Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exercícios para aquecimentos vocais de coros infantis Exercícios para aquecimentos vocais de coros infantis Organizado por Maíra Martins CORO EM MOVIMENTO exercícios para aquecimentos vocais de coros infantis Organizado por Maíra Martins CORO EM MOVIMENTO exercícios para aquecimento de coros populares amadores Organizado por Maíra Martins Projeto Gráco e Diagramação Gabriel Alves Marquiori facebook.com/1000mts Ilustrações Pedro Pamplona Direção Musical e Arranjos Augusto Ordine Maíra Martins Gravação e Mixagem Augusto Ordine Vozes Augusto Ordine Maíra Martins Isadora Martins Ordine Violões Augusto Ordine Orientação Carol McDavit Audios disponibilizados no site www.coroemmovimento.com AgradecimentosAgradecimentos « Ao meu companheiro de viagem, Augusto Ordine » « À melhor cantora que conheço e minha parceira de todas as horas, Isadora Martins Ordine » « Aos meus pais e minha madrasta, pelo apoio de sempre » « À minha orientadora atenta e dedicada Carol McDavit » « Aos coros da Escola Sá Pereira, do Colégio Cruzeiro e ao Quase Sexta, pelo início da minha trajetória como regente cheia de musicalidade e afeto » « A todos os meus professores e colegas do PROEMUS, que zeram com que este caminho fosse mais rico e divertido » « Aos regentes, preparadores vocais e professores que gentilmente cederam suas composições para este projeto: Alexandre Loureiro, Angela Herz, André Protásio, Augusto Ordine, Kitty Driemeyer, Laura Lagub, Letícia Carvalho, Maurício Durão, Paulo Malaguti Pauleira, Ricardo Góes e Sara Cohen » Sumário Índice por objetivos........................................................................................1 Introdução......................................................................................................2 O projeto.........................................................................................................2 Metodologia utilizada.....................................................................................3 Público alvo....................................................................................................3 Denindo conceitos.......................................................................................4 Considerações nais.......................................................................................6 Vocalizes e exercícios a uma voz Até o m (Maíra Martins)...............................................................................9 Baião Improvisado (Maíra Martins)............................................................10 Curumim (Laura Lagub)..............................................................................11 Língua do Pê (Maíra Martins).....................................................................12 Macacos me mordam (Angela Herz).............................................................13 O helicóptero do Eric Clapton (Augusto Ordine/Maíra Martins).................14 Papaia na boca do pato (Letícia Carvalho)...................................................15 Pipoca (Kitty Driemeyer).............................................................................16 Sustentação com vogais (Maíra Martins).....................................................18 Vocalise das proparoxítonas (Paulo Malaguti Pauleira).............................19 Exercícios a duas ou mais vozes Céu Azul (Augusto Ordine/Maíra Martins).................................................23 Ni e Fé (Pedro Pamplona).............................................................................24 Seguindo a Maré (Maurício Durão)..............................................................26 Vim descendo a rua (Maíra Martins)............................................................28 Cânones Baila como baila (André Protásio)................................................................31 Batucada (Sara Cohen/Alexandre Loureiro/Maíra Martins)......................32 Jazzy (Ricardo Góes)....................................................................................33 Pocoto (Maurício Durão) ..............................................................................34 Roda presa (Maíra Martins).........................................................................36 Your love (Ricardo Góes)..............................................................................37 ÍNDICE por objetivoÍNDICE por objetivo Abertura de vozes: Céu Azul – pág. 23 Seguindo a maré – pág. 26 Sustentação com vogais – pág. 18 Vim descendo a rua – pág. 28 Agilidade: Macacos me mordam – pág. 13 O helicóptero do Eric Clapton – pág. 14 Anação/precisão melódica: Até o m – pág. 9 Batucada – pág. 32 Baila como baila – pág. 31 Céu Azul – pág. 23 Curumim – pág. 11 Língua do Pê – pág. 12 Papaia na boca do pato – pág. 15 Pipoca – pág. 16 Roda presa – pág. 36 Vim descendo a rua – pág. 20 Articulação: Batucada – pág. 32 Língua do Pê – pág. 12 Macacos me mordam – pág. 13 O helicóptero do Eric Clapton – pág. 14 Papaia na boca do pato – pág. 15 Pipoca – pág. 16 Pocotó – pág. 34 Sustentação com vogais – pág. 18 Coordenação motora: Batucada – pág. 32 Pocotó – pág. 34 Experimentação de novas sonoridades: Baila como baila – pág. 31 Jazzy – pág. 33 Ni e Fé – pág. 24 Your love – pág. 37 Extensão vocal: Your love – pág. 37 Improvisação: Baião improvisado – pág. 10 Percepção: Céu Azul – pág. 23 Precisão rítmica: Batucada – pág. 32 Língua do Pê – pág. 12 Papaia na boca do pato – pág. 15 Pipoca – pág. 16 Pocotó – pág. 36 Respiração: Céu azul – pág. 23 Sustentação com vogais – pág. 18 Suingue: Baila como baila – pág. 31 Jazzy – pág. 33 Your love – pág. 37 Sustentação: Céu Azul – pág. 23 Sustentação com vogais – pág. 18 Vim descendo a rua – pág. 28 1 INTRODUÇÃO Este projeto foi inspirado por uma experiência que tive há alguns anos atrás, trabalhando no ¹Programa Repertórios, tinha como um das minhas funções a leitura de relatos de aula de todos os monitores do Programa para selecionar e organizar em um ambiente virtual as atividades que considerássemos interessantes serem compartilhadas entre eles. Pude perceber, com esta prática, que a cooperação entre os prossionais colocava em movimento as aulas de todos os envolvidos. Ao imaginar algo semelhante, tendo como foco o trabalho com coros infantis, surgiu o projeto Coro em Movimento. O esboço deste material foi experimentado em duas ocasiões, ao lecionar a disciplina Técnica Vocal para estudantes de Licenciatura em Música. A primeira experiência ocorreu no Instituto Brasileiro de Educação Continuada, onde tive a oportunidade de compartilhar pela primeira vez alguns dos exercícios transcritos ou compostos por mim. Alguns anos mais tarde, a mesma coletânea foi utilizada quando atuei, sob coordenação da professora Carol McDavit, no estágio docente realizado durante o curso de Mestrado Prossional na UNIRIO. Nas duas situações pude constatar o quanto este repertório foi valorizado pelos alunos de licenciatura, muitos destes alunos já lecionando em escolas e regendo coros de igrejas. o PROJETO Minha trajetória como regente e arranjadora de coros infantis teve início na Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro, onde logo me deparei com uma questão essencial ao meu trabalho: como tornar o aquecimento vocal um momento prazeroso, dinâmico e leve, sem perder de vista os objetivos técnicos pretendidos com o trabalho? Entendi que eu precisava construir um repertório interessante no sentido de proporcionar aos alunos, dinâmicas variadas e ecazes. Este repertório não estaria restrito aos arranjos ensaiados para serem apresentados, mas incluiria também os exercícios utilizados para o aquecimento vocal realizado nos inícios dos ensaios. A coleta deste repertório se desenvolveu aos poucos. Nos primeiros meses de trabalho eu utilizava o celular para gravar exercícios vocais que colegas e pares me mostravam. Frequentei corais regidos por prossionais mais experientes, sempre anotando e gravandotudo o que considerei interessante para as crianças. Comecei também a compor meus próprios exercícios, que eram rapidamente inseridos no planejamento dos meus ensaios semanais. Estas partituras foram registradas inicialmente em um caderno de música, a lápis. Com meu ingresso no ²PROEMUS, o projeto incorporou os resultados de uma extensa pesquisa bibliográca sobre aquecimento e técnica vocal e de uma entrevista com prossionais da área. ¹ O Programa Repertórios é uma proposta de ensino através da música idealizada pelo Maestro Ricardo Prado e adotada pelas Escolas SESI do Estado do Rio de Janeiro durante os anos letivos de 2011 a 2012. ² O PROEMUS é o Programa de Mestrado Prossional em Ensino das Práticas Musicais sediado na UNIRIO. 