Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Técnicas de Negociação Pode-se falar em negociação direta quando as partes, diante de um conflito, resolvem por si só o problema em questão, sem a intervenção de terceiro para facilitar, propor ou impor alguma solução. Para que haja a negociação direta, as partes necessitam dialogar de forma respeitosa e justa. Além do mais, na negociação, “os agentes em embate se encontram diretamente e, de acordo com suas próprias estratégias e estilos, procuram resolver uma disputa ou planejar uma transação, mediante discussões que incluem argumentação razoável” (TAVARES apud GUILHERME, 2016, p. 18) Já as técnicas de negociação linear estão, por sua vez, descritas na obra “COMO CHEGAR AO SIM – a negociação de acordo sem concessões”, dos autores Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton. Este livro foi desenvolvido pelo Projeto de Negociação da HARVARD LAW. No prefácio da obra, os autores defendem que as técnicas de negociação desenvolveram-se, nos últimos anos, como uma forma de solução de conflitos que desperta o interesse dos acadêmicos e profissionais do Direito. Os autores afirmam que todas as negociações são diferentes, mas as técnicas de negociação podem ser aplicadas desde uma briga entre pais e filhos até um conflito de empresários, eis que oferecem uma estratégia comprovada, concisa e detalhada para se chegar a acordos mutuamente aceitáveis em toda espécie de conflito. Para início de conversa, é fato que o homem é um ser negociador, por natureza. As pessoas negociam aumentos de salário, diminuição no preço de produtos, valor do aluguel, dívidas antigas, entre outras coisas do dia-a-dia. No âmbito jurídico, as técnicas de negociação podem ser aplicadas para pôr fim em processos judiciais. Elas são realmente muito utilizadas nos EUA, como se vê no seriado “Suits”, por exemplo. Como apontam os autores, “um número cada vez maior de ocasiões requer negociação” (p. 15). O método da negociação baseada em princípios, desenvolvido no Projeto de Negociação de Harvard, consiste em decidir as questões a partir de seus méritos, e não através de um processo de regateio centrado no que cada lado se diz disposto a fazer e a não fazer. Ele sugere que você procure benefícios mútuos sempre que possível e que, quando seus interesses entrarem em conflito, você insista em que Aqui, faz-se um paralelo com a teoria da “Democracia Deliberativa”, formulada pelo filósofo Jürgen Habermas, acerca do desenvolvimento da capacidade argumentativa. o resultado se baseie em padrões justos, independentes da vontade de qualquer um dos lados (p. 16). A obra base deste ponto é, basicamente, dividida entre o problema e o métodos, com consequentes subdivisões. 1) O PROBLEMA 1.1) NÃO BARGANHE COM AS POSIÇÕES No conflito, as pessoas tendem a tomar uma posição, defendendo-a a qualquer custo, sendo que a aceitação da proposta da parte contrária implicaria no “abandono” dos valores pessoais. Sendo assim, quando os negociadores discutem posições, tendem a fechar-se nelas, tornando-se quase impossível resolver o problema de forma justa. Discutir dessa forma põe em risco a manutenção do respeito e do relacionamento entre as partes, gerando ressentimentos profundos e até rompimento de vínculos profissionais e de amizade. Não se deve nem ser afável demais e nem áspero demais. Os autores, então, estabelecem quatro critérios para um método eficaz de negociação (p. 28): O PROBLEMA • Não barganhe com as posições • Concentrem-se nos interesses • Descubra as opções O MÉTODO • Separe as pessoas do problema • Concentre-se nos interesses • Invente opções de ganhos mútuos • Invista em critérios objetivos Separe as pessoas dos problemas Concentre-se nos interesses Desenvolva as possibilidades Insista que o resultado tenha por base um critério Esses quatro critérios devem ser percebidos desde o momento em que se começa a pensar na negociação, até o instante final do acordo, em períodos denominados como análise, planejamento e discussão. Dessa forma, o método permite que se chegue a um consenso gradual numa decisão conjunta, eficiente e satisfatória para todos os envolvidos. 