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Resumo - Saúde da Criança

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Júlia Figueirêdo – PINESC III 
SAÚDE DA CRIANÇA: 
A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À 
SAÚDE DA CRIANÇA: 
A Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde da Criança (PNAISC) foi instituída 
através da Portaria nº 1.130, de 5 de agosto 
de 2015. Seu objetivo é promover e proteger 
a saúde da criança e o aleitamento, 
desenvolvendo medidas integrais de 
atenção desde o período gestacional até os 
nove anos de vida, com destaque 
principalmente para a primeira infância e os 
grupos mais vulneráveis, com o intuito de 
reduzir a morbimortalidade e promover um 
ambiente propício ao desenvolvimento 
saudável. 
No contexto dessa política, consideram-se: 
 Criança: indivíduo na faixa etária de zero 
a 9 anos completos; 
o Os atendimentos em pediatria no SUS 
contemplam crianças e adolescentes 
de até 15 anos de idade. 
 Primeira infância: corresponde ao 
intervalo entre zero e 5 anos de idade. 
Os princípios norteadores da PNAISC são: 
 Direito à vida e à saúde; 
 Prioridade absoluta da criança; 
 Acesso universal à saúde; 
 Integralidade do cuidado; 
 Equidade em saúde; 
 Ambiente facilitador à vida; 
 Humanização da atenção; 
 Gestão participativa e controle social. 
Com base nesses pilares, diretrizes foram 
postuladas para direcionar a elaboração de 
planos e programas voltados para a saúde 
das crianças, a saber: 
 Gestão interfederativa das ações de 
saúde da criança; 
 Organização das ações e serviços na 
rede de atenção; 
 Promoção da saúde; 
 Fomento à autonomia do cuidado e da 
corresponsabilidade da família; 
 Qualificação da força de trabalho do SUS; 
 Planejamento e desenvolvimento de 
ações; 
 Incentivo à pesquisa e à produção de 
conhecimento; 
 Monitoramento e avaliação; 
 Intersetorialidade. 
 
A PNAISC se estrutura em sete eixos 
estratégicos, orientados para o nascimento e 
o pleno desenvolvimento na infância, bem 
como a redução dos riscos para o 
adoecimento e outros agravos, a prevenção 
das doenças crônicas na vida adulta e da 
morte prematura, elencados abaixo: 
1. Atenção humanizada e qualificada à 
gestação, ao parto, ao nascimento e ao 
recém-nascido: baseia-se na melhoria do 
acesso, cobertura, qualidade e 
humanização da atenção obstétrica e 
neonatal, integrando as ações do pré-
natal e acompanhamento da criança na 
atenção básica com aquelas 
desenvolvidas nas maternidades, 
formando uma rede articulada de 
atenção; 
2. Aleitamento e alimentação complementar 
saudável: está ancorada na promoção, 
proteção e apoio ao aleitamento materno, 
iniciada ainda no período gestacional, 
estendendo-se até o estabelecimento de 
hábitos alimentares saudáveis pela 
criança e por sua família; 
3. Promoção e acompanhamento do 
crescimento e do desenvolvimento 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
integral: consiste na vigilância do 
crescimento e desenvolvimento da 
criança, em especial do 
"Desenvolvimento na Primeira Infância ", 
pela atenção básica à saúde, incluindo 
ações de apoio às famílias para o 
fortalecimento de vínculos; 
4. Atenção integral a crianças com agravos 
prevalentes na infância e com doenças 
crônicas: refere-se às estratégias para o 
diagnóstico precoce e a implementação 
de tratamentos adequados para doenças 
prevalentes na infância e para ações de 
prevenção de doenças crônicas e de 
cuidado dos casos diagnosticados, 
estimulando a atenção e internação 
domiciliar sempre que possível; 
5. Atenção integral à criança em situação de 
violências, prevenção de acidentes e 
promoção da cultura de paz: visa 
consolidar um conjunto de ações e 
estratégias da rede de saúde para a 
prevenção de acidentes e da violência, e 
para a promoção da cultura de paz, além 
de criar instrumentos para a qualificação 
da atenção à criança em situação de 
violência sexual, física e psicológica, 
negligência ou abandono; 
6. Atenção à saúde de crianças com 
deficiência ou em situações específicas e 
de vulnerabilidade: refere-se a 
articulações intrassetoriais e 
intersetoriais para inclusão dessas 
crianças nas redes temáticas de atenção 
à saúde, mediante a identificação 
condição causadora de vulnerabilidade e 
dos riscos de agravos e adoecimento, 
reconhecendo as peculiaridades desse 
público de forma a criar medidas 
resolutivas; 
7. Vigilância e prevenção do óbito infantil, 
fetal e materno: consiste na contribuição 
para o monitoramento e a investigação da 
mortalidade infantil e fetal, de modo a 
identificar métodos necessários para a 
prevenção de óbitos evitáveis. 
AVALIAÇÃO NO PERÍODO NEONATAL: 
EXAME FÍSICO E ESCALAS DE VITALIDADE DO RN: 
A primeira avaliação do RN, realizada ainda 
na sala de parto, tem por finalidade avaliar a 
vitalidade, determinar fatores de risco e 
identificar malformações congênitas, 
tocotraumatismos (acidentes durante o 
parto) e alterações cardiopulmonares que 
possam afetar a saúde desse neonato. 
O primeiro ponto analisado se dá antes do 
nascimento, baseando-se numa anamnese 
detalhada com dados maternos e da 
gestação, como a idade da mãe, número de 
gestações, abortamentos e paridades, tipos 
de parto, ocorrência de consanguinidade, 
realização adequada do pré-natal, histórico 
de amenorreia, doenças prévias e 
gestacionais, uso de medicações, drogas 
ilícitas, tabaco e álcool, anestesia e 
informações sobre o trabalho de parto, além 
dos resultados dos exames laboratoriais, 
ecografias e de monitorizações fetais. A 
importância de coletar todas essas 
informações está na descoberta antecipada 
de situações de risco, auxiliando a equipe a 
receber e assistir da melhor forma o neonato. 
Logo após o nascimento, o RN sadio deve 
ser colocado em contato direto (pele a pele) 
com a mãe, enquanto a equipe espera que 
sejam cessados os batimentos do cordão 
umbilical, por 1 a 3 minutos, para fazer o 
clampeamento tardo dessa estrutura (caso 
esteja respirando/chorando e com tônus 
muscular em flexão, do contrário, realizar 
essa ligadura de forma imediata de modo a 
não atrapalhar o início da VPP). 
Algumas medidas devem ser realizadas para 
estender o cuidado ao recém-nascido 
enquanto ele está junto à mãe, como a 
manutenção da nortmotermia (temperatura 
corporal entre 36,5 a 37,5ºC), secando o RN 
com compressas aquecidas e deixando-o 
sobre a pele da mãe envolto num pano seco 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
e aquecido, a manutenção de vias aéreas 
pérvias, com leve extensão do pescoço e 
aspiração de boca e narinas (quando 
necessário), a avaliação contínua de FC, 
respiração e tônus do bebê, e a garantia da 
amamentação na primeira hora. 
O neonato deve ser mantido próximo à mãe 
por uma hora, mostrando os sinais de que 
ele está pronto para a amamentação, que 
deve ocorrer nesse espaço de tempo. Nesse 
momento é realizado o primeiro exame físico 
dessa criança, de forma rápida e objetiva, 
para determinar sua vitalidade e possíveis 
intervenções. 
O teste mais utilizado nesse processo é a 
Escala (ou Índice) de Apgar, que 
compreende a avaliação de 5 sinais no 
primeiro e no 5º minuto de vida, atribuindo a 
cada parâmetro uma pontuação entre 0 e 2. 
São avaliados a frequência cardíaca, a 
respiração, o tônus muscular, a cor da pele e 
a presença de reflexos. Ao somar todos os 
pontos, teremos o índice de Apgar. 
 