2 metodologia utilizada Para elaborar a coletânea proposta com embasamento teórico adequado, em primeiro lugar, realizei uma revisão bibliográca, na qual encontrei muitos sites com exercícios sem autoria denida e livros estrangeiros, mas poucos títulos brasileiros. Uma vez comprovada a lacuna de materiais brasileiros no mercado, elaborei um protocolo de entrevista com prossionais da área (regentes e preparadores vocais). Nestas entrevistas, procurei saber como eram realizados os aquecimentos vocais de seus ensaios e como era construído o repertório de exercícios de cada um – livros, vivências ou composições próprias. A partir dessas entrevistas (disponibilizadas no site www.coroemmovimento.com) cheguei a uma lista dos principais itens trabalhados em um aquecimento vocal: corpo, respiração, articulação, ressonância, sonoridade/timbre, anação e extensão vocal. Como a proposta era produzir um livro de partituras de exercícios com os devidos créditos atribuídos a seus compositores, optei por não inserir exercícios especícos de corpo ou respiração, já que nesses casos a autoria costuma ser difícil de denir. O trabalho de respiração, no entanto, perpassa todos os exercícios cantados e por isso estará sempre presente. Os outros itens citados (articulação, ressonância, sonoridade/timbre, anação e extensão vocal) são abordados nos textos referentes aos exercícios e estão listados em um índice especial no qual a organização do repertório é feita a partir dos objetivos de cada exercício. Público Alvo O público-alvo desta coletânea são os prossionais que trabalham com coros infantis (de 7 a 14 anos): regentes, preparadores vocais e professores de música. Para um uso eciente do material é importante que o usuário tenha leitura musical e algum conhecimento prático a respeito de técnica vocal. Assim como acontece em qualquer idade, é necessário estarmos sempre atentos às possibilidades dos nossos cantores em termos de extensão vocal. Com as crianças costumo trabalhar, tanto nos exercícios de aquecimento quanto nos arranjos das músicas, com uma extensão que utilize o máximo possível a oitava 3, ou seja, a oitava que contem a nota Lá 440Hz.A região de conforto para as crianças se estende de dó 3 a ré 4, e é prudente sairmos o mínimo possível desses limites. 3 Definindo conceitos Para melhor compreensão do material disponibilizado, elaborei um pequeno glossário demonstrando como entendo alguns conceitos que perpassam os textos e também os itens utilizados como objetivos. Este esclarecimento é importante, pois, dependendo da literatura consultada, podemos encontrar diferentes formas de entender os mesmos termos. Anação: Capacidade de emitir uma altura especíca idêntica a uma referência externa. Agilidade: Capacidade de emitir as notas desejadas com precisão em andamentos acelerados. Aquecimento Vocal: Prática, geralmente localizada no início dos ensaios, que corresponde à realização de exercícios de diferentes tipos cuja nalidade é coordenar as diversas partes do aparelho vocal para que o cantor tenha um bom desempenho com o menor esforço possível. Articulação: O termo que designa o trabalho dos lábios, língua, maxilar, dentes e palato na produção dos sons vocais, moldando a fonte glótica, ou seja, o som produzido pelas pregas vocais. Uma boa articulação tem como resultado a clareza dos fonemas falados e cantados. Coordenação motora: Habilidade de utilizar de forma organizada os músculos do corpo, resultando em ações ecientes e estruturadas. Experimentação de novas sonoridades: Ato de testar a execução de sons diferentes aos habituais, em termos de linguagem, timbre, suingue ou estilo musical. Esta prática pode ser utilizada como forma de brincar com novas possibilidades. Extensão vocal: Característica denida pela região entre a nota mais grave e a mais aguda que um cantor consegue emitir sem esforço. Improvisação: Ato de criação no qual as ideias musicais são inventadas à medida que estão sendo executadas. É uma prática presente na música eclesiástica antiga e nos períodos do Renascimento e do Barroco e hoje em dia é muito comum em estilos como o jazz e a música clássica indiana. Percepção: Capacidade de apreender, organizar e entender ideias musicais por meio dos sentidos do corpo e de dimensões cognitivas, afetivas e motoras envolvidas. Nosso sistema perceptivo processa os sinais acústicos recebidos e os interpreta de acordo com as possibilidades de cada indivíduo, em termos musicais e emocionais (ex: estado de humor, memórias afetivas etc.). Precisão rítmica: Capacidade de cantar ou tocar os padrões rítmicos desejados. Ressonância: Fenômeno físico que acontece no ato de cantar e falar no qual o som produzido nas pregas vocais é reverberado nos órgãos ressonadores (cavidades da boca e nariz, seios da face etc), fazendo com que as frequências sonoras especícas simpáticas a cada região sejam amplicadas. 