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UNINTA – S5 – BRENDA AMANDA REINALDO DE SOUZA 1 Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE TIPOS DE REFLUXO • Fisiológico: curta duração, durante as refeições e geralmente assintomático. • Patológico: longa duração (<10s), interprandial e origina sintomas. DEFINIÇÃO • Afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gástrico e por vezes, gastroduodenal para esôfago e/ou órgãos adjacentes (faringe, laringe e brônquios). • Acarretando um espectro variável de sintomas esofágicos e/ou extra-esofágicos, associados ou não a lesões teciduais. EPIODEMIOLOGIA • Presente em qualquer faixa etária • Prevalência aumenta com a idade • Sem preferência por sexo • Sintomas frequentes em pacientes obesos e na gestação Na gestação a liberação da progesterona e ela age causando uma hipotonia do esfíncter esofagiano inferior, se o esfíncter fica hipotônico, o refluxo sobe causando o refluxo. Já nos pacientes obesos a um aumento da pressão intra-abdominal (em cima do estômago) e acaba favorecendo o refluxo, da mesma forma que a gestação, por conta do útero gravídico. • Fator de risco para adenocarcinoma esofágico ETIOPATOLOGIA • Fatores ambientais: o Tabagismo o Alimentos: chocolate, menta, cítricos, gaseificados, gordura FISIOPATOLOGIA Presença das seguintes anormalidades: • Relaxamento transitório do EEI não relacionado à deglutição (refluxo mais leve) • Hipotonia verdadeira do EEI (<10mmHg) • Desestruturação anatômica da junção esofágica (hérnia de hiato) Relaxamento transitório do EEI não relacionado à deglutição • Mais comum (60-70%) • Refluxo menos intenso • Esofagite mais leve Hipotonia EEI • Normal: 10-30mmHg • Causas: esclerose, tabagismo, gestação, miotomia a Heller, medicamentos • DRGE com esofagite erosiva grave Mecanismos de barreira anti-RGE: • Depuração ácida esofágica eficiente (peristalse) • Resistência epitelial: muco/bicarbonato • Esfíncter esofágico inferior (EEI) o Relaxamento transitório fisiológico o Normotensão • Esvaziamento gástrico adequado� MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pirose: Sensação de queimação retroesternal que se irradia do epigástrio à base do pescoço. • Frequência: 1x/semana por 4-8 semanas • 30-60 min após refeições e ao deitar Regurgitação: Percepção de um fluido ácido na boca (*azia) PIROSE + REGURGITAÇÃO: SINTOMAS TÍPICOS Manifestações extra-esofágicas (atípicas): Respiratórias: Rouquidão, Soluços, Estridor intermitente, Laringite, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonia. Otorrinolaringológicas: Sinusite e otite média, Laringite Crônica, Laringoespasmo, Faringite. Neurocomportamentais: Alterações do sono, Irritabilidade Alterações Orais: Halitose, Cáries dentárias, Desgaste do esmalte dentário. Sinais de Alarme! Cuidado! Anemia ferropriva Hemorragia digestiva Emagrecimento Disfagia Odinofagia DIAGNÓSTICO • CLÍNICO!!! o Anamnese detalhada: intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes e de alivio. o Prova terapêutica com IBP é um teste confirmatório. -> agem no refluxo ácido! UNINTA – S5 – BRENDA AMANDA REINALDO DE SOUZA 2 PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (EDA) • Identificar complicações! NÃO FAZ DIAGNÓSTICO! O DIAGNÓSTICO É CLÍNICO! o Esofagite (30-40%) /úlceras o Estenose péptica o Esôfago de Barrett o Adenocarcinoma • Útil para diagnóstico diferencial • Possibilita realizar biópsias • Esofagite de refluxo: o Alterações inflamatórias na mucosa esofagiana visíveis pela EDA • EDA geralmente é normal e isso não descarta DRGE!! (60-70% forma não erosiva) o pHmetria 24h o ImpedanciopHmetria o Esofagomanometria o Esofagografia baritada CLASSIFICAÇÃO DE LOS ANGELES INDICAÇÕES DE EDA EM PACIENTES SUSPEITOS OU DIAGNOSTICADOS COM DRGE 1. Presença de “sinais de alarme”: disfagia, emagrecimento, odinofagia, sangramento gastrointestinal e anemia. 