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Júlia Malta Braga FCM-TR Turma 01 Refluxo Gastroesofágico e suas complicações DRGE . x DRGE = Doença do Refluxo Gastroesofágico. x É um espectro variável de sintomas esofágicos e/ou extra esofágicos, associados ou não a lesões teciduais, decorrentes do fluxo retrógrado anormal do conteúdo gastroduodenal para o esôfago. x Afeta 15% dos adultos. x Pode ser Aguda ou Crônica, tendo suas etiologias relacionadas: ○ Aguda → infecções virais, uso de sonda nasogástrica, ingestão de substâncias irritantes, estresse. ○ Crônica → aumento da pressão intra-abdominal (ascite, obesidade, gravidez..), redução da pressão no EEI, retardo no esvaziamento gástrico, hérnia hiatal, vômitos recorrentes, procedimentos cirúrgicos a cárdia ou retirada de úlceras. x O volume e a intensidade de ácido refluído estão associados a formas mais graves da DRGE. x Fatores de risco para DRGE: ○ Tabagismo ○ Hérnia de hiato: uma fragilidade do diafragma permite que parte do estômago force o diafragma e invada o hiato esofagiano, localizando-se no tórax, o que facilita o refluxo do conteúdo gástrico. ○ Aumento da pressão intra abdominal ○ Etilismo ○ H. pylori ○ Gastrite x Classificação: ○ Erosiva: presença de erosões visíveis na EDA. ○ Não erosiva: é a forma inflamatória com esofagite visível na EDA. 50 a 70% dos casos. x Diagnóstico: ○ Clínico: feito através da sintomatologia clássica com resolubilidade de 75% dos sintomas na primeira semana de tratamento empírico. ○ EDA: identifica esofagite erosiva graus C e D de Los Angeles, estenose péptica ou esôfago de Barrett. ○ pHmetria: exposição ácida (pH < 4) superior a 6% em 24 horas → é um diagnóstico indiscutível. x Consequências da DRGE: ○ Ulceras edofagianas ○ Hemorragia ○ Esofagite ○ Estenose esofágica ○ Esofago de Barrett ○ Câncer 8% Sintomas da DRGE . x Típicos: Pirose e Regurgitação x Atípicos: ○ Esofágicos: - Dor retroesternal não-cardíaca - Globus hystericus: massa na garganta ○ Pulmonares: - Asma - Tosse crônica - Hemoptise - Bronquite crônica - Bronquiectasias - Pneumonias de repetição ○ Otorrinolaringológicas: - Rouquidão - Pigarro - Laringite posterior crônica - Sinusite crônica - Otalgia ○ Orais: - Desgaste no esmalte dentário - Halitose - Aftas Diagnóstico . Anamnese + Quadro Clínico + Exame Físico - Sintomas típicos → Tratamento empírico (iBP + Procinético) → 75% melhora na primeira semana → diagnóstico confirmado Júlia Malta Braga FCM-TR Turma 01 - Sintomas atípicos → EDA → Esofagite erosiva graus C e D de Los Angeles, estenose péptica ou esôfago de Barrett → diagnóstico confirmado. - Sintomas atípicos → EDA não diagnóstica → pHmetria → Exposição ácida (pH < 4) superior a 6% em 24 horas → diagnóstico confirmado. Testes diagnósticos devem ser feitos quando há falha no tratamento, incerteza diagnóstica e tratamento ou prevenção de complicações da DRGE. Teste empírico x iBP: omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol. ↳ Dose varia de acordo com a história do paciente. x Utilizado principalmente em pacientes com sintomas típicos e sem comorbidades. x Tem sensibilidade de 71% e especificidade de 44%. x Em sintomas atípicos tem resposta muito baixa. Endoscopia digestiva alta com biópsia x Sempre solicitar biópsia para H. pylori que serão biopsiadas em outras áreas lesionadas, mesmo que a aplicabilidade clínica seja limitada. x Critérios endoscópicos conclusivos para DRGE: ↳ Esofagite grau C ou D de LA. ↳ Esofago de Barrett comprovado por biopsia. ↳ Estenose péptica. x Biópsia é critério para diagnóstico diferencial de DRGE não erosiva, da hipersensibilidade ao refluxo e pirose funcional. Manometria Esofágica de alta resolução x Utilidades: - Adequado posicionamento dos cateteres de pH - Impedâncio-pHmetria - Avaliação do peristaltismo - Detecção de distúrbios motores que contra indiquem cirurgia antirrefluxo. - Avaliação da barreira de JEG (morfologia e vigor contrátil) - Avaliação da função motora do corpo esofágico. pHmetria x Indicações: ↳ Sintomas sugestivos de refluxo, mas sem esofagite. ↳ Manifestações atípicas da DRGE. ↳ Avaliação pré e pós operatório de cirurgias anti-refluxo. Tratamento . x Duração mínima de 6 a 12 semanas. x Dose pode ser reduzida durante o tratamento. x Medicamentos: Anti Ácidos ou alcalinos e Bloqueadores dos