4 Sonoridade: É a qualidade do som emitido pelo cantor. Suingue: Vem da palavra “swing”, em inglês (que signica “balanço”), mas pode ser denida, em seu uso musical, como a capacidade de reproduzir um ritmo da forma correta e com as acentuações necessárias para a denição de uma linguagem musical especíca. Sustentação: Capacidade de produzir um som prolongado mantendo a emissão e a anação desejadas. Técnica Vocal: Um conjunto de orientações práticas e teóricas que objetivam melhorar o desempenho da voz, eventualmente de forma prossional. Este conjunto inclui questões de emissão, extensão, articulação, ressonância, timbre, respiração e consciência corporal. Ter um bom domínio técnico é essencial para realizar de forma saudável os recursos vocais desejados de acordo com o estilo de cada cantor ou coro. Timbre: O conjunto de ressonâncias utilizadas pelo cantor, em um som resultando especíco. 5 Considerações Finais Esta coletânea não deve ser considerada como um método ou um manual, nem ensina ninguém a cantar (algo que não acredito possa ser feito por escrito), mas oferece um leque de exercícios transcritos e descritos, separados por categorias (vocalizes e exercícios a uma voz, exercícios a duas ou mais vozes e cânones) e dispostos também em um índice no qual são organizados de acordo com os seus objetivos técnicos principais, de acordo com os itens que considero essenciais a um trabalho de aquecimento vocal. Os exercícios foram compostos por diferentes prossionais e todos aqueles que não são de minha autoria tiveram sua utilização autorizada pelos compositores. Nos dois índices presentes no livro, as composições se encontram em ordem alfabética, sem sugerir nenhuma espécie de ordem no momento de sua realização. É aconselhável, portanto, atentar para os objetivos de cada exercício para que diferentes itens sejam contemplados ao longo do planejamento dos ensaios. Também foram realizadas gravações, disponíveis para audição no site www.coroemmovimento.com, que servem como referência, mas que não devem ser entendidas como modelos absolutos. Os textos têm a nalidade de esclarecer os objetivos e formas de utilização de cada exercício propostas por mim e/ou pelo compositor. Destaco, porém, que o repertório apresentado está aberto a mudançasde propostas, tonalidades e também a sugestões. Para isso, é essencial que este material seja utilizado por prossionais com conhecimento básico de técnica vocal e leitura musical. Como o título esclarece, os exercícios foram organizados de forma a priorizar o seu uso com o público infantil, mas estão abertos à utilização com grupos de pers diversos, que podem se beneciar de um repertório lúdico e repleto de objetivos técnicos, adaptáveis para qualquer idade. Espero que este material possa servir para meus colegas enriquecerem suas práticas e quem sabe, servir de inspiração para que se aventurem a compor e registrar novos exercícios, colocando sempre em movimento seus repertórios e práticas. E que venham novos materiais e contribuições! Rio, dezembro de 2016. Maíra Martins. 6 Vocalizes e exercícios a uma voz Maíra Martins Até o fim 11 Uma brincadeira que pode ser realizada é pedir que troquem todas as vogais da letra por [a] (trabalhando abertura da boca) ou com [u] (trabalhando a sonoridade do “biquinho” com os lábios). A mesma dinâmica pode ser realizada com qualquer vogal, fazendo com que os cantores experimentem diferentes organizações musculares e sonoridades. Este tipo de recurso ajuda a desenvolver uma maior riqueza tímbrica e domínio ressonantal. Como? Trabalhar denição dos intervalos de 4°, 5° e 8° justa. para quê? É importante sempre atentar para a chegada nesses intervalos ascendentes, pedindo que os cantores atinjam as notas com precisão e leveza. O ritmo também é trabalhado a partir da precisão do canto e também da execução das palmas. outras informações: 9 Maíra Martins Baião Improvisado Outras informações O exercício pode ser realizado em roda utilizando a marcação dos pés e mãos como percussão. Sugira um ritmo para seu coro ou peça que eles utilizem a pulsação da música como referência. Trabalhar improvisação e promover uma atividade lúdica. para quê? 10 * Pedindo que o coro cante os compassos nos quais existe a melodia escrita, alternando sempre com quatro compassos em que um integrante do coro vai improvisar livremente. O improviso pode ser vocal ou percussivo, o importante é criar um momento de liberdade e diversão. Repita o exercício quantas vezes quiser. O último improviso pode ser conjunto, com todos os cantores ao mesmo tempo. Como? *Baião é um gênero da música popular surgido no meio rural do nordeste do