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O ser humano vulnerável é aquele que, conforme conceito compartilhado pelas áreas da saúde e assistência social, está mais suscetível, uma vez que possui desvantagens para a mobilidade social, não alcançando patamares mais elevados de qualidade de vida em sociedade em função de sua cidadania fragilizada/negada. O estado de vulnerabilidade associa situações e contextos individuais e, sobretudo, coletivos." Vulnerabilidade traz à consciência nossa condição de humanidade. Doenças, sofrimentos e morte nos colocam diante da radicalidade de nossa finitude. O sentido da vulnerabilidade vem da percepção de que a vida é "preciosamente precária". VULNERABILIDADE E SAÚDE "A saúde reconhece a preponderância das conjunturas macrossociais sem desconsiderar a dimensão pessoal requisitada para o enfrentamento das situações vulnerabilizantes." (Carmo e Guizardi, 2018). EXPRESSÕES DAS VULNERABILIDADES SOCIAIS NO BRASIL ATUALMENTE Pandemia - Coronavírus Economia estagnada Desemprego Crescimento da informalidade Perdas de direitos sociais Desastres ambientais Perdas por desmoronamentos É uma importante ferramenta no processo de conscientização individual e coletiva de responsabilidade e direitos à saúde. É um processo inerente a todas as práticas desenvolvidas no âmbito do SUS e proporciona a articulação entre todos os níveis de gestão do sistema. Pode permitir o vínculo com ideias de reflexão crítica sobre realidade, empoderamento comunitário e transformação do status quo, na perspectiva de criação e ampliação das condições de vidas saudáveis. HISTORICIDADE E BASES CONCEITUAIS Os primeiros conceitos sobre educação em saúde surgiram no final do século XIX e no início do século XX, quando o Brasil passava por um crescimento urbano, apresentando condições sanitárias ameaçadoras e o aparecimento de surtos epidêmicos (febre amarela, peste cólera). Nesse momento, conhecido como período higienista, a Educação em Saúde era realizada como processo formador de condutas saudáveis, por meio de discursos e práticas calcados em modelos de caráter coercitivo. No final do século XX, surge o movimento sanitário. Este permitiu a redução do “poder de polícia” na saúde, o qual, naquela época, compreendia o confinamento de enfermos em desinfetórios e a vacinação compulsória da população, relegando a educação a um segundo plano. O sanitarismo visava à educação sanitária, com o intuito de promover ações educativas que levassem a hábitos saudáveis por meio de orientações que tinham como objetivo a prevenção de doenças. Esse tipo de educação almejava apenas a transmissão de conhecimentos sobre higiene e cooperação em campanhas profiláticas. Atualmente, ainda há uma herança do modelo cartesiano, o qual influencia o pensamento médico, desenvolvendo um enfoque reducionista e mecanicista que defende a ideia de que educar é para apenas prevenir. Diante desse paradigma biomédico, as práticas educativas saúde tendem a reduzir- se a em atividades preventivas, de cunho meramente informativo e coercitivo. POPULAÇÕES EM VULNERABILIDADE E EDUCAÇÃO EM SAÚDE As incapacidades ligadas à vulnerabilidade, como doença, envelhecimento, deficiências, somam-se as infligidas pelos seres humanos, uns aos outros, na construção de relações de poder que conformam dominação, intimidação, manipulação. Mecanismos de comando da sociedade hierarquicamente fundamentada na competição estruturam a privação da potência de agir, aprisionando populações em situações e estados de vulnerabilidade". Sistematização sobre a trajetória da educação em saúde no Brasil: EDUCAÇÃO BANCÁRIA: Transmissão de conhecimentos Prescrição e referencial biologicista Focalizando a doença e a intervenção curativa Metodologia de ensino verticalizada e não problematizadora Ditam comportamentos Possui visão alienante, o que o leva a exercer posições fixas, invariáveis e imutáveis EDUCAÇÃO LIBERTADORA: └ Transformação da realidade └ Educação em saúde, crítica e transformadora └ Direcionada à promoção da saúde └ Ações educativas participativas └ Movimentos populares, surge como produto o SUS └ Controle social Educar é humanizar; é o caminho para um trabalho de libertação está no diálogo, possibilita a conscientização com o objetivo de formar cidadãos da práxis progressista; São transformadores da ordem social, econômica e política injusta; Deve ser vista como direito social, e um pré requisito para a expansão dos demais direitos, aprender implica construir e não adquirir conhecimentos; Significa desenvolver habilidades pessoais e sociais, e não adaptar ou reproduzir comportamentos. Segundo Freire, a liberdade é uma conquista e não uma doação; sendo assim, exige uma permanente busca. Este autor ainda enfatiza que o caminho para essa libertação é a prática de uma pedagogia humanizadora, na qual se estabelece uma relação dialógica permanente. Etimologicamente autonomia significa o poder de dar a si a própria lei, autós (por si mesmo) e nomos (lei). Não se entende este poder como algo absoluto e ilimitado, também não se entende como sinônimo de autossuficiência. Aponta uma esfera particular, cuja existência é garantida dentro dos próprios limites que a distinguem do poder dos outros e do poder em geral, mas apesar de ser distinta, não é incompatível com as outras leis. ATIVISTAS PELO MUNDO (EXEMPLOS): Malala Yousafzai: é uma ativista paquistanesa; foi a pessoa mais nova a ser laureada com um prémio Nobel. Uma militante dos direitos das crianças, que foi vítima de um atentado por defender o direito das meninas de ir à escola. Greta Thunberg: é uma ativista ambiental sueca; conhecida por ter protestado fora do prédio do parlamento sueco, e por ser a líder do movimento Greve das escolas pelo clima. CONCEITOS: Para o filósofo Kant; faculdade do ser humano de se autogovernar de acordo com