Apgar 8 a 10 significa que o bebê nasceu em 
ótimas condições. Apgar 5 a 7 significa que 
o bebê apresentou uma dificuldade/asfixia 
leve. Apgar 3 a 4 traduz uma dificuldade de 
grau moderado e Apgar 0 a 2 aponta uma 
dificuldade de ordem grave, que pode 
acarretar distúrbios metabólicos caso não 
seja manejada a tempo. A presença de 
mecônio enquadra-se como um agravante. 
TESTES DE TRIAGEM NEONATAL: 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal 
(PNTN) é uma ferramenta de rastreamento 
populacional que tem como objetivo geral 
identificar, em tempo hábil (entre 0 e 28 dias 
de vida), distúrbios e doençasno recém-
nascido, garantindo tratamento e 
acompanhamento contínuo às pessoas com 
diagnóstico positivo, de modo a reduzir a 
morbimortalidade e melhorar a qualidade de 
vida desses indivíduos. 
A premissa do PNTN foi inicialmente 
mencionada pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente ainda em 1990, definindo que 
hospitais e demais serviços de atenção à 
saúde da gestante, sejam eles públicos ou 
particulares, são obrigados a ofertar exames 
diagnósticos e terapêuticas adequadas para 
as anormalidades do metabolismo do RN, 
assim como orientar os pais acerca desses 
acometimentos. 
Em 2001, por meio de uma portaria do 
Ministério da Saúde, o Programa Nacional de 
Triagem Neonatal foi instituído no SUS. As 
doenças que integravam o programa nesse 
momento eram fenilcetonúria, 
hipotireoidismo congênito, doença falciforme 
e outras hemoglobinopatias e fibrose cística, 
analisadas por meio do “teste do pezinho”. 
Uma outra portaria, publicada em 2012, 
atualizou essa lista, que passou a contar com 
a triagem neonatal para hiperplasia adrenal 
congênita e deficiência de biotinidase. 
Outros exames foram adicionados 
posteriormente à essa iniciativa, como o 
teste do reflexo vermelho (“teste do olhinho”), 
a oximetria de pulso (“teste do 
coraçãozinho), o teste de acuidade auditiva 
(“teste da orelhinha”), e o “teste da 
linguinha”. 
A tiragem neonatal contempla o diagnóstico 
presuntivo, o diagnóstico de certeza, o 
tratamento, o acompanhamento dos casos 
avaliados e a associação de tecnologias para 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
a promoção da saúde, a prevenção de 
agravos e o cuidado integral. 
É responsabilidade das equipes de saúde 
alocadas nas maternidades, casas de parto 
ou centros de saúde indígena, alertar e 
orientar a puérpera e familiares sobre a 
necessidade de realização dos testes de 
triagem neonatal no ponto de coleta da 
Atenção Básica adstrito à sua residência, 
quando a coleta não for realizada naquele 
local. 
TESTE DO PEZINHO: 
Esse exame de triagem neonatal utiliza 
amostras de sangue do RN para detectar 
anomalias metabólicas de forma precoce, 
identificando casos de hipotireoidismo 
congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias 
(ex.: anemia falciforme), fibrose cística, 
hiperplasia adrenal congênita e deficiência 
de biotinidase. Sua realização deve ocorrer o 
mais rapidamente possível, de preferência 
entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê. 
A coleta do material a ser analisado acontece 
nos pontos de atendimento da Atenção 
Básica em Saúde, podendo também, em 
alguns estados, ocorrer nas maternidades, 
casas de parto e comunidades indígenas. No 
entanto, independentemente do local 
escolhido para a realização da triagem 
biológica, esta deve ser registrada e 
informada nos sistemas do SUS. 
 Deve ser considerada como uma condição 
de exceção toda coleta realizada após o 28º 
dia de vida, mesmo que não recomendada, 
por se tratar de um exame fora do período 
neonatal. As condições presentes nessa 
ressalva incluem a dificuldade de acesso em 
aldeias indígenas e populações do campo e 
da floresta, questões culturais e casos de 
negligência. 
Crianças que não tenham realizado o teste 
no período neonatal devem ser avaliadas 
pelo serviço médico para orientação e 
investigação diagnóstica específica, caso 
necessário. Essa busca será considerada 
com a finalidade de um diagnóstico tardio e, 
nessas condições, a criança detectada se 
beneficiará com o acesso ao tratamento e 
acompanhamento especializado e, 
consequentemente, a uma melhor qualidade 
de vida. 
Caso os pais se recuse a realizar a coleta, o 
profissional responsável deve orientá-los 
acerca dos riscos atrelados a essa decisão, 
e o ocorrido deve ser documentado com a 
assinatura dos responsáveis. 
PROCEDIMENTO DE COLETA E ENTREGA DOS 
RESULTADOS: 
O primeiro passo para a coleta da amostra 
de cada criança consiste na lavagem das 
mãos e colocação de luvas de procedimento. 
O profissional deve então posicionar a 
criança de modo que o calcanhar se 
mantenha abaixo do nível do coração 
(favorece a circulação para os pés da 
criança). O acompanhante deve ficar de pé, 
segurando o RN, enquanto o realizador está 
sentado de frente para o bebê. 
Realiza-se a assepsia o calcanhar com 
algodão ou gaze embebida suavemente em 
álcool 70%, massageando bem o local para 
aumentar o fluxo sanguíneo (região deve 
ficar avermelhada). 
A punção deve ser feita com lancetas 
próprias para a coleta de sangue periférico, 
e o local deve ser escolhido de forma 
adequada, sempre nas laterais plantares da 
região do calcanhar. O profissional deve 
segurar o pé da criança de forma a imobilizá-
lo, mas mantendo a circulação no local. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
 
Ao puncionar o local, deve-se aguardar a 
formação de uma grande gota de sangue, 
desprezada num algodão, pois pode conter 
outros fluidos teciduais capazes de modificar 
os resultados. Com a nova gota formada, 
encostar o verso do papel filtro no pé do 
bebê, movendo o primeiro em movimentos 
circulares até que as áreas demarcadas para 
coleta sejam preenchidas (só levantar o pé 
do bebê nesse ponto. Não é necessário que 
os limites do sangue coincidam com os 
limites dos círculos impressos no papel-filtro. 
Esse processo deve ser repetido em todos 
os pontos de coleta, jamais retornando a um 
círculo incompleto. 
 
Se o fluxo de sangue for interrompido, o 
profissional de saúde deve fazer uma nova 
massagem na região, comprimindo-a com 
algodão para remover o tampão de fibrina. 
Caso ainda assim não seja possível retornar 
a coleta, uma nova punção deve ser 
realizada. 
É necessário fazer a verificação imediata da 
qualidade da amostra, colocando o papel 
filtro contra a luz. Todo o círculo deverá ter 
um aspecto translúcido na região molhada 
com o sangue, que deverá estar espalhado 
de forma homogênea. O RN não pode ser 
dispensado até que se assegure a coleta 
correta. Após o término do procedimento, a 
criança deve ser deitada, e seu calcanhar é 
levemente pressionado para estancar o 
sangramento, podendo ser feito um curativo 
no local. 
Após a coleta e a verificação, as amostras 
serão secas em temperatura ambiente e 
enviadas para o laboratório, onde será feita 
a análise. Entre a realização do exame e o 
transporte não devem se passar mais do que 
dois dias, porem o uso de refrigeradores 
pode ser empregado em casos excepcionais 
(coleta no fim de semana ou em locais 
isolados). 
Todos os resultados deverão ser entregues 
às famílias o mais breve possível, assim que 
a Unidade de Coleta os receba do 
Laboratório Especializado, fisicamente ou 
por meio eletrônico. Como esse momento 
traz ansiedade para a família, é necessário 
informar claramente a conformidade da 
amostra com os parâmetros analisados, 
propondo estratégias de conformação e 
acompanhamento em caso de retorno 
sugestivo para determinada doença. 
TESTE DO OLINHO: 
O teste do olhinho, também chamado de 
Teste do Reflexo Vermelho (TRV) é um 
exame simples, rápido, indolor e de baixo 
custo realizado em recém-nascidos, cujo 
objetivo é a detecção precoce de problemas 
oculares congênitos que comprometem a 
transparência dos meios oculares e que 
podem impedir o desenvolvimento visual 
adequado. 
Inicialmente esse método era utilizado para 
avaliar a simetria de fixação binocular e 
identificar estrabismo. A observação do 
reflexo vermelho da retina indica que as 
estruturas oculares internas estão 
transparentes. A opacidade desses meios 
pode causar leucocoria (pupila branca) ou 
perda do reflexo. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
A realização desse teste não deve substituir 
a consulta oftalmológica a qual todo bebê 
deve ser submetido em seu primeiro ano de 
vida, pois ele não é suficiente para assegurar 
a saúde ocular plena da criança. 
O TRV é realizado com o oftalmoscópio 
direto, cuja luzprojetada nos olhos, 
atravessa as estruturas transparentes, 
atinge a retina e se reflete, causando o 
aparecimento do reflexo vermelho 
observado nas pupilas (semelhante ao que 
ocorre em fotos tiradas com flash). Esse tom 
é atribuído à vascularização da retina e do 
coroide e ao epitélio pigmentado. Na 
presença de opacidade dos meios oculares 
no eixo visual, esse reflexo estará ausente 
ou diminuído. 
Durante o teste, a sala em penumbra facilita 
a observação dos reflexos, não havendo a 
necessidade de dilatação das pupilas com 
colírios. O oftalmoscópio deve ser 
posicionado a uma distância de 50 cm a um 
metro dos olhos do recém-nascido (cerca de 
um braço esticado). Em seguida, localizam-
se os olhos da criança através do orifício do 
equipamento e iluminam-se suas pupilas. 
Observa-se então, o reflexo vermelho em 
cada uma delas, avaliando-se sua presença 
ou ausência e na presença, comparar a 
intensidade e simetria entre os olhos. 
No resultado do TRV consideram-se três 
respostas possíveis: reflexo presente, 
ausente ou duvidoso, este último quando há 
assimetria evidente ou suspeita do reflexo 
alterado, sendo um resultado duvidoso até 
por não se saber qual é o reflexo do olho 
normal. 
 