Brasil e popularizado como música urbana pela composição “Baião” (1946) de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira. Laura Lagub Curumim 11 Dividindo o coro em dois grupos alternando quem faz a oitava de cima e a de baixo para, só depois, todos realizarem todas as notas. Como? O exercício pode ser enriquecido por movimentos corporais simples. Sugestão: ao cantar “bate o pé” pedir que as crianças batam os pés no chão no mesmo ritmo. Em “pinta a cara” pedir que batam de leve com dedos indicadores e médios no rosto. Em “brinca, brinca” pedir que levantem os braços jogando as mãos para cima ajudando a denir o salto da melodia. outras informações: Trabalhar a anação e percepção do salto de oitavas e da emissão da mesma nota repetidas vezes. para quê? 11 Língua do pê Ao cantar a letra do exercício na “língua do pê”*, as crianças podem ter diculdade em um primeiro momento, mas com um pouco de treino conseguirão realizar a proposta que pode levar a brincadeiras no ensaio ou mesmo fora dele. Utilize a brincadeira para falar com eles durante o aquecimento e aproveite para tornar o ambiente leve e divertido. outras informações: Maíra Martins Trabalhar articulação, anação e precisão rítmica. para quê? Subindo ou descendo cromaticamente dando ênfase às consoantes [p]. Como? *A “língua do pê” é uma brincadeira infantil de tradição oral na qual a comunicação é feita introduzindo, depois de cada fonema, uma nova sílaba na qual a consoante P é seguida pela vogal precedente. 12 Angela Herz Macacos me mordam 11 Realizando o exercício com voz falada algumas vezes antes de colocar a melodia, solicitando aos cantores que articulem cada sílaba com clareza e leveza. Ao iniciar a execução da melodia, pedir que os cantores continuem utilizando clareza e leveza. Aos poucos vá aumentando o andamento do exercício para trabalhar agilidade. Como? Trabalhar articulação e agilidade. para quê? O exercício pode ser realizado com o uso diferenciado das vogais, pedindo, por exemplo, que cantem com todas as vogais se transformando em “a” (“macacas ma mardam”) estimulando a abertura da boca ou com “u” (“mucucus mu murdum”), pedindo atenção ao tônus labial. outras informações: 13 Augusto Ordine / Maíra Martins O helicóptero do Eric Clapton Exercitar a agilidade da articulação de uma forma lúdica e leve, em uma brincadeira de palavras. para quê? Pedir que os cantores estalem os dedos nos contratempos para trabalhar coordenação motora e precisão rítmica. outras informações: Subindo ou descendo cromaticamente. Como? 14 papaia na boca do pato Letícia Carvalho 11 É possível brincar com este exercício com variações de andamento e dinâmica, aproveitando sua simplicidade para explorar a atenção dos alunos em relação à regência, por exemplo: Dividir o coro em dois grupos e pedir que cada grupo cante um trecho, sempre sob o comando do regente, que indicará quem canta em cada frase ou estrofe, é um ótimo exercício de atenção. Pedir que um aluno que vá à frente da turma para brincar de maestro é um recurso bastante divertido e viável para esta proposta. Além da indicação das partes a serem cantadas, é possível também experimentar andamentos e dinâmicas variadas, sempre orientados pela regência. Como? Trabalhar articulação, precisão rítmica e denição do intervalo de 8ª justa. para quê? As consoantes oclusivas [ p ] e [ k ], repetidas sucessivamente, estimulam o cantor a realizar um esforço no sentido da articulação clara e energética. As vogais abertas [ a ] e [ɛ] auxiliam na abertura da voz como um todo. O salto de oitava presente no compasso 10 necessita de atenção para que seja realizado com precisão e leveza. outras informações: 15 Kitty Driemeyer Pipoca versão 1 Kitty Driemeyer Pipoca versão 2 4 16 Trabalhar articulação, precisão rítmica e melódica com crianças. para quê? Realizando o exercício como uma pequena canção, sem variação de tonalidade. Neste caso utiliza-se a primeira versão da partitura, na qual a última palavra ("Poc") tem repetições sempre acrescidas de um número ao nal de cada vez da música - na primeira vez ela aparece só uma vez, na segunda duas e assim por diante, até o número cinco. Para tornar o exercício mais divertido e desaador, pode-se pedir que as crianças pulem sempre que cantarem a palavra "poc". Sua realização também pode ser em forma de vocalize, subindo a tonalidade cromaticamente. Neste caso utiliza-se a segunda versão da partitura, na qual a palavra "poc" aparece meio tom acima da nota anterior, já antecipando a mudança de tom, e sem ser repetida. Como? Esta melodia de