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ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA 1 MÉLANE LAGO ESTUDO DE CASO: DIABETES Profª: Elisângela Colpo Santa Maria 2018 1. APRESENTAÇÃO DO CASO A. E. S. S., sexo masculino, 64 anos, carpinteiro aposentado, ex-etilista e ex-tabagista, casado, reside em Santa Maria no bairro Salgado Filho com a esposa e filhos. Paciente interna na unidade Santa Inês (16/03/2018) proveniente da unidade Santa Clara com diagnóstico de DPOC. Refere HAS, DM e ter sofrido IAM há 2 anos (marcapasso), stent nas pernas. Histórico familiar de DM (mãe e irmãos). Amputação da perna esquerda na região da tíbia há 1 ano (DM), halux do MID há 6 meses (DM) e orelha direita por neoplasia há 8 anos. Apresenta erisipela bolhosa na região posterior da perna direita. Dieta VO hipossódica para DM. 2. INTRODUÇÃO Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença passível de prevenção e tratamento, causada por uma limitação parcialmente reversível do fluxo aéreo, geralmente progressiva. Está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas tóxicas, sendo primariamente causada pelo hábito de fumar cigarros (FERNANDES; BEZERRA, 2006), porém a suscetibilidade genética também é um possível fator causal (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). A DPOC pode ser dividida em duas categorias, enfisema (tipo I), caracterizado por alargamento e destruição anormal e permanente dos alvéolos; e bronquite crônica (tipo II), na qual há uma tosse com inflamação dos brônquios e outras alterações pulmonares. A saciedade, mas não a superalimentação, é particularmente importante para pacientes com capacidade de troca de gases comprometida, uma vez que a ingestão de calorias em excesso resulta em CO2 que deve ser expelido. Outros processos simultâneos de doenças, como diabetes mellitus (DM) também afetam as quantidades totais, os níveis e os tipos de proteína, gordura, e carboidratos que devem ser prescritos (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). A DM é uma doença metabólica definida pela presença de hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016). A atividade reguladora da insulina está perturbada: ela é produzida, mas alguns aspectos do sistema de resposta a este hormônio estão defeituosos (NELSON; COX, 2014). A insulina é um hormônio produzido pelas células β do pâncreas, necessária para uso ou armazenamento dos combustíveis do corpo (carboidratos, proteína e gordura). Os diabéticos não produzem insulina suficiente. Com a deficiência de insulina, a hiperglicemia ocorre (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). O DM não é uma doença única e sim um grupo heterogêneo de síndromes multifatoriais e poligênicas, que são a principal causa de cegueira e amputação no adulto, e uma importante causa de falha renal, dano neural, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Existem duas classes clínicas principais da doença: DM tipo 1, DM tipo 2 (HARVEY; FERRIER, 2012). O DM tipo 1 ocorre geralmente em crianças e jovens, sendo em geral de natureza autoimune, e requer insulinoterapia e controle cuidadoso, por toda a vida, do equilíbrio entre a ingestão dietética e a dose de insulina (SILVA; MURA, 2010). Caracteriza-se pela destruição das células β pancreáticas, que levam a completa deficiência de insulina e, consequentemente, a hiperglicemia (MAHAN; ESCOTT- STUMP; RAYMOND, 2013). Os sintomas característicos do diabetes tipo 1 (e tipo 2) são sede excessiva e micção frequente (poliúria), levando à ingestão de grandes volumes de água (polidipsia). Esses sintomas são devidos à excreção de grande quantidade de glicose na urina (glicosúria) (NELSON; COX, 2014). Já no DM tipo 2, a hiperglicemia é desenvolvida gradualmente, sendo mais comum em adultos e sua prevalência aumenta com a idade, estando associada a um aumento da resistência aos efeitos da insulina em seus locais de ação, bem como a diminuição da secreção de insulina pelo pâncreas. Esses indivíduos têm um risco aumentado de desenvolver complicações macro e microvasculares (McPHEE; GANONG, 2011). Dentre os fatores de risco estão fatores genéticos e ambientais, incluindo história familiar de diabetes, idade avançada, obesidade, especialmente obesidade intra-abdominal, sedentarismo e pré-diabetes. O DM tipo 2 é caracterizado por uma combinação de resistência à insulina e falha das células β do pâncreas. Os níveis endógenos de insulina podem estar normais, reduzidos ou aumentados, mas não estão adequados para superar a resistência à insulina concomitante, resultando em hiperglicemia (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). A elevação crônica da glicose sanguínea está associada às complicações crônicas do diabetes - aterosclerose prematura, retinopatia, nefropatia e neuropatia (HARVEY; FERRIER, 2012). O estágio que precede o diabetes tipo 2 é denominado síndrome metabólica, e é caracterizado por obesidade, especialmente no abdômen; hipertensão