Reflexos vermelhos presentes e simétricos em 
ambos os olhos (normal) 
 
Leucoria no olho direito 
 
Reflexo vermelho duvidoso por assimetria, mais 
brilhante no olho esquerdo (estrábico) 
Se o reflexo for ausente em um ou ambos os 
olhos ou duvidoso, a criança deverá ser 
encaminhada ao oftalmologista para ao 
exame oftalmológico completo de modo a 
elucidar o diagnóstico e assegurar a conduta 
necessária. 
As principais causas de TRV alterado são a 
catarata congênita, glaucoma congênito, 
retinoblastoma, leucoma, inflamações 
intraoculares da retina e vítreo, retinopatia da 
prematuridade (ROP) no estágio 5, 
descolamento de retina, vascularização fetal 
persistente e hemorragia vítrea. Também 
podem alterar o reflexo vermelho produzindo 
assimetria entre os olhos a presença de 
estrabismo, anisometropia (erros de refração 
distintos entre os olhos), altas ametropias, 
luxações de cristalino e malformações como 
o coloboma de polo posterior. 
O teste do reflexo vermelho é realizado pelo 
pediatra na maternidade, antes da alta do 
recém-nascido. Embora todos tivessem que 
ser submetidos ao teste, se não for possível, 
deve-se realizá-lo o mais breve ainda no 
primeiro mês de vida. Recomenda-se ainda 
que o teste seja repetido durante as visitas 
pediátricas regulares, e toda vez que se 
suspeitar de alguma anomalia ocular. Filhos 
de ais com doenças oculares de caráter 
hereditário ou de mães acometidas por 
doenças infecciosas na gestação devem 
tanto realizar o “teste do olhinho” como 
também ser encaminhados para avaliação 
oftalmológica. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
TESTE DO CORAÇÃOZINHO: 
O teste do coraçãozinho, denominação 
popular para o teste da oximetria de pulso, 
busca averiguar a presença de cardiopatias 
congênitas críticas (afetam 1 ou 2:1000 RN), 
que podem evoluir rapidamente para 
choque, hipóxia e óbito precoce caso não 
diagnosticada precocemente. 
Essas doenças podem ser causadas por 
fluxo pulmonar ou sistêmico dependente do 
canal arterial, ou por transposição das 
grandes artérias. 
Na maioria das Unidades Neonatais, a alta 
hospitalar é realizada entre 36 e 48 horas de 
vida, período no qual a manifestação clínica 
desses acometimentos pode não ter 
ocorrido, com ausculta normal. 
O diagnóstico precoce é fundamental, pois 
pode evitar choque, acidose, parada 
cardíaca ou agravo neurológico antes do 
tratamento da cardiopatia. Idealmente, esse 
rastreamento seria realizado por meio de 
ecocardiograma com mapeamento de fluxo 
em cores, seja no período fetal ou pós-natal, 
porém ele é inacessível para triagem em 
amplo espectro. 
No grupo dessas cardiopatias ocorre uma 
mistura de sangue entre as circulações 
sistêmica e pulmonar, o que acarreta uma 
redução da saturação periférica de O2. Neste 
sentindo, a aferição da oximetria de pulso de 
forma rotineira em recém-nascidos 
aparentemente saudáveis nascidos a termo 
tem mostrado uma elevada sensibilidade e 
especificidade para detecção precoce destas 
doenças. 
A oximetria deve ser aferida no membro 
superior direito e em um dos membros 
inferiores. Para que essa medição seja 
adequada, é necessário que o recém-
nascido esteja com as extremidades 
aquecidas e o monitor evidencie uma onda 
de traçado homogêneo. 
Os resultados esperados são a saturação 
periférica maior ou igual a 95% em ambas as 
medidas e diferença menor que 3% entre o 
membro superior direito e membro inferior. 
Caso os resultados sejam diferentes desse 
padrão, o teste deve ser refeito após uma 
hora. Se ainda se mantiverem deturpados, o 
RN deve ser submetido a um 
eletrocardiograma nas próximas 24h. 
Este teste apresenta sensibilidade de 75% e 
especificidade de 99%, logo não descarta a 
necessidade de realização de exame físico 
minucioso e detalhado em todo recém-
nascido, antes da alta hospitalar. 
 
TESTE DA ORELHINHA: 
A prevalência da deficiência auditiva varia de 
um a seis neonatos para cada mil nascidos 
vivos, número considerado elevado quando 
comparado a outras doenças passíveis de 
triagem na infância, como fenilcetonúria 
(1:10.000), e anemia falciforme (2:10.000). 
São diversos os fatores de risco para o 
desenvolvimento de disfunções auditivas no 
período neonatal, como infecções 
congênitas, Apgar entre 0 e 4 no 1º minuto, 
anomalias craniofaciais, uso de medicações 
ototóxicas, permanência na UTI por mais de 
5 dias e antecedentes familiares de surdez 
permanente desde a infância. 
A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) tem por 
finalidade a identificação de forma mais 
precocemente possível da deficiência 
auditiva nos neonatos e lactentes. Consiste 
no teste de medidas fisiológicas e 
eletrofisiológicas da audição, com o objetivo 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
de encaminhar os infantes para diagnóstico 
dessa deficiência, e propor intervenções 
adequadas à criança e sua família. 
Esse teste deve ser realizado no primeiro 
mês de vida do infante (preferencialmente 
após 24 a 48h do nascimento), 
independentemente da presença de fatores 
de risco. Ele é organizado em duas etapas, 
teste e reteste, ambos indolores e não 
invasivos, realizados por fonoaudiólogos em 
3 a 5 minutos, sendo possível aplica-lo 
mesmo durante o sono da criança. 
Um pequeno fone é acoplado na orelha do 
RN, gerando estímulos sonoros que 
mostram como o ouvido do recém-nascido 
reage aos sons. Dois resultados podem ser 
extraídos desse exame: se o ouvido do bebê 
responder aos sinais propostos, ele 
apresenta audição normal e deve iniciar a 
fala em torno de 1 ano de vida e ser capaz 
de construir frases simples aos 2 anos. Caso 
isso não aconteça, é indicado realizar uma 
nova avaliação da audição, e o bebê deve 
ser enviado o para um acompanhamento que 
inclui a realização de outros exames para 
esclarecer se o problema é temporário ou 
permanente. 
 
TESTE DA LINGUINHA: 
O teste da linguinha é um exame 
padronizado que possibilita diagnosticar e 
indicar o tratamento precoce das limitações 
dos movimentos da língua causadas pela 
anquiloglossia (língua presa) que podem 
comprometer as funções exercidas pela 
língua: sugar, engolir, mastigar e falar. 
Esse teste deve ser realizado por um 
profissional da área da saúde qualificado, 
como por exemplo, o fonoaudiólogo. Ele 
deve elevar a língua do bebê para verificar 
se está presa, e também observar o bebê 
chorando e sugando. O exame não tem 
contraindicações e deve ser feito 
precocemente, por volta de 48h após o 
nascimento. Recomenda-se que a avaliação 
do frênulo da língua seja inicialmente 
realizada na maternidade. A avaliação 
precoce é ideal para que os bebês sejam 
diagnosticados e tratadoscom sucesso, 
evitando maiores complicações. 
Existem graus variados de língua presa, por 
isso a importância de haver um teste que 
leva em consideração os aspectos 
anatômicos e funcionais para fazer um 
diagnóstico preciso e indicar a necessidade 
da realização do “pique no frênulo lingual”. 
 
Para posicionar adequadamente o bebê, é 
solicitado que a mãe ou responsável apoie a 
nuca da criança no espaço entre o braço e o 
antebraço, segurando as mãos desta. Para 
elevar a língua é utilizada uma manobra 
específica onde são introduzidos os dedos 
indicadores enluvados embaixo da língua, 
pelas margens laterais, evitando abrir 
demais a boca do RN. Se o escore dos sinais 
observados for superior a 7, um reteste deve 
ser feito após 30 dias, momento no qual será 
definida a real necessidade de intervenção 
cirúrgica. 
A ICTERÍCIA NEONAATAL: 
A icterícia é um dos problemas neonatais 
mais comuns, secundária a níveis de 
bilirrubina indireta (BI) superiores a 1,5mg/dL 
ou de bilirrubina direta (BD) maior que 
1,5mg/dL, desde que esta represente mais 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
que 10% do valor de bilirrubina total (BT). A 
coloração amarelada da pele, principal 
indício clínico desse acometimento, torna-se 
presente quando os níveis sanguíneos desse 
pigmento se mantêm entre e 5 a 7 mg/dL. 
A icterícia pode estar presente ao 
nascimento ou aparecer em qualquer 
momento do período neonatal, dependendo 
da etiologia. Ela geralmente fica visível em 
progressão cefalocaudal, com início na face 
e avanço para o abdome e depois até os pés, 
à medida que os níveis séricos aumentam. A 
pressão sobre a pele pode revelar a 
progressão anatômica do quadro. 
Na prática, 98% dos RN apresentam níveis 
séricos de bilirrubina total acima de 1 mg/dL 
durante a primeira semana de vida, sendo 
que cerca de dois terços ou mais 
desenvolvem icterícia com valores 
superiores a 5 mg/dL. Estudos realizados 
pela Universidade Johns-Hopkins 
observaram que os valores de BT não 
ultrapassam o platô de 13mg/dl, que passou 
a ser considerado fisiológico. 
Uma das formas de avaliar a progressão da 
icterícia por hiperbilirrubinemia indireta é 
pelas zonas de Kramer: 
 Zona 1: icterícia somente na face, 
associada a valores de BI menores que 
5mg/dL; 
 Zona 2: icterícia desde a cabeça até a 
cicatriz umbilical, com valores de BI entre 
5 e 12mg/dL; 
 Zona 3: icterícia até os joelhos e 
cotovelos, podendo apresentar valores 
de 8 a 16mg/dL; 
 Zona 4: icterícia em pernas e braços, 
correspondendo a valores de 10 a 18 
mg/dL; 
 Zona 5: icterícia em planta de pés e 
palma das mãos, indicando valores acima 
de 15 mg/dL. 
 
