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AULA 02- AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES

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História moderna: da formação do sist. Internac.
Aula 2: As grandes transformações
Apresentação
Nesta aula, veremos o conjunto das transformações europeias, tendo como pano de fundo as relações entre igreja, estado
e sociedade. Desta forma, compreenderemos como a expansão marítima, a reforma, a contrarreforma e o renascimento
estão con�gurando a era moderna.
Objetivo
Reconhecer a maneira como a Igreja católica e os estados nacionais se relacionavam;
Avaliar as grandes mudanças na mentalidade europeia;
Identi�car o papel dos renascimentos na formação do homem moderno.
Premissa
Na aula passada, vimos a formação do Estado moderno. Entretanto, a compreensão deste processo não seria completa
sem nos debruçarmos sobre a questão religiosa, que permeia toda a era Moderna.
Vamos ver primeiro de que forma a Igreja se adapta ao estado moderno.
 Fonte: Freepik
In�uência católica
Em uma Europa fragmentada, o catolicismo acaba se tornando a única identidade que a sociedade possui.
Dessa maneira, a in�uência católica é tentacular. Ela está em toda a parte, submetendo tanto o servos quanto os
senhores. Em uma realidade onde a maior parte da população é analfabeta, a Igreja dispunha do monopólio da leitura.
Importância da igreja
Os livros eram copiados a mão nos mosteiros e então distribuídos pelo continente. Nesse sistema, a Igreja claramente
escolhia o que seria lido ou não pelos seus �éis. Esse sistema funcionou durante séculos, como fonte de propagação das
ideias e legitimação da Igreja católica.
O que podemos concluir é que as tarefas eclesiásticas estavam
muito além daquelas concernentes ao mundo espiritual.
Com a uni�cação dos estados, a Igreja passar a ser parte integrante,
indissociável, da nova estrutura de poder. O melhor exemplo disso é seu
papel desempenhado na uni�cação da Espanha e na partilha das colônias
ultramarinas entre os reinos ibéricos.
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Saiba mais
Também cabia à Igreja a confecção dos chamados registros paroquiais. Além de documentos diversos, os registros de
nascimento, morte, batismo e casamento eram realizados por esta instituição, que servia então como uma espécie de
cartório. Não é a toa que os documentos eclesiásticos constituem, ate hoje, um dos mais ricos acervos de fontes
históricas disponíveis e aos quais os historiadores recorrem em inúmeras pesquisas, no tocante ao período medieval e ao
começo da era moderna.
Com a uni�cação dos estados, a
Igreja passar a ser parte integrante,
indissociável, da nova estrutura de
poder. O melhor exemplo disso é
seu papel desempenhado na
uni�cação da Espanha e na partilha
das colônias ultramarinas entre os
reinos ibéricos.
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A uni�cação espanhola ocorre
através do casamento dos reis
Isabel de Castela e Fernando de
Aragão. O papa Alexandre VI
atribuiu ao casal o título de reis
católicos, em uma clara
manifestação de apoio a união.
Em 1494, o papa serve como intermediário na assinatura do Tratado de
Tordesilhas que divide as possessões ultramarinas entre Portugal e
Espanha. A utilização do papado como intermediário garantiria aos
reinos ibéricos a legitimidade do acordo, que estaria, portanto, aprovado
por Deus, representado pelo papa.
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Atenção
Não podemos esquecer que a uni�cação espanhola somente ocorreu de fato após a expulsão dos muçulmanos de
Granada, o que tornou a fé católica, hegemônica no reino. Nesse sentido, a identidade religiosa manteve o papel
aglutinador que teve na Idade Média e a identidade nacional espanhola acabou por se fundir a ela.
Con�itos
Mas essa adequação não se deu sem con�itos.
Durante toda a Idade moderna, há diversos embates entre ciência e religião e entre o poder do estado e o poder da
Igreja.
Se os ibéricos aceitaram como “natural” a intervenção da igreja católica nos assuntos do estado, o mesmo não
ocorreu na Inglaterra.
 Capela Sistina | Fonte: Google
Saiba mais
Para saber mais como isso ocorreu, leia o texto Intervenção da Igreja Católica na Inglaterra .
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula2.html
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Reformas religiosas
É certo que as reformas religiosas possuem um fundamento intrinsecamente político, mas é na reforma anglicana que
este aspecto se torna mais evidente.
De fato, devemos entender estas reformas no grande conjunto de transformações das mentalidades vivido entre o �nal da
Idade Média e o início da Era Moderna.
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Atenção
Podemos localizar essas transformações, que aconteceram nos mais diversos âmbitos, tendo como ponto de partida os
renascimentos do período.
Um momento, não era renascimento?
Na verdade, há diversos renascimentos. São chamados
de renascimento comercial, urbano, cientí�co e cultural. O
renascimento cultural é sempre o primeiro que nos vem à
mente, pois este movimento nos deixou um enorme
legado, a arte renascentista. Quem nunca ouviu falar de
Leonardo da Vinci e Michelangelo, não é mesmo?
 