arterial (HAS); lipídeos sanguíneos anormais (altos TAG e LDL, baixo HDL); glicose sanguínea levemente elevada; e uma capacidade reduzida de remover a glicose sanguínea em um teste de tolerância à glicose. As pessoas com síndrome metabólica apresentam, com frequência, alterações nas proteínas sanguíneas, associadas com coagulação anormal (alta concentração de fibrinogênio) ou inflamação (alta concentração de peptídeo C reativo) (NELSON; COX, 2014). Uma vez diagnosticados, indivíduos com DM tipo 2 podem controlar a doença apenas com dieta, ou com dieta e medicamentos que aumentam a secreção endógena de insulina (sulfoniluréias), diminuem a resistência à insulina nos tecidos hepáticos (biguanidas), periféricos (tiazolidinedionas), ou interferem com a absorção intestinal de carboidratos (inibidores da α-glicosidade intestinal) (HARVEY; FERRIER, 2012). As pessoas com um ou outro tipo de diabetes não conseguem captar de maneira eficiente a glicose do sangue. A insulina provoca o deslocamento dos transportadores de glicose (GLUT4) para a membrana plasmática no músculo e no tecido adiposo. Sem glicose disponível, os ácidos graxos tornam-se o combustível principal, levando a oxidação excessiva dos ácidos graxos no fígado. A acetil-CoA produzida pela β- oxidação não é oxidada completamente pelo ciclo do ácido cítrico, gerando um acúmulo de acetil-CoA, que leva à superprodução dos corpos cetônicos, acetoacetato e β- hidroxibutirato, que não são usados pelos tecidos extra-hepáticos na velocidade com que são produzidos no fígado. Os corpos cetônicos são ácidos carboxílicos que se ionizam, liberando prótons. No diabetes não controlado, esta produção de ácido pode superar a capacidade do sistema tampão bicarbonato do sangue e produzir uma redução no pH sanguíneo (acidose), ou pode combinar-se com a cetose (cetoacidose), combinação potencialmente letal (NELSON; COX, 2014). O estilo de vida sedentário, alimentação inadequada e o consequente aumento de peso na população mundial, tanto em adultos como em crianças, têm aumentado o número de casos de DM. A obesidade tem sido apontada como um dos principais fatores de risco para o DM tipo 2 (SILVA; MURA, 2010). A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, englobando causas genéticas, ambientais (estilo de vida) e fatores emocionais. A idade é um fator muito importante, pois existe uma redução no metabolismo basal conforme a idade aumenta (MARTINS & MARINHO et al., 2003). Outros fatores que contribuem para o sobrepeso e obesidade, estão a crescente substituição dos alimentos in natura ricos em fibras, vitaminas e minerais, por produtos industrializados, associado a um estilo de vida sedentário, favorecido por mudanças na estrutura de trabalho e avanços tecnológicos que,juntos, compõem o quadro dos principais fatores etiológicos da obesidade – doença metabólica crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal (GC) (SARTORELLI, 2003). Existem vários métodos utilizados para a avaliação do excesso de GC, sendo mais utilizado o índice de massa corporal (IMC), classificando-se com sobrepeso indivíduos que tiverem um IMC de 25 a 29,9 kg/m², e como obesos os indivíduos que tiverem seu IMC maior ou igual a 30 kg/m² (MUSSOI, 2014). O tecido adiposo, além do seu papel como depósito de energia, possui um potencial desencadeador de processos inflamatórios relacionados a problemas de saúde como o DM (SILVA; MURA, 2010). Os objetivos principais da terapia nutricional no DM são o de atingir e manter normais a glicemia, os lipídeos séricos e a pressão arterial. As dietas hipocalóricas estão associadas com um aumento da sensibilidade à insulina, e melhoria nos níveis de glicose sanguínea; e uma perda de peso moderada, tem-se mostrado eficiente para reduzir a hiperglicemia, a dislipidemia e a hipertensão, melhorando o controle metabólico a longo prazo (CUPPARI, 2014). 2.1 Organograma Fatores genéticos Resistência à insulina Fatores ambientais Hiperglicemia História familiar de diabetes História de doença vascular Idade avançada Obesidade Sedentarismo Pré-diabetes Intolerância à glicose Diabetes tipo 2 SINTOMAS Hiperglicemia Fadiga Sede excessiva Poliúria CONSEQUÊNCIAS Falha renal Dano neural Ataques cardíacos AVC TRATAMENTO Mudança de estilo de vida Terapia nutricional Atividade física Médico (medicamentos) 3. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 3.1 Avaliação nutricional 3.1.1 Antropometria Data: 19/03/2018 Altura = 1,67m Peso com desconto da amputação = 82Kg IMC = 29,4kg/m2 → Sobrepeso 3.1.2 Exames bioquímicos Exames Data 07/03/2018 Data 10/03/2018 Data 12/03/2018 Data 13/03/2018 Data 15/03/2018 Data 19/03/2018 Eritrócitos 3,97 3,71 3,76 3,85 3,75 3,92 Hemoglobina 11,3 10,2 10,5 10,7 10,4 11,2 Hematócritos 33,5 31,1 31,6 32,1 31,4 32,9 H.C.M. 28,5 27,5 27,9 27,8 27,7 28,6 C.H.C.M. 33,7 32,8 33,2 33,3 33,1 34,0 V.C.M. 84,4 83,8 84,0 83,4 83,7 83,9 R.D.W. 14,6 14,9 14,9 14,7 14,8 15,0 Leucócitos 9.730 13.600 9.850 9.580 9.860 5.780 Bastonetes 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 3,50 Segmentados 82,10 77,80 67,00 74,60 74,20 57,00 Eosinófilos - - 0,10 0,10 0,10 4,00 Basófilos 0,20 0,10 0,30 0,40 0,50 2,10 Monócitos 2,90 4,90 7,70 3,90 3,90 7,60 Linfócitos 4,80 7,20 14,90 11,00 11,30 25,80 Plaquetas 192.000 241.000 276.000 312.000 282.000 217.000 Creatinina 1,25 1,07 0,97 0,84 0,84 - Sódio 136,00 135,00 139,00 136,00 - - Potássio 4,50 3,70 3,90 3,70 - - Magnésio - - - 2,74 - - PCR 11,15 13,61 - 10,16 7,15 - Uréia - 54,00 48,00 - 36,00 - Paciente apresenta valor de hemoglobina abaixo do valor de referência (13,5 a 18g/dl), podendo estar relacionado a anemia. Os valores de eritrócitos e hematócritos estão abaixo dos valores de referência (4,3 a 5,5 e 40% a 54%, respectivamente). Hematócrito reduzido pode representar anemia hemolítica, síntese deficiente de hemoglobina, deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. O valor de PRC (Proteína C Reativa), de acordo com o valor de referência (>3) é de risco alto e indica algum processo inflamatório agudo, infecções e neoplasias, porém o último exame apresenta uma melhora em comparação aos demais exames realizados anteriormente. H.C.M., C.H.C.M. e o V.C.M. estão dentro dos valores de referência e não apresentam alterações nos exames realizados quase diariamente. O R.D.W. está acima do valor de referência (11,5 a 14,5), sendo frequentemente causada por uma deficiência nutricional de ferro, folato ou vitamina B12. Os Bastonetes e os Segmentados estão dentro dos valores de referência (3 a 5 % e 55% a 65%, respectivamente) conforme o último exame, mas nota-se que anteriormente os valores estavam acima da referência, portanto o paciente possivelmente apresenta uma melhora de alguma infecção bacteriana aguda (bastonetes) ou por bactérias e fungos (segmentados). Já os Basófilos e os Monócitos estão com os valores elevados em relação aos valores de referência (0% a 1% e 2% a 4%, respectivamente), aumentando a cada novo exame realizado. Valores de Basófilos elevados podem indicar que o sistema imune tenha detectado algum problema de alergia no organismo, ou uma possível inflamação prolongada como acontece, por exemplo, em casos de asma, rinite ou urticária. Valores elevados de Monócitos podem estar relacionados a infecções agudas, doença inflamatória ou até mesmo câncer. O sódio, potássio, magnésio e as plaquetas estão dentro dos valores normais de referência, não havendo nenhuma alteração significativa nos últimos exames. A Creatinina encontra-se dentro dos valores de referência (0,7 a 1,6), porém percebe-se que, nos dois últimos exames, houve uma diminuição dos valores, indicando uma possível perda de massa magra. Os valores de Uréia estão dentro dos valores de referência (10 a 40md/dl), entretanto os valores dos exames iniciais apresentavam valores elevados, indicando possíveis problemas renais devido a uma insuficiência renal, doença que prejudica a função dos rins e que surge devido a pressão alta, diabetes, infecções ou desidratação, por exemplo. (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012) HEMOGLUCOTESTE Data HGT (mg/dL) Horário 16/03 367 14:00 17/03 149 08:20 18/03 437 14:00 19/03 209 20:00 20/03 143 08:00 21/03 342 14:55 22/03 280 14:08 23/03 213 20:03 24/03 254 08:07 25/03 437 20:40 26/03 401 20:00 27/03 437 13:48 28/03 437 02:05 A avaliação da glicemia ao longo do dia é importante para o melhor controle glicêmico (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012). Segundo os exames, o paciente encontra-se com a diabetes descompensada, com grandes variações no nível de glicemia durante o dia, com picos glicêmicos de até 437mg/dL nos últimos exames. 3.1.3 Exames clínicos Pressão arterial: 160/90mmHg → Hipertensão estágio 2 (valor de referência de normalidade: 120/80mmHg) (SBC, 2016). F.C.: 84bpm F.R.: 23rpm SAT: 97% T: 35,1°C 3.1.4 Avaliação dietética Recordatório alimentar – Hábito domiciliar Refeição Alimentos Medida caseira Quantidade (g) Desjejum (10:30h) Fruta (banana ou maçã ou mamão) 1 unid./fatia 90g Café com leite integral Açúcar 1 xícara 1 col. sobremesa 150ml 5g Almoço (12h) Bolacha água e sal 10 unid. 50g Arroz branco 2 col. sopa 50g Feijão preto 1 concha média 110g Salada (beterraba, tomate, alface) A vontade Carne bovina 1 pedaço grande 80g Lanche da tarde (17h) Repete o desjejum Janta (19h) Repete o almoço Ceia (22h) Leite integral 1 copo americano 100ml VET 1329 kcal Carboidratos Proteínas Lipídeos Fibras 181,66g (54%) 63,34g (19%) 41,55g (28%) 25,15g Vitaminas (mg/mcg) B1 B2 B3 B12 B6 Folato C E A Referência/Valor na dieta 1,2 1,3 16 2,4 1,7 400 90 15 900 1,31 1,51 19,66 4,53 0,89 17,69 39,38 1,3 83,61 Minerais (mg/mcg) Ca Fe K Mg Mn Na P Se Zn Referência/Valor na dieta 1200 8 4700 420 2,3 2300 700 55 11 613,73 11,99 2506,57 255,81 1,92 1496,19 1061,46 50,22 13,99 O recordatório alimentar foi feito conforme o hábito alimentar do paciente, porém estava incompleto e as