seus padrões de conduta moral sem que haja influência de outros aspectos exteriores (sentimentos, repressões etc.) Capacidade de autogovernar-se, de dirigir- se por suas próprias leis ou vontade própria; soberania. (Michaelis) Significa a faculdade de se governar por si mesmo, o direito ou faculdade de se reger (uma nação) por leis próprias, a liberdade ou independência moral ou intelectual, a condição pela qual o homem pretende escolher as leis que regem sua conduta, entre outros conceitos. (Aurélio) AUTONOMIA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE A Autonomia exige outras habilidades, como a construção de uma identidade, de valores pessoais, de autoestima, de protagonismo e de limites que são muitas vezes difíceis de desenvolver. Mas, como qualquer outra habilidade que se constrói, traz consigo vantagens; é desenvolvida durante toda a vida. A autonomia possibilita liberdade de ação e de pensamento, traz bem estar e permite trilhar caminhos (pessoais, relacionais, profissionais) que são próprios e por isso recompensadores. Como uma habilidade relacional, pode-se pensar que a família é a primeira e talvez, mais importante, influenciadora do desenvolvimento da autonomia. Pesquisadores dessa temática demonstram que um relacionamento próximo e afetivo, marcado por comunicação clara, apoio emocional e limites está associado a maiores níveis de autonomia. Supõe a “inteligência coletiva” – trata-se de escutar a si próprio, mas também aos outros a possibilidade de compartilhar informações e conhecimentos com outros. Empowerment no inglês, foi mencionado por Freire e é verbete constante do Dicionário Paulo Freire. Empoderamento faz parte da teorização sobre mobilização e participação social, inclusive em abordagens que se assumemcontra-hegemônicas. NO BRASIL HÁ DOIS SENTIDOS DE EMPODERAMENTO: Processo de mobilizações práticas que e objetivam promover e impulsionar grupos e comunidades na melhoria de suas condições de vida para aumentar a autonomia; O outro refere-se às ações destinadas para promover a integração dos excluídos e carentes de bens elementares à sobrevivência e aos serviços públicos por meio de projetos de ações de cunho assistencial. PROCESSO DE EMPODERAMENTO É apresentado a partir de dimensões da vida social em três níveis: 1. Empoderamento pessoal: possibilita a emancipação dos indivíduos, com aumento da autonomia e da liberdade; 2. Empoderamento grupal: desencadeia respeito recíproco e apoio mútuo entre os membros do grupo, promovendo o sentimento de pertencimento, práticas solidárias e de reciprocidade; 3. Empoderamento estrutural: favorece viabiliza o e engajamento, a corresponsabilização e a participação social na perspectiva da cidadania. PERSPECTIVAS DO EMPODERAMENTO: No contexto neoliberal: o empoderamento implica culpabilização e convencimento da população para que utilize recursos próprios na resolução de problemas sanitários e sociais, reduzindo-se a responsabilidade do Estado. Na perspectiva da Promoção da Saúde: em sua relação com o neoliberalismo, o empoderamento significa o assenhoramento de grupos marginalizados e vulnerabilizados e "pode ser visto como uma nova forma de tutela sobre a maioria a população". Vem do grego: Proto quer dizer o primeiro, o principal. Agon significa luta. Agonista, lutador; protagonista, literalmente, quer dizer o lutador principal. Busca das populações (em vulnerabilidade) assumirem-se como sujeitos (protagonistas) - e não simples objetos da própria realidade que vivenciam. Importantes: saberes locais, organização comunitária, articulação em redes e movimentos. O surgimento dos movimentos de educação popular na saúde está relacionado com a resistência ao regime militar nos anos 1970; Trabalhadores de saúde comprometidos com a transformação social deslocaram-se para periferias urbanas e áreas rurais para construir, com a população, práticas alternativas; As experiências objetivavam a emancipação das classes populares e vinculavam-se a movimentos progressistas, sobretudo da igreja católica. “Colocar a doença entre parênteses, fazendo da intervenção uma estratégica não de cura/reabilitação, mas de invenção da saúde, de reprodução social dos sujeitos". EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE Influenciado pelo ideário de Paulo Freire, desenvolveu-se o campo da Educação Popular em Saúde no Brasil, no entanto, sempre marginalmente à sombra da Educação em Saúde tradicional. Prioriza projetos pedagógicos que permitam diversidade social, intercomunicação de diferentes atores sociais e o compromisso com classes populares, valorizando as iniciativas dos educandos e o diálogo entre o saber popular e o científico. Tem como compromisso maior a emancipação e a cidadania da população brasileira. Prática: e atos criativos do educador, para facilitar a problematização do objeto de conhecimento a ser descoberto e aprendido pelos educandos. Um dos elementos centrais do seu método é tomar como ponto de referência o conhecimento e o saber prévio dos educandos, rumo à construção compartilhada de um processo educativo que valorize as singularidades dos sujeitos sociais. Visa participar do esforço que já faz (sic) hoje as categorias de sujeitos submetidos para que a organização do trabalho político, passo a passo, abra caminho para a conquista de sua liberdade e de seus direitos COMO PROMOVER EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA AS POPULAÇÕES? Planejar e observar Analisar a realidade; Planejar a ação a partir da realidade a qual se destina; Identificar e caracterizar problemas (obstáculos, dificuldades...); Priorizar o que é relevante para a solução dos problemas; Buscar recursos e fontes coerentes; Compreender a natureza da diferença entre os sujeitos; Estar aberto e disponível para a aprendizagem;
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