Essa ampla variabilidade de valores 
encontrada em cada zona demonstra que 
não existe boa concordância entre a 
avaliação clínica da icterícia e os valores de 
bilirrubina sérica. A visualização da icterícia 
depende, além da experiência do 
profissional, da pigmentação da pele do RN 
e da luminosidade, fatores que podem 
subestimar ou prejudicar a análise de uma 
forma geral. 
PUERICULTURA: 
A puericultura refere-se ao fornecimento de 
cuidados à criança, tendo como pilares a 
prevenção e a educação em saúde, o que 
justifica sua classificação como “pediatria 
preventiva”. 
Outro dos enfoques principais dessa 
modalidade de atenção é a abordagem de 
doenças do adulto com raízes na infância, e, 
portanto, preveníveis nesse período. Um 
exemplo dessa correlação é o baixo peso ao 
nascer como fator de risco para o 
desenvolvimento de doenças 
cardiovasculares, diabetes e obesidade. 
A efetivação da puericultura se dá por meio 
do acompanhamento periódico e sistemático 
da criança, avaliando seu crescimento e 
desenvolvimento, verificando o calendário de 
vacinação, fornecendo orientações aos 
responsáveis acerca do aleitamento materno 
e alimentação durante o desmame, da 
prevenção de acidentes, e da importância da 
higiene pessoal e ambiental, além de 
identificar precocemente os agravos para 
que possam ser implementadas 
intervenções eficazes e apropriadas. Nesse 
sentido, tal atividade requer a atuação de 
toda a equipe de saúde que assiste o infante 
e sua família, analisando seu contexto 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
biopsicossocial por meio da consulta de 
enfermagem, consulta médica, consulta 
odontológica, grupos educativos e visitas 
domiciliares presentes no contexto da 
Atenção Básica. 
De forma a garantir a extensão da cobertura 
do atendimento infantil na rede básica de 
saúde e assegurar o aumento da capacidade 
resolutiva desses serviços, desde 1984 o 
Ministério de Saúde prioriza cinco ações 
básicas em saúde importantes para a 
redução da morbimortalidade infantil: 
acompanhamento do crescimento e 
desenvolvimento infantil, promoção do 
aleitamento materno e orientação alimentar 
para o desmame, prevenção e controle das 
doenças diarreicas, prevenção e controle 
das infecções respiratórias agudas, e 
imunização. 
A primeira avaliação da criança é realizada 
pelo pediatra idealmente ainda na sala de 
parto, devendo ocorrer até a alta hospitalar. 
A partir daí preconiza-se que o infante seja 
avaliado na primeira de semana de vida e 
seja acompanhado na Atenção Básica nas 
UBS com retornos, no 1º mês, 2º mês, 4º 
mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês, além de 
duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e 
no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, com 
consultas anuais, próximas ao mês do 
aniversário, até que sejam completos 5 anos 
de idade (esse período é o que apresenta 
maior velocidade de crescimento, 
justificando o monitoramento constante). 
Nas consultas periódicas, a equipe de saúde 
observa a criança, indaga aos pais sobre as 
atividades do filho, reações frente a 
estímulos e realiza o exame clínico. Quanto 
mais nova a criança, mais frágil e vulnerável, 
daí a necessidade de consultas mais 
frequentes. 
 
Idealmente, a primeira consulta deve ser realizada 
ainda na primeira semana de vida, momento no qual 
são avaliados o andamento do aleitamento materno 
e o crescimento 
O crescimento é um dos indicadores mais 
importantes da saúde infantil, sendo 
considerado um pré-requisito para qualquer 
estratégia de promoção da saúde nessa 
faixa etária, sendo sua avaliação uma forma 
de conhecer e monitorar o estado geral da 
saúde de uma criança e o desenvolvimento 
socioeconômico e de saúde da comunidade 
onde ela vive. 
De modo geral, pode-se dizer que o 
crescimento do ser humano é um processo 
dinâmico e contínuo que ocorre desde a 
concepção até o final da vida, considerando 
os fenômenos de substituição e regeneração 
de tecidos e órgãos. 
Na avaliação do crescimento infantil, devem-
se considerar as medidas antropométricas e 
a evolução de certas estruturas físicas 
conhecidas como indicadores do 
crescimento, sendo os mais comuns o peso, 
a estatura (dois parâmetros básicos e 
essenciais de avaliação na puericultura), os 
perímetros cefálico, torácico e braquial, a 
erupção dentária, o fechamento das 
fontanelas e suturas e, eventualmente, a 
idade óssea da criança. 
Sobre os dados antropométricos, é 
importante ressaltar que a variação do peso 
em relação à idade é mais rápida que a da 
altura, refletindo de forma quase imediata 
quaisquer alterações no estado de saúde da 
criança, mesmo que por processos agudos. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
 
 
O acompanhamento do perímetro cefálico 
deve ser feito principalmente nas crianças de 
zero a 24 meses de idade, período de maior 
crescimento pós-natal da cabeça e do 
cérebro. Com essa medida em mãos, deve 
ser realizada a evolução do fechamento das 
fontanelas e suturas cranianas. A fontanela 
anterior ou bregmática deve se fechar entre 
9 e 18 meses. A fontanela posterior ou 
lambdoide costuma fechar entre um e dois 
meses de idade. O fechamento precoce da 
fontanela (craniossinostose) pode ocasionar 
comprometimento do crescimentocerebral. 
 
O desenvolvimento infantil contempla a 
interação do indivíduo com o ambiente que o 
cerca, sofrendo influência de diversos 
fatores, que podem ser divididos em 
intrínsecos (aspectos neuroendócrinos e 
genéticos) e ambientais (pré-natais e pós-
natais), gerando uma transformação 
complexa, dinâmica e permanente que inclui, 
para além do crescimento físico, o 
aprendizado e os aspectos psíquicos e 
sociais. 
A avaliação do desenvolvimento da criança 
será sempre mediada por outras pessoas, 
sejam familiares, profissionais da educação 
ou da saúde. A interação com a sua rede 
social de proteção assegura a sobrevivência 
e molda seu relacionamento com o mundo. 
Nas relações com adultos, o infante assimila 
habilidades como sentar, andar, falar e 
controlar os esfíncteres. Durante os 2 
primeiros anos de vida, um aspecto 
importante reside no desenvolvimento 
afetivo, caracterizado pelo apego. 
 
Uma segunda interpretação desse 
parâmetro reside no caráter qualitativo, que 
compreende o aprendizado e a busca pela 
independência, sendo um processo 
contínuo, que também deve ser incorporado 
à Caderneta da Criança. 
Em casos onde o profissional de saúde 
suspeita de atrasos no desenvolvimento 
infantil, pode ser aplicada, como forma de 
triagem (logo sem valor diagnóstico) a escala 
Denver II. Esse instrumento, aplicável em 
crianças de zero a seis anos de idade, 
permite a avaliação comparativa com 
comportamentos e atitudes esperadas em 
determinadas idades, percorrendo os 
aspectos motor grosso, motor fino 
(adaptativo), pessoal-social e de linguagem. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
 
As consultas com enfoque na criança devem 
acontecer desde a 32ª semana de gestação 
de modo a esclarecer dúvidas da família 
sobre os cuidados com o infante. Já na 
maternidade, as mães devem ser orientadas 
sobre os “sinais de alerta do bebê”, que, 
quando identificados, significam 
necessidade imediata de atendimento 
médico. Estes sinais são: 
 Choro franco, sonolência e dificuldade 
para despertar (principalmente quando 
isso surge subitamente); 
 Dificuldade para respirar ou presença de 
gemidos, ainda mais relevante se durante 
o aleitamento; 
 Alteração na cor de mãos e pés (palidez, 
cianose, icterícia); 
 Aceitação reduzida de leite materno; 
 Vômito em grande quantidade, 
acompanhados ou não por febre e 
diarreia; 
 Aumento no número de evacuações ou 
presença de fezes líquidas ou com 
sangue, especialmente quando 
acompanhadas por vômito, febre e/ou 
recusa alimentar; 
 Distensão abdominal; 
 Ausência de diurese nas últimas 12h; 
 Urina escurecida e de odor forte; 
 Icterícia estendida para braços, pernas 
ou região abaixo do umbigo; 
 Umbigo avermelhado ou com mau cheiro; 
 Temperatura corporal inferior a 35,5ºC ou 
maior que 37,8ºC (bebês de até 3 meses 
de idade apresentam problemas para 
regular sua temperatura corporal, então 
podem se mostrar febris quando muito 
agasalhados em climas quentes); 
 Convulsões. 
Há, na Atenção Primária à Saúde, uma forte 
preocupação com a primeira semana de vida 
da criança. Espera-se garantir a visita 
domiciliar do agente de saúde ao binômio 
mãe e filho no contexto da família, para 
orientação de todos sobre o cuidado de 
ambos, bem como para ofertar as ações 
programadas para a primeira semana na 
Unidade de Saúde, se possível 
oportunizando tudo para a mesma data 
(consulta para o bebê e para a puérpera), 
estimulando a presença do pai ou outro 
familiar próximo sempre que possível, 
fornecendo apoio ao aleitamento materno, e 
promovendo imunizações e a coleta de 
sangue para o teste do pezinho, caso não 
tenha sido colhido na maternidade. Depois 
disso, até a criança completar 2 anos de 
idade, o objetivo é um acompanhamento 
cuidadoso do crescimento e 
desenvolvimento desse indivíduo pela 
equipe de saúde (inclusive com busca ativa 
dos faltosos), com um olhar biopsicossocial 
não só para o infante, mas também para as 
condições do contexto de saúde e da vida de 
sua mãe e da família. 
EXAME CLÍNICO NA PUERICULTURA: 
Durante o acompanhamento da criança nas 
consultas de puericultura, é necessário 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
colher, na primeira visita, dados e 
informações que permitam a compreensão 
do estado de saúde geral do infante, bem 
como induzem a detecção de sinais de 
alarme para complicações, sejam elas 
decorrentes do período gestacional ou da 
fase neonatal. 
 