quantidades foram aproximadas, para que se chegasse em um valor, no entanto este valor está subestimado visto que faltam informações no recordatório. A análise resultou em um Valor Energético Total (VET) de 1329kcal, com consumo de 54% de carboidratos, 19% de proteínas de alto e baixo valor biológico, e 28% de lipídeos. Dieta hipocalórica, hipolipídica, hiperproteica, normoglicídica, com baixo consumo de fibras, vitaminas e minerais, visto que há pouco consumo defrutas, verduras e legumes, não sendo possível quantificar este valor, visto que foram dados não informados. Também não foi informado a quantidade de água ingerida no dia. A análise mostra que o paciente fica várias horas sem se alimentar, sendo que sua primeira refeição é as 10:30h. 3.2 Diagnóstico nutricional Diagnóstico nutricional segundo a Associação Americana de Dietética (ADA) Domínio IN Diagnóstico Ingestão nutricional IN-1.5 IN-2.2 IN-3.1 IN-4.1 IN-5.4 IN-5.5 IN-53.4 IN-53.5 IN-54.1 IN-55.1 Ingestão excessiva de energia Ingestão oral excessiva de alimento/bebida Ingestão insuficiente de líquidos Ingestão insuficiente de substâncias bioativas Necessidade diminuída de calorias Desequilíbrio de nutrientes Ingestão irregular de carboidratos Ingestão insuficiente de fibras Ingestão insuficiente de vitaminas Ingestão insuficiente de minerais Nutrição clínica NC-2.1 NC-2.2 NC-3.3 Alteração na utilização de nutrientes Alteração nos valores laboratoriais associados à nutrição: glicose, hemoglobina, creatinina, sódio, potássio Sobrepeso/obesidade Comportamento nutricional CN-1.1 CN-1.3 CN-1.4 CN-1.5 CN-1.6 CN-1.7 CN-2.1 CN-2.5 Despreparo de conhecimento sobre alimentos e nutrição Despreparo para mudança na dieta/estilo de vida Deficiência no auto monitoramento Distúrbio no padrão alimentar Adesão limitada às recomendações relacionadas com a nutrição Escolhas alimentares indesejáveis Inatividade física Qualidade de vida e nutrição deficientes (MARTINS, 2008 apud MUSSOI, 2016) 3.3 Necessidades nutricionais 3.3.1 NED EER para Adultos > 19 anos (homens) EER= 662 – (9,53 x idade) + A.F (15,91 + Peso) + (539,6 x altura) EER= 662 – 609,92 + 1.304,62 + 901,1 EER= 2.257,8 kcal * Devido ao paciente estar com sobrepeso, fez-se a redução de 500 kcal/dia, resultando em uma necessidade energética diária de 1.800 kcal. Mantida até que se atinja o peso ajustado de 76,8Kg. * A fórmula utilizada foi escolhida por contemplar desde a faixa etária, peso e altura até nível de atividade física, sendo então uma das mais completas para este tipo de caso. 3.3.2 Proteínas, lipídeos, carboidratos, fibras, micronutrientes e necessidade hídrica Proteínas Lipídeos Carboidratos Kcal 328 450 1.022,4 Gramagem 82 50 255,6 % 18,2 25 56,8 EAR UL Vitamina C 75mg 2.000mg Vitamina D 10 mcg 100mcg Zinco 9,4 mg 40mg Sódio Até 2.000 mg - (IOM, 1997 in MUSSOI, 2016) Fibra alimentar: 30g/dia (SOB, 2016) Necessidade hídrica: 3,7 L/dia Conforme a AI para homens de 51 a 70 anos de idade (IOM, 2005 in MUSSOI, 2014). Os valores estabelecidos para macronutrientes e fibras foram baseados nas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Obesidade (2015) e Sociedade Brasileira de Diabetes (2016). 4. PRESCRIÇÃO DIETOTERÁPICA • Dieta hipocalórica, normoglicídica, normoproteica e nomolipídica; • Proteína: 1g/kg/peso • Via oral; • Volume reduzido • Consistência normal • Fracionamento: 5 refeições ao dia • 3,7 l/dia Segunda a Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (2017) as recomendações de micronutrientes para obesos e diabéticos é a mesma de uma pessoa saudável, no entanto, alguns nutrientes auxiliam especificamente no diabetes. Vitamina C: Alimentos com potencial efeito antioxidante podem reduzir o estresse oxidativo causado pelo DM. Vitamina D: Efeito positivo na sensibilidade à insulina, assim como a diminuição do estado inflamatório. Zinco: Possível regulação das funções das ilhotas pancreáticas e promoção da homeostase glicêmica. 5. INTERAÇÃO DROGA X NUTRIENTE Nebulização com O2 -1,0000 unidade – inalatório 4H/4H com 3ml de SF e 30gts de ATROVENT: bronco dilatador de inalação oral. Este medicamento causa náusea, dispepsia. Não apresenta interação com alimentos. OMEPRAZOL – 40mg/IV- 1,0000 frasco ampola – EV – endovenosa 24H/24H: É um medicamento anti úlcera, antissecretório. Para administrar através da sonda pode abrir a cápsula e misturar com 40ml de suco de maçã. O uso dele diminui a absorção de ferro e de Vit B12. CLONAZEPAM – 0,5mg – 1,0000 comprimido – VO 24H/24H: É um anti convulsionante, anti pânico. Pode ser tomado com alimento para menor desconforto gastrointestinal; limitar a cafeína. CEFTRAXONA – 1g – 1,0000 frasco ampola endovenosa – 12H/12H: É um antibiótico antibacteriano. Tomar a suspensão com alimento para maior absorção. Se usar em forma de comprimido pode ser tomado sem alimento, porém com o alimento tem maior absorção. Na dieta considerar conteúdo de Na em dietas hipossódicas. Pode necessitar de aumento de Vit K ou