Kitty Driemeyer faz parte do CD "Conversa de Bicho" e pode ser ouvida em sua versão original no link: www.kittydriemeyer.com.br. outras informações: Kitty Driemeyer Pipoca 17 http://www.kittydriemeyer.com.br/ http://www.kittydriemeyer.com.br/ Sustentação com Vogais Se houver diculdade na denição das vogais propostas, pode-se colocar provisoriamente uma consoante antes do início de cada nova vogal para facilitar o entendimento e a execução por parte dos coralistas. Ex: [vu] [vo] [vɔ] [va] [vɛ] [vi] outras informações: Propondo o exercício em dois diferentes formatos, dependendo do objetivo do regente/preparador vocal e também do nível de experiência do coro: no primeiro todos cantam em uníssono a nota mais grave e no segundo há a divisão em três vozes. Como? Maíra Martins Trabalhar articulação, sustentação de nota. para quê? 18 Inicie a atividade propondo o vocalizecom qualquer proparoxítona de três sílabas como as exemplicadas na partitura. Realize o movimento ascendente ou descendente das tonalidades falando, no intervalo da melodia, a nova palavra a ser cantada. Depois de experimentadas várias palavras compostas pelo regente/preparador vocal, peça que os cantores proponham o texto do vocalize. A única regra é: a palavra tem que ter três sílabas e a sílaba tônica deve ser a antepenúltima (ou seja, deve ser proparoxítona) para que o ritmo e a acentuação se encaixem no exercício. O cantor pode propor a palavra falando-a na pausa da melodia ou cantando o vocalize uma vez sozinho antes do coro. Como? Paulo Malaguti Pauleira Vocalise das proparoxítonas Trabalhar agilidade técnica e mental. No caso da segunda situação exposta abaixo, soltar a voz vencendo a timidez. para quê? Outras informações Aproveite a atividade para falar e exemplicar conceitos como acentuação e prosódia musical. Por que algumas palavras se encaixam na música proposta e outras não? Pode dar uma boa reexão! 19 Exercícios a duas ou mais vozes Augusto Ordine e Maíra Martins Céu Azul Trabalhar, percepção, execução e alternância entre os modos maior e menor e sustentação de nota na voz de acompanhamento. para quê? Dividindo o coro em dois grupos e pedindo que cada um deles cante uma das melodias. Como? O exercício pode ser cantado diversas vezes seguindo orientações do regente ou preparador vocal como, por exemplo: (1) atentar para a dinâmica entre as vozes, deixando que a voz de baixo “apareça” mais do que a de cima, (2) caprichar na denição das terças da melodia principal, que denem as mudanças de modos maior e menor ou (3) alternar os grupos que cantam a primeira e a segunda voz, para que todos tenham a oportunidade de cantar nas duas posições. outras informações: 23 Ni é Fé Ensinando as três partes da música separadamente. A primeira vai do compasso 1 ao 8, a segunda do 9 ao 12 e a terceira do 13 ao 16. Dedicar uma atenção especial à segunda parte, na qual as vozes são divididas em terças sobrepostas fazendo com que os cantores experimentem esta sonoridade. Como? Estimular os coralistas a experimentar a sonoridade do idioma yorubá em uma composição de caráter africano. para quê? Para enriquecer o exercício acrescente movimentações especícas para cada parte da música, fazendo com que os cantores tenham a sensação de unir dança ao canto, em uma experiência muito próxima à realidade da cultura africana. O preparador vocal/regente pode trazer sugestões de movimentações ou pedir que os próprios coralistas inventem as suas. outras informações: Ni é Fé = amor/amar Obá = Rei Yabá = rainha Lailai = para sempre Odara = bom Xô = livrar Berú = medo Pedro Pamplona 24 Mauricio Durão Seguindo a Maré 26 Por se tratar de um contraponto, onde cada voz é independente da outra rítmica e melodicamente, é um ótimo exercício para introdução à polifonia. A independência das vozes, com melodias, ritmos e letras bastante distintas entre si, tende a confundir menos os cantores leigos e ao mesmo tempo possibilita que ouçam a junção das diferentes linhas melódicas sendo realizadas e sintam-se parte do todo. para quê? As extensões das melodias não ultrapassam uma oitava, fazendo com que o exercício possa ser realizado em diferentes tonalidades e todos possam aprender todas as vozes. É também possível juntar cantores de naipes diferentes em uma mesma linha melódica, trabalhando diferentes sonoridades dentro do coro. outras informações: Utilizando a composição a três vozes de formas variadas: cantando cada voz separadamente, juntando duas ou as três. Pode-se pensar em uma evolução durante os planejamentos dos ensaios, por exemplo: Em cada