Aspectos essenciais que devem ser avaliados nas 
consultas de puericultura nos diferentes grupos 
etários 
Ao avaliar a realização do pré-natal materno, 
é preciso comprovar a realização e rever os 
resultados de cada laudo, além de verificar 
os tratamentos realizados para ISTs durante 
a gravidez e o acompanhamento da 
suplementação alimentar. 
O choro se insere como um ato reflexo 
desenvolvido de forma progressiva, 
integrado a maturação fisiológica e às 
experiências ambientais, compondo 
voluntariamente a linguagem pré-verbal. 
O exame segmentar de um recém-nascido 
contempla: 
 Dados antropométricos, discutidos 
anteriormente; 
 Desenvolvimento social e psicoafetivo: 
pode ser avaliado pelos marcos do 
desenvolvimento neuropsicomotor e pela 
troca de informações entre a criança e 
seu responsável, analisando como ela 
responde aos estímulos do meio; 
 Estado geral: contempla a postura normal 
do RN (extremidades fletidas, as mãos 
fechadas e o rosto, geralmente, dirigido a 
um dos lados), o padrão respiratório, o 
estado de vigília (oscila entre o sono 
profundo/leve e o choro), a presença de 
sinais de desidratação ou hipoglicemia 
(hipoatividade, letargia, pouca diurese e 
má ingestão alimentar), e a temperatura 
axilar (entre 36,4ºC e 37,5ºC); 
 Face: necessário averiguar a presença 
de assimetrias, deformações, 
malformações e de caracteres 
sindrômicos; 
 Pele: requer a avaliação de edema, 
palidez, cianose e icterícia, essa última 
que merece mais atenção caso se instale 
antes das primeiras 24h de vida ou 
persista por mais de 7 dias, ou em caso 
de disseminação para pernas e braços. O 
profissional deve pesquisar assaduras e 
possíveis lesões de pele; 
 Crânio: exame das fontanelas, avaliando 
o tamanho, formato e o estágio do 
fechamento (fontanela anterior entre 1 e 
4 cm, com forma de losango, fechando-
se totalmente entre o 9º ao 18º mês de 
vida; fontanela posterior com 0,5 cm, 
triangular, de fechamento integral até o 
segundo mês). Essas regiões não devem 
estar abauladas ou deprimidas; 
 Olhos: realizar o teste do reflexo 
vermelho (teste do olhinho) e analisar o 
reflexo fotomotor (reação pupilar a um 
feixe de luz); 
 Orelhas: avaliar a implantação, o 
tamanho e a simetria das orelhas, além 
de orientar a família para a realização do 
teste da orelhinha; 
 Nariz: observar o formato, possíveis 
obstruções e a presença de secreção, 
sinal sugestivo para sífilis; 
 Boca: observar atentamente a úvula, o 
tamanho da língua, o palato, o freio 
lingual (avalia a presença de 
anquiloglossia – teste da linguinha) e a 
coloração dos lábios, pois todos esses 
fatores podem interferir na pega durante 
o aleitamento; 
 Pescoço: pontua a assimetria facial e a 
posição viciosa da cabeça, encontrada 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
comumente em crianças com torcicolo 
congênito; 
 Tórax: é necessário avaliar a simetria 
torácica, que quando alterada pode 
indicar alterações congênitas do gradil 
costal, da coluna vertebral, do coração ou 
dos pulmões. Verificar a existência de 
fraturas claviculares e de sinais de 
sofrimento respiratório é fundamental, 
bem como medir frequência cardíaca; 
 Abdome: a verificação da frequência 
respiratória é realizada nessa região uma 
vez que o padrão respiratório de infantes 
é basicamente abdominal. A sua 
superfície deve ser plana, com dilatações 
associadas a gases ou visceromegalia,e 
escavação relacionada à hérnia 
diafragmática. São investigadas hérnias 
umbilicais e inguinais, e avalia-se o 
estado do coto umbilical, que será 
descrito posteriormente; 
 
 Genitália: em RN do sexo masculino, 
apalpar a bolsa testicular, aguardando 
até o 3º mês de vida caso sejam 
impalpáveis na primeira consulta. Se aos 
6 meses os testículos não forem 
apalpados na bolsa escrotal, a criança 
deve ser encaminhada para melhor 
avaliação e tratamento. A fimose é 
fisiológica nesse período, e líquido pode 
se acumular no saco escrotal, causando 
hidrocele de resolução espontânea. 
Deve-se observar a localização do meato 
urinário para excluir a possibilidade de 
hipospádia (meato na região ventral do 
pênis) ou epispádia (abertura dorsal na 
face superior do pênis). Na genitália 
feminina, os pequenos lábios e o clitóris 
são mais proeminentes. Pode haver 
secreção esbranquiçada ou hemorrágica, 
devido à passagem de hormônios 
maternos, que se resolve 
espontaneamente; 
 Ânus e reto: necessário avaliar sua 
permeabilidade, posição e a presença de 
fissuras; 
 Sistema osteoarticular: examinar 
membros superiores e inferiores, 
avaliando sua resistência à extensão e a 
flexão destes, eventual flacidez muscular 
e suspeitas de paralisia. Deve-se verificar 
a presença de displasia evolutiva do 
quadril realizando os testes de Ortolani e 
de Barlow; 
 
A avaliação neurológica dos reflexos 
primitivos será descrita no próximo tópico. 
REFLEXOS PRIMITIVOS: 
Os reflexos primitivos são respostas 
assintomáticas e estereotipadas a 
determinados estímulos externos, presentes 
ao nascimento, mas que devem ser inibidos 
ao longo dos primeiros dias de vida, 
momento no qual surgem os reflexos 
posturais. Sua presença indica que o 
Sistema Nervoso está intacto, porém sua 
permanência sugere disfunções 
neurológicas. 
A persistência do sinal de Moro, 
anteriormente descrito, para além do sexto 
mês de vida, indica atraso de 
desenvolvimento, ao passo que sua 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
ausência em lactentes com 
hiperbilirrubinemia pode indicar kernicterus. 
 
A sucção reflexa é outro exemplo de reflexo 
primitivo, manifestado por meio da 
estimulação dos lábios, após a qual há 
vigorosa sucção, desaparecendo por volta 
do 6º mês. 
 
O reflexo de busca é desencadeado por 
estimulação da face ao redor da boca, com o 
neonato rotacionando a cabeça na tentativa 
de buscar o objeto, com subsequente sucção 
do mesmo. 
O reflexo do esgrimista é desencadeado pela 
rotação da cabeça enquanto o examinador 
estabiliza o tronco do RN. Observa-se 
extensão do membro superior do lado 
análogo à rotação e flexão do membro 
superior contralateral. A resposta dos 
membros inferiores obedece ao mesmo 
padrão, mas é mais sutil. Deve regredir por 
volta do 3º mês de vida. 
A preensão palmar é observada após 
pressionar a palma da mão, observando-se 
flexão dos dedos. Ausência antes dos 3 
meses, assimetria ou persistência após os 6 
meses pode corresponder à anormalidade. 
 
A preensão plantar, por sua vez, é 
desencadeada pela pressão na base dos 
pododáctilos (dedos dos pés), que se 
flexionam. Ausência antes dos 3 meses, 
assimetria ou persistência após os 12 meses 
pode corresponder à anormalidade. 
 
Quando o RN é colocado, apoiado pelos pés, 
numa superfície dura, observa-se extensão 
das pernas, correspondendo ao reflexo do 
apoio plantar. 
A marcha reflexa é desencadeada por meio 
da inclinação do tronco do RN após obtenção 
do apoio plantar, quando se observa o 
cruzamento das pernas, uma à frente da 
outra. 
 
O reflexo de Galant é desencadeado por 
estímulos táteis na região dorsolateral, 
observando-se encurvamento do tronco na 
região estimulada. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
 
O reflexo da escada é observado após 
estímulo tátil do dorso do pé, com o bebê 
sendo sustentado pelas axilas. O pé se eleva 
como se estivesse subindo uma escada. 
 
 
ATENÇÃO COM O COTO UMBILICAL: 
O cordão umbilical é uma estrutura única, 
formada por uma camada fina que reveste 
uma porção de tecido conjuntivo na qual se 
encontram duas artérias e uma veia, sendo 
responsável pela nutrição do feto durante a 
gestação. Logo após o nascimento (1 a 3 
minutos), esse cordão será separado da 
placenta, não recebendo mais oxigênio e 
entrando num processo de mumificação. 
A higiene adequada desse coto é 
imprescindível para sua total cicatrização, 
evitando o aparecimento de bactérias 
patológicas que possam causar infecções. A 
OMS recomenda que o restante do cordão 
seja mantido limpo e seco, e que uma 
avaliação inicial seja realizada na consulta 
da 1ª semana de vida para assegurar o 
desenvolvimento adequado da mumificação. 
 