suplemento. IPRATRÓPIO – 0,25mg/ml20ml – 1,0000 frasco inalatório 4H/4H 30gts na nebulização de 4H/4H: É um medicamento bronco dilatador, anticolinérgico. Deixa boca seca e paladar metálico/amargo, náusea, dispepsia, tontura, distúrbios visuais, palpitações, irritação. Causa retenção de urina. Não há interação com fármacos. ÁCIDO ACETILSALISÍLICO – 100mg – 2,0000 comprimido via oral – 24H/24H: É um medicamento analgésico, antitérmico; pode ser tomado com água ou com leite ou com alimento para diminuir o desconforto gastrointestinal, porém diminui a absorção do mesmo. Na dieta assegurar ingestão hídrica para uma boa hidratação. Aumentar a ingestão de alimentos ricos em Vit C e folato com doses altas e uso a longo prazo. Evitar ou limitar alho, gengibre e ginko. Limitar cafeína para menor efeitos gastrointestinais. ÓLEO MINERAL – 100ml – 1,0000 frasco via oral 8H/8H-20ml VO de 8H/8H: Laxante, lubrificante oral. Tomar com o estômago vazio 2 antes ou após as refeições e de vitaminas lipossolúveis. Dieta ricas em fibras com 1,5, 2,0L de líquidos /dia para prevenir obstipação. INSULINA NPH 100UI/ML – 10 ML-10,0000 Mililitro-subcutânea-24h/24ha: É um hipoglicemiante. Evitar ou usar álcool com precaução pois aumenta o efeito hipoglicemiante da insulina. CLINDAMICINA 150mg/ ml 4ml- Ampola endovenosa 6h/6h: É um antibiótico usado para tratamento de infecções graves hospitalares, o que acarreta na inibição da síntese proteica, e pode promover anorexia ou uma colite pseudomembranosa. DIMETICONA 75 mg / dl-VO 8h/8h: É um anti flatulência oral e deve se evitar bebidas carbonatadas e alimentos formadores de gases para prevenir a flatulência. HEPARINA 5.000 UI/ 25 ml. Ampola subcutânea 12h/12h: É um medicamento utilizado para inibição da coagulação do sangue, prevenindo e tratando trombolismo ou trombose profunda. Não há interação com os alimentos. Para as lactantes, o medicamento não é excretado no leite, mas ainda que raramente, pode causar na mãe que amamenta grave osteoporose e colapso vertebral. FUROSEMIDA 10 mg/ml 2ml 2,0000 Ampola endovenosa 6h/6h: É um anti- hipertensivo, pode ser tomado com alimento ou leite para diminuir o desconforto abdominal. Pode causar anorexia, aumenta a sede, sorbitol em solução pode causar diarreia em altas doses. Limitar o uso de álcool, precaução na lactação e em diabéticos (aumenta a glicose). DIGOXINA 0.25 mg – VO 24H/24H: É um medicamento usado em pacientes com insuficiência cardíaca, interferindo no estado nutricional do paciente pois tem a ação de reduzir o apetite, podendo desencadear náuseas, vômitos e diarreias. ENALAPRIL 5 mg – V0- 12h/12h: É um anti-hipertensivo. Pode ser usado antes ou após as refeições. Não há interações. 6. CARDÁPIO Orientações da dieta Desjejum: O café com leite deve ser ingerido sem açúcar; Colação: Amassar a banana com um garfo, colocar a aveia e salpicar canela por cima; Almoço: A fruta (sobremesa) deverá ser ingerida sempre após a refeição principal, para que seu açúcar seja absorvido mais lentamente; Lanche: A maçã com a casca deverá ser picada e misturada com o iogurte e a aveia; Jantar: A laranja deverá ser ingerida com o bagaço, retirar apenas a casca, deixando toda a parte branca. Ingeri-la após a refeição principal. Refeição Cardápio Ingredientes Medida Caseira Per capita Desjejum (8h) Sanduíche Pão de forma integral 2 fatias 50g Alface 2 folhas M 20g Tomate 2 fatias M 30g Queijo mussarela 1 fatia M 20g Manteiga sem sal 2 pontas de faca 6g Café com leite Café solúvel 1 col. café 5g Leite desnatado 1 xicara 150ml Colação (09:30h) Fruta com aveia Banana 1 unidade P 70g Aveia em flocos 1 col. sopa CH 20g Canela ½ cl chá 0,5g Almoço (11h) Arroz integral com milho Arroz integral 3 col. sopa CH 75g Milho verde cozido 1 col. sopa 24g Salada Cenoura crua ralada 2 col. sopa 24g Chuchu cozido 2 col. sopa 40g Couve manteiga refogada 3 col. sopa 40g Abóbora refogada 1 col. sopa CH 90g Carne Frango (peito, sem pele) 1 bife P 55g Óleo de soja 1 col. sopa 8ml Fruta (sobremesa) Mamão formosa 2 fatias P 200g Lanche (15h) Iogurte com fruta e aveia Iogurte natural desnatado 1 xícara 100ml Aveia em flocos 2 col. sopa 30g Maçã com casca 1 unidade M 90g Jantar (18h) Arroz integral Arroz integral 3 col. de sopa CH 75g Feijão preto Feijão preto 1 concha M CH 140g Carne Óleo de soja 1 col. sopa 8g Frango (peito, sem pele) 1 bife P 50g Salada mista Tomate 2 fatias M 30g Alface 2 folhas M 20g Fruta (sobremesa) Laranja com bagaço 1 unid. P 90g Ceia (20h) Bolacha água e sal Bolacha água e sal 5 unidades 6g Chá Chá de camomila 1 xícara 100ml Kcal total Proteína Carboidratos Gorduras totais Fibras 1792 81,6g (18%) 254,3g (57%) 49,7g (25%) 46,38mg Micronutriente Prescrito Recomendado Adequação (%) Cálcio 920,43mg 1200mg 76,7 Magnésio 423,65mg 320mg 132,3 Manganês 4,21mg 1,8mg 233,8 Fósforo 1237,52mg 700mg 176,7 Ferro 9,78mg 8mg 122,2 Sódio 851,24mg 1300mg 65,5 Potássio 3345,50mg 4700mg 71,2 Cobre 4,53mg 0,9mg 503,3 Zinco 8,36mg 8mg 104,5 Vitamina