encontro ensinando mais uma voz do arranjo. Para dar um “suingue” maior ao exercício, e aproveitar para trabalhar a coordenação motora dos cantores, pode-se pedir que estalem os dedos nos tempos 2 e 4 de cada compasso. Como? Mauricio Durão Seguindo a Maré 27 Maíra Martins Vim descendo a rua Exercitar o canto a três vozes durante o momento do aquecimento com um vocalize que mescla trabalho de sustentação (para a voz superior), precisão de anação dos sétimos, sextos e quinto graus (para a voz intermediária) e ostinato (para a voz inferior). para quê? 11 Utilizando o exercício como um vocalize que é transposto sempre para meio tom acima ou abaixo. Ocasionalmente mudar os cantores em cada voz pode ser interessante para que todos tenham experiências variadas com o mesmo exercício. Como? Aproveite para trabalhar os intervalos dissonantes que aparecem entre as vozes superiores. Peça aos cantores que atentem para a sensação decorrente de cada intervalo e de “onde” a pessoa está cantando (na voz de cima ou na de baixo). outras informações: 28 Cânones André Protásio Baila como baila 11 Pedindo que o coro cante a melodia em uníssono algumas vezes marcando a pulsação com os pés. Em seguida divida o coro em dois ou mais grupos realizando o cânone. Como? Denir o arpejo do acorde maior com sétima menor e experimentar um cânone com suingue cubano. para quê? Para exercitar com mais profundidade o ritmo cubano e trabalhar coordenação motora acrescente as duas palmas ao nal dos compassos, como sugerido na partitura. Treinar então com os coralistas as palmas no ritmo completo e pedir que os cantores experimentem bater palmas enquanto cantam, se for possível. Se for muito difícil para o grupo, outra possibilidade é pedir que algumas pessoas somente batam palmas enquanto outras só cantam. outras informações: 31 11 Realizando exercício completo, que mistura canto e percussão corporal, com ou sem a forma de cânone. Caso seja realizado como cânone, é possível alternar o número de vozes (2 ou 4), e fazer com e sem percussão corporal e até mesmo sem o vocal - cando apenas a percussão. Brincar com dinâmicas e andamentos variados é sempre interessante também. Como? Trabalhar coordenação motora, precisão rítmica e melódica e articulação. para quê? Ao realizar o exercício com seus alunos, dê atenção especial ao arpejo do acorde maior com sétima menor presente nos dois primeiros tempos do terceiro compasso. A precisão deste arpejo trará aos alunos a sensação especíca causada pelo Modo Mixolídio. outras informações: Sara Cohen, Alexandre Loureiro e Maíra Martins Batucada 32 PD = Pé direito no chão PE = Pé esquerdo no chão MD = Mão direita na coxa ME = Mão esquerda na coxa M = Palma da mão E = Estalo de dedo Ricardo Góes Jazzy 11 Pedindo que todos cantem juntos algumas vezes a melodia estalando os dedos no contratempo para que tenham a sensação do suingue especíco do jazz. Como? Experimentar um cânone com suingue jazzístico. para quê? O regente/preparador vocal pode aproveitar para trabalhar diferentes dinâmicas dentro do exercício, fazendo com que, no momento em que o cânone estiver sendo realizado, sempre um mesmo trecho seja mais ouvido. outras informações: 33 *O título do exercício é uma referência ao jazz, estilo musical originada da comunidade negra norte-americana no nal do século XIX, através da mistura de elementos oriundos das tradições europeia, americana e africana. Maurício Durão pocotó 34 Maurício Durão pocotó Trabalhar articulação, coordenação motora e precisão rítmica. para quê? outras informações: A percussão sugerida pode ser realizada da forma indicada (batendo com uma caneta na mesa, com os pés no chão etc) ou do jeito que for melhor para o seu coro, dependendo da estrutura disponível na sala de ensaio e das possibilidades dos alunos. 11 Ensinando somente a parte cantada em um primeiro momento, para só depois acrescentar a percussão e/ou o cânone. Como? 35 Maíra Martins Roda Presa 11 Utilizando como vocalize, com a transposição para diferentes tonalidades, e também funciona como cânone. Na segunda opção, a harmonia,que se mantém sempre a mesma, possibilita que as entradas sejam realizadas a qualquer tempo, ocasionando em um efeito de “eco”. Como? Este exercício pode ser utilizado para proporcionar aos cantores uma experiência melódica ligada ao modo mixolídio, exercitando a ida ao sétimo grau abaixado de uma escala maior. para quê? É possível brincar com as diferentes opções de entradas da melodia e também com percussões corporais variadas na medida das possibilidades do grupo com