Diversas são as substâncias utilizadas para 
a limpeza do coto umbilical, porém 
preconiza-se como norma básica a higiene 
com água e sabão, mantendo a região 
sempre seca. O uso de álcool etílico a 70% 
ou clorexidina em concentrações de 0,5% a 
4% são aparentemente eficazes em reduzir 
ainda mais o risco de infecção, além de 
permitir a desidratação do coto, devendo ser 
incentivado o uso adequado em todas as 
maternidades e cuidados pós-natais em 
casa. 
As medidas de higiene das mãos de quem 
vai manipular o coto ou trocar as fraldas, a 
colocação de uma gaze limpa para cobrir o 
coto e a troca frequente de fraldas depois da 
micção ou evacuação são medidas 
essenciais e benéficas na redução das 
infecções nessa área. Para aplicar o álcool, 
é necessário proteger a pele ao redor do 
umbigo, de modo a não queimar a região 
periférica. Todos esses cuidados auxiliam a 
prevenir a onfalite, condição inflamatória do 
coto umbilical que merece atendimento 
médico para evitar sua disseminação pela 
parede abdominal. 
Ainda no sentido de promover uma 
cicatrização segura, não é recomendado o 
uso de nenhum curativo oclusivo, evitando 
assim o crescimento de fungos e bactérias. 
Com o passar do tempo, o coto vai endurecer 
e cair, normalmente entre 5 e 15 dias, e deve 
ser orientado à mãe ou à família que não 
puxe o coto, mesmo que ele aparente estar 
totalmente solto. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NO TRATO 
GENTURINÁRIO FEMININO AO NASCER: 
Durante o exame dos órgãos genitais do RN, 
nos dois primeiros dias de vida, é visível 
edema dos grandes lábios, extrofia dos 
pequenos lábios e presença de corrimento 
vaginal esbranquiçado ou com presença de 
sangue (menstruação neonatal), 
autolimitada ainda nos primeiros dias de 
vida. Isso se deve à ação dos estrogênios 
maternos que penetram a placenta e, 
quando têm seu fluxo interrompido, 
promovem a pequena liberação 
hemorrágica. 
Os níveis elevados de hormônios também 
podem causar outros sinais, como o leve 
intumescimento da glândula mamária, que 
pode culminar na secreção de leite, tanto em 
meninos quanto em meninas. 
Externamente, podem ser observados 
prolongamentos vaginais exteriorizados 
conhecidos como franjas do hímen, que logo 
regridem. Também é possível observar 
coloração mais escurecida nos genitais 
externos, associada à hiperpigmentação 
epidérmica transitória. 
CÓLICA: 
A cólica do lactente é definida como ataques 
paroxísticos (súbitos) de choro forte, agudo, 
estridente, inexplicável e inconsolável 
(medidas de conforto comuns não surtem 
efeito), geralmente ao anoitecer (19-23 
horas), típicos do primeiro trimestre de vida. 
Quando acometido por esse quadro, o bebê 
fica inquieto e avermelhado, virando a 
cabeça para os lados, fechando os punhos e 
fletindo as coxas sobre o abdômen. Por 
vezes ocorre a eliminação de gases, que 
trazem certo grau de alívio momentâneo. 
Com pequenos intervalos, o choro pode 
persistir por horas, o que acarreta estresse 
aos pais, que se sentem incapazes e 
frustrados por não conseguir solucionar o 
incômodo. 
O método clínico mais aceito para chegar aodiagnóstico de cólica (que é realizado por 
exclusão, uma vez que o exame físico é 
normal e não há causa identificável via 
exames complementares) é o da “regra dos 
3” proposta por Weasel: verifica-se se os 
episódios de agitação e choro se mantém por 
pelo menos três horas por dia, mais de três 
dias na semana e em ao menos três 
semanas em crianças previamente 
saudáveis. 
A cólica do lactente é uma condição 
transitória, sem risco de mortalidade 
associada e que não afeta o crescimento da 
criança, mas pode alterar o desenvolvimento 
desta por meio do reflexo negativo que as 
crises provocam na relação do bebê com 
seus pais, ou deixar sequelas emocionais, 
levando ao surgimento de transtornos 
somáticos no lactente. 
O choro é, de todos os padrões de 
comportamento pré-verbais, o que mais 
chama a atenção dos pais, sendo comum a 
tentativa de identificação dos padrões de 
específicos para cada necessidade (fome, 
dor e frio). Estudos demonstram que as 
mães conseguem interpretar com acurácia 
essa forma de comunicação infantil, fazendo 
com que o choro relatado seja o critério mais 
fidedigno para o diagnóstico de cólica. 
Ainda que essa manifestação seja estudada 
há mais de 50 anos, a etiologia da cólica 
segue pouco esclarecida. Alguns possíveis 
fatores causais são a imaturidade/processo 
de amadurecimento do trato intestinal, 
hipertonicidade congênita, alergia ao leite de 
vaca (pesquisas comparativas observaram 
que bebês alimentados com leite de soja 
apresentam redução dos sintomas e de sua 
frequência), componentes ambientais e até 
mesmo por tensão dos pais (ansiedade, 
inexperiência, insegurança materna). 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
A alimentação materna também pode 
influenciar na duração e intensidade da 
cólica, com estudos que apontam risco 
relativo de 2,0 para ingestão de leite de vaca; 
1,7 para cebola; 1,5 para chocolate; 1,3 para 
brócolis e repolho 1,2 para couve-flor; e 0,7 
para carne vermelha. 
O tabagismo durante a gestação é outro fator 
que pode estar associado ao quadro, com 
incidência dobrada de cólica em filhos de 
mulheres que fumavam 15 ou mais cigarros 
na gravidez ou o puerpério. 
O tratamento das cólicas em lactentes é 
bastante amplo, raramente empregando 
terapias medicamentosas. O contato físico, 
seja por pressão, massagem ou calor local, 
é bastante utilizado em meio doméstico, 
tendo como objetivo a eliminação de gases. 
Chás de ervas diversas também são muito 
frequentes, devendo apenas ser feita a 
ressalva de que sua administração deve ser 
feita com cautela e moderação, pois seu 
excesso pode acabar prejudicando a 
amamentação ou causando distúrbios 
nutricionais. 
A modificação comportamental entre o 
binômio mãe-filho e a maior interação 
familiar também aparentam ter efeito 
terapêutico, pois ao serem orientados acerca 
do caráter remissivo da cólica e da 
importância do pronto atendimento das 
necessidades do bebê, os pais apresentam 
menor nível de estresse, o que pode auxiliar 
a reduzir a intensidade das crises. A 
aplicação do Método Canguru de contato 
com o lactente também é uma boa 
ferramenta, minimizando, prevenindo ou até 
mesmo interrompendo os episódios de 
choro. 
A AMAMENTAÇÃO: 
Amamentar é um processo que vai muito 
além da simples nutrição da criança. 
Representa um momento de interações 
profundas e significativas entre mãe e filho, 
repercutindo no seu crescimento, em sua 
capacidade imunológica, no seu 
desenvolvimento (emocional e cognitivo), e 
na manutenção de sua saúde a longo prazo, 
além de beneficiar aspectos físicos e 
psicológicos maternos. 
A OMS classifica a amamentação em 
diversas categorias, a saber: 
 Aleitamento materno exclusivo: refere-se 
à situação em que a criança recebe 
somente leite materno (direto da mama, 
ordenhado ou por outra fonte [banco de 
leite]), sem outros líquidos e sólidos na 
dieta, com exceção de medicamentos, 
vitaminas, sais de reidratação oral ou 
vitaminas de uso oral; 
 Aleitamento materno predominante: 
indica que a criança recebe, para além do 
leite materno, água ou bebidas à base de 
água (chás, infusões e água adocicada), 
sucos de frutas e fluidos rituais; 
 Aleitamento materno: o critério de 
inclusão é a oferta de leite materno em 
suas diversas apresentações, 
independentemente de receber ou não 
outros alimentos; 
 Aleitamento materno complementado: é 
definido como a dieta que associa o leite 
humano a qualquer alimento sólido ou 
pastoso no intuito de complementar a 
alimentação, sem substituir o fator 
materno; 
 Aleitamento materno misto ou parcial: 
ocorre quando a criança recebe vários 
tipos de leite, incluindo o materno. 
A amamentação deve, segundo a OMS e o 
Ministério da Saúde, ser mantida de forma 
exclusiva nos seis primeiros meses de vida, 
podendo se estender por dois anos ou mais, 
período no qual o leite materno continua 
sendo fonte importante de vitaminas e 
minerais, além de manter as funções 
imunológicas. 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO: 
Ainda que a sucção do RN seja motivada por 
reflexo, ele deve aprender a retirar o leite do 
seio de forma eficiente, de modo a formar um 
lacre perfeito, garantindo a formação do 
vácuo, que estabiliza a aréola e o mamilo na 
boca do bebê. 
 
Nesse movimento, a língua eleva suas 
bordas laterais e a ponta, assumindo a forma 
de uma concha (canolamento), que conduz o 
leite em direção à faringe posterior e ao 
esôfago, induzindo o reflexo da deglutição. A 
ordenha é feita pelo movimento ritmado da 
ponta da língua para trás, comprimindo o 
mamilo suavemente. O bebê consegue, 
enquanto mama, respirar pelo nariz 
normalmente, mantendo os padrões 
respiratórios fisiológicos. Todo esse conjunto 
de movimentos mandibulares (para baixo, 
para a frente, para cima e para trás) permite 
que a face cresça harmonicamente. 
 