A 78,53mcg 700mcg 11,2 Tiamina (B1) 2,31mg 1,1mg 210 Riboflavina (B2) 1,16mg 1,1mg 105,4 Piridoxina (B6) 0,55mg 1,5mg 3,7 Niacina (B3) 17,25 14mg 123,2 Vitamina C 303,53mcg 75mcg 404,7 Alimento Medida caseira Alimento substituto Medida caseira Pão de forma integral 2 fatias Torrada integral 2 fatias Alface 2 folhas M Rúcula 6 folhas Tomate 2 fatias M Berinjela 2 fatias M Queijo mussarela 1 fatia M Queijo prato 1 fatia M Manteiga sem sal 2 pontas de faca Margarina sem sal 2 pontas de faca Café solúvel 1 col. café Cacau em pó 2 col. de café Leite desnatado 1 xicara Iogurte Light 1 copo 200 ml Banana 1 unidade P Maça 1 unid. P Aveia em flocos 1 col. sopa CH Granola 1 col. sopa CH Arroz integral 3 col. sopa CH Batata doce 2 pedaços M Milho verde cozido 1 col. sopa Mandioca 1 unid. P Cenoura crua ralada 2 col. sopa Abóbora 2 col. sopa Chuchu cozido 2 col. sopa Couve flor 2 col. de sopa Couve manteiga 3 col. sopa Brócolis 3 flores Abóbora refogada 1 col. sopa CH Abobrinha 2 rodelas Frango 1 bife P Bife de gado 1 bife P Óleo de soja 1 col. sopa Óleo de canola 1 col. sopa Mamão formosa 2 fatias P Goiaba 1 unid. M Maçã com casca 1 unidade M Pera 1 unid. M Feijão preto 1 concha M CH Lentilha 1 concha M CH Laranja com bagaço 1 unid. P Limão 1 unid. P Bolacha água e sal 5 unidades Biscoito integral trigo 5 unidades Chá de camomila 1 xícara Chá de Cidreira 1 xícara 7. JUSTIFICATIVA DA DIETOTERAPIA A dietoterapia é um dos aspectos mais importantes no tratamento de um paciente diabético, devido a isso, é importante considerar todos as patologias associadas para um planejamento dietoterápico adequado. A partir do diagnóstico de sobrepeso, torna-se fundamental a manutenção de uma perda de peso modesta e gradual. Uma perda de 5% do peso inicial tem demonstrado bons resultados no controle glicêmico e na redução da necessidade de medicamentos antidiabéticos, além disso, intervenções mais intensivas com dietas de valor energético muito baixo apesar de promover uma perda de peso inicial de 10 a 15%, provocam um ganho de peso mais frequente após o termino do tratamento (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Diante disso e conforme os protocolos de perda de peso em pacientes com diabetes, foi elaborado uma dieta hipocalórica com uma redução de 500 kcal/dia a partir da necessidade energética calculada, essa redução é indicada para indivíduos com IMC entre 27 e 35 kg/m². O indivíduo com diabetes e hipertensão apresenta um universo de mecanismos fisiopatológicos que o estratifica como de maior risco cardiovascular e renal. Nesse contexto, se agregam outras condições mórbidas como obesidade, dislipidemia, apneia do sono, entre outras que amplificam as chances de agravos à saúde (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Diante, disso, o plano alimentar elaborado com uma dieta hipossódica fez-se necessário para a melhora da qualidade e expectativa de vida do paciente. Carboidratos As recomendações de carboidratos para diabéticos são semelhantes às definidas para a população geral, no entanto, alguns estudos indicam melhora do controle glicêmico e da sensibilidade à insulina ao comparar dietas com baixa e alta concentração de carboidratos, reforçando que dietas com baixo teor deste nutriente podem ser benéficas. Em contrapartida, outros estudos apontam que não há diferença no controle glicêmico de indivíduos em dieta reduzida de carboidratos. Apesar disso, é consenso que a qualidade e a quantidade dos carboidratos consumidos afetam a resposta glicêmica e, também, que a observação do IG e da CG pode trazer benefícios adicionais quando o total de carboidratos da refeição é contabilizado (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). O plano alimentar é composto por uma dieta normoglicídica, priorizando carboidratos complexos, sendo que as fontes desse nutriente na dieta estão presentes no macarrão integral, arroz, pão integral, aveia, bolacha de água e sal, leite, banana e laranja. Proteínas Não há evidências de que a ingestão proteica usual para a maioria dos indivíduos (1 a 1,5g por kg de peso corporal/dia), representando 15 a 20% da ingestão total de energia, precise ser modificada para aqueles com diabetes e função renal preservada. A prescrição de proteína deve ser individualizada, considerando-se o diagnóstico nutricional e o controle glicêmico. Além disso, essa ingestão em gramas por kg/dia deve ser mantida ou aumentada com dietas de baixo consumo energético (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). O plano alimentar é composto por uma dieta normoproteica, com valores estabelecidos a partir de cálculo de 1g/kg/peso. A dieta é constituída por proteínas de alto e baixo valor biológico, sendo que as principais fontes na dieta são o frango, feijão, iogurte, queijo e leite. Lipídios A recomendação da quantidade de lipídios para diabéticos ainda é incerta, devendo ser individualizada, sendo assim, a distribuição desse macronutriente deve ser