 
 Fonte: Wikipedia
 Fonte: Wikipedia
Uma in�nidade de manifestações culturais de nossos dias utiliza a arte renascentista de algum modo. Na literatura, o
exemplo mais recente é o livro de Dan Brown, o Código da Vinci. Mas as referências estão presentes em toda a parte. Da
Vinci é um dos mais citados porque produziu o mais conhecido quadro do mundo, a Mona Lisa e também o mais
reproduzido, a Última Ceia. Leia mais!
Atenção
Os artistas da renascença também retrataram temas religiosos – a igreja não perdera sua in�uencia, lembra? Mas sob
uma nova perspectiva. Os trabalhos eram feitos sob encomenda e, em uma era de mudança, a própria arte transformou-se
em uma mercadoria. Esse é o caso da Última Ceia. Da Vinci foi contratado pelo duque de Milão para pintar um afresco, um
gênero de pintura que é feito diretamente na parede. A parede, neste caso, pertencia ao refeitório do convento de Santa
Maria delle Grazie, em Milão. Como grande parte das obras de arte produzidas ao longo da história, também a arte
renascentista só adquiriu o valor incalculável que possui nos dias de hoje bem depois do �m do renascimento. Um
exemplo disso é que os próprios religiosos do convento, ao longo do tempo, descaracterizaram a obra, abrindo uma porta
na parede onde ela estava. Esse valor não se refere somente à parte puramente artística, mas porque são vestígios de
uma era de �orescimento e desenvolvimento do pensamento humano.
 
Assim como a Última Ceia, boa parte das grandes obras do renascimento foi produzida na Itália, por artistas italianos,
sobretudo �orentinos. Isso não ocorre à toa.
Por que a Itália é o berço do renascimento cultural?
Para respondermos essa pergunta, falemos de outro
renascimento, o comercial e urbano.
Na Idade Média, os burgos, as cidades medievais,
�cavam geralmente em uma con�uência, caminhos de
passagem entre vários feudos, cujos servos se dirigiam
ate lá para trocar seu excedente agrícola. Nessas cidades
ocorriam as feiras.
Com a crise do século XIV, da qual falamos na aula
anterior, essas cidades se desenvolvem e se tornam
grandes centros comerciais. Contudo, algumas cidades
italianas, que possuíam uma posição geográ�ca
privilegiada, se desenvolvem antes e mais rapidamente.
Esse comércio, extremamente lucrativo, fez surgir uma
burguesia sólida, que passou a se dedicar não só ao
comércio , mas também a atividades bancarias,
acumulando grande capital.
Mas a fortuna acumulada pelos burgueses não permitiu
somente o patrocínio de artistas – chamado de
mecenato – em sua época. Ela tornou possível outro
importante evento na história: as grandes navegações.
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Atenção
De fato, a expansão marítima, embora tenha sido uma tarefa a cargo do Estado, ela não teria sido possível sem o
investimento dos burgueses.
Leia mais sobre isso no texto Expansão marítima: detalhes.
O renascimento, a reforma e a expansão marítima evidenciam que
não há só um novo mundo a ser conhecido, mas, sobretudo, um
novo homem. Na Idade Moderna,se forma uma nova concepção de
indivíduo, de Estado e de sociedade.
Segundo Jacob Burkhardt:
"Na Idade Média [...] o homem reconhecia-se a si próprio
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apenas como raça, povo, partido, corporação, família ou
sob qualquer outra das demais formas de coletivo. Na
Itália, pela primeira vez, tal véu dispersa-se ao vento;
desperta ali uma contemplação e um tratamento objetivo
do Estado e de todas as coisas deste mundo.
Paralelamente a isso, no entanto, ergue-se também, na
plenitude de seus poderes, o subjetivo: o homem torna-se
um indivíduo espiritual e se reconhece como tal."
BURKHARDT, 2009
Notas
utilização do papado como intermediário 1
Ou seja, o poder da Igreja não desaparece, mas se adapta e se adequa às mudanças ocorridas no plano politico e social.
Comércio2
Essa burguesia �nancia os artistas do renascimento, encomendando obras para adornar seus palácios residenciais ou seus
locais de trabalho. Por isso, um dos maiores museus do mundo, a Galleria Degli U�zi, que �ca em Florença, contém um imenso
acervo de arte renascentista e era onde a família Médici, que governava Florença, exercia suas funções administrativas.
Também, a Mona Lisa foi uma obra feita sob encomenda, e, embora sua identidade ainda seja um mistério, estima-se que a
obra retrate a esposa de um rico comerciante �orentino, Francesco del Giocondo – por isso o quadro é também chamado de A
Gioconda.
Referências
ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.
BURKHARDT, Jacob. A cultura do renascimento na Itália: um ensaio. São Paulo: Cia das letras, 2009. p. 25
FALCON, Francisco José Calazans. O Iluminismo. São Paulo: Ática, 1994.
PISIER, Evelyne. Histórias das ideias políticas. São Paulo: Manole, 2004.
Próxima aula
A Guerra dos Trinta Anos e a con�guração de poder na Europa;
O processo de União Ibérica;
O questionamento do tratado de Tordesilhas: as invasões estrangeiras no Brasil.
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