A técnica aplicada durante a amamentação, 
ou seja, o posicionamento do conjunto mãe-
filho para amamentar/mamar e a pega e 
sucção do bebê são imprescindíveis para 
que a ordenha do leite seja bem-sucedida e 
também para que os mamilos não sejam 
lesionados. 
Caso um dos integrantes desse processo 
esteja mal posicionado, a boca do infante 
terá mais dificuldade em circundar as 
estruturas mamárias superficiais, resultando 
no que se denomina como “má pega”. Esse 
fenômeno atrapalha o esvaziamento 
completo da mama, o que, por sua vez, pode 
implicar na redução da produção de leite. 
Outro resultado comum inclui o ganho 
ponderal reduzido (mesmo que passe longos 
períodos junto ao seio), pois há dificuldade 
em retirar o leite final, mais denso 
caloricamente. 
 
Além de dificultar a alimentação da criança, 
a pega deficitária machuca os mamilos que, 
desprotegidos da fricção e compressão 
(essa estrutura aloja-se inteiramente na boca 
do infante), pode sofrer com lesões. 
 
A mãe deve escolher uma posição que traga conforto 
a ela e à criança 
A mãe deve ser educada a estimular que o 
infante venha à mama, e não o contrário, 
podendo fazer uso de movimentos para 
estimular o contato quando ambos estiverem 
prontos. 
Quatro pontos são descritos pela OMS para 
caracterizar o posicionamento e a pega 
adequados: 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
 Pontos-Chave do posicionamento 
adequado: 
o Bebê com rosto de frente para a 
mama, com nariz na altura do mamilo; 
o Corpo da criança próximo do da mãe; 
o Alinhamento entre cabeça e corpo do 
bebê; 
o Bebê bem apoiado. 
 Pontos-chave da pega adequada: 
o Mais aréola visível acima da boca do 
bebê; 
o Boca do infante bem aberta; 
o Lábio inferior projetado para fora; 
o Queixo junto ao seio. 
 
Técnicas inadequadas de amamentação se 
evidenciam por meio dos seguintes 
aspectos: 
 Encovamento das bochechas do bebê a 
cada sucção; 
 Presença de ruídos da língua; 
 Seio esticado ou de aparência deformada 
durantea amamentação; 
 Mamilos com estrias vermelhas ou áreas 
esbranquiçadas ou achatadas quando a 
mama é solta; 
 Dor ao amamentar. 
Se a mama está muito cheia, a aréola pode 
estar tensa e endurecidas, dificultam a pega 
e a sucção, sendo recomendado que se 
retire manualmente um pouco de leite do 
seio ingurgitado. 
ACONSELHAMENTO EM ALEITAMENTO MATERNO: 
A equipe multiprofissional deve engajar-se 
no aconselhamento das mulheres em 
diversas etapas do processo da 
maternidade, auxiliando-a na tomada de 
decisões levando em consideração seu 
conceito cultural e socioeconômico, para 
além dos aspectos médicos e biológicos. 
 
A promoção da amamentação ainda no 
período gestacional tem impactos positivos 
na prevalência desse hábito, especialmente 
entre mães de primeira viagem, 
representando um ótimo momento para 
motivar a mulher e seu companheiro. 
O exame das mamas é fundamental, pois por 
meio dele podem-se detectar situações que 
poderão exigir uma maior assistência à 
mulher logo após o nascimento do bebê, 
como a presença de mamilos muito planos 
ou invertidos e cicatriz de cirurgia de redução 
de mamas. 
 
A “preparação das mamas” para o 
aleitamento não é mais uma recomendação 
de rotina, estando a cargo do próprio 
desenvolvimento gestacional. Manobras que 
envolvem o estiramento manual dos mamilos 
ou esfrega-los com toalhas ásperas na 
tentativa de fortalece-los não é 
recomendado, pois na maioria das vezes não 
apresentam efeito ou são prejudiciais. Em 
mulheres com mamilos planos ou invertidos, 
a intervenção logo após o nascimento do 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
bebê é mais importante e efetiva que 
intervenções no período pré-natal. O uso de 
sutiã adequado ajuda na sustentação das 
mamas, pois na gestação elas apresentam o 
primeiro aumento de volume. 
Caso durante toda a gravidez a mulher não 
perceba aumento nas mamas, será 
necessário acompanhar de perto ganho de 
peso do bebê, pois é possível que haja 
insuficiência de tecido mamário. 
Os primeiros dias após o parto são cruciais 
para o sucesso da amamentação, 
contemplando momentos de intenso 
aprendizado para a mãe e para o RN. Nesse 
contexto, os seguintes pontos devem ser 
abordados pela equipe multiprofissionais: 
 Comportamentos normais do bebê: a 
família deve ser orientada de modo a 
compreender que cada criança apresenta 
um perfil distinto, podendo chorar mais ou 
menos que outras, sem que seja 
indicativo de prejuízos à saúde. Cabe à 
mãe atender com prontidão às 
necessidades do RN, permitindo a 
formação de vínculo afetivo entre esse 
binômio; 
 Número e duração das mamadas: é 
recomendado que a criança seja 
alimentada sem restrição de horário e de 
tempo mínimo de permanência na mama, 
método que se chama amamentação em 
livre demanda. Nos primeiros meses, é 
normal que a criança mame com 
frequência e sem horários regulares. Em 
geral, um bebê em aleitamento materno 
exclusivo mama de oito a 12 vezes ao 
dia. O tamanho dos seios pode estar 
associado à frequência de aleitamento, 
mas não têm relação com a produção e a 
“força” do leite produzido; 
 Uso de mamadeiras e chupetas: esses 
dois artifícios são contraindicados pois 
podem induzir a “confusão de bicos”, que 
reduz a qualidade da mamada pelo 
lactente. Além disso, a oferta de 
mamadeiras de água e chás também não 
deve ser recomendado, pois relacionam-
se ao desmame precoce e à redução no 
crescimento infantil; 
 Aspecto do leite: a equipe de saúde deve 
informar a mulher sobre a aparência de 
seu leite para evitar pré-julgamentos que 
possam afetar o discorrer da 
amamentação. O leite no início da 
mamada tem alto teor de água, sendo 
mais translúcido, porém conta com 
muitos anticorpos. Já o leite do meio da 
mamada tende a ter uma coloração 
branca opaca devido ao aumento da 
concentração de caseína. E o leite do 
final da mamada, o chamado leite 
posterior, é mais amarelado devido à 
presença de betacaroteno. 
Para estimular a manutenção da 
amamentação, é necessário que os 
profissionais de saúde orientem a mãe sobre 
a necessidade de manter uma alimentação 
saudável, aumentando somente 500 calorias 
por dia para suprir às necessidades da 
lactação. 
A alimentação ideal (variada e equilibrada) 
de uma nutriz pode não ser acessível para 
muitas mulheres de famílias com baixa 
renda, o que pode desestimulá-las a 
amamentar seus filhos. Por isso, a 
orientação alimentar deve ser feita levando-
se em consideração, além das preferências 
e dos hábitos culturais, a acessibilidade aos 
alimentos. É importante lembrar que as 
mulheres produzem leite de boa qualidade 
mesmo consumindo dietas subótimas. 
A hipovitaminose B em crianças 
amamentadas por mães vegetarianas é uma 
condição que merece atenção, pois essa 
vitamina não é encontrada na alimentação 
dessas mulheres. 
O retorno ao trabalho também pode ser um 
fator de complicação para a amamentação, 
em especial a exclusiva. A manutenção do 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
processo nesse caso depende da ocupação 
materna e da possibilidade de flexibilização 
para o atendimento das demandas infantis. 
Para as mães manterem a lactação após 
retornarem ao trabalho, é importante que o 
profissional de saúde estimule os familiares, 
em especial o companheiro, quando 
presente, a dividir as tarefas domésticas com 
a nutriz e oriente a mãe trabalhadora quanto 
a algumas medidas que facilitam a 
manutenção do aleitamento materno, como 
a intensificação no número de mamadas 
quando estiver em casa, armazenar o leite 
em frascos de vidro esterilizados com tampa 
plástica em baixas temperaturas (resiste por 
12 horas na geladeira e por 15 minutos no 
congelador), além da ordenha do leite 
materno, preferencialmente manual 
(movimento em C). 
 
