aos 
02/08 a 20/09 de 2010. Notou-se que os professores utilizaram o LIE para 
apresentação de atividades, seminários em sua maioria, com seus alunos. Na parte 
específica exigida para descrever os objetivos do conteúdo ou da atividade, todos 
colocaram estas expressões: “apresentação de trabalho” ou “apresentação de 
seminário”. Em uma ficha de agendamento apareceu a seguinte expressão: 
“realizar atividade do Eixo 3 do proinfo”. Nas últimas fichas do mês de setembro 
não houve nenhum registro quanto a objetivos; os professores apenas 
preencheram a data, turma, o horário e no local do conteúdo colocaram o nome 
deles. Caberia aqui uma observação quanto ao objetivo e necessidade do 
preenchimento correto do formulário de uso do LIE, o que em linhas gerais 
significa: organização e planejamento. Observamos a mesma dificuldade que 
acontece quanto ao uso da TV Escola: improviso e falta de clareza quanto aos 
critérios do uso do LIE. 
Partindo das observações acima, verifica-se que o LIE é um espaço de 
aprendizagem em que alunos e professores transitam com grande freqüência. 
Disto não cabe a menor dúvida. Cupuaçu quando fala de seu trabalho no LIE 
desabafa: “o ano que vem quero sair do LIE porque aqui não somos valorizados 
nem vistos”. 
2.7- A Noite Cultural: Diversidade Cultural na América Latina e Caribe 
E falando em desafio, A Noite Cultural promovida pela escola
20
, e cujo 
tema era Diversidade Cultural na América Latina e no Caribe, foi exitosa. Se o 
objetivo era representar a riqueza cultural dos países que representam esta região 
do mundo através das

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