baseada, portanto, na avaliação individualizada e em padrões alimentares, preferências e metas metabólicas. De acordo com a IOM, a ingestão de lipídios deve ser composta por ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados em maior oferta, além disso, o consumo de ácidos graxos ômega-3 está associado a uma menor incidência de DM2 (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Devido ao fato dessa recomendação ser individualizada, é importante considerar que o paciente que apresenta sobrepeso e obesidade não deve consumir um excesso de lipídios. Diante disso, foi elaborado uma dieta normolipídica, tendo como principais fontes o óleo de soja, queijo, leite, iogurte e frango. Micronutrientes As recomendações de micronutrientes para diabéticos são as mesmas de pessoal sem diabetes. A deficiência de vitaminas e minerais é frequente em indivíduos com diabetes, sendo que as principais causassão perdas na urina, diminuição da capacidade intestinal de absorção e baixa ingestão dietética. Para atingir as necessidades diárias de vitaminas e minerais, indivíduos com diabetes devem ter um plano alimentar variado, com o consumo mínimo de duas a quatro porções de frutas, sendo pelo menos uma rica em vitamina C (frutas cítricas), e de três a cinco porções de hortaliças cruas e cozidas (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Tratando-se de suplementação, não existem evidências sobre os benefícios da suplementação de vitaminas e minerais para diabéticos em comparação com a população geral, a não ser que se tenha uma deficiência subjacente (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). Vitamina C Estudos mostram benefícios de alimentos funcionais com potenciais efeitos antioxidantes. Experimentalmente, a modulação do estresse oxidativo por antioxidantes parece ter resultado positivo, mas estudos de intervenção não recomendam suplementação de antioxidante com o único propósito de prevenir o DM2. Uma alimentação rica em frutas e hortaliças pode proporcionar melhor combinação de antioxidantes (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). A vitamina C pode ser encontrada no plano alimentar em maior quantidade no suco de laranja. Vitamina D A deficiência de vitamina D também é evidente em indivíduos com diabetes e está relacionada com o mau controle glicêmico. Os efeitos positivos da vitamina D seriam a sensibilidade à insulina e a sua secreção, bem como a diminuição do estado inflamatório (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Como fontes dessa vitamina na dieta estão presentes a carne de frango, iogurte e queijo. Zinco Com relação aos minerais, as deficiências são mais evidentes no metabolismo do zinco e do magnésio. Essas alterações parecem estar relacionadas com aumento das concentrações de HbA1c, progressão do diabetes e complicações. O zinco parece regular a função das ilhotas pancreáticas e promover a homeostase glicêmica. A suplementação de zinco traz benefícios ao controle glicêmico de indivíduos com DM1 e DM2, no entanto, indivíduos com diabetes sem deficiência de zinco não apresentam efeitos adicionais da suplementação (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). No plano alimentar o zinco está presente na carne de frango, iogurte e queijo. Magnésio O magnésio tem a função de modular o transporte de glicose por meio das membranas, envolvendo-se em diversas ações enzimáticas que influenciam na oxidação da glicose, e pode sua deficiência contribuir para resistência à insulina. Além disso, a deficiência de Mg é preditora de diabetes, pois a hipomagnesemia tem sido relatada em 25 a 47% dos diabéticos (COZZOLINO, 2012). O magnésio pode ser encontrado no plano alimentar através do frango, leite, aveia, pão integral e feijão. Ferro Estudos relatam que uma concentração de ferro aumentada, junto com a hipoglicemia e resistência à insulina podem estar relacionados com o desenvolvimento de diabetes. Uma das sugestões seria a deposição direta de ferro na célula β pancreática, assim aumentando as espécies relativas de oxigênio, o que pode prejudicar a secreção de insulina pelo pâncreas (COZZOLINO,2012). Esse nutriente está disponível na dieta no frango, aveia, feijão e couve. Cálcio Estudos recente sugerem que uma alta ingestão de cálcio vem sendo relacionada com a perda de peso. Vários estudos apontam que a ingestão de cálcio está associada à redução de massa gordo ou do peso corpóreo. Apesar dos estudos não demonstrarem efeitos do cálcio sobre o gasto energético total (GET), um aumento da oxidação de gordura tem sido um mecanismo proposto para explicar o impacto do cálcio da dieta ou de produtos lácteos sobre a massa gorda corporal (COZZOLINO, 2012). Esse nutriente pode ser encontrado na dieta através do queijo, leite e pão integral. 