qual se está trabalhando. As percussões corporais podem ser trazidas pelo maestro ou sugeridas pelos cantores. outras informações: 36 11 Dividindo a melodia em quatro partes e ensinando de dois em dois compassos, para melhor apreensão da melodia, que apresenta certo grau de diculdade. Depois de cantar em uníssono com todo o coro, a divisão pode ser feita em dois ou quatro grupos realizando a entrada no início dos compassos ímpares. Como? Trabalhar extensão vocal e experimentar a sonoridade característica da música pop americana. para quê? Ricardo Góes Your Love outras informações: Aproveite este cânone para trabalhar timbre e suingue “pop” com seu coro. Adolescentes costumam adorar a proposta. 37 Referências Bibliográficas BAÊ, Tutti/Pacheco, Cláudia. Canto: equilíbrio entre corpo e som: princípio da siologia vocal. São Paulo: Irmãos Vitale, 2006. BEUTTENMÜLLER, Maria da Glória. O despertar da Comunicação Vocal. Rio de Janeiro: Enelivros, 1995. CHAN, Thelma/Cruz, Thelmo. Divertimentos de corpo e voz. São Paulo, 2001. COOPER, Malu/Goulart, Diana. Por todo canto – método de técnica vocal. São Paulo, 2013. CRUZ, Gisele. Canto, canção, cantoria: como montar um coral infantil. São Paulo: SESC, 1997. DICIONÁRIO GROVE DE MÚSICA: edição concisa/editado por Sanley Sadie; editora-assistente, Alison Latham; tradução, Eduardo Francisco Alves – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994 ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA BRASILEIRA: popular, erudita e folclórica. São Paulo: Art Editora: Publifolha, 1998. FERREIRA, Juliana Grassi Pinto. Preparação vocal do corista. Per Musi.Belo Horizonte, v.5/6, 2002, p. 112-119. KRIEGER, Edino. 20 Rondas Infantis. 1983. HEIZMAN, Klaus. Vocal Warm-ups. Schott Music. 2003 LECK, Henry H. Creating artistry through choral excellence. Hal Leonard. USA. 2009. LEITE, Marcos. Método de Canto Popular Brasileiro para vozes médio-agudas.Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2001. MELLO, Enio Lopes, ANDRADA E SILVA, Marta Assumpção de. O corpo do cantor: ALONGAR, RELAXAR OU AQUECER? Rev CEFAC, São Paulo, v.10, n.4, 548-556, out-dez, 2008. MILLER, Jussara. A escuta do corpo: sistematização da Técnica Klauss Vianna. São Paulo: Summus, 2007. MOTA, Andréa Coelho Gagliardi. Aquecimento e desaquecimento vocal. Monograa de conclusão do curso de especialização em Voz – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica. Orientadora: Mirian Goldenberg. São Paulo, 1998. PHILLIPS, Kenneth H. Teaching kids to sing. Schirmer Books, 1996. SUNDBERG, Johan. Ciência da voz: fatos sobre a voz na fala e no canto. Editora da Universidade de São Paulo, 2015. VILLA-LOBOS, Heitor. Guia prático para a educação artística e musical, 1. Volumes 1,2 e 3 e Separata. WARE, Clifton. Basics of vocal pedagogy: the foundations and process of singing. McGraw-Hill. 1997. Maíra Martins é cantora, regente e professora de canto. Mestranda em Ensino das Práticas Musicais na UNIRIO, é pós- graduada em Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música, bacharel em Música Popular Brasileira pela UNIRIO, licenciada em música pela Universidade Cândido Mendes e técnica de Recuperação Motora e Terapia através da dança pela escola Angel Vianna. Integra os grupos Ordinarius, Projeto Magu e CRIA, com os quais se apresenta regularmente em teatros e centros culturais no Brasil e no exterior. É professora de canto particular e preparadora vocal desde 2000. Como regente de coros e professora de música da Escola Sá Pereira atua desde 2011. Lançou os CDs: "Rio de Choro (Ordinarius, 2015), “A família” (Grupo CRIA, 2013), “Ordinarius”, (Ordinarius, 2012) ,”Circular” (Projeto Magu, 2012), “Outro Céu” (Maíra Martins, 2012) e “Processo de Feitura” (Maíra Martins, 2006), todos independentes, além de ter sido uma das cantoras do CD "Um gosto de Sol” (Grupo Equale, 2004), lançado sob o selo Albatroz. Participou como cantora solista de diversas coletâneas de música brasileira lançadas no Brasil e no exterior. Veja mais em: www.mairamartins.net Maíra MartinsMaíra Martins O projeto Coro em Movimento pretende levar aos prossionais da área de Canto Coral Popular um repertório de 20 exercícios transcritos, descritos e gravados com a intenção de enriquecer as dinâmicas de ensaios de regentes e preparadores vocais pelo Brasil afora. As gravações dos exercícios estão disponibilizadas no link www.coroemmovimento.com para servir de referência para sua utilização. CORO EM MOVIMENTO exercícios para aquecimento de coros populares amadores Organizado por Maíra Martins
Compartilhar