Não há dúvidas que o leite materno 
representa a melhor alternativa para a 
alimentação de crianças até 6 meses, porém 
o profissional de saúde deve estar apto a 
realizar o aconselhamento e a orientação 
quanto ao melhor método de suplementação 
alimentar (fórmula ou leite de vaca), levando 
em conta aspectos econômicos e culturais 
daquela família. 
As “fórmulas infantis” para lactentes 
correspondem a leites manipulados 
industrialmente indicados para crianças que 
não estão em processo de aleitamento 
materno. A maioria dos produtos existentes 
no mercado deriva do leite de vaca, atingindo 
padrões nutricionais pré-estabelecidos, 
porém mesmo com essa adaptação com 
relação aos macro e micronutrientes, os 
fatores imunológicos e bioativos não são 
encontrados nesses substitutos. 
Frente à impossibilidade da continuação da 
amamentação, recomenda-se que crianças 
menores de seis meses sejam alimentadas 
com fórmulas infantis de partida, e de 6 a 12 
meses, com fórmulas de seguimento para 
lactantes. 
O leite de vaca é bastante diferente do 
humano, tanto na quantidade de nutrientes 
como em sua qualidade (aplicabilidade às 
necessidades nutricionais do RN), não sendo 
recomendado para crianças menores de 1 
ano. 
Esse alimento apresenta proteínas em 
quantidade elevada, relação caseína/soro 
inadequada, alto teor de sódio, cloreto e 
fósforo, e quantidades insuficientes de 
carboidratos, ácidos graxos essenciais, 
vitaminas e minerais para essa primeira fase 
da vida. Além de todo o desequilíbrio 
nutricional, o leite de vaca ainda é altamente 
alergênico para crianças, podendo resultar 
no desenvolvimento da alergia à proteína do 
leite. 
Para que esse alimento seja fornecido a 
crianças de até 4 meses, o cuidador deve 
realizar sua diluição em 1/3 de água (para 
leite líquido) e em 100ml de água para uma 
colher de sobremesa de leite, acrescentando 
1 colher de sopa de olho para recuperar o 
percentual lipídico. 
 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
INTRODUÇÃO DA ALIEMNTAÇÃO COMPLEMENTAR: 
A amamentação deve, como mencionado 
anteriormente, persistirde forma exclusiva 
até os seis meses de idade, período no qual 
o leite materno é suficiente para atender às 
demandas nutricionais do bebê. A partir 
desse momento, a alimentação 
complementar deve ser iniciada, de modo a 
prover as quantidades necessárias de água, 
calorias, lipídios, proteínas, vitaminas e 
minerais por meio da introdução gradual da 
dieta da família para a criança. 
Por volta do sexto mês de vida, a criança já 
desenvolveu os reflexos necessários para a 
deglutição, manifesta interesse quando 
observa o alimento e já consegue sustentar 
a cabeça, facilitando a alimentação com 
colher, além de iniciar a erupção dos 
primeiros dentes, promovendo a mastigação. 
A descoberta de novos sabores, texturas e 
cores também é acentuada nessa fase, com 
a descoberta de preferências alimentares, 
fazendo com que a introdução de alimentos 
não tenha finalidade somente metabólica, 
mas sim de adaptar o infante a uma nova 
fase da vida. 
O sucesso desse processo depende da 
paciência, do carinho e do afeto depreendido 
pelos cuidadores da criança, que devem 
contribuir positivamente nessa fase. A 
introdução da alimentação complementar se 
mostra como um momento no qual toda a 
família pode aprender a comer de forma 
saudável, além de permitir a interação mais 
próxima entre o bebê e os demais indivíduos 
em seu convívio (participação mais ativa do 
pai, por não ser a mulher a única provedora 
de alimento). O profissional de saúde deve 
mostrar-se empático e disponível para 
atender às demandas oriundas desse 
período de grandes mudanças, colaborando 
grandemente para o desfecho geral dessa 
etapa. 
A definição do período adequado para iniciar 
a introdução alimentar deve levar em conta 
não só a idade, mas também a maturidade 
neuromuscular e fisiológica da criança, 
direcionando especial atenção aos alimentos 
disponíveis para esse fim e às condições de 
preparo dos mesmos. Os pontos-chave 
observados no desenvolvimento infantil são 
o desaparecimento do reflexo de protusão (o 
infante não joga mais para fora o que é 
colocado em sua boca), a capacidade de 
manter-se sentado sem apoio e de 
movimentar a cabeça (importante para 
sinalizar a rejeição do alimento). 
A partir dos 4 meses de idade, ocorre a 
depleção do estoque de ferro, e a 
alimentação passa a ter papel fundamental 
na prevenção da anemia. O ferro na forma 
heme, presente nas carnes, é mais 
facilmente absorvido, enquanto o ferro que 
não está na forma heme, presente nos 
vegetais, precisa estar na forma ferrosa e 
depende do estado nutricional e dos outros 
alimentos para ser absorvido. É importante 
conhecer os alimentos que favorecem (sucos 
cítricos e cereais crus/farelos [ácidos 
orgânicos]) ou prejudicam (leite [cálcio – 
afeta inclusive a hemoglobina heme] e 
chás/cafeína [polifenóis]) a absorção para 
incluí-los ou não nas refeições ricas em ferro, 
como o almoço e o jantar. O período de 
intervalo é de 2 horas, para não haver 
interferência. 
O leite materno, durante o intervalo de 6 a 12 
meses de idade, contribui com metade da 
energia necessária pela criança, e a 1/3 da 
demanda calórica entre 12 e 24 meses. 
Esses dados justificam a importância de se 
manter a amamentação mesmo após a 
consolidação da alimentação complementar, 
uma vez que o leite ainda auxilia no 
desenvolvimento imunológico. 
Com início no 6º mês de vida, a criança deve 
receber três refeições por dia (uma papa 
principal e duas papas de fruta). Com 7 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
meses completos, a segunda papa principal 
pode ser introduzida, composta for feijão, 
arroz, carnes, legumes ou verduras. Aos 12 
meses, devem ser fornecidas 5 refeições 
diárias, oferecendo água filtrada ao longo do 
dia. 
 
Embora a amamentação deva continuar em 
livre demanda após os seis meses de vida, é 
possível estabelecer um esquema para a 
administração da alimentação 
complementar, de forma a aproximar 
gradativamente os horários da criança aos 
da família, o que pode auxiliar no estímulo à 
ingestão do alimento e na consolidação de 
significado para a refeição. 
Nos primeiros dias após a apresentação 
inicial da alimentação complementar não é 
preciso se preocupar com o volume de 
comida ingerida, sendo o foco promover uma 
introdução gradual da criança ao alimento 
para que ela se acostume. Além disso, em 
decorrência de seu desenvolvimento 
psicomotor, o infante não se satisfaz mais 
em manter papel passivo no processo, 
querendo explorar o ambiente e manipular a 
comida, o que aumenta o interesse pelo 
processo. 
A dieta infantil deve ser a mais variada 
possível, de modo a garantir que ela receba 
todos os nutrientes necessários ao 
crescimento saudável, e também para ajudar 
a formar hábitos alimentares. 
A energia requerida pela alimentação 
complementar para as crianças em 
aleitamento materno é de aproximadamente 
200kcal/dia de seis a oito meses de idade, 
300kcal/dia de nove a 11 meses de idade e 
550kcal/dia de 12 a 23 meses. 
Na fase inicial, a comida pode ser amassada, 
peneirada ou batida em liquidificador até 
adquirir consistência de papa ou purê, que 
possui maior densidade energética. Com o 
desenvolvimento da criança, passa a não ser 
mais necessário que os alimentos tenham 
consistência lisa, incentivando a mastigação 
e apresentando o bebê a diversas texturas, 
podendo ser oferecidos picados ou em 
pedaços aos 8 meses de idade. Ao final do 
1º ano de vida, a maioria das crianças já é 
capaz de ingerir alimentos na mesma 
consistência da refeição do restante da 
família. 
 
É válido salientar que a alimentação inicial 
dessa criança precisa incluir ao menos um 
elemento de cada grupo alimentar (cereais, 
hortaliças/frutas, carnes/ovos e grãos), e não 
deve conter níveis elevados de açúcar, sódio 
e gorduras, de modo a estimular a 
manutenção dessa preferência ao longo da 
vida (infantes são mais propensos a gostar 
do que lhes é oferecido frequentemente). Mel 
e alimentos em conserva ou embutidos 
também devem ser evitados, pois podem 
conter esporos de Clostridium botulinum, 
bactéria cuja toxina, facilmente produzida no 
trato intestinal infantil, é responsável pelo 
desenvolvimento do botulismo. 
 
O consumo precoce de sal está associado ao 
aparecimento de hipertensão arterial, e 
consequente aumento no risco 
cardiovascular, quando adulta. Opções de 
Júlia Figueirêdo – PINESC III 
ervas e temperos naturais que podem ser 
utilizados para temperar as refeições, o que 
estimula a redução do uso do sal e evita a 
adição de condimentos prontos e 
industrializados, e que apresentam em suas 
composições elevado teor salino e de 
gorduras, além de aditivos que deveriam ser 
evitados. 
Dez passos foram estabelecidos para 
auxiliar no desenvolvimento da alimentação 
saudável até o 2º ano de vida: 
 Passo 1: “Dar somente leite materno até 
os seus meses, sem oferecer água, chás 
ou qualquer outro alimento”; 
 Passo 2: “A partir dos seis meses, 
introduzir de forma lenta e gradual outros 
alimentos, mantendo o leite materno até 
os dois anos de idade ou mais”; 
 Passo 3: “Após seis meses, dar alimentos 
complementares (cereais, tubérculos, 
carnes, leguminosas, frutas, legumes) 
três vezes ao dia, se a criança receber 
leite materno, e cinco vezes ao dia, se 
estiver desmamada”; 
 Passo 4: “A alimentação complementar 
deve ser oferecida de acordo com os 
horários de refeição da família, em 
intervalos regulares e de forma a 
respeitar o apetite da criança”; 
 Passo 5: “A alimentação complementar 
deve ser espessa desde o início e 
oferecida de colher; começar com 
consistência pastosa e, gradativamente, 
aumentar a consistência até chegar à 
alimentação da família”; 
 Passo 6: “Oferecer à criança diferentes 
alimentos ao dia. Uma alimentação 
variada é uma alimentação colorida”; 
 Passo 7: “Estimular o consumo diário de 
frutas,verduras e legumes nas 
refeições”; 
 Passo 8: “Evitar açúcar, café, enlatados, 
frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos 
e outras guloseimas nos primeiros anos 
de vida. Usar sal com moderação”; 
 Passo 9: “Cuidar da higiene no preparo e 
manuseio dos alimentos: garantir o seu 
armazenamento e conservação 
adequados”; 
 Passo 10: “Estimular a criança doente e 
convalescente a se alimentar, oferecendo 
sua alimentação habitual e seus 
alimentos preferidos, respeitando a sua 
aceitação”.

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