8. CONDUTA Solicita-se exames de glicemia capilar para um controle intensivo da glicemia, além de um hemograma completo, transferrina, Vitaminas B12 e B9. A terapia nutricional oral sugerida deve ser mantida, juntamente com um aconselhamento sobre o tratamento geral da doença. Sugere-se que o paciente tenha acompanhamento com um dermatologista para tratamento da erisipela bolhosa, pneumologista para DPOC, e um psicólogo, para tomada de ações benéficas para mudanças de hábitos que venham a melhorar sua qualidade de vida. 9. EVOLUÇÃO EM PRONTUÁRIO (SOAP) S: A. E. S. S., sexo masculino, internado por DPOC. Relata ser hipertenso, diabético e ter sofrido infarto agudo do miocárdio há 2 anos. Relata também que a amputação da perna esquerda na região da tíbia há 1 ano e dedão do pé direito há 6 meses, é em decorrência da DM e orelha direita por neoplasia há 8 anos. O: O paciente possui marcapasso, stent nas pernas e possui erisipela bolhosa na região posterior da perna direita. O paciente apresenta IMC = 29,4kg/m2, indicando sobrepeso. Peso atual com desconto da amputação 82Kg e altura de 167cm, peso ideal 61,3kg e peso ajustado de 76,82kg, % adequação do peso refere-se a 133,76%, resultando em obesidade. Nos exames bioquímicos a hemoglobina, eritrócitos e hematócritos estão abaixo do valor de referência, o valor de PRC é >3, o RDW está acima do valor de referência. Os basófilos e monócitos estão elevados em relação aos valores de referência. A: Segundo IMC paciente está com sobrepeso, e de acordo com seu recordatório alimentar o paciente consome uma dieta de 1329kcal, hipocalórica, hipolipídica, hiperproteica e normoglicídica (com consumo de CHO simples), baixo consumo de fibras, vitaminas e minerais, e baixo consumo hídrico. Os valores da hemoglobina baixa indicam anemia, os eritrócitos e hematócritos abaixo dos valores de referência indicam anemia, podendo também indicar deficiência de Vit. B12 e ácido fólico. O valor de PCR (>3) é de risco alto, podendo estar relacionado com algum processo inflamatório e a neoplasia da orelha direita. R.D.W acima do valor de referência pode estar relacionado com alguma deficiência nutricional como o ferro. Os basófilos e monócitos elevados podem estar relacionados com algum processo infeccioso ou de inflamação, até mesmo neoplasias. P: Dieta via oral, consistência normal, volume normal com VCT 1800kcal, dieta hipossódica, hipocalórica, normoglicídica (58,6%), normoproteica (1 – 1,5g/kg peso, 18,2%, normolipídica (25%), fibra alimentar 30g/dia, micronutrientes importantes: vitamina C: 75mcg, vitamina D: 10mcg, zinco: 9,4mg, sódio: até 2000mg. Fracionamento de 5 a 6 refeições ao dia, ingestão hídrica 2,5 litros. Solicita-se exames mais detalhados para detectar o tipo de anemia que o paciente possui. 10. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS O fracionamento da alimentação é fundamental. Procure realizar de 5 a 6 refeições/dia; Mastigue bem os alimentos e aprenda a saboreá-los: a mastigação estimula o centro da saciedade; Evite o consumo de açúcar, mel, doces de modo geral, refrigerantes e produtos industrializados; Consuma fibras, que diminuem a velocidade de absorção dos carboidratos, ajudando a controlar a glicemia; Evite o consumo de bebidas alcóolicas; Procure comer frutas e verduras diariamente; Ingira água diariamente; Dê preferência a alimentos integrais; Diminua o consumo de sal, troque por temperos naturais; O consumo diário de frutas é essencial para se obter nutrientes necessários, mas não exagere nas quantidades, pois elas possuem “frutose”, uma forma de carboidrato que também eleva a glicemia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA. Diretrizes Brasileiras de obesidade 2016. ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. 4ª ed. São Paulo, SP. CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N.T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto (Guias de medicina ambulatorial e hospitalar, UNIFESP/Escola Paulista de Medicina). 3ª ed. São Paulo: Manole, 2014. DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Tratamento e acompanhamento do Diabetes Mellitus. São Paulo: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2016. FERNANDES, A. C.; BEZERRA, O. M. P. A. Terapia nutricional na doença pulmonar obstrutiva crônica e suas complicações nutricionais. J. Bras. Pneumol., v. 32, nº 5, p. 461-471, 2006. HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Sounders-Elsevier, 2013. MARTINS, I. S.; MARINHO, S. P. O potencial diagnóstico dos indicadores da obesidade centralizada. Rev. Saúde Pública. v.37, nº6, p. 760-767, São Paulo, 2003. McPHEE, S. J.; GANONG, W. F. Fisiopatologia da doença: uma introdução à Medicina Clínica. 5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J. Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Caderno Saúde Pública, v.19, nº 1, p. 29-36, Rio de Janeiro, 2006. SILVA, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2010. SBC (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA). 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, vol. 107, nº 3, supl. 3, set. 2016.
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