receptores H2 ou Inibidores da bomba protônica e Procinéticos. x Medidas comportamentais: ○ Elevação da cabeceira da cama em 15 a 20 cm ○ Não se deitam nas duas horas após-refeições ○ Evitar o cigarro ○ Cessação do tabagismo ○ Evitar alimentos ácidos ○ Evitar alimentos que favorecem o refluxo (frituras, gorduras, tomates, molhos de tomate, alho, cebola, chocolate, café, mentolados, refrigerante, chá preto e mate, bebidas alcoólicas) ○ Evitar medicamentos facilitadores do refluxo (teofilina, anticolinérgicos, beta-bloqueadores, nitratos, bloqueadores do canal de cálcio) ○ Evitar medicamentos que agridem a mucosa (quinidina, doxiciclina, antiinflamatorios) ○ Alimentação, dieta e nutrição: perder peso (quando em excesso) e aumentar a ingesta de frutas, legumes e verduras reduzem as chances de desenvolver as complicações. x Indicações do tratamento cirúrgico da DRGE: ○ DRGE complicada: ulceras, esofago de Barrett, cancer ○ DRGE não complicada: manifestações atípicas comprovadamente pelo refluxo, necessidade de uso contínuo de ibp em menores de 40 anos de idade e necessidade de uso contínuo de ibp em pacientes que não podem arcar com os custos. Júlia Malta Braga FCM-TR Turma 01 Complicações . Esôfago de Barrett x É uma condição na qual o tecido que reveste o esôfago é substituído por tecido semelhante ao revestimento do intestino → metaplasia intestinal. x Aumento o risco de desenvolver adenocarcinoma de esôfago. x 5 a 10% com DRGE desenvolvem o esôfago de Barrett. x Fatores de risco para desenvolvimento de EB: - Obesidade - ↑ níveis de gordura abdominal - tabagismo - Fatores genéticos x Fatores de proteção: - H. pylori: estudos mostram que infecções por Hp fornecem proteção para EB por mecanismos ainda desconhecidos. Acredita-se que a Hp torne o conteúdo gástrico menos prejudicial para o esôfago quando a DRGE esta presente. - Uso frequente de aspirina e anti inflamatórios: reduzem a hiperestimulação esofágica devido ao aumento da IL-8 local. Entretanto, não deve ser prescrito com essa intenção, pois pode causar malefícios pro estômago, aumentando a acidez. - Alta ingestão de frutas, vegetais e vitaminas. x Diagnóstico: EDA + biopsia. x Tratamento: ○ Medicamentoso: iBP ○ Cirurgia anti refluxo: reduz a irritação contínua causada pelo refluxo. → Não reduzem o risco do paciente vir a ter displasia nos locais de metaplasia. ○ Endoscópicos ablativos: são técnicas para retirar ou destruir o epitélio de Barrett numa profundidade suficiente para eliminar a metaplasia/displasia e permitir que o esôfago volte a ter suas células normalmente. - Terapia fotodinâmica: Hematoporfirina é injetada na corrente sanguínea e o paciente retorna 72h depois. Endoscopia ilumina região do esôfago com tecido de Barrett ativando a substância e que destruiu aquele local iluminado. ↪ Complicações: fotossensibilidade, queimaduras, inchaço, dor e cicatrizes no tecido saudável, tosse, dificuldade para engolir, dor, respiração dolorosa e falta de ar - Ablação por radiofrequência: eletrodo no endoscópio leva energia térmica ao tecido de Barrett, destruindo a lesão local. ↪ Complicações: dor no peito, cortes na mucosa endofagiana e estenoses. ↪ Menos efeitos colaterais que a terapia fotodinâmica. - Coagulação com plasma de argônio: queima o tecido com argônio até a lesão estar toda ablada. ↪ Complicações: dor no peito e odinofagia. Pode ocorrer estenose esofágica, ulceração, hemorragia e perfuração. ○ Ressecção endoscópica da mucosas: retirada do tecido de Barrett por via endoscópica direta. Pode ser feita uma ultrassonografia junto. Pode levar a sangramentos ou ruptura do esôfago, é muitoutilizada em combinação com a terapia fotodinâmica. ○ Cirurgia: consiste na retirada das partes lesadas do esôfago e substituição dessas por partes do estômago ou do intestino. Tem mais complicações que as terapias endoscópicas, sendo utilizada apenas quando não há opções. É necessário internação por 7 a 14 dias. Adenocarcinoma Esofágico x É o câncer de esôfago mais comum no terço distal do esôfago. x Sintomas: disfagia progressiva e perda ponderal. x Fatores de risco: tabagismo, obesidade e esôfago de Barrett. x Diagnóstico: endoscopia + TC + USG (estadiamento) x Tratamento: cirúrgico +- quimioterapia x Sobrevida a longo prazo é baixa.
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