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AULA 3 1) Herdeiros necessários: são os herdeiros a quem se defere metade da herança líquida do “de cujus”. São titulares da legítima ou parcela indisponível. São assim chamados porque não podem ser afastados da sucessão, exceto nos casos de indignidade ou de deserdação. Logo, são necessariamente chamados à sucessão, salvo as hipóteses citadas. Segundo o CC, são herdeiros necessários o descendente, o ascendente e o cônjuge (CC, 1845). O companheiro, tendo em vista recente decisão do STF, de maio de 2017 (RE 878694), deve ser considerado herdeiro necessário já que a ele aplica-se o regime sucessório do cônjuge. A legítima, aqui compreendida como a fração indisponível da herança, é calculada segundo os critérios do art. 1847 do CC (“calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos à colação”). 2) Local de abertura da sucessão: em regra, no último domicílio do autor da herança, pois será mais fácil ao juiz conduzir o processo de partilha, quando judicial, inventariando os bens deixados (art. 1785). É importante observar outras regras sobre o lugar de abertura da sucessão conforme disciplinado no art. 48 do CPC/2015: Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. 3) Transmissão da herança: a herança transmite-se como um todo unitário (universalidade de direitos), aplicando-se as normas relativas ao condomínio até a partilha (art. 1791 do CC). A posse da herança transmite-se de imediato aos herdeiros legítimos e testamentários por força do princípio da saisine, conforme já estudado. Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Importância da aplicação das regras do condomínio: defesa da herança. Ajuizamento, por exemplo, de ações possessórias sem a necessidade de formação de litisconsórcio ativo. Ademais, impede a alienação, sem autorização judicial, de bens singulares que integram a herança. 4) Responsabilidade dos herdeiros: juridicamente, não respondem pelas dívidas que ultrapassem as forças da herança. É a consagração da regra do benefício de inventário (art. 1792 do CC). Podem assumir as dívidas que ultrapassem as forças da herança por questões morais, constituindo, assim, verdadeira obrigação natural. Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
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