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Fibromialgia | Larissa Gomes de Oliveira. 1 DEFINIÇÃO A Fibromialgia (FM) é considerada uma síndrome dolorosa crônica e é uma condição que se caracteriza por dor difusa muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor (nas lâminas de fibras musculares não consegue notar alterações). Ela é acompanhada de sintomas típicos, como sono não reparador (sono que não restaura a pessoa) e cansaço. Pode haver também distúrbios do humor como ansiedade e depressão, e muitos pacientes queixam-se de alterações da concentração e de memória. A fibromialgia é considerada uma síndrome dolorosa crônica, ou seja, a dor é o aspecto principal e essa dor vai ser difusa, sem um território especifico, além disso está associada a alguns aspectos clínicos, tais como: fadiga, sono não reparador e transtorno de humor. EPIDEMIOLOGIA: É uma doença muito prevalente. Estima-se que 5% da população mundial tenha fibromialgia e principalmente mulheres em torno de 25 a 65 anos, Além disso, existe uma predileção por doentes crônicos e é por isso que o reumatologista ver muito fibromialgia. Desse modo, pacientes com artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico (LES), são doenças crônicas e deixam o paciente mais suscetível a ter fibromialgia Com relação a sua ETIOLOGIA, essa doença possui causas incertas. Ainda não totalmente esclarecida, mas a principal hipótese é que pacientes com FM apresentam uma alteração da percepção da sensação de dor. FISIOPATOLOGIA É preciso lembrar que existe uma via ascendente nociceptiva da dor e uma via inibitória (que vai fazer com que uma hora a dor pare), e o paciente com fibromialgia possuem desregulação dessas vias. Desse modo, a via ascendente que é a via excitatória, a via dolorosa ela vai estar muito exacerbada (com uma certa hiperalgesia), devido a um aumento da substancia P e do glutamato. Em compensação, na hora de inibir o estimulo doloroso há um déficit pois há uma diminuição de serotonina e noradrenalina nesses pacientes. QUADRO CLÍNICO Dor difusa crônica (os pacientes se queixam de dor (que pode ser moderada a intensa) nos ossos, dor nas “carnes”), não e uma dor só na articulação, e sim difusa, em todas as articulações, tendões em partes moles. Além disso, o paciente tem sono não reparador e para saber isso na história clínica, é importante perguntar ao paciente se ele já acorda cansado de manhã. Fibromialgia | Larissa Gomes de Oliveira. 2 Há também fadiga e transtorno de humor (geralmente ele é depressivo, mas pode ocorrer também uma irritabilidade). Um outro fator é o sedentarismo, geralmente está presente nesses pacientes, são poucos que fazem atividade física (inclusive atividade física aeróbica é importante para o tratamento). Além disso, eles podem reclamar de parestesias (sensações cutâneas como calor, formigamento, agulhadas, adormecimento). OBS: é muito comum pacientes com fibromialgia levar para a consulta uma eletroneuromiografia, e esse exame pode estar normal, mas quando o medico vai avaliar a história dessa parestesia, é uma parestesia totalmente esquisita, vem em qualquer hora, desaparece qualquer hora, ruim de caracterizar. Além disso, há também a queixa de edema de mãos (muitas vezes esse edema é um sintoma subjetivo, em que na avaliação não tem edema, porém o paciente relata sentir o edema). É importante lembrar que a fibromialgia possui manifestações satélites (manifestações secundarias da doença) que podem coexistir. Como por exemplo, a síndrome da fadiga crônica, distúrbios funcionais intestinais (tanto diarreia como constipação), cistite intersticial (síndrome da bexiga dolorosa), dor pélvica crônica. Além de cefaleia, disfunção de ATM e pode existir a síndrome das pernas inquietas. PONTOS DOLOROSOS Existem alguns pontos dolorosos (tender points) que são 18 pontos dolorosos em algumas regiões (porém isso não é um critério diagnostico). DIAGNÓSTICO O diagnóstico de FM é eminentemente clínico, com a história, exame físico e exames laboratoriais auxiliando a afastar outras condições que podem causar sintomas semelhantes. AVALIAÇÃO LABORATORIAL Na avaliação laboratorial é avaliado se há condições associadas e afastar diagnósticos diferenciais. Além disso, não vai achar nada especifico nos exames, não há alteração dos exames que indicam inflamação, como a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa. Exames de imagem devem ser interpretados com muito cuidado, pois nem sempre os achados da radiologia são a causa da dor do paciente. Os exames são mais para ver se há alguma condição associada, ou alguma outra doença grave. O diagnostico não é de exclusão, além disso, os critérios diagnósticos de 2010 são os utilizados (antigamente se considerava os tender points como critérios diagnostico). Hoje não se considera mais, pois algumas pessoas e alguns homens com fibromialgia tendem a não ter os tender points. Fibromialgia | Larissa Gomes de Oliveira. 3 Há 2 índices nos critérios: que é o índice de dor generalizada (IDGI) e a escala de gravidade de sintomas (leva em consideração fadiga, sono não reparador, sintomas cognitivos e satélite (sintomas secundários que coexistem, como cefaleia)). O índice de dor generalizada vai observar 19 áreas alternando direita e esquerda, onde o paciente vai marcar os locais que sentiu dor na última semana. Além disso, há a Escala de Gravidade dos Sintomas (EGS), onde vai ser observado de 0 (ausente), 1 (leve), 2 (moderada) e 3 (grave), com relação a fadiga, sono não reparador, sintomas cognitivos. E aí depois é importante perguntar se ele apresentou cefaleia, dores ou cólicas abdominais e sintomas de depressão. É importante lembrar que quando se fala de fibromialgia, há dor crônica com pelo menos 3 meses, sem outra doença que justifique (por isso que é importante fazer a analise laboratorial) e aí vai ser avaliado também as escalas (em que o EGS dê pelo menos 5, associada ao IDG de pelo menos 7, ou um IDG mais baixo entre 3 e 6, mas em compensação com um EGS mais alto de pelo menos 9). TRATAMENTO A meta no tratamento da FM é aliviar os sintomas com melhora na qualidade de vida. A FM não traz deformidades ou sequelas nas articulações e músculos, mas os pacientes apresentam uma má qualidade de vida. O principal tratamento da FM é não- medicamentoso, ou seja, os cuidados do paciente consigo mesmo são mais importantes do que as medicações, embora estas também tenham seu papel. O principal tratamento da fibromialgia é o exercício aeróbico, aquele que mexe o corpo todo e acelera os batimentos cardíacos. Esta parece ser a melhor a maneira de reverter a sensibilidade aumentada à dor na FM. Além disso, é Fibromialgia | Larissa Gomes de Oliveira. 4 importante entender sobre a doença (educação) e alguns casos terapia psicológica pode ser útil, principalmente para aprender a lidar com a dor crônica no dia a dia. As medicações são úteis para diminuir a dor, melhorar o sono e a disposição do paciente com fibromialgia, para permitir a prática de exercícios físicos. Algumas medicações, como a pregabalina e a duloxetina, agem na maior sensibilidade à dor. Outros remédios como relaxantes musculares, antidepressivos e analgésicos podem ser usados para alívio de sintomas diversos. Fibromialgia | Larissa Gomes de Oliveira. 5 REFERÊNCIAS Martinez JE, Martinez LC. Revisitando a fibromialgia: o desafio diagnóstico continua. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba 2010;12(4):6-9 VASCONCELOS, JoseéTupinambá., et al. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1ª Ed. 2019.
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