2) O MÉTODO 2.1) SEPARE AS PESSOAS DO PROBLEMA É difícil lidar com um problema, ainda mais quando há discussão, a comunicação fica mais difícil e a raiva toma conta dos pensamentos. Nesse sentido, é preciso entender que os negociadores são pessoas, logo, repletos de sentimentos e emoções. A maioria das negociações ocorre no contexto de um relacionamento contínuo em que é importante conduzir cada negociação de maneira a que ajude, e não prejudique as relações futuras e futuras negociações (p. 38). Tendo em vista o contexto de relacionamento entre as partes, é normal que a relação negocial se confunda com o problema. Análise • Diagnóstico da situação: colher informações, organizá-las e ponderar sobre elas Planejamento • Gerar ideias e decidir o que fazer Discussões • Comunicar e buscar um acordo Deve-se, então: colocar-se no lugar do outro; não deduzir as intenções do outro a partir de seus próprios medos; não culpar o outro pelo seu problema; ponderar sobre o ponto de vista de cada um; e oportunizar que o outro veja os interesses dele no resultado proposto. Além disso, a fim de sopesar as emoções que envolvem as partes num conflito, deve-se reconhecer e compreender os sentimentos do outro, objetivando-se o preparo emocional para propor um ponto final ao conflito. Por fim, faz-se necessária uma boa comunicação, não só no sentido de se expressar da melhor maneira, mas também de saber ouvir atentamente e registrar as propostas contrárias, de forma a enfrentar, diretamente, a pessoa, e não o problema em questão. 2.2) CONCENTRE-SE NOS INTERESSES E NÃO NAS POSIÇÕES As posições tendem a ser concretas e explícitas, enquanto os interesses são subjacentes e não expressos. Tende-se a presumir que, só pelo fato de haver um conflito, há, necessariamente, posições extremamente divergentes. Em contrapartida, na maioria dos casos, por trás das posições conflitantes, há tanto interesses comuns e compatíveis, como também interesses divergentes. Notadamente, os interesses em comum são o de manutenção do convívio, do respeito, do diálogo e da compreensão. Diante desse ponto de vista, os interesses conflitantes podem ser conciliados, tendo em vista a busca pela pacificação. Há a necessidade de ser objetivo, mas também flexível. 2.3) INVENTE OPÇÕES DE GANHOS MÚTUOS Por mais valioso que seja contar com muitas opções, as pessoas envolvidas numa negociação raramente sentem a necessidade delas, eis que costumam acreditar que sabem a resposta certa (p.76). Sendo assim, há quatro obstáculos que inibem a invenção de uma multiplicidade de opções: Logo, para inventar opções criativas, deve-se: 1) Separar o ato de inventar opções do ato de julgá-las 2) Ampliar as opções ao invés de buscar resposta única 3) Buscar benefícios mútuos 4) Inventar meios de facilitar as decisões do outro Julgamento prematuro Busca de uma resposta única Pressuposição de que apenas um estará certo Preocupação excessiva unicamente com seus problemas Retomando o que foi dito, é claro que os interesses comuns contribuem para produzir acordos. Desse modo, inventar uma ideia que atenda aos interesses comuns é fundamental. Os interesses comuns devem resultar em oportunidades futuras viáveis para ambas as partes. Uma dica para encontrar os interesses comuns, de forma que sejam úteis às duas partes, é harmonizar os interesses divergentes. Para isso, você precisa indagar as preferências do outro, compreendê-las e ponderá-las. 2.4) INSISTA EM CRITÉRIOS OBJETIVOS Os autores ensinam que por melhor que se compreenda os interesses do outro lado, por mais que você invente engenhosamente meios de conciliaros interesses, e por mais que valorize um relacionamento contínuo, você quase sempre enfrentará a dura realidade dos interesses conflitantes (p. 99). Tipicamente, os negociadores tendem a assumir uma posição, mas deve- se entender que o resultado tem que decorrer da interação de ambas as vontades. Os critérios objetivos baseiam-se em: padrões e procedimentos justos. Com isso, não há aquela sensação de que uma das partes está tirando proveito da outra e assim se pode alcançar o resultado ganha-ganha! • ANÁLISE ECONÔMICA DA NEGOCIAÇÃO Como visto no ponto anterior, para que um conflito seja resolvido da melhor forma possível, é necessário, além de tudo, fazer as devidas ponderações acerca dos custos/benefícios. Pode-se observar, com a explanação acima, que a negociação é uma forma rápida e “lógica” de solução. Além do mais, não exige formalidades e nem instrumentos próprios. Logo, verifica-se que é plausível de aplicação em conflitos rotineiros. AED aplicada à NEGOCIAÇÃO – benefícios Celeridade Exige consenso e diálogo Visa a manutenção de relacionamentos Mínimos custos de transação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FISHER, Roger; URY, William e PATTON, Bruce. COMO CHEGAR AO SIM: a negociação de acordos sem concessões. Tradução Vera Ribeiro e Ana Luiza Borges. 2. Ed. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 2005. GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. MANUEAL DOS MESC’s: meios extrajudiciais de solução de conflitos. Barueri, SP: Manole, 2016.
Compartilhar