2. Sintomas refratários ao tratamento 3. História prolongada de pirose (>5-10 anos): maior risco de esôfago de Barrett. 4. Idade > 45-55 anos 5. Presença de náuseas e vômitos, história familiar de câncer e sintomas intensos ou noturnos devem levar o médico a “considerar “a realização de EDA. pHmetria 24h • Não é realizada de rotina o Sensibilidade: 87-93% o Especificidade: 93-97% INDICAÇÕES DE pHmetria DE 24H 1. Sintomas refratários ao tratamento clínico. 2. Avaliação de sintomas atípicos (ex.: tosse, rouquidão, dor torácica). 3. Documentação da real existência de DRGE antes de uma cirurgia antirrefluxo. 4. Reavaliação de pacientes ainda sintomáticos após a cirurgia de antirrefluxo. LIMITAÇÕES DA pHmetria DE 24H • Refluxo detectado pela ↓ pH (<4) • Várias variáveis aferidas • Suspender anti-H2 e IBP (avaliar refratariedade: mantém) • Relação temporal entre sintomas e o refluxo • Dx: pH < 7 por mais do que 6% do tempo do exame • Sujeita a problemas técnicos • Monitoriza apenas refluxo ácido • Presença do cateter pode ocasionar dores de garganta e nasal, coriza e cefaleia • Por intolerância ao exame o paciente restringe atividade física e alimentação falso-negativo ImpedanciopHmetria • Avalia a presença e movimento de fluidos e ar no interior do esôfago independente do pH • Quando associa a possibilidade de registro dos valores de pH desse conteúdo o método torna-se muito útil • Ideal: impedanciometria com pHmetria!! (avaliar refratariedade com IBP) • Não detecta refluxo: distúrbio funcional / hipersensibilidade esofágica PRICINCIPAIS INDICAÇÕES DA ImpedanciopHmetria • Diagnóstico de sintomas sugestivos de DRGE, sem esofagite e com pHmetria normal • Sintomas atípicos não explicados por outras causas • Avaliar eficácia de tratamento clinico ou cirúrgico • Identificação de refluxos ácidos e não ácidos e sua correlação com sintomas. ESOFAGOMANOMETRIA • Cateter capaz de medir a pressão em vários pontos do órgão e o tônus do EEI • Não diagnostica DRGE • Auxilia no planejamento cirúrgico (tipo fundoplicatura) • Esclarece diagnostico diferencial INDICAÇÕES DE ESOFAGOMANOMETRIA 1. Localizar o EEI de modo a permitir o correto posicionamento do cateter da pHmetria. UNINTA – S5 – BRENDA AMANDA REINALDO DE SOUZA 3 2. Antes da cirurgia antirrefluxo, com o objetivo de avaliar a competência motora do esôfago e determinar o tipo de fundoplicatura a ser realizada. 3. Suspeita de algum distúrbio motor associado. ESOFAGOGRAFIA BARITADA • Fornece imagens radiológicas após ingestão de contraste. • Útil para avaliar: o Tempo de trânsito do contraste o Distúrbios motores o Caracterização das hérnias de hiato o Disfagia o Odinofagia DIAGNOSTICO DIFERENCIAL • Esofagite infecciosa (CMV, herpes, cândida) • Esofagite eosinofílica • Distúrbio motor do esôfago • Doença coronariana • Dispepsia funcional OBJETIVOS DO TRATAMENTO • Controle dos sintomas • Ajudar na cicatrização da mucosa • Prevenção das complicações • Poder clinico ou cirúrgico TRATAMENTO CLÍNICO • Alterações comportamentais o Evitar: § Tabagismo e etilismo § Deitar após as refeições § Líquidos durante as refeições § Refeições copiosas § Alimentos gordurosos, café, chocolate o Orientações dietéticas § Perda de peso § Elevação da cabeceira – 15 cm • Restrição drogas que relaxam o EEI: antagonistas dos canais de Ca, nitrato, anticolinérgico, progesterona, benzodiazepínicos TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • Inibidor da bomba de prótons • Bloqueador do receptor H2 de histamina (BH2) • Antiácidos *Procinéticos utilizados quando dispepsia associada (NÃO É TRATAMENTO DE ESCOLHA) INIBIDOR DA BOMBA DE PRÓTONS • Bloqueia a acao da bomba de prótons (H/K ATPase) na célula parietal • Droga de escolha em paciente sintomático, esofagite e complicações • Melhora da pirose (80-90%) Efeitos adversos: • São raros • Enterocolite infecciosapor C.difficile • Pneumonia • Má absorção de ferro, Ca, Mg e vitamina B12 • Pólipos de glândulas fúndicas IBP disponíveis no mercado (via oral): Omeprazol (Losec) 20-40mg / 1-2x ao dia Pantoprazol (Pantozol) 20-40mg / 1-2x ao dia Esomeprazol (Nexium) 20-40mg / 1-2x ao dia Lansoprazol (Prazol) 15-30mg / 1-2x ao dia Rabeprazol (Pariet) 10-20mg / 1-2x ao dia As eficácias são equivalentes! Menor interação medicamentosa: Pantoprazol, esomeprazol BLOQUEADORES H2 • Bloqueiam receptores de histamina na célula parietal • Menos eficaz que o IBP -> taquifilaxia (com o tempo perde a ação) • Não utilizados em esofagite grave ou complicações • Ex: Ranitidina, Cimetidina ANTIÁCIDOS • Neutralizam diretamente a acidez do suco gástrico, sem interferir nas células parietais • Efeito de curta duração • “SOS”para alivio imediato • Ex: Hidróxido de alumínio e/ou magnésio *Alginato: forma película sobre o bolsão ácido COMO TRATAR SINTOMAS LEVES E INTERMITENTES? • Frequência < 1x/semana • Tratamento sob demanda • Antiácidos ou BH2 COMO TRATAR SINTOMAS GRAVES E FREQUENTES? • IBP dose plena 1x/dia por 4-8 semanas (em jejum, 30 min antes do café da manhã) • Sem melhora: dobra a dose, se persistir exames • Complicações: inicia com a dose dobrada REFRATARIEDADE (RESISTÊNCIA) AO TTO CLÍNICO • Adesão as medidas comportamentais • Adesão a medicação • Realizar EDA para excluir outras esofagopatias (esofagite eosinofílica) • Realizar ImpedanciopHmetria • Ausência de qualquer refluxo -> distúrbio funcional • Refluxo não acido -> baclofeno / cirurgia • Escape ácido noturno -> BH2 antes de deitar • Persistência do refluxo ácido -> cirurgia TRATAMENTO CIRÚRGICO • Tem como objetivo restabelecer a competência do EEI • Controverso: clinico x cirurgião (dependentes da medicação) • Indicações consensuais: o Refratariedade ao tratamento clinico o Impossibilidade do uso de IBP a longo prazo (custo, alergia, opção) o Complicações da DRGE UNINTA – S5 – BRENDA AMANDA REINALDO DE SOUZA 4 EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS • pHmetria de 24h para confirmar • Endoscopia digestiva para descartar outros diagnósticos • Esofagomanometria *Obesidade Mórbida TIPOS DE CIRURGIA • Fundoplicatura total ou de Nissen (360): Procedimento de escolha -> + Eficaz • Fundoplicatura parcial (270): Indicada na vigência de dismotilidade esofagiana H.PYLORI x DRGE • HP não possui relação direta com a DRGE • Tratar infecção respeitando as indicações COMPLICAÇÕES ESTENOSE PÉPTICA • Ocorre em 5% das esofagites erosivas; • Cicatrização fibrótica irreversível • Localizada em terço inferior do órgão • Disfagia insidiosa procedida por pirose crônica, SEM PERDA DE PESO • Funciona como “barreira antirrefluxo’’ • Biópsia para avaliar a natureza da estenose • Tratamento: dilatação com balão + IBP longo prazo ÚLCERA ESOFÁGICA • Complicação de uma esofagite de refluxo • Odinofagia + dor torácica + hemorragia oculta • Perfuração é rara • Presentes em 1/3 distal • Diagnostico diferencial: Sd. Zollinger-Ellison, Úlceras por comprimido ESÔFAGO DE BARRET • Substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células intestinais especializadas – células caliciformes (metaplasia intestinal) • Lesão precursora do adenocarcinoma esofágico • Frequente: o Hemisfério ocidental o Homem o Caucasiano o > 50 anos o Obeso • Incidência baixa: 10-15% • Condição: DRGE crônico • Ausência de queixas especificas • Diagnóstico: o Suspeita endoscópica o Confirmação histopatológica o Confirmar com 2 patologistas • Tratamento clinico: Manutenção de IBP por tempo indeterminado • Tratamento endoscópico: ablação por radiofrequência, mucosectomia (nódulos ou irregularidades superficiais0 • Tratamento cirúrgico: Esofagectomia
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